domingo, 26 de junho de 2016

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sábado, 25 de junho de 2016

Fernando Francisco de Góis, bom samaritano de crianças, adolescentes e adultos nas ruas das cidades brasileiras.

Fernando Francisco de Góis, bom samaritano de crianças, adolescentes e adultos nas ruas das cidades brasileiras.
Por frei Gilvander Moreira[1].

Meu amigo-irmão Fernando Francisco de Góis, após 14 anos sendo frei carmelita, foi morar nas ruas de Curitiba, PR, em 1987, para ser bom samaritano entre crianças e adolescentes em situação de rua. Fernando ajudou a criar o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Movimento Nacional das crianças e adolescentes em situação de rua. No início dos anos 90 do século XX conquistou com os "meninos" a Chácara Meninos de 4 Pinheiros - www.4pinheiros.org.br - em Mandirituba, região metropolitana de Curitiba, onde criaram a Fundação Educacional crianças e adolescentes Profeta Elias, que em mais de 20 anos de história, resgatou mais de 1.000 crianças e adolescentes em situação de rua, sendo que a maioria conseguiu cursar pelo menos um curso universitário e aprenderam muito, acima de tudo, que deve (com)viver lutando coletivamente pelos direitos sociais negado pelo sistema do capital e pela Estado, vassalo do capital. Mais de 20 teses de doutorado já foram feitas sobre o trabalho social pedagógico emancipatório realizado na Chácara dos Meninos de 4 Pinheiros, um dos 50 projetos sociais de resgate da violência social, segundo a UNESCO. Vários livros já escritos, reportagens e vídeos.
Dia 01 de janeiro de 2015, Fernando Francisco de Góis deixou a "Chácara Meninos de 4 Pinheiros" e iniciou uma viagem a pé de Curitiba até Aparecida do Norte, SP. Foram 22 dias no trecho. Depois seguiu a pé de Aparecida para a capital de São Paulo, onde viveu por mais de 12 meses nas ruas com os irmãos em situação de rua na Cracolândia de São Paulo, na Praça do Patriarca e sendo educador na rua e em projetos de acolhimento. Ouvindo, dialogando, abraçando os que foram jogados à margem da sociedade com a pedagogia do sonho e a pedagogia do cuidado embasada em quatro verbos e inspirada na prática de quatro animais: acolher (galinha), ouvir (cachorro), cuidar (urubu) e transformar (abelha).
No início de 2016, Fernando seguiu, a pé, de São Paulo para o Rio de Janeiro, em 12 dias. Fernando diz que Hipócrates disse que o melhor remédio é caminhar. “Caminho como trecheiro para me humanizar”, diz Fernando. No Rio, conviveu com os irmãos em situação de rua por mais de 1 mês. Depois, a pé, do Rio a Belo Horizonte, onde chegou em 06 de maio de 2016. Em Conselheiro Lafaiete resolveu pediu uma passagem no CRAS da Prefeitura, mas, ao ler um letreiro que dizia: “Desacatar funcionário público é crime”, Fernando começou a comentar com o povo que lotava a sala de espera que deveria ter outro letreiro também: “Desrespeitar o povo que passa necessidade por ser injustiçado também é crime”. Chamou a atenção de todos e acabou sendo convidado pelo coordenador do CRAS para uma manhã de formação com os/as funcionários/as. E ainda realizou dois dias de formação em Lafaiete após uns quinze dias nas ruas de BH.
Após 50 dias nas ruas da capital mineira, dia 24 de junho de 2016, Fernando de Góis pegou a BR 262 rumo ao Nordeste a pé. Sem celular, sem acesso a internet, com um saco de plástico nas costas, sandálias havaianas nos pés, Fernando de Gois, diz sempre sorrindo: "Meu endereço agora é BR, avenida Brasil, sem número." Na Bahia, irá até a cidade de Barra visitar dom Flávio Cappio, o bispo que fez 23 dias de greve de fome em defesa do rio São Francisco contra a Transposição do Velho Chico. Em alguns encontros com Fernando de Gois em Belo Horizonte, gravei com ele algumas entrevistas que disponibilizei no youtube sob o título "Fernando de Gois: de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua. (1a parte, 2a parte, 3a parte, 4a parte e 5a parte). E gravei também com Fernando de Gois um Programa Palavra Ética na TVC/BH - www.tvcbh.com.br - que irá ao ar nessa semana.
Fernando de Gois, obrigado, meu irmão, por ser na prática presença da luz e da força divina de vida, de misericórdia e emancipatória, nas ruas de várias cidades brasileiras. Abraço terno de seu amigo-irmão que o admira pra caramba. Impossível não emocionar só de recordar sua presença, seu sorriso. Estar com você é estar em terra santa, exige tirar as sandálias. Sigamos na luta em defesa dos que são injustiçados pela sociedade do capital.

Para quem não teve ainda a graça de ver, conviver e ouvir o Fernando de Góis, sugiro assistir às entrevistas que gravei com ele nos links, abaixo:

1)   Fernando de Góis, de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua (1ª parte). https://www.youtube.com/watch?v=xqitxnTAyUo

2)   Fernando de Góis, de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua (2ª parte). https://www.youtube.com/watch?v=OGe4JuI_Nes

3)   Fernando de Góis, de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua (3ª parte). https://www.youtube.com/watch?v=VbtFJ7wWSi0

4)   Fernando de Góis, de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua (4ª parte). https://www.youtube.com/watch?v=r0ekBA8w1PM

5)   Fernando de Góis, de frei a Bom Samaritano de crianças a adultos na rua (5ª parte). https://www.youtube.com/watch?v=YUnAseLIqOU

Belo Horizonte, MG, Brasil, 25/06/2016.



[1] Padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, do CEBI, de CEBs e do SAB; E-mail: gilvanderufmg@gmail.com    -    www.freigilvander.blogspot.com.br  - www.gilvander.org.br - http://www.twitter.com/gilvanderluis   -    facebook: Gilvander Moreira 

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quinta-feira, 23 de junho de 2016

RESUMO DECISÃO STJ SOBRE AS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG – SETEMBRO DE 2015 – segundo o Coletivo Margarida Alves.

