Quem persegue padre Júlio Lancellotti persegue Jesus Cristo e seu Evangelho de libertação integral - Por frei Gilvander Moreira[1]
Defender
o padre Júlio Lancellotti é dever de toda pessoa cristã e de quem dedica a vida
a lutar pela construção de uma sociedade justa
Escrevo este texto para manifestar nosso
irrestrito apoio ao nosso querido, admirado e respeitado padre Júlio
Lancellotti, que há várias décadas vem sendo outro Cristo no nosso meio,
especialmente no meio da População em situação de Rua da capital de São Paulo. Repudiamos
com veemência a CPI na Câmara de Vereadores de São Paulo contra as ONGs que
prestam apoio às pessoas em situação de rua e contra a atuação do padre Júlio
Lancellotti.
É politica fascista e nazista “proibir
dar comida às pessoas em situação de rua”, como vereadores de direita e de
extrema-direita querem proibir na capital de São Paulo ou “internar de forma
compulsória as pessoas em situação de rua”, “multar as famílias que têm pessoas
em situação de rua”, “confiscar/roubar seus pertences” e “castrar as mulheres
em situação de rua”, como foi aprovado em 1º turno na Câmara de vereadores de
Belo Horizonte, MG, por vereadores de centro e de extrema direita. Este Projeto
de Lei fascista não se tornou Lei em Belo Horizonte graças à luta do Movimento Nacional
da População em Situação de Rua, da Pastoral de Rua e dos muitos Movimentos Sociais
que aderiram à luta para barrar este brutal PL. Uma decisão do Supremo Tribunal
Federal obrigando os estados e municípios a implementarem Políticas Públicas de
apoio às pessoas em situação de rua inviabilizou a votação em 2º turno do PL
racista em BH.
Se prestarmos atenção ao que defendem os
políticos de centro, de direita e principalmente de extrema-direita, veremos
que são egoístas, defendem privilégios para uma minoria, defendem políticas de
morte para a maioria e a reprodução da desigualdade social cada vez mais
brutal. Quem vota em políticos de centro, de direita e de extrema-direita está
entregando a chibata na mão de capitães do mato para chibatar a classe
trabalhadora e camponesa. A esquerda não é perfeita, mas tem senso de humanidade,
de empatia, de amor ao próximo e luta pela superação das desigualdades sociais e
injustiças agrária, urbana e ambiental.
Assim como Jesus Cristo, Gandhi, Martin
Luther King, Che Guevara, Zumbi, Dandara, Antônio Conselheiro, camponeses do
Contestado, dom Pedro Casaldáliga, Dom Hélder Câmara, irmã Dorothy Stang, Chico
Mendes, padre Josimo Tavares, padre Ezequiel Ramin, os Sem Terra massacrados em
Corumbiara, em Eldorado dos Carajás, em Felisburgo, o líder indígena Sepé
Tiaraju, cacique Chicão e uma multidão de indígenas massacrados por
capitalistas, colonialistas, fazendeiros, grileiros, empresários do
agronegócio, desmatadores, políticos de direita e de extrema-direita, padre
Júlio Lancellotti vem sendo há décadas perseguido por filhos das trevas, por
quem insiste em reproduzir a brutal desigualdade socioeconômica que campeia no
Brasil. Padre Júlio consola de forma libertadora os violentados por uma
sociedade capitalista e incomoda os opressores e exploradores, pois “põe o dedo
na ferida”, aponta as causas da injustiça social e as soluções que passam
necessariamente por políticas públicas que precisam ser implementadas para
resolver de forma justa as injustiças que abatem sobre o povo marginalizado.
Padre Júlio combina duas características
imprescindíveis do jeito de agir e ensinar de Jesus Cristo: solidariedade e
luta por justiça. Com uma mão, padre Júlio é solidário com os violentados em
situação de rua, com as mulheres vítimas do machismo, do patriarcalismo, do
feminicídio; é solidário com o povo negro vítima das relações sociais
escravocratas, o que reproduz o racismo; é solidário com o povo LGBTQIA+ na
luta pela superação da homofobia para que toda pessoa, sem exceção, seja
respeitada na sua dignidade; é solidário com os sem-terra e sem-teto que lutam
por um pedaço de chão, por teto, pão e liberdade para se libertar da
pesadíssima cruz do aluguel, ou humilhação que é sobreviver de favor nas costas
de parentes ou nas intempéries das ruas; é solidário com os Povos Indígenas
submetidos a genocídio há mais de cinco séculos; enfim, padre Júlio é solidário
com todas as pessoas que são injustiçadas e violentadas na sua dignidade. E com
outra mão, padre Júlio luta por justiça no seu sentido profundo, pois denuncia
as causas e os causadores das injustiças. Padre Júlio não aceita paliativos
para a injustiça que campeia nas ruas de São Paulo e nem que se rotulem as vítimas
das injustiças como se fossem elas as causadoras da violência. Padre Júlio
incomoda, porque denuncia políticos que representam os interesses do grande
capital e as políticas asquerosas e brutais.
Feliz padre Júlio, que é perseguido por
lutar por justiça para os irmãos e irmãs em situação de rua! Feliz padre Júlio,
que, pelo seu jeito humilde de agir, constrói caminhos para a paz como fruto da
justiça!
Padre Júlio, estamos com você, o Deus da
vida está com você. Você, padre Júlio, testemunha a presença de Jesus Cristo no
nosso meio. Mexeu com padre Júlio, mexeu conosco e com milhões de pessoas que
buscam amar o próximo. Enfim, perseguir o padre Júlio Lancellotti é perseguir Jesus
Cristo e seu Evangelho de libertação integral.
06/01/24
Obs.: As
videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.
1 - FREI GILVANDER APÓIA PADRE JÚLIO LANCELLOTTI:
"Apoiá-lo, dever de quem luta por justiça social!"
[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela
FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia
pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em
Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de
“Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte,
MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br
– www.twitter.com/gilvanderluis –
Facebook: Gilvander Moreira III
Nenhum comentário:
Postar um comentário