domingo, 30 de abril de 2017

O Pouco que Mudou, Nada Mudou O andamento da Previdência Rural na Câmara dos Deputados. Por frei Sérgio Gorgen.

O Pouco que Mudou, Nada Mudou
O andamento da Previdência Rural na Câmara dos Deputados

Frei Sérgio Antônio Görgen


O relator da Proposta de Emenda Constitucional sobre a Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, deputado Artur Maia, do PPS/Bahia, apresentou seu relatório para debate na Comissão Especial. Analiso aqui as questões referentes à Previdência Social Rural.
                O relator fez uma jogada esperta para diminuir as resistências dos deputados da base do governo que estão sendo pressionados em suas bases pelo interiorzão Brasil afora. Fez aparentes recuos, que podem enganar, numa análise superficial: manter 60 anos para os homens e aumentar para  57 anos para as mulheres a idade mínima para aposentadoria; manter a pensão por viuvez para quem recebe menos que 2 salários mínimos.
                Não mudou o mais grave e o principal: mantém a contribuição em dinheiro, mensal, para cada membro da família, pelo tempo mínimo de 180 meses, 15 anos. A proposta inicial do governo Temer era de 25 anos.
                O tempo importa, mas o mais grave é a forma: pagamento mensal. É isto que excluirá da Previdência a esmagadora maioria da população camponesa pobre do país. Além da baixa monetização da economia camponesa (circula pouco dinheiro), grande parte da produção é sazonal, de época. E nos períodos de estiagem e outras intempéries, ou de baixos preços, não terão como contribuir com a Previdência de modo regular. E aí os 180 meses vão se prolongar por infinitos anos e não serão alcançados. Sobrará a Aposentadoria por Idade (Benefício de Prestação Continuada) que o relator esticou de 65 anos como é hoje, para 68 anos (a proposta Temer é de 70 anos). Na prática, a aposentadoria que restará para as maiorias pobres do campo será aos 68 anos, 8 anos a mais para homens e 13 anos a mais para mulheres camponesas.
                O valor da contribuição será estabelecido em lei que o Governo fará após aprovada a reforma e não o fazendo em dois anos, será de 5% do salário mínimo para cada membro da família.
                Para os trabalhadores rurais, os que trabalham de empregados nas fazendas, no corte da cana, de mato, na colheita do café, maçã, frutas, cacau, algodão, tratoristas, colheitadeiras, plantio, etc, terão que contribuir por 300 meses, ou seja, 25 anos. Cada mês que falhar, os anos se espicham. Como poucos trabalham com carteira assinada o ano todo, alcançar os 300 meses de contribuição para se aposentar será um verdadeiro calvário.
                Porém, o pior disto tudo é a quebra da garantia constitucional de um direito conquistado a duras penas: reconhecimento do regime de economia familiar, a inclusão na seguridade social com a contribuição indireta através da produção (FUNRURAL, COFINS, CSLL) e a comprovação através da atividade na produção rural. Estas garantias continuam destroçadas no relatório do Artur Maia.
                O que isto significa?
                A partir desta aprovação, se por desgraça houver, qualquer lei com maioria simples na Câmara e no Senado poderá aumentar a idade, aumentar o tempo de contribuição, aumentar o valor da contribuição. Os princípios básicos e as garantias constitucionais caem. E é isto que não podemos aceitar, este é o núcleo duro de nossa luta.
                Na verdade, na prática, o relatório do Artur Maia é tão perverso como o Projeto Temer: empurra a esmagadora maioria das famílias agricultoras e trabalhadoras rurais para se aposentar aos 68 anos e sem as garantias da Constituição.
                Por isto, a Luta é o caminho. Derrotar por inteiro este projeto. Dia 28 de abril, todos nas ruas e na semana de votação, Jejum Cívico.

                Quem alimenta o Brasil exige respeito.

Quem ganha e quem perde com a reforma trabalhista?

Quem ganha e quem perde com a reforma trabalhista?
Com a palavra o Defensor Público Federal, Kléber Vinicius Melo, da área trabalhista da DPU. 
Dr. Kléber Vinicius esclarece sobre Reforma Trabalhista e, após, frei Gilvander Moreira faz vários alertas, abaixo.