RESUMO DECISÃO STJ SOBRE AS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG – SETEMBRO DE 2015 – segundo o Coletivo Margarida Alves.
A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) garante temporariamente a permanência e a proteção dos moradores das Ocupações da Izidora até que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgue a legalidade da operação policial de desocupação da área, determinada pela juíza Luzia Divina, da 6ª Vara da Fazenda Municipal.
O Ministro Og Fernandes, Relator do Recurso interposto no STJ, afirmou que em casos como o da Izidora, o que se apresenta é um conflito entre direitos: de um lado, o direito à vida, à moradia, à liberdade, à inviolabilidade domiciliar e à própria dignidade da pessoa humana; de outro, o direito à propriedade. Conforme a decisão, nesse contexto há que se observar o princípio da proporcionalidade e, portanto, a vida e a integridade das pessoas envolvidas devem ser sempre protegidas: “A desocupação da área, à força, não acabará bem, sendo muito provável a ocorrência de vítimas fatais. Uma ordem judicial não pode valer uma vida humana. Na ponderação entre a vida e a propriedade, a primeira deve se sobrepor.” (p. 12)
O Ministro deixou claro que o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que “o princípio da proporcionalidade tem aplicação em todas as espécies de atos dos poderes constituídos, vinculando o legislador, o administrador e o juiz.” (p. 2) Assim, deve ser observado também pela polícia em eventual execução de operações de reintegração de posse. Conforme asseverou o Ministro Og Fernandes, não raro as ações da Polícia Militar em conflitos que envolvem grande número de pessoas “vêm desacompanhadas da atenção devida à dignidade da pessoa humana e, com indesejável frequência, geram atos de violência.” E completou: “Por essa razão, a Suprema Corte e o STJ, nos precedentes mencionados, preconizam que o uso da força requisitada pelo Judiciário deve atender ao primado da proporcionalidade.” (p. 2-3).
Ainda conforme a decisão, em situações de relevante conflito social é possível que o Estado da Federação se negue a disponibilizar força policial para execução de remoção forçada. De acordo com o Ministro, o Superior Tribunal já “admitiu, excepcionalmente, hipótese de recusa, por Estado da federação, em proporcionar força policial para reintegração de posse ordenada pelo Poder Judiciário quando a situação envolver diversas famílias sem destino ou local de acomodação digna, a revelar quadro de inviável atuação judicial.” (p. 12) Isso porque, nesse contexto, “compelir a autoridade administrativa a praticar a medida poderia desencadear conflito social muito maior que o prejuízo do particular.” (p. 12)
Na decisão, o Superior Tribunal de Justiça aplicou não apenas a proteção de direitos garantida no art. 6º da nossa Constituição, mas também em tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário, como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e a Convenção dos Direitos das Crianças. Também ressaltou a necessidade de se cumprir as normas e diretrizes do próprio estado de Minas Gerais, tais como as recomendações do Escritório de Direitos Humanos, a Lei Estadual n. 13.053/98, e a Diretriz para Prestação de Serviços de Segurança Pública 3.01.02/2011-CG da Polícia Militar.

E, ao concluir, o Ministro relator afirmou que a desocupação da área só pode ocorrer caso sejam demonstradas, de modo inequívoco, “garantias de que serão cumpridas as medidas legais e administrativas vigentes para salvaguardar os direitos e garantias fundamentais das pessoas que serão retiradas.” (p. 18) Até o momento, o que se tem é uma evidente “indeterminação do modus operandi a ser adotado no caso em tela”, o que portanto, justifica a suspensão do despejo, constituindo prova pré-constituída do direito alegado pelos moradores das ocupações da Izidora.

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quarta-feira, 22 de junho de 2016

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POR ENQUANTO, A MATA DO PLANALTO FOI LIBERTADA DO ALTAR DO SACRIFÍCIO DO COMAM/PBH/DIRECIONAL. Nota pública.

     POR ENQUANTO, A MATA DO PLANALTO FOI LIBERTADA DO ALTAR DO SACRIFÍCIO DO COMAM/PBH/DIRECIONAL.
Nota pública.

Após luta do povo, mais de 200 pessoas ardorosas defensoras da preservação de 100% da Mata do Planalto, e pressão na reunião do COMAM da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), foi retirado de pauta, hoje, dia 22/06/2016, o pedido de Licença Prévia para construtora Direcional devastar a Mata do Planalto e construir 760 apartamentos de luxo na área, em Belo Horizonte, MG. Antes da abertura dos trabalhos algumas lideranças se manifestaram. Mais de 200 moradores participaram da reunião e lideranças da cidade marcaram presença. Vasco Araújo, o presidente do COMAM, disse que a Direcional pediu para retirar de pauta, mas, na verdade, foi retirado de pauta por vários motivos, entre os quais destacamos:
1) Por que o presidente do COMAM, Vasco, já declarou na Imprensa/Rede Minas que ele e a PBH estão “fazendo de tudo para conceder as licenças ambientais” e, por isso, a Defensoria Pública de MG conseguiu decisão judicial proibindo-o de presidir reunião sobre o licenciamento de construção na Mata do Planalto.
2) A defensoria pública de MG encaminhou representação ao prefeito Márcio Lacerda, ao presidente do Comam Vasco Araújo e ao procurador geral do município, Russel Beltrano, determinando substituição do atual presidente do órgão e a recomposição do conselho com nova eleição. O descumprimento poderá implicar a adoção de providências administrativas e judiciais inclusive na esfera da responsabilização na esfera civil.
3) Porque o EIA/RIMA, de 2009, está defasado quase sete anos. Porque, segundo o prof. Clemens, do Grupo GESTA/UFMG e O Ministério Público, a Mata do Planalto é Mata Atlântica e, assim, somente o IBAMA tem competência administrativa para conceder ou não o licenciamento ambiental. Se o COMAM conceder, os conselheiros cometerão crime por improbidade administrativa, com pena de prisão.
4) Porque é momento pré-eleitoral e está claro que a população de BH, sob a liderança do povo do Planalto e adjacências e do povo das Ocupações da Izidora (também perseguido pela PBH e pela Direcional) jamais deixarão devastar a Mata do Planalto;
5) Porque havia mais de 200 pessoas pressionando e protestando no início da reunião do COMAM.

Enfim, mais uma vitória da luta popular. Seguiremos lutando pela preservação de 100% da Mata do Planalto, que é moradia de milhões de seres vivos que precisam ser respeitados.

