terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Tradução da Bíblia Hebraica para o Grego: a LXX - Por frei Gilvander

Tradução da Bíblia Hebraica para o Grego: a LXX - Por frei Gilvander Moreira[1]


A tradução da Bíblia Hebraica para o Grego, a chamada Tradução da LXX, foi iniciada no III século antes da Era Cristã (a.E.C.) e foi a primeira que aconteceu do texto bíblico hebraico e aramaico do Primeiro Testamento. Esta tradução é identificada por diversos nomes referindo-se ao mesmo texto: a LXX; a Septuaginta; a Setenta; a tradução Alexandrina, cidade do Egito onde teria sido feita esta tradução.

A Tradução da LXX recebeu o seu nome da Pseudo Carta de Aristea, do II século da Era Cristã (E.C.), que narra na forma de uma Carta como teria sido a origem da tradução grega da Bíblia hebraica. Ele afirma que o rei do Egito Ptolomeu Filadelfo (285-247 da a.E.C.) desejava ter na famosa Biblioteca de Alexandria um exemplar da Lei Mosaica. Para realizar este seu desejo teria convidado 72 sábios judeus de Jerusalém para Alexandria, que em 72 dias teriam terminado a incumbência dada pelo rei para traduzir o Primeiro Testamento da Bíblia judaico-cristã. Se esta Carta é verdadeira ou não, não sabemos, mas foi no III século a.E.C., no tempo do rei Filadelfo, que iniciou-se a tradução do Primeiro Testamento da Bíblia Hebraica para o grego.

De fato, em Alexandria havia uma colônia numerosa de judeus da diáspora, que distantes de sua terra de origem, filhos e netos pouco a pouco não falavam e nem liam mais o hebraico. A tradução para o grego era uma forma de possibilitar o acesso aos textos sagrados aos descendentes judeus. O término da tradução da LXX provavelmente se deu por volta do ano 100 a.E.C., pois o autor do livro hebraico Qohelet, em grego Eclesiastes, afirma ter chegado ao Egito no tempo de Ptolomeu Evergete II (170-116), por volta do ano 132, e que, depois de um tempo, teria escrito o livro Qohelet/Eclesiastes, em que o autor deixa a entender que a tradução grega do Primeiro Testamento da Bíblia Hebraica já era conhecida nesta época. 

O valor crítico e literário da tradução da LXX estaria no fato de ter sido feita por um grande número de estudiosos que tinham um bom conhecimento das duas línguas – o hebraico e o grego - e com habilidades para esse empreendimento, embora nem todas as partes da tradução tenham o mesmo valor crítico e literário. Quanto ao valor crítico da tradução, alguns livros trazem bem o sentido original do texto hebraico, outros, menos. Há indícios de que alguns textos foram parafraseados, outros ampliados na parte doutrinal (MARTINI; BONATI, 1990, p. 187). Nenhum tradutor é neutro.

A importância histórica e ética da tradução da LXX está no fato de ter sido o texto oficial por muito tempo para os judeus helenistas ou vindos da cultura helênica. A partir do Egito esta Bíblia na língua grega se espalhou rapidamente por toda a bacia do Mediterrâneo oriental, de modo especial onde havia comunidades judaicas de língua grega. No seu conjunto a LXX tem o seu merecimento, pois os seus tradutores não tinham os recursos necessários de filologia e de exemplos anteriores; eles foram os pioneiros.

A versão dos Setenta foi utilizada nos primeiros séculos da Igreja como verdadeiro texto bíblico. No entanto, nem todos os livros que contém acabaram sendo admitidos no cânon da Igreja Católica. Cinco deles foram rejeitados como apócrifos, não inspirados: 1Esdras (mas foi admitido 2Esdras, que contém nossos livros de Esdras e Neemias), 3 e 4 Macabeus, Odes e Salmos de Salomão (TOSAUS ABADIA, 2000, p. 54).

A maioria das citações da Bíblia cristã no Segundo Testamento é tomada da versão grega e não do original hebraico. Por exemplo, nos evangelhos de Mateus e Lucas se diz que Jesus nasceu de Maria, uma mulher virgem (Mt 1,23; Lc 1,27). Entretanto, segundo vários evangelhos e textos do Novo Testamento (Mc 6,3; Mt 12,46-49; 13,55-56; Jo 2,12; 7.3.5.10; Ato 1,14; Gal 1,19; I Cor 9,5 e o apócrifo História de José o carpinteiro II, 3, se diz que Jesus teve irmãos e irmãs. Chegam a dizer que os irmãos e irmãs de Jesus seriam seis: Judas, José, Tiago, Simão, Lísia e Lídia.