"Muitos acham que a Reforma Trabalhista é boa porque acaba com o imposto sindical, permite que as férias sejam parceladas ou porque pode facilitar a contratação por parte do empresariado.
Porém, para quem acha que essa Reforma Trabalhista vem para modernizar as relações de trabalho, e não para retirar direitos, sugiro uma lida rápida em algumas "novidades" por ela introduzidas:
Sabia que está autorizada pela Reforma a blindagem patrimonial? Portanto, seu “patrão” poderá criar uma nova empresa, com os mesmos sócios, e mesmo que ela seja sócia majoritária da empresa em que você trabalha, ela não responderá por nenhuma verba trabalhista? Leitura do Novo artigo 2º, §3º da CLT.
Você sabe que se o seu “patrão” vender a empresa, ele não será mais responsável por suas verbas trabalhistas, mesmo que você trabalhe 5 anos para ele, e 1 dia para a empresa nova? Novo artigo 448 da CLT. Imagine se quem comprar essa empresa não tiver as condições financeiras mínimas...
Voce sabia que se uma marca famosa de roupas contratar uma empresa para fabricar exclusivamente suas roupas, e esta explorar trabalho análogo ao de escravo, esta marca não poderá mais ser responsabilizada de nenhuma forma? Novo artigo 3º, §2º da CLT. Introduzido para ajudar um caso que teve repercussão nacional (Zara).
Você sabia que passa a existir a modadlidade de dispensa “por acordo”, em que o empregado receberá metade do aviso prévio e da multa do FGTS, saca 80% do FGTS, e não tem direito ao seguro desemprego, e o sindicato não precisará mais homologar para saber se o acerto está certo? Na prática, o “acordo” será: assina ou não recebe...Novo artigo 458 da CLT.
Se você tiver formação superior e receber mais do que R$11.062,62, não poderá questionar cláusulas que considere injustas do seu contrato na Justiça do Trabalho? Seu contrato terá o mesmo valor que uma Convenção Coletiva firmada por sindicato, e terá prevalência também sobre a lei. Novos artigos 444 e 611-A da CLT. Como fica a acessibilidade à Justiça? Não sei.
Alguém te disse que você poderá ser contratado sempre como “autônomo”, independente de sua função, ainda que trabalhe exclusivamente para seu patrão todos os dias? Vai sobrar algum empregado? Novo artigo 442-B da CLT.
Sabia também que agora você poderá ser contratado de forma intermitente? Nesse contrato, se a empresa quiser que você trabalhe menos dias ou menos horas em uma semana de menor movimento, você só receberá pelas horas trabalhadas, e não um salário mensal ajustado. Ou seja, não poderá programar adequadamente nem os dias e horários de trabalho, e nem saberá quanto receberá ao final do mês. Novos artigos 443 e 452-A da CLT.
Sabia que o valor do dano moral do trabalhador será medido de acordo com seu salário? Ou seja, se houver morte, lesão, humilhação por culpa da empresa, a vida de quem ganha mais terá maior valor, e a de quem ganha menos, menor valor? Novo artigo 223-G§1º da CLT."
*ANTES DE APOIAR OU SER CONTRA A REFORMA TRABALHISTA, REFLITA SOBRE ESSAS OBSERVAÇÕES* Ass. Kleber Melo, Defensor Público Federal, área trabalhista.
Frei Gilvander Moreira: "Com a reforma trabalhista, a classe dominante colocará a raposa para morar dentro do galinheiro junto com as galinhas. Ou: Será luta de boxe entre um peso pesado como Mike Tysson e uma pessoa raquítica. Impossível negociação justa entre desiguais: um peso pesado do capital e uma pessoa raquítica, do mundo do trabalho. Enfim, a Reforma Trabalhista, como aprovada na Câmara Federal, amordaça a Justiça Trabalhista e fere de morte os sindicatos. Com isso, o sistema do capital e os capitalistas poderão escravizar e superexplorar ainda mais as classes trabalhadora e camponesa. Logo, a reforma trabalhista é satânica, pois será uma arma de moer vidas das classes trabalhadora e camponesa. Em nome da dignidade humana, sigamos em luta até impedirmos pra valer as reformas trabalhistas e previdência. Quem se omitir na luta contra essas reformas será cúmplice da escravidão que será implantada. Não dá mais para tolerar o sistema do capital, o capitalismo e nem os capitalistas: são bárbaros. Construir uma sociedade justa, solidária e sustentável ecologicamente, superando o sistema do capital, se tornou necessidade vital para a humanidade e para a toda a biodiversidade. Se não, o capitalismo levará a humanidade ao apocalipse final."

sexta-feira, 28 de abril de 2017

MENSAGEM DA CNBB AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL, dia 27/04/2017: "É inaceitável a retirada de direitos já conquistados!"