Assina,
Movimento Salve a Mata do Planalto.
Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Mais informes e vídeos em:
No face: Salve a Mata do Planalto


MANIFESTO DOS MORADORES ACORRENTADOS NO COMAM EM DEFESA DA MATA DO PLANALTO, em Belo Horizonte, dia 22/06/2016. REIVINDICAMOS O ACATAMENTO DA RECOMENDAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA PELA RETIRADA DE PAUTA DA MATA DO PLANALTO

MANIFESTO DOS MORADORES ACORRENTADOS NO COMAM EM DEFESA DA MATA DO PLANALTO, em Belo Horizonte, dia 22/06/2016.
 REIVINDICAMOS O ACATAMENTO DA RECOMENDAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA PELA RETIRADA DE PAUTA DA MATA DO PLANALTO.

Hoje, quarta-feira, dia 22 de junho de 2016, nós, moradores do bairro Planalto e da Cidade, lideranças dos movimentos sociais de moradores e ambientais, e povos das Ocupações da Izidora, estamos protestando no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), a partir das 13h30 na avenida Augusto de Lima, 30, 4º andar, antigo Hotel Del Rey, Belo Horizonte, MG, contra a aprovação da Licença Prévia para a Construtora Direcional devastar e construir prédios de luxo na Mata do Planalto. Acorrentados, denunciamos à população de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil, que mais uma vez, que estão sendo preteridos os interesses da população em preservar a última área verde de Mata Atlântica de Belo Horizonte: a MATA DO PLANALTO, no bairro Planalto, região Norte de BH. Há sete anos lutamos para que a área de quase 200 mil m2 (200 hectares = 200 campos de futebol) seja 100% preservada.
        
Acorrentados, reivindicamos que seja acatada recomendação da defensora pública, Dra. Ana Cláudia da Silva Alexandre, da Defensoria Especializada em Direitos Humanos Coletivos e Socioambientais, protocolada na segunda-feira, 20 de junho/2016. A recomendação destinada ao presidente do Comam, Vasco de Oliveira Araújo, ao prefeito Marcio Lacerda e ao procurador Geral do Município, Rusvel Beltrame, afirma que há impedimento do atual presidente do Comam para conduzir os trabalhos de apreciação da licença prévia, determinando que seja substituído nos termos regimentais; que não há paridade entre os conselheiros da sociedade civil e os conselheiros representantes do município, determinando a recomposição de procedimento de nova eleição. O descumprimento poderá implicar a adoção de todas as providências administrativas e judiciais cabíveis inclusive na esfera da responsabilização civil.
          
O Comam pretende reanalisar licença prévia para construir na Mata do Planalto mesmo com inúmeras irregularidades no processo de licenciamento, como EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) defasados, com data de 2010, Parecer do Grupo GESTA/UFMG contrário e recomendações do Ministério Público Estadual e Defensoria Pública, sem ouvir os argumentos da comunidade, e sem esperar a decisão final da Justiça em processos de ações civis e ação popular. O povo de Belo Horizonte não pode assistir ao maior crime ambiental da Cidade. A construtora Direcional pretende construir em 115 mil m2 da Mata, com 16 prédios, totalizando 16 andares, 760 apartamentos de luxo, 1300 vagas de garagem. A área possui mais de 20 nascentes, 68 espécies de pássaros, entre eles o Tucano, além de outras espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção. 

De acordo com o Ministério Público e a Defensoria Pública, os conselheiros do Comam são passíveis de responsabilização criminal e providências administrativas. De acordo a promotora Marta Larcher, do Ministério Público, em reunião realizada na Câmara Municipal, no dia 26 de abril deste ano, para apresentação dos técnicos da Mata do Planalto aos Conselheiros, “os conselheiros têm que se conscientizarem que a posição deles não é de mero chancelador da vontade do prefeito ou quem quer que seja da iniciativa privada. O conselheiro tem o papel primordial que é a defesa da legalidade e da moralidade pública, podendo ser responsabilizado criminalmente se incorrer em improbidade administrativa no exercício de função pública”. Na ocasião apenas quatro dos quinze conselheiros compareceram para ouvir as argumentações em defesa da Mata do Planalto.

A mata conta com mais de 20 nascentes e abriga espécies da fauna e da flora em extinção, como Ipê-Amarelo, Tucanos, Mico-Estrela, Pau-Brasil, Jacarandá da Bahia, Seriema, Pica-pau, Beija-Flor-de-Fronte- Violeta, Saracura, Mico-Estrela, répteis como cobras, lagarto Teiú, entre outras. Em tempos de crise hídrica e de epidemia de Dengue, Zika e Chikungunya precisamos preservar o meio ambiente para controlar o mosquito Aedes Aegypti e garantir o abastecimento de água da Cidade. 

Pagamos nossos impostos, somos cidadãos belo-horizontinos. Temos o direito de escolher a cidade que queremos morar. Mas nos ignoram a maioria dos vereadores, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) e seu Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM). As empresas Petiolare e Construtora Direcional, que só visam lucro, são responsáveis por um projeto que pretende devastar a Mata do Planalto, destruir suas nascentes e exterminar sua biodiversidade e toda vida que habita aquela mata antes da inauguração da Cidade.

À revelia das irregularidades constatadas no processo, da comprovação pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de a área tratar-se de Mata Atlântica; de entrevista dada pelo secretário municipal interino de meio ambiente e presidente do COMAM, Vasco Araújo, à TV MINAS, onde afirma que “está lutando para dar o licenciamento”; já são provas cabais de um processo que nasceu com vícios de origem e por isso deve ser impedida a sua tramitação, que avilta a população da nossa cidade.

Acorrentados, denunciamos que estratégias têm sido utilizadas pelo COMAM para conceder o licenciamento ambiental de um projeto satânico. Denunciamos o conluio do prefeito de BH com a construtora Direcional e a conivência do COMAM em aprovar um licenciamento de processo que se arrasta há anos, apesar dos protestos da população em audiências públicas, em passeatas, em carreatas, e dos processos na justiça.  O bairro Planalto não comporta a construção de um condomínio de apartamentos de alto luxo porque se encontra adensado e não possui infraestrutura necessária para atender a demanda de novas famílias, como escolas, postos de saúde, transporte público etc.

Acorrentados, queremos que a cidade escute nosso grito por socorro. Temos direito a qualidade de vida, com a manutenção da MATA DO PLANALTO que ameniza o clima, absorve a água da chuva, oferece água que jorra de suas nascentes, que formam o córrego Bacuraus e deságuam no Rio das Velhas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a região não atende o índice recomendado de área verde por habitante.