Qual o sentido da “virgindade” de Maria? Qual a etimologia da palavra virgem? Ouvimos falar em "mulher virgem", "mata virgem", "terra virgem". Em Lc 1:27 diz: "uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria". Em Mt 1,23 diz: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL".

Para ajudar a José (e principalmente a/s comunidade/s de Mateus) a entender e assumir uma criança que nasce em situação fora do previsto pela Lei de Moisés (de fora e antes do casamento), e a reconhecer que ela vem de Deus e de seu Espírito (Mt 1,18-25), a uma certa altura no evangelho de Mateus aparece uma citação do profeta Isaías, no contexto da fala do anjo a José no meio de um sonho. Confira em Mt 1,22-23: “Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta”. E depois vem a citação de Is 7,14.

Notamos que entre o texto de Isaías e a citação no evangelho de Mateus há algumas diferenças. O texto de Isaías diz o seguinte: “Eis que a jovem (hayalemah, em hebraico) concebeu e dará à luz um filho, e o chamará com o nome de Emanuel” (Is 7,14). O texto de Mt prescreve: “Eis que a virgem (parthenos, em grego) conceberá, e dará à luz um filho, e o chamarão com o nome Emanuel” (Mt 1,23). Mateus usa a versão da LXX que usa a palavra parthenos, que significa virgem, mas no hebraico, em Is 7,14, está a palavra hayalemah, que significa jovem. Uma jovem conceber e dar à luz uma criança está de acordo com as leis da natureza, mas uma virgem conceber, não. Como explicar a diferença?

Por enquanto, duas diferenças chamam a nossa atenção. Em primeiro lugar, o texto de Isaías fala de uma gravidez que já está acontecendo (“a jovem concebeu”); ou seja, só pode estar falando de uma jovem que vivia no tempo em que Isaías pronunciou este oráculo, mais de 700 anos antes de Jesus, no contexto da história de Judá sob domínio do rei Acaz e sob a ameaça do império assírio. Essa criança que está para nascer é sinal de Javé para o rei, por ela e seu nome a profecia deixa claro o lugar de Javé e sua distância dos projetos do rei e sua corte (leia o conjunto de Is 7,1-17).

Em segundo lugar, a citação desse texto no evangelho das comunidades de Mateus tem outro objetivo. A criança de que se está falando é Jesus, que vai nascer muito tempo depois do tempo de Isaías. Por isso, a gravidez aparece anunciada, apontada para o futuro (“a virgem conceberá”). Em outros termos, as comunidades de Mateus releem com liberdade a profecia de Isaías e a projeta no futuro, ao invés de copiá-la simplesmente mantendo o tempo presente. Por isso, diz "conceberá"; e não diz "concebeu". Foi a meditação, a experiência de fé da comunidade que tornou possível fazer a junção entre a história de uma criança do tempo de Isaías, que foi sinal de Javé para o povo, e a história de Jesus, com certeza um grande sinal de Deus para as comunidades de fé. Também dizer que Jesus Cristo é filho de uma “virgem” é um jeito de dizer que Jesus Cristo é divino, filho Deus, messias, salvador. Não é um simples homem. Na Bíblia há várias passagens que mostram mulheres virgens e estéreis dando à luz. Por exemplo, Sara, a esposa de Abraão, concebe Isaac na sua velhice e esterilidade (Gn 24,36). Isabel, prima de Maria, concebe João, o Batista, na sua velhice estéril (Lc 1,7). Isso como um jeito bíblico de dizer que “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37), ou seja, nas entranhas da história e do humano, o divino pode brilhar de forma inesperada.