MENSAGEM DA CNBB AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL, dia 27/04/2017: "É inaceitável a retirada de direitos já conquistados!"
"Os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade."
MENSAGEM DA CNBB AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL, de 27/04/2017.
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17).
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida, 27 de abril de 2017.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Na luta 30.000 pessoas, nas Ocupações da Izidora, se libertam da cruz do aluguel.

Na luta 30.000 pessoas, nas Ocupações da Izidora, se libertam da cruz do aluguel.
Por frei Gilvander Luís Moreira


Dia 18/4/2017, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, suspendeu pela 2ª vez as reintegrações de posse das três ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo horizonte e Santa Luzia, MG. Com essa decisão, cerca de 8.000 famílias (30.000 pessoas) avançam a passos largos na luta pela sua libertação da cruz do aluguel, da especulação imobiliária, da falta de reformas agrária e urbana, etc. Que beleza!
Dia 28/9/2016, as 8.000 famílias das Ocupações da Izidora foram humilhadas pelo órgão superior do TJMG que, por 18 votos a 1, autorizou o governador de Minas, Pimentel, a autorizar milhares de policiais da Polícia Militar de MG a despejar cerca de 30.000 pessoas, sem nenhuma alternativa digna prévia. A indignação sentida pelo povo se transformou em determinação em não aceitar os despejos. O povo levantou a cabeça e continuou lutando, mesmo debaixo de uma espada de Dâmocles que tirou o sono de muita gente por seis meses. Ainda bem que o governador de Minas não perdeu a cabeça e não autorizou a PM a tentar despejar, pois seria um massacre de proporções inimagináveis. Entretanto, após as visitas de Lula, dia 30/11/2016, e do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, dia 02/4/2017 – visitas que consolaram o povo e animaram a luta - dia 18/4/2017, os humilhados foram exaltados pela decisão do ministro Og Fernandes que derrubou a decisão do TJMG.
O ministro Og Fernandes considerou existente “os requisitos do fumus boni juris, correspondente à probabilidade de êxito do recurso, e do periculum in mora, relativo ao risco de dano grave e de difícil reparação ao direito”. E percebendo que a reintegração de posse “poderá ensejar graves danos sociais às vítimas da remoção forçada e até responsabilização estatal perante órgãos internacionais de proteção aos direitos humanos”, escreveu Og Fernandes: “entendo que o caso seja de deferimento (concessão) da medida liminar pleiteada”. O ministro assinalou ainda que “providência similar foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da Medida Cautelar na Ação Cautelar n. 4.085/SP, Rel. Ministro Dias Toffoli, DJe 08/3/2016, na qual se impediu o cumprimento da reintegração de posse da área conhecida como (Ocupação da) Vila Soma, localizada no Município de Sumaré, SP, a fim de se evitar a exacerbação do litígio em questão”. Cumpre recordar que a decisão do ministro Dias Toffoli, referida acima, foi inspirada na decisão do ministro Og Fernandes que, em 29/6/2015, mandou suspender os despejos das Ocupações da Izidora. Ou seja, uma decisão positiva animando outra.
Com esses argumentos, o ministro Og Fernandes, que tinha sido premiado pela ministra Carmem Lúcia, presidenta do STF por causa da 1ª decisão de suspensão do despejo das 30.000 pessoas das ocupações da Izidora em 29/6/2015, deferiu o 2º pedido liminar do Coletivo Margarida Alves, que defende juridicamente as milhares de famílias das ocupações da Izidora, e, assim, o ministro Og, dia 18/4/2017, atribuiu efeito suspensivo ao recurso em Mandado de Segurança, suspendendo os efeitos do acórdão recorrido até o julgamento final do presente feito que provavelmente demorará vários meses. O povo sabe o que deve fazer nesse tempo.
A conquista de moradia digna, própria e adequada pelo povo das Ocupações da Izidora se tornou uma estrela que se acendeu no Brasil para guiar os passos de 6.000.000 de famílias que ainda estão debaixo da pesadíssima cruz do aluguel e sendo super-explorado pelo sistema do capital, máquina de moer vidas humanas e de toda a biodiversidade. O caminho é, de forma organizada, ocupar os terrenos ociosos que não estão cumprindo a função social, pois enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito e um dever.
Nossa eterna gratidão a Manoel Bahia e Ricardo Freitas (Kadu) que tombaram nessa luta. A doação da vida de vocês não foi em vão. Vocês viverão sempre em plenitude e em nós na luta. Só perde quem não entra na luta das ocupações ou da luta desiste.
Abraço na luta.
Frei Gilvander Moreira, em Belo Horizonte, MG, Brasil, tarde com temperatura agradável do dia 20/4/2017.