Acorrentados, denunciamos que a Construtora Direcional em seu site com a campanha “viva a mata” está mentindo e tramando devastar a MATA DO PLANALTO. O relatório técnico do MPMG garante que a MATA DO PLANALTO É BIOMA DE MATA ATLÂNTICA.  A Direcional mente ao dizer que a Mata do Planalto só possui duas nascentes. Que vai criar um Parque Municipal (a população não quer, pois será parque privado: só para os granfinos que puderem comprar os aptos luxuosos. Já temos o Parque Municipal do Planalto, abandonado pelo poder público). Ludibriar a população é crime.

Ao pretender acabar com uma área de mata exuberante, qual herança os poderosos querem deixar para nossos filhos, netos, para as futuras gerações? Belo Horizonte ostentava o título de cidade jardim, cantada em verso e prosa, e está se tornando inóspita, com poucas áreas verdes, muito concreto, trânsito caótico. E vem aí a anunciada operação urbana consorciada, que de uma vez por todas vai sepultar Belo Horizonte num emaranhado de arranha-céus. Nossa cidade está perdendo sua identidade e o povo está perdendo sua alegria no trânsito, no concreto, na poluição, nos parques abandonados, e vai por aí afora.

Acorrentados denunciamos a falta de vontade política do Prefeito em doar a Mata do Planalto para a população. A Construtora Direcional, por sua vez, já ocupou muitos terrenos na Região Norte com empreendimentos, podendo assim manter a área preservada como compensação ambiental. 
 
Acorrentados, queremos libertar nossa cidade do entreguismo do executivo municipal e seus órgãos à ambição desmedida das construtoras. A Serra do Curral foi retalhada. As mineradoras Samarco/VALE/BHP e os governos mataram o Rio doce, agora querem devastar a MATA DO PLANALTO. Inadmissível! Acorrentados, clamamos por justiça de Deus e dos homens. Duas Ações Civis Públicas (ACPs), uma do Ministério Público e outra da Defensoria Pública de MG, e uma Ação Popular, originadas de reivindicações do povo tramitam no Tribunal de Justiça de Minas (TJMG). Que a balança do TJMG penda para o povo e para a MATA DO PLANALTO. A cidade que queremos não privilegia uma parcela da sociedade, mas ouve as/os cidadão/ãs. SALVE A MATA DO PLANALTO!

Belo Horizonte, 22 de junho de 2016.

 Assinam essa Nota,
Movimento salve a MATA DO PLANALTO
Associação Comunitária do Planalto e Adjacências
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAMBH)
Grupo de Estudos e Temáticas Ambientais (Gesta-UFMG)
Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória)
Projeto Manuelzão
Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)
Apolo Heringer (idealizador do Projeto Manuelzão, escritor e médico)
Vicariato Episcopal para Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte
Ana Flávia Quintão (Bióloga, Sinfrajupe – Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia)
Fórum Nacional da Sociedade Civil na Gestão de Bacias Hidrográficas (Fonasc)
Movimento Parque Jardim América
Brigadas Populares
Mídia Ninja
Associação dos Protetores de Áreas Verde de Curitiba e Região Metropolitana (Apave)
Movimento de Luta nos Bairros, Vila e Favelas (MLB)

Contato para maiores informações: Magali 31 99671 6409, Margareth 31 99279 0159, Dr. Wilson 31 99965 5030; Charlene 31 98534 4911, Ana Cristina Drumond 31 991057721.
facebook: Salve a Mata do Planalto


Estado humilha 160 famílias nos despejos das Ocupações Marias Guerreira ...

01 dia após os despejos Ocupações Marias Vitória e Guerreira BH: cadeira...

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Toda reintegração de posse é destruição de casas e de sonhos: em memória dos despejos das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, em Belo Horizonte, MG, dia 20/06/2016.

Toda reintegração de posse é destruição de casas e de sonhos: em memória dos despejos das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, em Belo Horizonte, MG, dia 20/06/2016.
Por frei Gilvander Moreira[1], da CPT.