A Tradução da LXX é de grande importância na crítica textual, já que ela é a tradução mais antiga e, junto com os manuscritos do Mar Morto, nos proporciona acesso ao tipo de texto hebraico antigo que se diferenciava do texto proto-massorético. O texto grego da LXX foi retomado pelos autores do Segundo Testamento cristão em cerca de 300 citações do Primeiro Testamento, de um total de 350. O Segundo Testamento cristão da Bíblia traz também as citações da LXX quando o sentido do texto é diverso do texto hebraico. A Igreja, na verdade, considerou como seu texto oficial para o Primeiro Testamento a tradução da LXX, excluindo apenas a tradução do livro de Daniel, e em seu lugar inseriu a tradução de Daniel do Teodozião. A Bíblia grega era usada pelos padres gregos nas homilias, nos comentários, na catequese e nas assembleias litúrgicas.

Referências

MARTINI C. M; BONATI D. P. Il Messaggio della Salvezza, v.1. Torino: Elle Di Ci, 1990, p. 187.

TOSAUS ABADIA, J. P. A Bíblia como literatura. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 54.

16/01/2024

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Um Tom de resistência - Combatendo o fundamentalismo cristão na política


2 - Bíblia: privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no Palavra Ética

3 - Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri, Brumadinho/MG. Vídeo 5

4 - Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)

5 - Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG - Set/2022

6 - Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022

7 - Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22

8 - Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino

9 - Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! - Por frei Gilvander - Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023

10 - Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste

11 - Contexto para o estudo do Livro de Josué - Mês da Bíblia 2022 - Por frei Gilvander - 30/8/2022

12 - CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres




 

 

 

 



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

sábado, 6 de janeiro de 2024

Quem persegue padre Júlio Lancellotti persegue Jesus Cristo e seu Evangelho de libertação integral - Por frei Gilvander

Quem persegue padre Júlio Lancellotti persegue Jesus Cristo e seu Evangelho de libertação integral - Por frei Gilvander Moreira[1]

Defender o padre Júlio Lancellotti é dever de toda pessoa cristã e de quem dedica a vida a lutar pela construção de uma sociedade justa

 


Escrevo este texto para manifestar nosso irrestrito apoio ao nosso querido, admirado e respeitado padre Júlio Lancellotti, que há várias décadas vem sendo outro Cristo no nosso meio, especialmente no meio da População em situação de Rua da capital de São Paulo. Repudiamos com veemência a CPI na Câmara de Vereadores de São Paulo contra as ONGs que prestam apoio às pessoas em situação de rua e contra a atuação do padre Júlio Lancellotti.

É politica fascista e nazista “proibir dar comida às pessoas em situação de rua”, como vereadores de direita e de extrema-direita querem proibir na capital de São Paulo ou “internar de forma compulsória as pessoas em situação de rua”, “multar as famílias que têm pessoas em situação de rua”, “confiscar/roubar seus pertences” e “castrar as mulheres em situação de rua”, como foi aprovado em 1º turno na Câmara de vereadores de Belo Horizonte, MG, por vereadores de centro e de extrema direita. Este Projeto de Lei fascista não se tornou Lei em Belo Horizonte graças à luta do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, da Pastoral de Rua e dos muitos Movimentos Sociais que aderiram à luta para barrar este brutal PL. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal obrigando os estados e municípios a implementarem Políticas Públicas de apoio às pessoas em situação de rua inviabilizou a votação em 2º turno do PL racista em BH.

Se prestarmos atenção ao que defendem os políticos de centro, de direita e principalmente de extrema-direita, veremos que são egoístas, defendem privilégios para uma minoria, defendem políticas de morte para a maioria e a reprodução da desigualdade social cada vez mais brutal. Quem vota em políticos de centro, de direita e de extrema-direita está entregando a chibata na mão de capitães do mato para chibatar a classe trabalhadora e camponesa. A esquerda não é perfeita, mas tem senso de humanidade, de empatia, de amor ao próximo e luta pela superação das desigualdades sociais e injustiças agrária, urbana e ambiental.

Assim como Jesus Cristo, Gandhi, Martin Luther King, Che Guevara, Zumbi, Dandara, Antônio Conselheiro, camponeses do Contestado, dom Pedro Casaldáliga, Dom Hélder Câmara, irmã Dorothy Stang, Chico Mendes, padre Josimo Tavares, padre Ezequiel Ramin, os Sem Terra massacrados em Corumbiara, em Eldorado dos Carajás, em Felisburgo, o líder indígena Sepé Tiaraju, cacique Chicão e uma multidão de indígenas massacrados por capitalistas, colonialistas, fazendeiros, grileiros, empresários do agronegócio, desmatadores, políticos de direita e de extrema-direita, padre Júlio Lancellotti vem sendo há décadas perseguido por filhos das trevas, por quem insiste em reproduzir a brutal desigualdade socioeconômica que campeia no Brasil. Padre Júlio consola de forma libertadora os violentados por uma sociedade capitalista e incomoda os opressores e exploradores, pois “põe o dedo na ferida”, aponta as causas da injustiça social e as soluções que passam necessariamente por políticas públicas que precisam ser implementadas para resolver de forma justa as injustiças que abatem sobre o povo marginalizado.

