quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, se acorrenta/se amarrra na porta da prefeitura de Belo Horizonte e bloqueia o trânsito na Av. Afonso Pena e conquista reunião com comandantes da PM/MG no 22º BPM. LUTA POR MORADIA.



Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, se acorrenta/se amarrra na porta da prefeitura de Belo Horizonte e bloqueia o trânsito na Av. Afonso Pena e conquista reunião com comandantes da PM/MG no 22º BPM. LUTA POR MORADIA.

Dia 30/12/2014, dezenas de pessoas da Ocupação Nelson Mandela, no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, MG, se acorrentaram e se amarraram diante da porta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), à Av. Afonso Pena, para protestar contra a iminência de despejo sem alternativa digna. Das 06:00h às 10:00h as pessoas se acorrentaram se amarrando na Porta da PBH. Das 09:20h às 10:00h bloquearam todas as faixas da Av. Afonso Pena no sentido Mangabeiras. Das 10:00h às 14:00h, as pessoas bloquearam parte da Av. Afonso Pena. Das 14:30h às 16:00h uma Comissão da Ocupação Nelson Mandela,  juntamente com frei Gilvander, da CPT, e Wiliam, das Brigadas Populares, foram recebidos em reunião no 22º BPM pelo Ten. Cel. Eucles, Major Olímpio, Major Braga e Ten. Rocha, que, após ouvirem atentamente várias mães da Ocupação se comprometeram a fazer reunião antes de um eventual despejo. Não farão despejo de surpresa e estão torcendo para que o TJMG prescreva alternativa digna para as famílias. Os comandantes se demonstraram sensíveis ao gravíssimo problema social vivenciado pelas famílias. A Prefeitura de Belo Horizonte exigiu judicialmente a reintegração de posse. O TMG concedeu, mas está ignorando uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público da área dos Direitos Humanos que busca garantir os direitos sociais do povo, tal como moradia digna. Com a luta de hoje o povo da Ocupação Nelson Mandela conquistou mais visibilidade na imprensa e se fortaleceu para seguir lutando por moradia própria, digna e adequada. Mais uma vez a Prefeitura de BH se mostrou insensível aos clamores dos pobres. 
Veja 3 vídeos que gravamos durante a luta de hoje, 30/1/2014, no Blog www.ocupacaonelsonmandelaserrabh.blogspot.com 

Abraço na luta. Frei Gilvander Moreira, da CPT.















Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, na luta por moradia na porta da Prefeitura de BH. BH. 30/12/2014.



Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, na luta por moradia na porta da Prefeitura de BH. BH. 30/12/2014.


Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, se acorrenta na porta da Prefeitura de BH. BH, exigindo alternativa digna ao despejo. 30/12/2014.



Povo da Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em Belo Horizonte, MG, se acorrenta na porta da Prefeitura de BH. BH, exigindo alternativa digna ao despejo. 30/12/2014.


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ocupação-comunidade Nelson Mandela, na Serra, em Belo Horizonte, MG, não aceita despejo sem alternativa digna. Nota Pública.



Ocupação-comunidade Nelson Mandela, na Serra, em Belo Horizonte, MG, não aceita despejo sem alternativa digna.
Nota Pública.