O dia 20 de junho de 2016 entrará para a história de Belo Horizonte, MG, como o dia em que o TJMG, a prefeitura de BH (prefeito Márcio Lacerda, do PSB), o Governo de MG (Pimentel, do PT), a PM de MG e a Guarda Municipal de BH fizeram uma grande sexta-feira da paixão, não santa, na capital mineira. Cerca de 200 famílias das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, no bairro Copacabana, zona norte de BH, foram despejadas sem nenhuma alternativa. O Estado cometeu inúmeras injustiças, violências e violações aos direitos humanos. Indignado listo algumas, abaixo:
A dignidade humana, a função social da propriedade e o direito a moradia – inscritos na Constituição Federal – foram violentados, porque o terreno estava abandonado, sem cumprir sua função social e as cerca de 200 famílias em extrema vulnerabilidade social tinham ido para as Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira porque não suportavam mais o peso da cruz do aluguel por falta de reforma agrária, reforma urbana, injustiça social.
Foi desconsiderado o Novo Código de Processo Civil, que diz que ocupação com mais de 1 ano não pode ser despejada sem audiência de conciliação e sem alternativa digna prévia para as famílias. Inclusive o des. Alberto Diniz, presidente do CEJUS (Centro de Conciliação do TJMG), afirmou na TVC/BH que um bom acordo para as ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira estava sendo firmado e que não iria despejar sem alternativa digna prévia. Mas as famílias foram jogadas na rua, no sofrimento das noites frias de junho e no caminho da morte, pois, na rua e no frio, muitas pessoas adoecerão e, com o caos do SUS, poderão morrer, sim, antes do tempo.
A prefeitura de BH (PBH) foi intransigente e não ofereceu nenhuma alternativa, mentiu inclusive ao dizer para a imprensa que parte das famílias poderiam ser acolhidas no Abrigo público São Paulo, sendo que esse está superlotado e infestado de percevejo, conforme denúncia do ex-frei Fernando, que vive nas ruas de BH, de 17/06/2016, ao Ministério Público na pessoa do Dr. Paulo César, da CIMOS. A promotoria dos direitos humanos ouviu da direção do Abrigo São Paulo que não havia condições de receber ninguém despejado das ocupações, pela superlotação. A PBH também mentiu ao dizer para a imprensa que na área fará uma praça ou uma UMEI e que para isso precisava despejar as famílias. Ora, é possível preservar a beira do riacho poluído, construir uma UMEI, uma praça e em outra parte do terreno construir moradia para todas as famílias. O terreno é grande.
A Mesa de Negociação do Governo de MG também foi incapaz de oferecer pelo menos um terreno para as famílias reconstruírem seus barracos. A Mesa está negociando de forma correta com o MST, mas está sendo Mesa de enrolação/mesa Pilatos com as ocupações urbanas.
O Governo de MG autorizou a PM fazer o despejo com centenas de policiais fortemente armados, cavalaria com enormes cavalos muito bem tratados, tropa de choque, cachorros, GATE, quatro tratores com retroescavadeiras, dezenas viaturas todas novinhas, ao lado da Guarda Municipal com dezenas de carros novinhos também. Dinheiro para investir no aparato repressor o Estado tem, mas para construir moradia para o povo não tem. Estado violentador do bem comum. Nítido o contraste: viaturas novas e cavalos grandes e bem tratados, de um lado, e de outro lado, o povo descalço injustiçado. Ali estava o Estado fomentando a gestação de violência social. Triste isso.
No momento em que a repórter Verônica Pimenta, da Rádio Inconfidência, conversava com um policial militar, nos despejos das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, na parte da manhã, questionando o motivo dela não poder continuar realizando a cobertura do despejo das ocupações Maria Guerreira e Maria Vitória, outro oficial da Polícia Militar chegou e arrancou o fio do seu microfone, sob o argumento de que está dando uma ordem para ela sair e que não cabia questionamentos. Os moradores das ocupações gritaram "LIBERDADE PARA A IMPRENSA!", "PM COVARDE”". A repórter Verônica Pimenta foi presa de forma arbitrária, ilegal e injusta, simplesmente porque cumpria sua missão: estava gravando entrevista com algumas pessoas da Ocupação Maria Vitória. Várias pessoas foram ameaçadas de prisão: frei Gilvander Moreira, Cleyton (assessor do dep. Padre João), um fotógrafo das Brigadas Populares, uma funcionária da secretaria dos Direitos Humanos do Governo de MG etc. A repórter foi conduzida em uma viatura da PM para a 2ª delegacia. Frei Gilvander e Cleyton, testemunhas, foram impedidos de ir junto com a repórter Verônica na viatura.
A PM cercou toda a areia e não deixou ninguém entrar: nem imprensa e ninguém da rede de apoio às ocupações. Após eu levar duas senhoras, a dona Efigênia e a Nayene, para falar com a imprensa fora do cerco policial, eu, frei Gilvander, que segundo a Constituição tenho o direito de prestar assistência espiritual às pessoas em sofrimento, fui proibido de entrar na ocupação Maria Vitória na parte da manhã e impedido de gravar em vídeo o despejo na parte da manhã. Isso nunca tinha ocorrido em outros despejos.
Os depoimentos das pessoas que estavam sendo despejadas são de cortar coração. Se os juízes, os desembargadores, o prefeito, o governador, os policiais e os oficiais de (in)justiça ouvissem os clamores das famílias e vissem suas lágrimas, se tiverem consciência e coração humano, não farão mais despejos forçados. Eis um dos vídeos comoventes no link, abaixo:

Após as 18:00h, os oficiais de (in)justiça e a PM insistiram em despejar inclusive uma área privada, ao lado da Ocupação Maria Guerreira, para a qual não há mandado judicial, segundo os advogados do Coletivo Margarida Alves. Somente às 20:30h, após clamarmos a um dos secretários do Governo de MG, alguns barracos ficaram de pé na área privada.
Ao despejar sem alternativa digna, o Estado fomenta a violência social, pois ao ser violentada a pessoa se predispõe a ingressar na lógica da violência, o que é lamentável.
      O Estado fez, dia 20/06/2016, uma sexta-feira da paixão, mas com a solidariedade de outras ocupações, das Brigadas Populares, do MLB e de muitas pessoas de boa vontade, junto com as famílias despejadas construiremos uma domingo de ressurreição com moradia própria e digna para todos/as na luta coletiva. O Deus da vida nos anima nessa luta justa e necessária, pois ninguém pode viver no ar. Como os pássaros precisam de ninhos, as famílias precisam de moradia, direito sagrado e elementar. Lutaremos para que a Prefeitura de BH ou o Governo de MG disponibilize um terreno em condições de acolher dignamente todas as 200 famílias despejadas. E divulgaremos os vídeos feitos denunciando as violências e exigindo justiça.
Belo Horizonte, MG, Brasil, início de noite do dia 20/06/2016, dia que foi noite na capital mineira.





[1] Padre carmelita, assessor da CPT, de CEBs, do CEBI e do SAB. Doutorando em Educação pela FAE/UFMG; www.freigilvander.blogspot.com.brwww.gilvander.org.brgilvanderufmg@gmail.com face: Gilvander Moreira 

Repórter Verônica presa pela PM/MG no despejo Ocupações Marias Vitória ...

PM de MG despejando agora, manhã de segunda-feira, dia 20/06/2016, cerca de 200 famílias das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, em Belo Horizonte, MG: injustiça que clama aos céus.

PM de MG despejando agora, manhã de segunda-feira, dia 20/06/2016, cerca de 200 famílias das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, em Belo Horizonte, MG: injustiça que clama aos céus.

Nota Pública de denúncia e de clamor por sensatez.

Dona Efigênia, durante vigília, nessa noite fria de Belo Horizonte, MG, clama para que as 200 famílias das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, no bairro Copacabana (rua Blumenau, próximo aos bairros Santa Amélia e São João Batista, na zona Norte de BH), em Belo Horizonte, MG, não sejam despejadas SEM ALTERNATIVA DIGNA PRÉVIA. Mas hoje, 2f., dia 20/06/2016, às 06:00h, a Polícia Militar de MG chegou com grande efetivo policial e já cercou a área para despejar. O povo está organizado e resistirá ao despejo. A tensão é muito grande no local. Já fizeram barricadas. As Brigadas Populares acompanham as ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira e muitas pessoas da Rede de Apoio já estão no local.  Apelamos ao governador Pimentel e ao Comandante Maior da PM de MG, Cel. Marcos Bianchine, para que não despeje sem alternativa digna, sem diálogo e sem negociação. Apelamos também ao TJMG para que cumpra o que prescreve o Novo Código de Processo Civil, que exige audiência prévia e negociação até encontrar alternativa digna prévia. As Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira já tem 1,4 ano de existência. Nunca se negaram a negociar. Buscaram a Mesa de Negociação. Havia um processo de negociação na Mesa, mas estamos sendo atropelados pela PM de MG. O des. Alberto Diniz, presidente do CEJUS (Centro de Conciliação do TJMG) chegou a dizer na TVC/BH, em um programa, que estava fechando um acordo bom com as Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira e assumiu compromisso dizendo que as famílias dessas duas ocupações não seriam despejadas SEM ALTERNATIVA DIGNA. A prefeitura de BH, como sempre na gestão Márcio Lacerda, requereu reintegração de posse, foi e continua sendo intransigente pressionando o tempo todo para o despejo. Despejar SEM ALTERNATIVA DIGNA PRÉVIA em um tempo de FRIO com mês de junho em BH é falta de humanidade. Vai não apenas jogar as famílias nas intempéries da rua, mas no frio que adoecerá muita gente. Despejar assim pode ser matar direta e indiretamente muita gente, o que é desumanidade, além de injustiça e inconstitucionalidade. E a dignidade humana não precisa ser respeitada? A tropa de choque da Guarda Municipal da Prefeitura de Belo Horizonte também está fazendo o despejo. O terreno estava abandonado e voltará a ficar abandonado. As famílias vão viver no ar? Assista e divulgue o vídeo, abaixo, e essa Nota, por favor.