Padre Júlio combina duas características imprescindíveis do jeito de agir e ensinar de Jesus Cristo: solidariedade e luta por justiça. Com uma mão, padre Júlio é solidário com os violentados em situação de rua, com as mulheres vítimas do machismo, do patriarcalismo, do feminicídio; é solidário com o povo negro vítima das relações sociais escravocratas, o que reproduz o racismo; é solidário com o povo LGBTQIA+ na luta pela superação da homofobia para que toda pessoa, sem exceção, seja respeitada na sua dignidade; é solidário com os sem-terra e sem-teto que lutam por um pedaço de chão, por teto, pão e liberdade para se libertar da pesadíssima cruz do aluguel, ou humilhação que é sobreviver de favor nas costas de parentes ou nas intempéries das ruas; é solidário com os Povos Indígenas submetidos a genocídio há mais de cinco séculos; enfim, padre Júlio é solidário com todas as pessoas que são injustiçadas e violentadas na sua dignidade. E com outra mão, padre Júlio luta por justiça no seu sentido profundo, pois denuncia as causas e os causadores das injustiças. Padre Júlio não aceita paliativos para a injustiça que campeia nas ruas de São Paulo e nem que se rotulem as vítimas das injustiças como se fossem elas as causadoras da violência. Padre Júlio incomoda, porque denuncia políticos que representam os interesses do grande capital e as políticas asquerosas e brutais.

Feliz padre Júlio, que é perseguido por lutar por justiça para os irmãos e irmãs em situação de rua! Feliz padre Júlio, que, pelo seu jeito humilde de agir, constrói caminhos para a paz como fruto da justiça!

Padre Júlio, estamos com você, o Deus da vida está com você. Você, padre Júlio, testemunha a presença de Jesus Cristo no nosso meio. Mexeu com padre Júlio, mexeu conosco e com milhões de pessoas que buscam amar o próximo. Enfim, perseguir o padre Júlio Lancellotti é perseguir Jesus Cristo e seu Evangelho de libertação integral.

06/01/24

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - FREI GILVANDER APÓIA PADRE JÚLIO LANCELLOTTI: "Apoiá-lo, dever de quem luta por justiça social!"



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Nossa Bíblia é cópia da cópia da cópia ... Por frei Gilvander

Nossa Bíblia é cópia da cópia da cópia ... Por frei Gilvander Moreira[1]


Quando eu ainda criança comecei a ter contato com a Bíblia, pensava que a Bíblia era simplesmente Palavra sagrada, Palavra de Deus e que devíamos ler e buscar colocar em prática, mas ao estudar Teologia e principalmente no mestrado sobre hermenêutica bíblica é que fui descobrir que a Bíblia é literatura construída ao longo de 1.300 anos em um processo complexo que contou com uma multidão de pessoas que tinham fé no Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, Javé, Deus solidário e libertador, que fez opção pelos escravizados/as e se aliou à caminhada e luta por “terra, pão e paz”. A Bíblia não foi ditada por Deus aos escritores/as dela, mas foi escrita por homens e mulheres, em seus contextos históricos. Logo, para as pessoas cristãs – que acreditam no Deus Javé -, a Bíblia é Palavra de Deus, mas segundo pessoas humanas situadas historicamente com suas belezas e contradições. Ao estudarmos a Bíblia cristã descobrimos que a Bíblia é cópia da cópia da cópia ... Por isso, quem lê a Bíblia de forma fundamentalista e se projeta nela tirando conclusões moralistas está completamente errado e se torna cego guiando cego e, muitas vezes, deixa de ser pastor/a e passa a ser “lobo travestido de cordeiro”, que não cuida do rebanho, mas o tosquia. É árido, mas veja abaixo um pouco da construção da Bíblia.

