quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Incêndio/Museu Nacional/RJ:Descaso com a história/Dra. Alenice/Merong e ...




Incêndio no Museu Nacional/RJ: O descaso com a memória, com a história - Dra. Alenice Baeta, Cacica Marinalva e Vice-Cacique Merong, ambos do Povo indígena Kamakã Mongoió, em entrevista a frei Gilvander. 03/9/2018.

A noite do dia 2 de setembro de 2018 jamais será apagada da mente e da alma dos brasileiros e das brasileiras, mesmo daqueles que não têm a ideia plena do que se perdeu no incêndio do Museu de História Natural, da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. "Uma tragédia!" Dizem alguns, perplexos com a força das chamas que, altas, anunciavam a noite sombria do domingo. Não, não foi simplesmente uma tragédia, considerando que tragédia tem a ver com fatalidade, com o inesperado. Podemos dizer, isso sim, que esse incêndio de tão grandes proporções, foi uma tragédia anunciada, resultado de um projeto de governo que, tendo como cúmplice, grande parte da sociedade movida pela ambição do capital e dos capitalistas, despreza e reduz à insignificância tudo o que é relacionado à educação, à ciência, à cultura, à história. Para esse grupo dominante só merecem atenção investimentos que movimentam o deus mercado, que geram lucros às suas ganância e ambição desmedidas. O mundo pôde assistir ao vivo as chamas que, tornando escura e longa a noite de 02/9/2018, consumiam coleções e mais coleções e peças de vários lugares do mundo, bibliotecas, múmias egípcias, registros de pesquisas, artefatos indígenas... Em meio a tantas raridades, muitas que só havia ali, no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Entre as preciosidades históricas, a “Luzia”, um dos mais antigos esqueletos da humanidade, que teve sua face reconstituída por profissionais do Museu, e foi consumida pelas chamas, dando forma à metáfora da vida que vai sendo apagada e destruída pela falta de políticas públicas que respeitem, de fato, a dignidade humana, pela omissão dos/das que, podendo fazer, não fazem, negligenciam, e pela triste cumplicidade dos/das que se calam, como se não fossem parte dessa história e corresponsáveis pelos rumos a essa história dados. Dói, e dói muito, saber da perda imensurável do acervo de Línguas Indígenas, as referências etnológicas e arqueológicas das etnias do Brasil, desde o século XVI. Como se já não bastassem a opressão, a violência, as injustiças, o desrespeito aos seus direitos, nossos parentes indígenas veem transformada em cinzas sua memória, sua história... Uma Memória Histórica de 200 anos foi apagada, foi destruída na noite do dia 02/9/2018. O Brasil que, sendo de grande extensão territorial, rico de cultura, de tradições belíssimas, de bens naturais, com grandes avanços na ciência e tecnologia, com brasileiros e brasileiras que não se deixam abater pelo cansaço da luta e por tantas injustiças... Esse mesmo Brasil mostrou ao mundo a face que lhe foi dada pelas chamas desse incêndio que destruiu praticamente todo o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro: um país que não reconhece em sua história, em seu patrimônio cultural e científico, elementos fundamentais que podem orientar para a construção de um país melhor, fraterno, justo e feliz. Resta saber se saberemos (re)agir e ressurgir dessas cinzas que podem se espalhar com o vento ou vamos deixar arderem ainda mais as chamas da destruição. Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, conversa sobre esse incêndio criminoso com a Dra. Alenice Baeta, professora, arqueóloga e historiadora, com a Cacica Marinalva Kamakã e o Vice-Cacique Merong Kamakã, após participarem de uma Mesa de Negociação do Governo de Minas Gerais, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, na luta em defesa da Retomada Indígena da Aldeia Kamakã Grayra, em Esmeraldas/MG.


Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 03/9/2018.
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Nota do CEDEFES e da CPT/MG sobre Tragédia no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.


Nota do CEDEFES e da CPT/MG sobre Tragédia no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Detalhe de peça cerâmica indígena que estava em exposição
 no Museu Nacional – Foto: A. Baeta, em 2016.