Contato no local para maiores informações:
Com Isabela, cel. 31 993983 2733 ou com Luiz Fernando, cel. 31 99227 1606 ou ainda com Charlene, cel. 31 98575 5745


Assinam essa Nota:
Brigadas Populares,
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Coordenação das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira
E Rede de Apoio.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 20 de junho de 2016, às 07:35h.

domingo, 19 de junho de 2016

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Um ano da repressão sofrida pelas Ocupações da Izidora na Linha Verde perto da Cidade Administrativa, em BH, dia 19/06/2015.

Hoje, dia 19/06/2016, completa 1 ano da repressão perpetrada pela PM de MG a uma marcha pacífica das Ocupações da Izidora na Linha Verde (MG 010), próximo à Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, MG. Foram presas 40 pessoas e 90 ficaram feridos. Na manhã de 19/06/2015, o helicóptero da PM de MG jogou bomba no povo, uma bomba de gás lacrimogêneo jogada do helicóptero caiu no colo de Alice, uma criança de 8 meses que estava em um carinho de bebê. A mãe Gleiciane desesperada conseguiu retirar a criança do carrinho e a bomba de gás caiu no chão antes de estourar. As vestes da criança Alice ficaram queimadas. A mãe saiu correndo com Alice quase morrendo sufocada pelo gás lacrimogêneo. Por um tris a PM de MG não assassinou uma criança de 8 meses, Alice, que hoje, está com 1,8 meses vivendo na Ocupação-comunidade Esperança, da Izidora, e junto com sua irmãzinha tentam superar os traumas dessa repressão covarde da PM de MG. A PM de MG já anunciou despejo das Ocupações Maria Guerreira e Maria Vitória - cerca de 200 famílias em extrema pobreza - para amanhã, 2f., dia 20/06/2016, no bairro Copacabana, em Belo Horizonte, MG. Até quando o TJMG, o Governo de MG, a PBH e a PM de MG vão despejar famílias em extrema vulnerabilidade SEM ALTERNATIVA DIGNA PRÉVIA? Isso é injustiça que clama aos céus. É óbvio que despejo forçado só gera violência, traumas, queima o filme da PM, das autoridades e das instituições do Estado e agrava muito conflito social. O povo não pode viver no ar e, se despejado, terá que reocupar ou ocupar outro lugar. Em nome de todas as vítimas da repressão pela PM de MG em 19/06/2016, dia do falecimento da minha querida mamãe, dona Leontina Rosa de Souza, clamo sensatez das autoridades do TJMG, do Governo de MG, da PM de MG, do prefeito de BH e da Mesa de Negociação com as ocupações. Não cometam mais uma injustiça que clamará aos céus! Não despejem sem alternativa digna prévia. Assistam ao vídeo, abaixo, pensem e, se puder, compartilhem essa mss e o vídeo, abaixo. Há outro vídeo no youtube, do Kadu em meio ao bombardeio da PM de MG, socorrendo uma criança. São cerca de 10 minutos. Eu não encontrei esse vídeo no youtube. Se alguém encontrar, favor compartilhar, pois o melhor registro da Repressão da PM de MG ao povo das Ocupações da Izidora, dia 19/06/2015. 
Abraço terno na luta. 
frei Gilvander Moreira


https://www.youtube.com/watch?v=VYUPMom2c1U

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sexta-feira, 17 de junho de 2016

ALÉM DA NOTÍCIA - 17 de JUNHO: O CASTELO DE TEMER DESMORONOU

Profeta Miqueias, um camponês que clama por Justiça (Mq 1-3). por frei Gilvander Luís Moreira

Profeta Miqueias, um camponês que clama por Justiça (Mq 1-3)[1].
Gilvander Luís Moreira*

Canto da profecia de Miqueias
(Música: ‘Se calarem a voz dos profetas’- Cecília V. Castilho. Letra: Marysa M. Saboya)
2ª estrofe: MIQUÉIAS, UM PROFETA PARA HOJE
Hoje e sempre, o Poder tem mil faces: / As armas, força bruta,
O dinheiro e a falaz propaganda / Que muita gente escuta...
Como, então, enfrentar as mentiras / E a Verdade a muitos mostrar?
É difícil em meio às trevas, / Iluminar!

Refrão: Já Miqueias aponta o caminho: / Seguir com Deus Javé (Mq 6,8)
E encher-nos do Espírito Santo, que vem / E nos mantém de pé! (Mq 3,8)
Ser Profeta é estar com o povo / Erguendo sempre a voz
Em denúncia do mal e em anúncio / Do quê Deus faz por nós!