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) SUSPENDE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BELO HORIZONTE, MG, PELA 2° VEZ!

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) SUSPENDE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BELO HORIZONTE, MG, PELA 2° VEZ!


As coordenações das Ocupações-comunidades da Izidora (Esperança, Rosa Leão e Vitória), os movimentos sociais Brigadas Populares (BPs), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), e o Coletivo Margarida Alves (CMA) vêm a público informar que o Ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de Brasília, decidiu na data de hoje, 20 de abril de 2017, pela 2a vez suspender qualquer tentativa de despejo por parte dos supostos proprietários da área da região da Izidora e da Polícia Militar de Minas Gerais, comandada pelo governador Fernando Pimentel (PT), contra as 8.000 famílias das ocupações-comunidades da Izidora.
A decisão suspende a decisão injusta e covarde proferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), dia 28 de setembro de 2016, quando por 18 votos a 1, os desembargadores do TJMG autorizaram o Governador de MG e a PM de MG a despejar 8.000 famílias sem nenhuma alternativa digna prévia por entenderem que não haveria violação aos direitos humanos de mais de 30.000 pessoas que moram nas ocupações urbanas da Izidora. Desde o ano de 2013 o povo da Izidora construiu, através da luta em conjunto com os movimentos sociais e grande rede de apoio, três bairros irmãos.
A decisão do STJ é importantíssima, porque suspende juridicamente qualquer possível tentativa de despejo contra as comunidades, reconhecendo a necessidade de respeito aos direitos das famílias das Ocupações e solução responsável e digna para este que é um dos sete maiores conflitos fundiários urbanos do mundo. Ainda essa decisão representa mais uma oportunidade para as autoridades (Prefeitura de Belo Horizonte e Governo do Estado de Minas Gerais) darem um fim justo, digno e idôneo ao conflito fundiário e social da Izidora, realizando a regularização fundiária e urbanização, sem derrubar nenhuma casa!
Reafirmamos que sob as terras da Izidora pesam fortes indícios de grilagem. São nove irregularidades na cadeia dominial da matrícula 1202 da Granja Werneck S.A, documento das terras em promessa de venda para a Construtora Direcional. Além do que as terras estavam abandonadas e sem cumprir qualquer função social, desrespeitando, assim, a Constituição brasileira e o Estatuto da Cidade há décadas.
Lembramos também que, essa importante vitória, que ainda não é definitiva, só foi conquistada através da luta das coordenações, movimentos sociais, advogadas e advogados populares, arquitetas e arquitetos populares, rede de apoio, e, principalmente, através da resistência popular do povo que fez dezenas e dezenas de lutas coletivas. Há muito as comunidades já davam o seu recado para as tentativas de despejo oferecidas pelas autoridades: não aceitamos nenhum direito a menos!
Avante Izidora, rumo à urbanização!
Se o presente é feito de lutas, o futuro nos pertence!
Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito e um dever!
Pátria Livre! Venceremos!

Belo Horizonte/MG, 20 de abril de 2017.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Quilombo Marobá dos Teixeira, Almenara/MG: clamor por justiça. Sr. Orlin...

TORTURA e tentativa de homicídio no Quilombo Marobá dos Teixeira.

TORTURA e tentativa de homicídio no Quilombo Marobá dos Teixeira.