Temos muitos Manuscritos de Textos Bíblicos em Hebraico. A Bíblia a que temos acesso hoje é fruto de cópias de cópias, pois, não existe mais nenhum texto original de todos os livros da Bíblia escritos na língua hebraica e aramaica. Estes manuscritos receberam o nome de Códices. Hoje eles não superam o número de 2.000. A maior parte desses códices foram escritos no século XIV da Era Cristã (E.C.); cerca de 50 manuscritos do séc. XIII E.C.; e oito do séc. XII E.C. Poucos são do séc. IX-XI E.C.. Entre esses está o códice dos profetas de Cairo do ano 895 E.C., escrito por Moisés Asher; o Códice de Aleppo, que compreendia todo o Primeiro Testamento da Bíblia, foi escrito na segunda metade do séc. X, e que serviu de base para a nova edição crítica aos cuidados da Universidade hebraica de Jerusalém. O códice dos profetas de Leningrado, do ano 916 E.C., com a vocalização supralinear babilonês; o Códico B 19ª de Leningrado, escrito em 1008 E.C. que compreende todo o Primeiro Testamento bíblico.

A todos esses códices devem ser acrescidos os fragmentos de códices do séc. VII ao VIII da E.C. que foram encontrados na sinagoga em Cairo, no Egito, e poucos foram publicados. Graças a esta descoberta foi possível estudar diversos sistemas de vocalização em uso nos manuscritos hebraicos até o século XI, conhecida como vocalização de Tiberíades, que está em uso até hoje.

Muito importante para os estudos bíblicos foi a descoberta dos manuscritos ou fragmentos bíblicos encontrados nas grutas de Qumran. De todos os livros do Primeiro Testamento foram encontrados livros ou fragmentos, exceto o livro de Ester, que remonta ao séc. III a.E.C. ao I séc da E.C. Foram feitas diversas edições críticas do Texto Massorético (TM) – entre elas a Bíblia Hebraica Stuttgartensia[2]. O Texto Massorético com a introdução das vogais e a disposição externa definitiva do texto é obra da escola de Moisè ben Asher, do séc. VIII-X da E.C.  As consoantes remontam certamente ao séc. I e II da E.C.  e foi fixado criteriosamente por judeus cultos e sábios sob a base de bons manuscritos antigos.

Temos assim a certeza de poder ler em nossos dias o texto hebraico com as consoantes na sua forma, muito próximo dos últimos séculos antes de Cristo ou talvez do seu tempo e das primeiras comunidades cristãs. Ao confrontar com a tradução da LXX, com o Pentateuco Samaritano e outros documentos antigos, os estudiosos da história do Texto Massorético não hesitam em afirmar que o texto hebraico e aramaico não sofreu mudanças substanciais, por isso não teriam alterado o conteúdo principal.

Temos várias Traduções da Bíblia Hebraica. As antigas versões da Bíblia foram muito importantes, porque serviram para a reconstrução do texto bíblico original. Existem traduções inteiras da Bíblia, seja do Primeiro quanto do Segundo Testamento, mas não temos mais nenhum manuscrito nas línguas originais. Mesmo que tenhamos apenas cópias de cópias, estas versões são os textos que foram lidos, estudados e comentados nas Igrejas e comunidades antigas e nos oferecem a riqueza de seus comentários aos textos bíblicos.

Estes manuscritos foram submetidos às condições de transmissão próprias de seu tempo, por esta razão é muito importante o estudo, o confronto crítico de cada um deles, para poder reconstruir a sua história, o quanto possível com o seu original. Sabemos que alguns capítulos e/ou versículos foram escritos na língua aramaica e tantos outros foram traduzidos para esta língua.

Toda a Bíblia Hebraica foi traduzida para o Aramaico. Os textos originais em aramaico que integram a Bíblia Hebraica são muito poucos na proporção do texto hebraico. Todos os demais textos hebraicos da Biblia hebraica foram traduzidos para o aramaico, após o exílio da Babilônia e receberam o nome de Targumim.

Os Targumim – plural de Targum - tem o significado de “interpretação”, no plural, “Interpretações”. Essas traduções possibilitaram aos descendentes dos Povos bíblicos, sediados na região da Babilônia, a terem acesso ao texto sagrado em hebraico, por meio da tradução para o aramaico. Com o passar dos anos os descendentes não falavam mais na língua materna e consequentemente não aprendiam mais a ler e escrever na língua dos pais, o hebraico.