A equipe do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES) e os/as agentes de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) encontram-se devastados com o trágico incêndio ocorrido na noite do dia 02 de setembro de 2018, na belíssima edificação histórica que abrigava o MUSEU NACIONAL da Quinta da Boa vista, no Rio de Janeiro, RJ. Grande referência para todos que pesquisam sobre a etnografia, a história indígena e a de outros povos tradicionais de nosso país, o Museu Nacional sempre foi guia e fonte inesgotável de pesquisa e de conhecimento, sobretudo no âmbito da antropologia, da história e da arqueologia. Estamos nos sentindo órfãos e desolados ao saber que gravações, fotografias, vídeos e cadernos de campo sobre centenas de povos indígenas, inclusive povos extintos, foram totalmente incinerados em duas horas de fogo, em um incêndio anunciado. Muitos alertas foram dados às autoridades do Estado Brasileiro, e parece que, de fato, não foi um incêndio de museu a mais; há sérios indícios que demonstram a existência de um Projeto para apagar a memória da nossa pré-história tão rica! Como é o caso do testemunho pré-histórico da Luzia, fóssil de mais de 11,5 mil anos encontrado na Gruta Vermelha no município de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, que revolucionou a concepção sobre a povoação das Américas. A destruição de Luzia, um dos mais antigos esqueletos da humanidade, deu forma à metáfora da vida que vai sendo apagada e destruída pela falta de políticas públicas que respeitem, de fato, a dignidade humana, pela omissão dos/das que, podendo fazer, não fazem, negligenciam, e pela triste cumplicidade dos/das que se calam, como se não fossem parte dessa história e corresponsáveis pelos rumos a essa história dados. Mais de 20 milhões de testemunhos “vivos” da pré-história e da nossa história totalmente devastado e incinerado. O incêndio violentou também os espíritos dos nossos povos ancestrais com seus ritos fúnebres, inclusive.
Para a idolatria do mercado – sistema do capital – e para um Estado cúmplice das opressões capitalistas que despreza e reduz à insignificância o que é relacionado à educação, à ciência, à cultura, à história, porque, na sua concepção, só merecem atenção investimentos que movimentam o deus mercado, nada melhor do que aniquilar a memória. Além da Dívida Histórica com os povos indígenas expropriados de suas terras e da Dívida com povos negros arrancados da mãe África para ser escravizados nas Américas, após serem violentados em navios negreiros, nos Engenhos, na Mineração etc., agora, com o incêndio do Museu Nacional, a classe dominante brasileira e o Estado Brasileiro contrariam uma dívida impagável com a cultura, a memória e com todos os que nos precederam. Oxalá esse incêndio mantenha acesso o alerta para todas as forças vivas da sociedade exigirem cuidado e respeito com nossa história, com nossa pré-história, com nossa memória necessária para termos presente e futuro. De que adianta construir Museu do Amanhã se não temos mais o Museu de Ontem? O Brasil que, sendo de grande extensão territorial, rico de cultura, de tradições belíssimas, de bens naturais, com grandes avanços na ciência e tecnologia, com brasileiros e brasileiras que não se deixam abater pelo cansaço da luta por direitos e por tantas injustiças... Esse mesmo Brasil mostrou ao mundo a face que lhe foi dada pelas chamas desse incêndio que destruiu praticamente todo o Museu Nacional da Quinta da Boa Vita, no Rio de Janeiro: um país que não reconhece em sua história, em seu patrimônio cultural e científico, elementos fundamentais que podem orientar para a construção de um país melhor, fraterno, justo e feliz. Compartilhamos nossa dor e indignação ao saber que coleções compostas por artefatos variadíssimos pré-colombianos, múmias e peças egípcias, artefatos da Polinésia e da África, inúmeros instrumentos pétreos, vasilhames e urnas funerárias da Amazônia e do restante do país oriundos da fase pré-colonial, bem como, peças e adereços indígenas de natureza perecível, tais como: cestaria, trançados, algodão, madeira, ossos e conchas foram totalmente destruídos.
Prestamos a nossa solidariedade aos funcionários, professores, pesquisadores, estudantes e visitadores do MUSEU NACIONAL, lamentando os inúmeros projetos interrompidos por esta inaceitável tragédia, um crime anunciado; ainda a perda de dados de pesquisa, de coleções únicas das áreas da paleontologia, botânica, zoologia, mineralogia, antigos livros, documentos escritos e obras raras.
 SOMOS TODOS MUSEU NACIONAL!

