Barrem a lama tóxica
da mineradora Vale antes que o rio São Francisco seja morto!
|
Foto: Divulgação / Jornal
Estado de Minas |
No Velho Chico, não! Barrem a lama tóxica da mineradora
Vale! Não permitimos que este crime da mineradora VALE e de seus aliados no
Estado devorem o rio São Francisco! Salvemos o Velho Chico antes que ele seja
matado!
Solidários às milhares de famílias e às
diversas formas de vida massacradas pelo crime trágico da mineradora VALE, com
a licença do Estado, a partir do município de Brumadinho, região metropolitana
de Belo Horizonte, MG, dia 25 de janeiro/2019, trazemos a público, mais uma
vez, nossa indignação. Viemos gritar e exigir medidas imediatas para impedir
que esta tragédia se alastre pelo rio São Francisco.
Não foi acidente, foi crime anunciado! Era
previsível, como são previsíveis os rompimentos de dezenas de outras grandes
barragens de lama tóxica de mineração em muitos estados do Brasil.
Na Ata da reunião do COPAM (Conselho Estadual
de Política Ambiental), de 11 de dezembro de 2018, que aprovou a renovação da
licença ambiental para a mineradora VALE continuar a exploração de minério no
complexo minerário da Jangada e da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, região
metropolitana de Belo Horizonte, MG, consta os alertas que foram feitos. O
prof. Klemens Laschefski, da UFMG, por exemplo, em entrevista a vários meios de
comunicação alertou para os riscos de continuar a atividade minerária na área
do Córrego do Feijão. Maria Teresa Corujo (Teca), representante do Fórum
Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH)
também fez contundentes e fundamentadas críticas à renovação da licença
pleiteada pela VALE. Teca foi a única conselheira que votou contra a renovação
da licença. Nove barragens de rejeitos minerários já romperam nos últimos anos
em Minas Gerais. Nenhuma é 100% segura. Só não sabemos o dia e a hora que
poderão romper. Elas romperão, não há dúvida, se não forem corrigidas com
urgência conforme exige as novas tecnologias de descomissionamento de barragens.
De vozes e cabeças erguidas, reivindicamos,
EM CARÁTER DE EMERGÊNCIA, medidas eficazes e eficientes que impeçam a chegada
dos dejetos tóxicos da Vale ao rio São Francisco!
Caso, a lama tóxica chegue no São Francisco,
como varreu todo o Rio Doce, o Rio São Francisco receberá mais uma punhalada
que o colocará, definitivamente, em estado de morte. Será um desastre ecológico
sem precedentes para as populações ribeirinhas e para todos os seres vivos que
compõem sua biodiversidade. O rio São Francisco atravessa sete estados, tem 15
milhões de pessoas vivendo na sua bacia. A EMBASA, COPASA da Bahia, já está
orientando a população da bacia do Rio São Francisco em território baiano a
estocar água.
Clamamos ao Ministério Público, Estadual e
Federal, aos governos Federal e Estadual que, de IMEDIATO, usem todos os meios,
sem poupar esforços, para que a Vale e os órgãos competentes empreendam medidas
que impeçam a chegada da lama tóxica no Velho Chico. E que haja um trabalho
continuado, efetivando soluções duradouras para a retirada dos rejeitos tóxicos
ao longo do rio Paraopeba, um dos principais afluentes do Velho Chico morto
pela VALE, com licença do Estado, sacrificado pela idolatria do mercado e do
capital. Caso este “lixo” tóxico chegue à barragem de Três Marias, não teremos
mais o que fazer! O Rio Doce hoje é um Rio morto. Paraopeba é um Rio morto.
Vamos deixar matar o rio São Francisco, também?
Solicitamos, como medida de precaução, a
paralisação de todas as atividades minerárias no estado de Mina Gerais, até que
sejam garantidas a segurança e a sustentabilidade socioambiental do povo e da
biodiversidade mineira!
NÃO VALE ENGANAR O POVO! A lama é tóxica, sim
- afirmam vários técnicos especializados. Está público! A mortandade de peixes
é sinal da toxidade da lama. Não é “tragédia de Brumadinho”, é mais um crime da
VALE, com licença do Estado. Jamais esqueceremos o crime/tragédia da
VALE/SAMARCO/BHP, com a licença do Estado, a partir do município de Mariana,
dia 05 de novembro de 2015 - e os criminosos continuam impunes planejando e
realizando crimes socioambientais de proporções gigantes.
No Velho Chico, não! Não permitimos que este
crime da irresponsabilidade da mineradora VALE e de seus aliados devorem o rio
São Francisco! Salvemos o Velho Chico!
Assinam esta Nota:
CPT/MG – Comissão Pastoral da Terra
MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras
do Brasil
CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores
ANP – Articulação Nacional das Pescadoras
Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos –
CEBI/MG
Belo Horizonte, MG, 29 de janeiro de 2019.