Introdução: Profecia é sussurro/cochicho de Deus.
Os oráculos proféticos, normalmente, são introduzidos ou finalizados com uma fórmula característica: “Assim disse Javé...” ou “Oráculo de Javé” (Jr 9,22-23). A expressão “ne’m YAHWEH”, em hebraico, geralmente traduzida por “Oráculo de Javé” ou “Palavra de Javé”, significa sussurro, cochicho de Deus no ouvido do profeta ou da profetisa. Para entender um cochicho, um sussurro, é preciso fazer silêncio, abrir os ouvidos, prestar muita atenção, estar em sintonia, ter proximidade, ser amiga/o. Logo, Deus não falava claramente aos profetas como nós, muitas vezes, pensamos. Deus fala hoje para - e em - nós, do mesmo modo que falava aos profetas e às profetisas dos tempos bíblicos. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos, sempre a partir da realidade do injustiçado, enfraquecido, oprimido, na trama complexa das relações humanas e estruturas sociais, políticas e econômicas.
Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos violentados, escutando-os, para que nossas palavras possam refletir algo da vontade do Deus da vida. Mais que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de “escutatória”. Para ouvir os clamores mais profundos dos injustiçados, é necessário conviver com eles. Assim agiram os profetas e as profetisas. O profeta Miqueias faz muitas denúncias veementes, mas também apresenta propostas de mudança para superação da injustiça que se abate sobre o país e sobre o povo. É o que estamos vendo na leitura de Mq 1 a 3, (artigos 2 e 3).
1. Profeta Miqueias, um camponês que clama por justiça.
Camponês de origem e comprometido na missão profética, Miqueias captou os sussurros/cochichos do Deus da vida no final do século VIII a.E.C., quando o território de seu povo estava sendo ameaçado e explorado, no Sul, e devastado, no Norte, pelos assírios imperialistas.
Para Miqueias, a cobiça e as injustiças sociais deixam Deus possuído por uma ira santa:
Ø São vocês os inimigos do meu povo: de quem está sem o manto, vocês exigem a veste” (Mq 2,8).
E HOJE?  - Os sem-terra, os sem-casa, a juventude empobrecida, de periferia e negra, as mulheres vítimas de violência, o meio-ambiente de hoje: todos sugados e espoliados.
Ø “Vocês expulsam da felicidade de seus lares as mulheres do meu povo” (Mq 2,9a).
E HOJE? - Milhares de meninas que são empurradas para a prostituição infanto-juvenil, coisificadas, profanadas no sagrado de seus corpos.
Ø “Vocês tiram dos filhos a liberdade que eu lhes tinha dado para sempre” (Mq 2,9b).
E HOJE? Cerca de trinta mil trabalhadores submetidos, ainda, à situação análoga à de escravidão no Brasil – conforme denuncia a Comissão Pastoral da Terra (CPT).          E mais de 50 mil jovens assassinados no Brasil anualmente, no meio da guerra civil não declarada, imposta pelo tráfico e não combatida pelo Estado e nem pela classe dominante de forma a superar as causas - violência estrutural com omissão de muita gente, algo que beira a cumplicidade com efeitos devastadores.
Após se libertar das garras dos faraós no Egito e marchar 40 anos pelo deserto, o povo oprimido da Bíblia conquista, pouco a pouco, as terras mais montanhosas da Terra Prometida, pois as planícies férteis estavam em mãos de grileiros: “os cananeus”, reis das cidades-estados. Os territórios foram sorteados fraternalmente, para que cada família tivesse o seu lote. Fizeram uma espécie de reforma agrária, de socialização da terra. Mas após alguns séculos, os enriquecidos, pouco a pouco, invadem cada vez mais os campos e os territórios. Assim, multidões de sem-terra foram jogados na miséria, impossibilitados de terem a sua parte na terra do povo de Deus.
Vindo do campo, o profeta Miqueias, ao chegar à capital – Jerusalém -, se defronta com os enriquecidos - políticos profissionais, empresários especuladores e religiosos funcionários do sagrado - e os acusa de roubar casas e campos para se tornarem latifundiários.
Ø Ai daqueles que, deitados em seus leitos de marfim, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! É só o dia amanhecer, já o executam, porque têm o poder em suas mãos. Cobiçam campos, e os roubam. Tomam as casas do povo, oprimem o homem, sua família e sua comunidade; roubam a herança deles, a perspectiva de futuro” (Mq 2,1-2).
E HOJE, provavelmente Miqueias denunciaria que, como fruto da injustiça social, do capitalismo, da especulação imobiliária e da falta de reforma agrária, o déficit habitacional cresce nas cidades e, por isso, crescem as ocupações urbanas. Uma senhora, moradora de ocupação urbana, ameaçada de despejo, pegou o microfone e gritou: “Queremos moradia e não apenas o direito à moradia.” Esse grito nos faz pensar. Políticas habitacionais populares estão mais em discursos do que na prática. Mesmo com o Programa Minha Casa Minha Vida o déficit habitacional continua crescendo, por causa da especulação imobiliária que aumenta o preço dos aluguéis transformando-os em cruz pesadíssima, devido ao crescimento da população, a falta de reforma agrária e, pior, com o fortalecimento do agronegócio que continua expulsando o povo do campo para as periferias da cidade. Direitos fundamentais, como o de morar com dignidade, vêm sendo, há muito tempo, violados ou pouco atendidos.
Miqueias adverte, porém, que as injustiças não ficarão impunes. Nas entranhas da história – fatos e acontecimentos – Deus fará justiça (cf. Mq 3,12), mas, recordemos sempre: a justiça de Deus é a partir da misericórdia e do amor. Não é a justiça de certos fariseus e nem dos saduceus, que eram grandes proprietários de terra que seguiam a teologia da prosperidade. Miqueias mostra que a riqueza dos que detêm o poder na cidade se baseia na miséria de muitos e tem como alicerce a carne e o sangue do povo.
Ø Essa gente tem mãos habilidosas para praticar o mal: o príncipe exige, o juiz se deixa comprar, o grande mostra a sua ambição. E assim distorcem tudo. O melhor deles é como espinheiro, o mais correto deles parece uma cerca de espinhos! O dia anunciado pela sentinela, o dia do castigo chegou: agora é a ruína deles.”           (Mq 7,3-4).
No entanto, o profeta Miqueias anuncia, apesar de tudo, uma esperança:
Ø Em um campo em ruínas, na Samaria, uma plantação de vinhas – lavouras – será feita.” (Mq 1,6).
Também, HOJE, há ruínas e destruição, mas a VIDA se erguerá a partir dos escombros! 
2. Miqueias guarda memória subversiva: no início, estavam as mulheres lutadoras.
As mulheres parteiras do Egito – a Bíblia registra os nomes de duas: Séfora e Fuá (Ex 1,8-22) - diante de um Ato ditatorial (Medida provisória = “Decreto-Lei” do faraó) que mandava matar as crianças do sexo masculino, se organizaram, fizeram greve e resistiram com desobediência civil-religiosa-política. “Não vamos respeitar uma lei autoritária do império dos faraós. O Deus da vida quer respeito à dignidade humana e não concorda com a matança de crianças e com nenhuma opressão” - diziam em seus corações muitas Mulheres do “Sistema de Saúde” do Egito. Diz a Bíblia:
Ø “Deus estava com as parteiras. O povo se tornou numeroso e muito poderoso” (Ex 1,20).
Isto é, o povo crescia em quantidade e em qualidade. Miqueias foi um discípulo dessas mulheres parteiras do Egito, que, por rebeldia, viabilizaram não apenas o nascimento de Moisés, o libertador, e de muitas outras crianças, mas também, e principalmente, foram imprescindíveis para desencadear o processo de libertação do povo injustiçado.
E HOJE? São ainda legítimos herdeiros do Movimento das Parteiras do Egito: o Movimento das Mulheres Camponesas, a Marcha Mundial das Mulheres, as guerreiras das ocupações e o Movimento Feminista etc. O mesmo Deus que impulsionou as parteiras estava com as mil Mulheres da Via Campesina que expuseram a farsa da Aracruz Celulose em 08 de março de 2006[2] ao destruírem mudas de eucaliptos. Ontem, lutavam contra o império dos faraós; hoje, lutam contra o império das multinacionais.
3. Jesus de Nazaré, outro profeta Miqueias que se tornou Cristo.
Jesus, o galileu de Nazaré, se tornou Cristo, o ungido e filho de Deus. Camponês como o profeta Miqueias, Jesus de Nazaré deve ter feito muitos calos nas mãos, ao trabalhar no cabo da enxada e na carpintaria, ao lado de seu pai, José. Os evangelhos de Mateus (Mt 2,6) e de Lucas (Lc 2,3-7) fazem questão de dizer que Jesus nasceu em Belém, (Betlehem), em hebraico, “casa do pão” para todos), pequena vila do interior. “És tu, Belém, a menor entre as aldeias de Judá, mas é de ti que virá o Salvador”, diz o evangelho de Mateus (Mt 2,6), resgatando a profecia de Miquéias que dizia:  em Belém, o menor dos clãs de Israel, nasceria o Libertador/Salvador (cf. Mq 5,1).
Dizer que Jesus nasceu em Belém, cidade pequena do interior, é dizer nas entrelinhas que Jesus não nasceu na capital, Jerusalém e sim que Jesus vem do meio dos pequenos, é dizer que Jesus nasceu na “casa do pão” – na “padaria” – logo, é “pão da vida”- segundo o autor do quarto evangelho bíblico.
4. Miqueias nos passa a tocha da profecia
Miqueias se inspira nas mulheres lutadoras do passado, no movimento das parteiras. Miqueias se tornou fonte de inspiração para Jesus de Nazaré e para as primeiras comunidades cristãs, através dos evangelhos de Mateus e de Lucas.
E HOJE? Atualmente, também nós somos convidados/as carinhosamente e desafiados a sermos outras parteiras, outros Miqueias, outro Jesus de Nazaré.
Inspirados e inspiradas em Miqueias, podemos dizer que é um erro grave pensar que polícia irá resolver problemas sociais. Polícia é para resolver e reprimir crimes. As injustiças não se superam, de forma justa, com repressão. As lutas coletivas do povo pobre - que se expressa nas ocupações do campo e nas ocupações urbanas - são lutas por direitos constitucionais e como tais devem ser respeitadas. Os policiais, a partir de suas chefias e autoridades, devem ter sempre em mente que são também trabalhadores. Não estão obrigados a cumprir ordens contrárias à lei maior do país que é a Constituição e contra a Lei de Deus, que diz: Não matarás! Condenar pessoas pobres, portanto vulneráveis, a tamanha violência, como a retirada de suas casas, é o mesmo que condenar à morte: fere a ética, fere a dignidade de toda a humanidade, fere de morte o próprio Estado de Direito. Miqueias alerta a todos os/as funcionários/as do Estado, das instituições e das empresas:
“Não sejam meros instrumentos que fazem funcionar a máquina de moer vidas, que é o capitalismo. Ouçam suas consciências. Não se escondam simplesmente detrás do ‘se é ordem, tenho que cumprir’. Não abram mão da ética e da justiça!” Eis o que diria Miqueias, se estivesse, corporalmente vivo, no nosso meio.
O profeta Miqueias nos inspira para entendermos como a classe dominante se relaciona com os pobres: adora os pobres enquanto esses estão ajoelhados, de mãos estendidas, contentando-se com migalhas, e, no mundo do trabalho, oferecendo seu suor e sangue para construir tudo o que existe e faz funcionar a cidade. Mas quando os pobres se unem, se organizam, “metem o pé no barranco” e se rebelam - como fez o povo da Bíblia escravizado pelos imperialismos dos faraós no Egito, dos assírios, dos babilônios, dos persas, dos gregos e dos romanos, como fez Jesus de Nazaré ao pegar um chicote e expulsar os vendilhões do templo, como fez Zumbi dos Palmares, Dandara, Gandhi, Luther King, Che Guevara e tantos outros - os poderosos tremem de medo ao ver o seu edifício da opressão ameaçado de desmoronar como um castelo de areia.
O próprio fato de Miqueias fazer as denúncias já é um sinal de esperança, pois se ninguém denuncia as injustiças, elas vão se avolumando e se perpetuando. Logo, denunciar as injustiças é a antessala da construção de projetos de esperança. Venham todos, venham todas! Vamos participar das lutas coletivas por justiça e, assim, construir a justiça de Deus no mundo.