Assinam essa Nota:
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES);
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Belo Horizonte, MG, 06 de setembro de 2018.

Obs.: A Entrevista, abaixo, em vídeo reforça o dito, acima.
1 – Incêndio no Museu Nacional/RJ: Descaso com a história. Dra. Alenice / Merong e Marinalva, ambos Kamakã. 03/9/2018.





quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Em opressão de classe, pesquisa militante!


Em opressão de classe, pesquisa militante!
Por Gilvander Moreira[1]

Não podemos confundir pesquisa participante com pesquisa-ação. Há distinção entre elas. “Existem diversos tipos de pesquisa participante e diversos tipos de pesquisa-ação. Uma clara distinção é necessária. A pesquisa-ação é uma forma de pesquisa participante, mas nem todas as pesquisas participantes são pesquisa-ação. [...] A pesquisa-ação não é apenas uma pesquisa participante, é um tipo de pesquisa centrada na questão do agir” (THIOLLENT, 1987, p. 83), este embasado em quatro princípios: a) de identidade: quem age?; b) de oposição: ação contra quem?; c) de totalidade: ação sobre o quê?; d) de finalidade: com qual utopia? “A pesquisa-ação opera a partir de certas instruções relativas aos problemas identificados na situação e relativos aos modos de ação. Essas instruções, ou diretrizes, possuem um caráter menos rígido do que o das hipóteses. Com os resultados da pesquisa, essas diretrizes podem sair fortalecidas ou, caso contrário, devem ser abandonadas e substituídas por outras” (THIOLLENT, 1987, p. 101).
Pesquisar segundo instrumentos metodológicos da pesquisa participante é um desafio, pois exige perguntar “até que ponto é mais participação do que pesquisa e em que medida participação pode ser uma maneira de descobrir a realidade e de a manipular?” (DEMO, 1987, p. 104). A prática não é o critério da verdade, pura e simplesmente, pois pode uma teoria não verdadeira chegar a uma prática. Isso porque “de uma mesma teoria podemos deduzir várias práticas opcionais, inclusive contraditórias” (DEMO, 1987, p. 105). A prática é sempre concreta e específica, enquanto a teoria é generalizante. “Assim, não se pratica toda a teoria, mas versões concretas dela” (DEMO, 1987, p. 106). A prática tem um caráter limitante, em face da teoria. “Toda prática apequena a teoria, porquanto não ultrapassa a condição histórica de uma versão dela. [...] Toda prática, ao mesmo tempo que realiza a teoria, também a limita, no sentido de que não consegue esgotar todas as potencialidades teóricas” (DEMO, 1987, p. 106). Exemplos disso não faltam. A ditadura do proletariado não passou até hoje de uma pretensão teórica; na prática o que houve na Rússia foi ditadura do partido que dizia ser representante do proletariado. A democracia, entendida como “poder exercido pelo povo” também tem sido uma pretensão teórica, pois na prática a ‘democracia’ existente é ‘poder exercido pelos eleitos pelo povo’, em eleições com pesadíssimo poder econômico e midiático contaminando o processo eleitoral. Assim como toda teoria, “toda prática é necessariamente ideológica, porque se realiza dentro de uma opção política” (DEMO, 1987, p. 107). “O teórico foge muitas vezes da prática, porque tem medo da condenação histórica, do compromisso atacável. Prefere criticar a propor, porque toda proposta, se for prática, é também atacável, pois não representará a perfeição histórica, mas uma versão dela. Todavia, a fuga da prática é, à revelia, uma prática, um tipo de compromisso político, geralmente conservador. Assim, ao querermos não sujar as mãos, sujamo-las mais ainda, ou por malandragem, quando escamoteamos compromissos escusos e que não gostamos de revelar, ou por inocência útil, quando não chegamos a tomar consciência do compromisso latente que é a falta de compromisso” (DEMO, 1987, p. 108-109).