TORTURA e tentativa de homicídio no Quilombo Marobá dos Teixeira, no município de Almenara, no Baixo Jequitinhonha, MG, na noite do dia 24/03/2017. Assista e divulgue a denúncia da Comissão Pastoral da Terra (CPT), abaixo, vídeo, de um crime hediondo: amarrar Jurandir, um negro quilombola, presidente da Associação Quilombola da Comunidade Marobá dos Teixeira, açoitá-lo e quase enforcá-lo, enquanto outros jagunços amarravam Maria Rosa, esposa de Jurandir, e, após espancá-la, injetar veneno no pulso dela. Exigimos o máximo de empenho das forças de segurança do Estado para prender os criminosos e que o poder judiciário julgue e condene os responsáveis direito e indiretamente por esse atentado. E que o INCRA resgate e titule 100% do território do Quilombo Marobá dos Teixeira. Assista ao vídeo-denúncia, abaixo. Comprometa-se de alguma forma apoiando o Quilombo Marobá dos Teixeira. Divulgue e compartilhe o vídeo, abaixo, com essa denúncia, em nome da justiça social e da dignidade humana.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Frei Gilvander em Culto na festa dos 8 anos da Ocupação Dandara, em Bel...

Fazendeiro e jagunços ferem cinco Trabalhadores e Trabalhadoras do MST a bala no Norte de Minas, em emboscada.

Fazendeiro e jagunços ferem cinco Trabalhadores e Trabalhadoras do MST a bala no Norte de Minas, em emboscada.


       Neste domingo, dia 09/04/2017, cerca de 300 trabalhadores rurais Sem Terra foram covardemente atacados pelo fazendeiro Léo Andrade e seus capangas. Léo se diz dono da Fazenda Norte América e no passado, acusado de desvio de recursos públicos na gestão do prefeito Ruy Muniz, foi preso em Montes Claros, no norte de Minas. Os trabalhadores camponeses saíram em marcha nas proximidades do Acampamento Alvimar Ribeiro para protestar e denunciar a paralisação da reforma agrária, do descaso do Governo Federal e do Governo do Estado de Minas Gerais. Segundo os relatos, no caminho foram alvejados por tiros efetuados por Léo Andrade e seus capangas que estavam na carroceria de uma Hilux dirigida pelo próprio fazendeiro. O resultado deste ataque repulsivo, criminoso e hediondo foi cinco camponeses e camponesas feridos covardemente.
O MST ocupou a fazenda Norte América no início do ano de 2017 e até então centenas de camponeses resistem pressionando o Estado para realizar a reforma agrária naquele latifúndio que tem mais 3.000 hectares e está localizado em Capitão Enéas, Norte de Minas Gerais. O título da terra está no nome de Antônio Ildeu Figueiredo e a fazenda está hipotecada, Léo Andrade alega que tem a posse da área. Segundo os trabalhadores Sem Terra no momento do ataque eram mais de 6 pistoleiros. A polícia militar prendeu apenas 2 deles, armas e munição. O clima está muito tenso na região. Os demais pistoleiros estão na região e os trabalhadores, homens, mulheres, idosos e crianças estão resistindo no acampamento Alvimar Ribeiro. Alvimar foi gente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) durante 40 anos em Minas e especialmente no norte e noroeste do estado.
Como uma das mães do MST, a CPT e todos seus agentes de pastoral hipotecam irrestrito apoio à luta do MST pela terra e pela reforma agrária tão necessária no nosso país cada vez mais latifundiário. Repudiamos com veemência todos os tipos de violência do latifúndio, dos latifundiários, do agronegócio, do Estado cúmplice da super-exploração e expropriação que se abatem sobre o campesinato brasileiro. Nosso abraço solidário às centenas de camponeses do Acampamento Alvimar Ribeiro. Contem sempre conosco, pois a luta pela terra e pela reforma agrária é nossa também.
Cobramos ação do Governo de Minas para prender os pistoleiros e o mandante que tentaram assassinar os trabalhadores Sem Terra. Que o poder judiciário julgue e puna exemplarmente os jagunços e mandante de mais esse hediondo crime do latifúndio, dos latifundiários, do agronegócio, do Estado e do sistema do capital. E que se faça reforma agrária na fazenda Norte América também.
Tentaram fazer uma sexta-feira da paixão em Capitão Eneias, mas estamos construindo um domingo de ressurreição a partir do Acampamento Alvimar Ribeiro. Coragem, companheiros do MST! Os opressores parecem gigantes, mas têm pés de barro! Venceremos! O Deus da vida está na nossa luta pela terra e pela reforma agrária.