  Havia até uma tradução separada de cada uma das partes da Bíblia Hebraica: a Torá (Instruções/Lei) os Nevivim (Profetas) e os Ketuvim (Escritos).

Do Targum Jerosolimitano II eram conhecidos apenas alguns fragmentos, mas ele foi encontrado completo na Biblioteca do Vaticano. Além de ser escrito em ótimo aramaico, sua importância também está na antiguidade do texto. Dele se originaram o Targum Ionatan, que é também conhecido por Jerosolimitano I, e o Targum Onkelos do séc. IV da E.C. Este último teve grande aceitação entre os judeus pela sua fidelidade ao texto hebraico e por trazer poucas paráfrases arbitrárias.

  Dos livros proféticos anteriores e proféticos propriamente ditos há a tradução de Ionatkan ben Uzziel, que mais se parece com uma paráfrase do que uma verdadeira tradução.

  Por fim, os Escritos que correspondem aos livros sapienciais, cuja tradução é obra de diversos autores, seja pelo seu estilo, como pela variedade de línguas. Os livros de Jó, Salmos e Provérbios trazem uma tradução literal do texto hebraico, enquanto o Cântico dos Cânticos a tradução é parafraseada e livre.

  Na crítica textual para a reconstrução do texto original, os Targumim tem maior ou menor importância segundo a fidelidade ou não, ao texto original, de quem os traduziu. Mas esses são importantes para a história antiga da hermenêutica bíblica.

  Tradução Siríaca da Peshita de certa forma foi favorecida pela proximidade da língua siríaca com o hebraico e o aramaico. Ela continha grande parte do Primeiro Testamento, mas não era completa e foi feita no II séc. da E.C., mas em seguida ela foi completada com os livros deuterocanônicos tomados de uma tradução da LXX, exceto o Eclesiástico, que foi traduzido do hebraico. Esta tradução é muito fiel, clara pela elegância da língua. Contudo, ela foi deteriorada pela infiltração de lições da LXX, ainda assim, ela continua sendo um ótimo subsídio para a crítica documental do Primeiro Testamento. 

As traduções árabes do Primeiro Testamento hebraico foram feitas ainda na Idade Média, seja do texto hebraico, grego ou siríaco, pelo fato de ser um texto recente e em forma parafraseada, pouco servem para reconstituir o texto hebraico antigo. 

 

Referências

BÍBLIA HEBRAICA STUTTGATENSIA. Stuttgart, Germany, Gesamtherstellung Biblia-Druck, 1967/77, 1983.

MARTINI Carlo M.; BONATTI D. Pietro. Il Messaggio della salvezza, Introduzione Generale. Torino: Elle Di C, 1990. p. 185-215.

04/01/2024

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Um Tom de resistência - Combatendo o fundamentalismo cristão na política

2 - Bíblia: privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no Palavra Ética

3 - Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri, Brumadinho/MG. Vídeo 5

4 - Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)

5 - Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG - Set/2022

6 - Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022

7 - Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22

8 - Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino

9 - Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! - Por frei Gilvander - Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023

10 - Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste

11 - Contexto para o estudo do Livro de Josué - Mês da Bíblia 2022 - Por frei Gilvander - 30/8/2022

12 - CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2] BÍBLIA HEBRAICA STUTTGATENSIA. Stuttgart, Germany, Gesamtherstellung Biblia-Druck, 1967/77, 1983.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Bíblia Hebraica, 39 livros da Bíblia Cristã. Por frei Gilvander

Bíblia Hebraica, 39 livros da Bíblia Cristã. Por frei Gilvander Moreira[1]


A Bíblia que o povo cristão lê não caiu pronta do céu, foi se formando ao longo de muitos séculos. Herdamos da Bíblia Hebraica 39 livros do Primeiro Testamento. A Bíblia Hebraica deu origem a todas as Bíblias que conhecemos e estão em uso, sobretudo nas comunidades judaicas, cristãs e muçulmanas. Importante conhecermos as línguas que estão na sua base, os manuscritos que formaram a Bíblia, o cânon, sua divisão interna, a tradução da Bíblia hebraica para o aramaico, o grego, o latim e as línguas modernas.