Nós da Ocupação-Comunidade Nelson Mandela, no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, MG, Brasil, estamos desde às 06:00h de hoje, terça-feira, dia 30 de dezembro de 2014, acorrentados e amarrados na Porta da Prefeitura de Belo Horizonte, Av. Afonso Pena, em protesto por uma iminente ameaça de despejo sem alternativa digna.  Somos uma comunidade composta por cerca de 50 famílias em extrema pobreza, ameaçada de despejo iminente por decisão judicial do TJMG sem alternativa digna, o que é inconstitucional e injusto. Nossa  Comunidade conta com o apoio do Programa Pólos de Cidadania da UFMG, da Comissão Pastoral da Terra, das Brigadas Populares, MLB e Rede de Apoio.
Situada ao lado da Av. do Cardoso, na Serra, em BH, a Ocupação-comunidade Nelson Mandela é composta por dezenas de famílias. No início de 2014, ocupamos um terreno ocioso que era lugar de “bota fora”, estupro e desova de cadáveres. Algumas famílias já moraram há muitos anos na área. Ocupamos porque não suportávamos mais a pesada cruz do aluguel e cansamos de esperar o Minha Casa Minha Vida, política habitacional séria.
Nossa Comunidade é constituída de muitos idosos, vovós, vovôs, viúvas, mães, dezenas de crianças, deficientes, povo trabalhador, enfim: domésticas, manicures, pedreiros, serventes, vigias, lavadores de carro na rua, carroceiros, várias pessoas que já moraram muitos anos na rua e em abrigos da prefeitura. Estamos convivendo harmonicamente com o ambiente gracioso existente no local. Nenhuma árvore foi cortada. Pedimos e pressionamos a prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para limpar a barragem de contenção de água da chuva que estava quase toda entupida. Um gerente da PBH disse que há 5 anos a PBH não limpava a barragem de contenção. Por isso, a PBH, se não fosse cobrada pela comunidade, estava causando risco de inundação. É mentira a reportagem que disse que a Ocupação está causando risco de inundação na região. Hoje, não há nenhum risco. Não estamos entupindo a barragem de contenção de água da chuva.
A PBH é a grande causadora da ocupação, porque: a) Não faz política habitacional suficiente para as famílias que não suportam mais pagar 600,00 de aluguel mensalmente. Deixa o déficit habitacional, acima de 150 mil moradias, só crescer, crescer; b) A PBH autorizou vários carroceiros a deixar seus cavalos lá na área; c) A PBH deixou a área abandonada sem os devidos cuidados.
No início de fevereiro de 2014, a PBH ajuizou a Ação de Reintegração de Posse nº 002414003707-8 contra nós, alegando que a área é pública e que será destinada à construção de um parque, mas não apresentou documentos que comprovem que a área é pública e nem que é parque. Dia 13/02/2014, o juízo da 3ª Vara de Fazenda Municipal concedeu liminar de reintegração de posse para a PBH. A defensoria Pública de MG, área de Direitos Humanos, ajuizou Agravo de Instrumento em 2ª instância no TJMG defendendo a legitimidade da ocupação e exigindo moradia para nós. Três desembargadores da 8ª Câmara Cível do TJMG dia 23/08/2014, negou o recurso da Defensoria e confirmou a Liminar de reintegração. Mas em abril de 2014, o Ministério Público, área de Direitos Humanos, ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP) nº 002414084540-5, também na 3ª Vara de Fazenda Pública Municipal colocando no banco dos réus a PBH exigindo que a PBH garanta moradia para as dezenas de famílias que lá estão vivendo, livres da cruz do aluguel. A ACP foi subsidiada por um relatório socioeconômico feito pelo Programa Pólos de Cidadania da UFMG. Estranhamente e injustamente, dia 19/12/2014, o juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública Municipal, esquecendo-se das exigências da ACP, determinou o despejo de todas as famílias COM URGÊNCIA, dando 5 dias de prazo para a PM/MG efetuar a reintegração de posse com a consequente demolição das dezenas de casas e barracos, sob pena de 300.000,00 por dia (de multa) e ameaçando prender os comandantes caso não cumpram a decisão judicial. Mas cadê alternativa digna?
A PM/MG apresentou Ofício alegando dificuldade de cumprir a decisão judicial às pressas. Pediu que o despejo seja feito dia 20 de janeiro de 2015. O juiz de plantão deliberou dia 23/12/2014 suspender a execução do despejo dando 5 dias de prazo para a PBH se manifestar se concorda com a ampliação do prazo requerido pela PM/MG.
 O Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente visitou a ocupação Nelson Mandela e apresentou relatório/petição ao Ministério Público de MG requerendo medida judicial em defesa das dezenas de crianças e adolescentes existentes na comunidade. Assim, o Ministério Público de MG dos Direitos Humanos apresentou, ontem, dia 29/12/2014, petição à 3ª Vara de Fazenda Pública Municipal exigindo que os pedidos da ACP sejam considerados antes de eventual despejo, ou seja, alternativa digna seja condição para um eventual despejo: moradia para as famílias, pois será insano, inconstitucional e tremendamente injusto demolir as casas e barracos e jogar na rua cerca de 50 famílias de uma profunda vulnerabilidade social.
O Juiz que determinou a retirada das famílias não conhece nossa realidade. Não visitou nossa comunidade. Não procurou saber como era nossa situação social e econômica, a nossa história. Acreditamos que ele não manteria esta decisão se olhasse nos olhos de nossas crianças, dos idosos, das mulheres grávidas, dos deficientes que há entre nós, das mães viúvas, arrimo de filhos e netos, e visse neles a dor, o medo e o desespero. Passamos o Natal tristes e apreensivos. Estamos diante de um ano novo sem esperanças, mas queremos acreditar.
 Por isso, as famílias batem o pé gritando: “Não aceitamos despejo sem alternativa digna!”, que é moradia, não é abrigo público e nem bolsa moradia de 500,00, o que não dá para pagar aluguel. Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito e um dever. Venha nos visitar, nos conhecer e somar conosco. Sejam bem-vindos/as à nossa comunidade Nelson Mandela. Vejam as fotos e assistam aos vídeos que estão no blog da nossa Ocupação Nelson Mandela, da Serra, em BH: ocupacaonelsonmandelaserrabh.blogspot.com    

Belo Horizonte, MG, Brasil, 30 de dezembro de 2014.

Assinam essa Nota Pública:
Comunidade Nelson Mandela,
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Brigadas Populares
Programa Pólos de Cidadania da UFMG
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Coordenações das Ocupações Rosa Leão, Vitória e Novo Paraíso, em apoio.

Maiores informações, com: Romerito, cel.: 31 7164 9983 ou com Wiliam, cel.: 31 9728 4247.