Assina essa Nota pública.
Comissão Pastora da Terra – CPT.


 Montes Claros, MG, Brasil, 10 de abril de 2017.

Dandara, Belo Horizonte, festa de 8 anos de luta e muitas conquistas: de...

domingo, 2 de abril de 2017

Kalil visita as Ocupações da Izidora e reafirma que não terá MCMV na Izi...

Kalil visitou as ocupações da Izidora e reafirmou compromisso de urbanizá-las e não aceitar MCMV nas áreas ocupadas.

Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, visitou as ocupações-comunidades da Izidora e reafirmou compromisso de urbanizá-las e não aceitar implementar Minha Casa Minha Vida em nenhuma das áreas ocupadas.


Hoje, dia 02/04/2017, das 10h30 às 14h45, o prefeito de Belo Horizonte, MG, Alexandre Kalil, visitou as Ocupações-comunidades-bairros da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), onde há 4 anos 8.000 famílias moram e já construíram acima de 5.000 casas de alvenaria, em terrenos que não cumpriam sua função social e que tem indícios de grilagem (nove irregularidades na cadeia dominial da matrícula 1202, da Granja Werneck S.A), inclusive. Kalil girou em grande parte da Ocupação Vitória, recebeu inúmeros abraços e o carinho do povo que foi imprescindível na eleição dele.
Kalil ouviu o pronunciamento de várias  lideranças nas três comunidades da Izidora e reafirmou o que já tinha dito às coordenações e aos representantes das Brigadas Populares (BPs), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e das/os advogados/as do Coletivo Margarida Alves, e repetiu nas três ocupações-comunidades-bairros Rosa Leão, Vitória e na Esperança que não aceitará e nem assinará nada para realização do programa Minha Casa Minha Vida na Izidora, que a história de construir prédios na Izidora pela Direcional é página virada, que nenhuma casa será demolida, que se empenhará muito para terminar a demanda jurídica, que regularizará fundiariamente e urbanizará 100% das áreas ocupadas das três ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória).
O prefeito Kalil reafirmou diante de multidões de pessoas presentes em assembleias nas três ocupações da Izidora que acabou a ideia de predinhos na Izidora e que agora é conseguir dinheiro para urbanizar as ocupações. Ficou decretado: Direcional fora das ocupações-comunidades da Izidora! Entramos numa nova fase da luta!
Ao lado de sua esposa Ana, Kalil se emocionou muito ao ver o povo na praça lotada na Ocupação-comunidade Vitória rezando e orando um Pai Nosso, cantando “Nossos Direitos Vêm (bis), se não vêm nossos direitos, o Brasil perde também. Quem negar nossos direitos será negado também. Já chega de tanta conversa sem cumprir para ninguém, mas com todo o povo unido, a luta muda de sentido e nosso direito vem”. E gritando: “Com luta, com fé a casa fica em pé!” (3 vezes). Após ser aplaudido inúmeras vezes pelo povo, Kalil, sua esposa Ana e sua equipe de segurança almoçaram junto com dezenas de pessoas na casa da Aninha e do Adão, comendo comida feita em fogão de lenha, com frutos saudáveis da horta comunitária do Vitória.
Mariana, poetisa da Rosa Leão, e outra poetisa declamaram poesias e o MC Salve, da comunidade Vitória cantaram música que embala nossa luta por moradia. Viva a luta junto com arte e cultura que emancipa!
Que beleza mais uma vitória na renhida, mas justa e necessária luta por moradia própria, digna e adequada. Tenho certeza que Manoel Baía, Kadu e outros companheiros que tombaram nessa luta estão felizes partilhando vida em plenitude, nos inspirando e nos protegendo. Parabéns a todas/os que acreditam na luta coletiva em prol de direitos sociais que só se conquistam na luta. Só perde quem não entra na luta coletiva ou dela desiste. Pátria livre! Venceremos!
Abraço terno.  Frei Gilvander Moreira, pela CPT/MG.

Obs.: Em breve, publicaremos os vídeos registros da visita do Kalil às comunidades da Izidora dia 02/04/2017. Estarão disponibilizados no youtube, nos blogs das ocupações da Izidora, em páginas do facebook e em www.freigilvander.blogspot.com.br , inclusive.