A ideia de objeto de pesquisa ainda é cabível nas ciências naturais, mas nas ciências humanas e sociais não cabe mais tal noção, pois, mais do que objetos de pesquisa são sujeitos sociais participantes sendo pesquisados. “Entre sujeito e objeto não há mera observação por parte do primeiro, nem imposição evidente por parte do segundo, mas interação dinâmica e dialética. Acabam-se identificando, sobretudo quando os objetos são sujeitos sociais também o que permite desfazer a ideia de objeto, que caberia somente em ciências naturais” (DEMO, 1987, p. 115).
Conflitos e desigualdades estão presentes em todas as sociedades, sejam elas capitalistas ou não, pois há sempre que se lidar com o poder. “Em toda sociedade existe poder e ele caracteriza-se principalmente pela desigualdade entre grupo dominante e maioria dominada” (DEMO, 1987, p. 120). Quem faz pesquisa participante acredita na potencialidade da comunidade, na capacidade criativa de todos, desierarquiza a construção do conhecimento e fundamenta a noção segundo a qual “o conhecimento não nasce nos cérebros de uma parte da sociedade, mas é socialmente produzido através de um processo compartido por todas as partes. Não há diferença qualitativa entre conhecimento teórico e prático; pertencem a diferentes finalidades do mesmo contínuo” (DEMO, 1987, p. 126).
A pesquisa participante pode ser considerada como pesquisa militante que apregoa uma íntima relação – união intrínseca - entre conhecimento e ação. “Conhecimento e ação são dois aspectos inseparáveis da atividade humana. O conhecimento não é mera contemplação, nem a prática mera atividade; separada da prática, a teoria se reduz a meros enunciados verbais; separada da teoria, a prática não é mais que um ativismo inconducente. Não há, pois, autêntico conhecimento e autêntica ação, se não se expressam em uma permanente inter-relação unitária” (RIGAL, 1978, p. 3).
A pesquisa militante se constituiu como estratégia metodológica em um contexto político de opressão de classe e também de reação frentes às opressões. Entre os anos 20 e 40 do século XX, Gandhi e seus seguidores inovam e recriam pistas teóricas e práticas de ação não violenta. Mas, nas décadas de 1950 a 1970, tivemos, por um lado, a ascensão do império estadunidense na época da guerra fria e, por outro lado, vários movimentos anti-imperialistas e de libertação nacional na América Latina recriaram diferentes estratégias de luta, entre as quais, as de guerrilha.[2] Na Bolívia, em 1952, houve uma tentativa de revolução socialista. Em 1954, o governo de Jacobo Arbenz na Guatemala tomou medidas anti-imperialistas. Em 1959, a revolução cubana. Em 1965, o movimento constitucionalista na República Dominicana. E, em 1970, o triunfo da Unidade Popular no Chile. Houve também movimentos guerrilheiros na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, República Dominicana, Guatemala e Brasil (Cf. BONILLA et al., 1987, p. 132). A dominação buscada pelo império estadunidense não seria apenas política, militar e econômica, mas também cultural e necessariamente dominação pelas ciências também. Com o golpe militar-civil-empresarial no Brasil, em 1964, imediatamente as universidades foram dominadas e os cursos de filosofia e de sociologia foram extintos e os professores expulsos, encarcerados ou exilados. “Neste cenário de conflitos de classe, de luta pelo controle do poder político tanto no plano nacional como internacional, as ciências em geral, e as ciências sociais em particular, não poderiam ficar à margem da contenda. Elas se converteram efetivamente em uma arma do imperialismo não apenas através de investigações sociais de caráter contrarrevolucionário, como também mediante a difusão de uma ideologia que pretende mostrar as sociedades capitalistas dominantes – principalmente os Estados Unidos e seus procuradores ou estandartes – como metas de desenvolvimento ou modelos de progresso e democracia para os países do chamado Terceiro Mundo” (BONILLA et al., 1987, p. 132-133).

