Teca:
Licenciamento de mineração na Serra da Piedade, em Caeté, MG, não pode
caminhar. CMI/COPAM/ Belo Horizonte, MG - 22/2/2019.
A reunião da Câmara de
Atividades Minerárias (CMI) do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM)
do dia 22 de fevereiro de 2019, fica marcada tristemente na história de Minas
Gerais e do Brasil, com a autorização de mais um crime hediondo praticado
contra o povo mineiro, contra todos os brasileiros e também contra a mãe terra,
a irmã água, os ecossistemas e todos os seres vivos. Nessa data, Conselheiros
representantes do Estado, a serviço das mineradoras, autorizaram a retomada da
mineração na Serra da Piedade, nos municípios de Caeté e Sabará, pela
mineradora AVG Empreendimentos Minerários Ltda. A decisão fere gravemente a
Serra da Piedade, e todas as formas de vida ali existentes, um patrimônio
religioso, natural, histórico e artístico de Minas Gerais, do Brasil e do
mundo. Em 2005, por decisão judicial, a mineração na Serra da Piedade foi
suspensa. Com o argumento de que a antiga empresa que explorava minério na
área, a Brumafer, deixou um grande passivo ambiental que precisa ser corrigido,
a Mineradora AVG, com apoio do Governo de Minas Gerais, conseguiu reverter a
suspensão por meio de decisão judicial que, além de autorizar o licenciamento
explícito no processo, desconsiderou ou fez vista grossa ao pedido incluído
pela AVG de extrair minério de uma grande área da Serra. Não bastasse a grande
devastação feita com as atividades de mineração praticadas no passado, a
Mineradora AVG é contemplada pelo Estado com a concessão de maior área da Serra
para ser explorada. Num momento dos mais difíceis da história de Minas Gerais,
com as mineradoras mostrando claramente seu total descompromisso com vidas humanas
e com a vida em toda a sua biodiversidade, haja vista o número de barragens
correndo risco de rompimento – e menos de um mês depois do crime hediondo
cometido pela Mineradora Vale, com autorização do Estado, a partir de
Brumadinho, a maioria dos Conselheiros da CIMI do COPAM votaram a favor da
retomada da mineração na Serra da Piedade, desconsiderando a existência dos
instrumentos legais de proteção, a documentação incompleta apresentada pela
empresa, os clamores das Comunidades Atingidas por Barragens, o apelo da Igreja
Católica, o chamado à responsabilidade do Estado e dos Conselheiros, o protesto
dos ambientalistas. Nesse vídeo, a Conselheira Maria Teresa Corujo,
carinhosamente chamada por Teca, apresenta, de forma contundente, várias razões
legais para que o processo de licenciamento de retomada de mineração na Serra
da Piedade seja retirado da pauta do dia. Infelizmente, seu pedido não foi
aceito, como já era esperado, considerando a grande influência das empresas de
mineração em Minas Gerais sobre o Estado e os Conselheiros que o representam na
CIMI do COPAM; o processo seguiu na pauta e foi aprovado com sete votos
favoráveis, três votos contra e duas abstenções.
* Filmagem de frei Gilvander
Moreira, da CPT. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo
Horizonte, MG, 22/2/2019.
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