          O nome ‘Bíblia Hebraica’ é dado aos trinta e nove livros que fazem parte do Primeiro Testamento bíblico, escritos na língua hebraica e pequenas partes, de alguns livros bíblicos na língua aramaica. As línguas hebraica e aramaica eram usadas no tempo de Jesus, inclusive. Quase todo o Primeiro Testamento foi escrito em hebraico e no aramaico são poucos textos[2]. Ambas as línguas são do mesmo tronco linguístico, o semita.

          O hebraico faz parte das línguas semitas, junto com o antigo cananeu, o ugarítico, o aramaico, o fenício e o moabítico. O primeiro documento encontrado nesta língua foi o calendário agrícola, na cidade Gezer, no século IX antes da Era Cristã (a.E.C.). A Stela de Mesha foi encontrada na mesma época e sua escrita é moabítica, muito parecida com o hebraico. No período do exílio da Babilônia por volta do séc. VI a.E.C., a língua hebraica falada decaiu muito, e começou-se a falar o aramaico, embora o hebraico continuasse a ser a língua oficial e erudita usada na liturgia.

Os escritos que nasceram depois deste período foram escritos em hebraico. Em ambas as línguas, hebraico e aramaico, o alfabeto é escrito na forma quadrada. Os exemplos mais antigos que temos da escrita aramaica são os papiros de Elefantina do séc. V a.E.C. e os manuscritos de Qumran. A língua aramaica, às vezes, é chamada também de caldaica ou aramaico antigo, para distingui-la da forma linguística mais recente.

          A história do texto hebraico do Primeiro Testamento pode ser apresentada em três períodos sucessivos: o primeiro período vai até o final da era veterotestamentária, que compreende a fase da flutuação do texto, sofrendo algumas mudanças ao confrontar o Texto Massorético (TM)[3] com a Tradução da LXX que vai até o séc. III-II a.E.C. Nota-se nesta fase, oscilação na transcrição dos textos, mudança na sequência dos capítulos do TM, por exemplo, no livro de Jeremias, a LXX coloca os cc. 46-51 após o c. 25,14, alterando o texto original.  

          No segundo período que vai do 1º séc. a.E.C. até o ano 500 da Era Cristã (E.C.), o texto bíblico hebraico e aramaico não sofreram mais a variação das consoantes, o que significa que uma tradição textual prevaleceu sobre as demais, este fato pode ter ocorrido talvez no período do sínodo judaico em Jâmnia, por volta da década de 80 E.C. Nesta época houve também a fixação do texto hebraico e aramaico, o que é comprovado pela tradução de Áquila, Símaco e Teodocião. Estas traduções já supõem um texto original, completamente uniforme e idêntico quanto às consoantes, e ao Texto Massorético.

          No terceiro e último período, que vai do ano 500 a 900, o texto bíblico hebraico e aramaico chegou a uma estabilidade definitiva também quanto ao vocabulário, sem divergências com o Texto Massorético. Os Massoretas fixaram o texto bíblico hebraico com muita seriedade, observando os mínimos detalhes deixando o texto original invariável, também se notassem um erro de transcrição, anotando no alto ou no rodapé as propostas de observações feitas ao texto e são conhecidas como ‘massora grande’. Na margem lateral do texto eram feitas as observações de como as palavras deveriam ser escritas e lidas, esta é conhecida como ‘massora pequena’.

          Faz parte do Cânon o conjunto de todos os escritos que compõem a Bíblia hebraica, na qual existem trinta e nove livros aceitos e reconhecidos como inspirados por Deus. Canon vem de uma palavra grega e significa: cana ou tubo que servia para medir, ou ainda pode significar regra ou norma. Aplicado à Bíblia, é a norma que estabelece o número de livros inspirados em cada denominação religiosa que faz uso da Bíblia. Canon é usado também para falar do Canon da Missa, são as normas estabelecidas de como o celebrante deve proceder para realizar a celebração da Eucaristia.

          O cânon da Bíblia hebraica foi fixado em Jâmnia no final do 1º século da E.C. ele é seguido até hoje pelos Judeus, pelos Evangélicos e (neo)pentecostais nas suas diversas denominações para o Primeiro Testamento. Mesmo que a aprovação solene e definitiva do cânon para a Igreja católica tenha sido no Concílio de Trento em 1546 da E.C., muito antes, ainda nos tempos apostólicos, os escritos eram aceitos e lidos nas comunidades, o Primeiro Testamento na Tradução da ‘Setenta’ e o Segundo Testamento os vinte e sete livros que o integram.