 Referências.
BONILLA, Victor Daniel. CASTILLO, Gonzalo; BORDA, Orlando Fals; LIBREROS, Augusto. Causa popular, ciência popular: uma metodologia do conhecimento científico através da ação. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
DEMO, Pedro. Elementos metodológicos da pesquisa participante. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
RIGAL, Luis. Sobre el sentido y uso de la investigación-acción. In: Simposio Mundial de Cartagena. Crítica y Política en Ciencias Sociales, Vol. I, Bogotá: Punta de Lanza, 1978.
THIOLLENT, Michel. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. In: Carlos Rodrigues Brandão (Org.). Repensando a pesquisa participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.

Belo Horizonte, MG, 04/9/2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1 - Livro da Sabedoria: conhecimento de Deus. Luiz Dietrich fala com frei Gilvander. 19/8/2018.



2 - Palavra Ética na TVC/BH: Despejo e resistência em Nova Serrana, MG, Ocup. Nova Jerusalém. 07/6/2018



3 - Aldeia Kamakã Grayra na FUCAM/Esmeraldas/MG: Resistência pelo direito à terra/18/8/2018.





[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. 
www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Na Guerrilha do Araguaia se expressou uma tensão muito maior do que a sua mera expressão local. “Um grupo de guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil, erguendo a bandeira política da terra para quem nela trabalha” (MARTINS, 1991a: 125), apenas 69 guerrilheiros, ao lado dos posseiros, de um lado, e do outro lado, cerca de 20 mil soldados das Forças Armadas Brasileiras em três campanhas de busca e aniquilamento. Três anos de resistência, de 1972 a 1975. “O personagem histórico essencial desse conflito foi e é o posseiro, o pequeno lavrador baseado no trabalho familiar. Ele foi fundamente atingido pela repressão [...] É estarrecedor saber que o primeiro contato de sertanejos com o progresso da eletricidade foi através de um aparelho de choque, de um instrumento de tortura, de uma máquina da ordem. [...] O combate à guerrilha agravou a questão da terra em várias regiões da Amazônia” (MARTINS, 1991a: 126). O regime militar, ao reprimir, piorou muito o conflito agrário no Araguaia e em todo o Brasil. Cf. MARTINS, José de Souza. Guerrilha do Araguaia: o vencedor e o vencido. In: MARTINS, José de Souza. Expropriação e violência: a questão política no campo. 3ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1991, p. 115-127.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Livro da Sabedoria: conhecimento de Deus. Luiz Dietrich fala com frei G...



Livro da Sabedoria - O conhecimento de Deus. Luiz José Dietrich em entrevista a frei Gilvander. 19/8/2018.

Com o Concílio Vaticano II houve uma grande valorização da Bíblia, com o Documento DEI VERBUM (Palavra de Deus). O Concílio, além de pedir à Igreja que colocasse a Bíblia no centro de todas as suas ações, sugeriu ainda que a Bíblia voltasse para as mãos do povo e, assim, a Bíblia foi encontrando novamente seu espaço no centro das comunidades. Portanto, foi desse movimento gerado a partir do Concílio Vaticano II, que nasceu o Mês da Bíblia. A primeira celebração do Mês da Bíblia no Brasil aconteceu em 1971, em Belo Horizonte, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte. E essa celebração foi levada adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica - SAB. O mês de setembro foi escolhido pelo fato de que no dia 30 de setembro a Igreja celebra São Jerônimo, grande estudioso da Bíblia e tradutor da Bíblia para o latim, a Vulgata. Cada ano, o Mês da Bíblia é marcado por um tema que convida à leitura, ao estudo e à reflexão de um livro bíblico. Nesse ano de 2018, o Mês da Bíblia nos convida a conhecer melhor o Livro da Sabedoria e tem como tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”; e com o lema: “A Sabedoria é um espírito amigo do ser humano” (Sb 1,6). Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e biblista do CEBI, entrevista Luiz José Dietrich, também biblista do CEBI, que nos ajuda a compreender melhor o Livro da Sabedoria, especificamente no que está registrado nos capítulos 13, 14 e 15, que falam sobre “O Conhecimento de Deus”. Uma abordagem contundente que merece e deve ser acompanhada com atenção para que possamos nos conscientizar melhor do que seja verdadeiramente conhecer Deus, seguir Jesus de Nazaré e no que implica, de fato, esse seguimento.

Frei Gilvander Moreira e Luiz José Dietrich, biblistas do CEBI, 
dia 19/8/2018. Foto: W. Scartpetto.

*Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Brasília, DF, 19/8/2018.
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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

domingo, 2 de setembro de 2018

COMPROMISSO E PARTICIPAÇÃO - 2ª Pré-Romaria da XXI Romaria/Águas e Terra...




Compromisso e Participação: 2ª Pré-Romaria da XXI Romaria das Águas e da Terra de MG. 4ª Parte. 05/8/2018.