VAMOS REFLETIR?
1. Quais são as nossas propostas de ação que garantam a construção de um Brasil justo e de uma fé comprometida e engajada na vivência do direito, do amor e da solidariedade?
2. Como a espiritualidade de Miqueias pode nos inspirar e nos encher de coragem para denunciarmos as injustiças e anunciarmos a esperança do projeto de Deus?
3. O que fazer para nos engajarmos na desconstrução de uma cultura de violência e na construção de uma cultura de justiça e paz?








[1] Este artigo está publicado no livro MOREIRA, Gilvander Luís et alli. Em tempos difíceis, o profeta Miqueias aponta saídas: uma leitura do livro de Miqueias feita pelo CEBI-MG. São Leopoldo/RS: CEBI, 2016, p. 37-42.
* Frei e padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, do CEBI, de CEBs e do SAB; E-mail: gilvanderufmg@gmail.com    -    www.freigilvander.blogspot.com.br  - www.gilvander.org.br - http://www.twitter.com/gilvanderluis   -    facebook: Gilvander Moreira 
[2] Cf. o Vídeo-documentário Rompendo o Silêncio. As mudas passaram a falar. (Luta das mulheres da Via Campesina destruindo um viveiro de Mudas da Aracruz Celulose e povos indígenas do Espírito Santo lutando para resgatar suas terras invadidas pela Aracruz.)