          A relação dos trinta e nove livros que formam a Bíblia hebraica[4] está relacionada em cada uma das três grandes partes que compõem a sua divisão interna: A Torá (A Lei), Neviim (Os Profetas) e Ketuvim (Os Escritos).

          A primeira parte da Bíblia hebraica é conhecida pelo nome Torá, normalmente traduzido por Lei, mas a tradução mais adequada corresponde a: “instrução e ensinamento”. A Lei é entendida como “A lei de Deus”, dada ao povo por meio do seu servo Moisés e outros: “Deus falou a Moisés e Arão e disse-lhes: Eis um Estatuto da Lei que Deus prescreve. Fala aos israelitas” (Nm 19,1-2). É frequente encontrar nestes livros as ordens de Deus, por isso elas são de valor máximo dentro da tradição judaica.

A Toráh – Lei de Deus!   Os livros que integram a Toráh são cinco e seguem a seguinte ordem dentro da Bíblia hebraica: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e o Deuteronômio. Na língua original eles são chamados pela primeira palavra que dá início ao livro. Por exemplo, a transliteração do primeiro livro da Bíblia hebraica é: “Bereschit” (= Num princípio) corresponde ao livro do Gênesis, de origem grega e prevaleceu nas traduções dos nomes das Bíblias e não a denominação hebraica.

Os Neviim – Profetas! A segunda parte da Bíblia hebraica são os “Neviim”, formada pelos livros proféticos, subdividida, por sua vez, em dois grupos, os profetas anteriores e os profetas posteriores. São chamados de profetas anteriores: Josué, Juízes, I e II Samuel e I e II Reis e profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel com os doze profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O livro de Daniel não é considerado profético, ele entrou no bloco dos ‘Escritos’. Este segundo bloco de livros, os proféticos, tem grande autoridade e são tidos como livros inspirados e canônicos pelo judaísmo.

Os Ketuvim – Escritos! O terceiro e o último bloco da Bíblia hebraica é formado pelos “Ketuvim”, os Escritos. Fazem parte do grupo dos Escritos os demais livros, tidos como inspirados, mas de menor autoridade na comunidade judaica. São eles: Salmos, Jó, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e II Crônicas. Muitos desses escritos são antigos, alguns Salmos atribuídos a Davi, coleção de Provérbios coletados por Ezequias, segundo a informação dos próprios textos.

          TaNak é a palavra que sintetiza as três partes da Bíblia hebraica, usada pelos judeus. São trinta e nove livros do Primeiro Testamento, exceto sete livros considerados deuterocanônicos e mais os vinte e sete livros do Segundo Testamento da Bíblia cristã. Os estudiosos tomaram as letras iniciais da ‘Torá’ normalmente traduzida por Lei, dos ‘Neviim’, profetas e profetisas e dos ‘Ketuvim’ que são os escritos sapienciais. Estas iniciais formam a palavra: TaNaK que corresponde ao conteúdo da Bíblia hebraica, enquanto a Bíblia usada pelos católicos contém setenta e três livros.

12/12/2023

 

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Bíblia: privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no Palavra Ética

2 - Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri, Brumadinho/MG. Vídeo 5

3 - Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)

4 - Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG - Set/2022

5 - Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022

6 - Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22

7 - Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino

8 - Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! - Por frei Gilvander - Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023

9 - Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste

10 - Contexto para o estudo do Livro de Josué - Mês da Bíblia 2022 - Por frei Gilvander - 30/8/2022

11 - CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Escritos bíblicos na língua aramaica: Jr 10,11; Dn 2,4b-7,28; Esd 4,8-6,18; 7,12-26.

[3] Os Massoretas são os que fixaram o texto hebraico da Bíblia, limitando as possibilidades de interpretação e desvios. Eles reafirmaram as 22 consoantes enriquecidas com as vogais escritas abaixo e acima das consoantes, para fixar a pronúncia, a escrita e o significado das palavras.

[4] MARTINI Carlo M.; BONATTI D. Pietro. Il Messaggio della salvezza 1, Introduzione Generale. Torino: Elle Di C, 1990. P.125-129.