“Das Nascentes do São Francisco, às Terras da Justiça”: mais que o tema da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais esse é um chamado ao COMPROMISSO e à PARTICIPAÇÃO de todas as pessoas de boa vontade e de todas as forças vivas das igrejas e da sociedade, à luta em defesa da mãe terra e da irmã água, em defesa da vida. Os/as participantes da 2ª Pré-Romaria dessa XXI Romaria das Águas e da Terra, realizada em São Roque de Minas, bem próximo às nascentes do Rio São Francisco, sentiram de perto, o canto das águas e da mãe terra ecoando da Serra da Canastra, Santuário Sagrado Natural, clamando por cuidado, clamando pela vida dos irmãos e irmãs canastreiros que ali vivem e têm direito a permanecerem em suas Comunidades Tradicionais, livres da cobiça, da exploração e da opressão do poder do capital e dos capitalistas. Se as águas do rio São Francisco, já tão machucado, lhes sacia e a todos os seres ali viventes, se da terra brota seu sustento, a sede e a fome de justiça são gritantes diante das ameaças à mãe terra, à irmã água, às suas vidas, à sua cultura, à sua dignidade. A XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais conclama a todos e todas ao COMPROMISSO com a vida, à PARTICIPAÇÃO nessa caminhada de luta e resistência, de CUIDADO com a mãe terra e a irmã água, dons sagrados, direitos de todos/as, fontes de vida e vida com qualidade, com dignidade. Nesse vídeo, o testemunho de participantes da 2ª Pré-Romaria da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, que terá a culminância no dia 16 de setembro de 2018, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, das 6h30 às 15h.


*Filmagem de Maria do Rosário de Oliveira Carneiro, da Cáritas Brasileira, Regional MG e Advogada Popular. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.
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sábado, 1 de setembro de 2018

Grupo Musical Canastreiro na 2ª Pré-Romaria/XXI Romaria/Águas/Terra/MG/5...



Cancioneiro Popular - Grupo Musical Canastreiro na 2ª Pré-Romaria da XXI Romaria das Águas e da Terra de MG: 5ª Parte. 05/8/2018.

Em toda a história do Povo de Deus, vemos a presença da música animando esse povo peregrino. Experiências e ensinamentos eram transmitidos também por meio dos cantos. Cantando as canções que animaram seus antepassados a fazer a difícil travessia no deserto em busca de libertação tornavam também mais suave a caminhada. Cantando louvores ao Deus da Vida, sentiam fortalecida sua fé e renovada sua esperança. Cantando também falavam de suas angústias, de suas lutas, de suas conquistas. E foi cantando que Maria reafirmou sua fé e fez a belíssima aclamação do Deus Libertador dos pobres e oprimidos, ao sentir pulsar em seu ventre a vida de Jesus, Deus encarnado na humanidade. A música continua animando o povo de Deus em romaria. Cantando a caminhada e na caminhada, romeiros e romeiras se fortalecem, se confraternizam, fazem ressoar sua voz de luta, de resistência, de ternura e de fé na simplicidade da vida que tem que ser justa, digna, com qualidade para todos e todas. Nesse vídeo, momentos de cantoria com o Grupo Musical Canastreiro, na 2ª Pré-Romaria da XXI Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, realizada no Santuário Sagrado da Serra da Canastra, bem próximo às nascentes do São Francisco, em São Roque de Minas, dia 05/8/2018. Canções populares que encantam, animam e alegram o feliz encontro de irmãos e irmãs. Anima e encanta também conhecer e aprender as canções muito bem escolhidas e reunidas no Cancioneiro da XXI Romaria das Águas e da Terra, que terá sua culminância no dia 16/9/2018, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG. Cantando, romeiros e romeiras seguem a caminhada “Das Nascentes do São Francisco, às Terras da Justiça”, com a firme disposição de cuidar melhor da mãe terra, da irmã água, dos povos canastreiros e de toda a biodiversidade.

Grupo musical canastreiro na 2a pré-Romaria das Águas e 
da Terra de MG, na Serra da Canastra, em São Roque de Minas. 
Foto: M. R. O. Carneiro.

*Filmagem de Maria do Rosário de Oliveira Carneiro, da Cáritas Brasileira, Regional MG e Advogada Popular da RENAP. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.
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