Trabalhador caiu de torre de 45 metros em trabalho da CYMI no território geraizeiro, Grão Mogol, no norte de MG
Dia 01/06/2020, as comunidades geraizeiras de Vale da s Cancelas, no município de Grão Mogol, no norte de MG, verificaram que várias placas e mourões haviam sido quebrados, algumas placas desapareceram e os arames haviam sido cortados, numa demonstração clara de desrespeito que demonstra, mais uma vez, que a fala dos representantes da empresa Mantiqueira de que reconhecem e respeitam o território e as comunidades é mera retórica. Frisamos que esta não é a primeira vez que isso ocorre, pois uma placa colocada na Fazenda Buriti Pequeno/São Lourenço em outubro de 2019 já havia sido arrancada muito antes empresa ser imitida na posse. Aproveitando o ensejo, cabe reforçar, também, que há muito temos reforçado nossa preocupação, nessa pandemia do novo coronavírus, com a saúde não só dos geraizeiros, mas também dos trabalhadores contratados, principalmente porque entre estes também se encontram geraizeiros. Foi com grande preocupação, portanto, externada em momentos anteriores, que observamos dias atrás a chegada de vários trabalhadores trazidos de outros locais para trabalhar na obra. Aqui, cabe ressaltar que em qualquer município que se chegue hoje a recomendação é ficar em confinamento por, no mínimo, 7 dias de modo a verificar a ocorrência de sintomas da Covid-19. Mas este não foi o caso dos trabalhadores transportados pela empresa CYMI, coligada da empresa Mantiqueira, para o Vale das Cancelas, que já foram postos para trabalhar tão logo chegaram. A esses vieram se somar outros tantos que chegaram à noite de 01 de junho (última segunda-feira) para se somar à verdadeira corrida contra o tempo empreendida pela Mantiqueira para concluir os trabalhos no território, que tem acontecido até mesmo aos sábados e domingos. E eis que recebemos a triste notícia de que um trabalhador da obra, que teria chegado na noite de segunda-feira no Vale das Cancelas para trabalhar, veio a óbito em 02/06/2020, após cair de uma torre. Trata-se de Lucenildo Salustiano de Lima, um trabalhador de 35 anos, natural de de Goiana, no Pernambuco. O comentário dentre os trabalhadores da empresa e de moradores do distrito de Vale das Cancelas é de que, na pressa de iniciar os trabalhos, não lhe foram fornecidos os equipamentos de proteção adequados ao serviço e, estando vulnerável ao fazer seu trabalho na torre nº38/2, ele caiu de uma altura aproximada de 45 metros, não resistiu à queda e morreu subitamente com o impacto da queda. As informações ainda estão sendo investigadas pelos órgãos competentes conforme demonstra o Boletim de Ocorrência anexo (REDS nº 2020-026215791-001), mas esse acontecimento deve ser registrado imediatamente diante do perigo a que os trabalhadores da obra e os geraizeiros estão sendo expostos com a continuidade da obra. Equipamentos não apropriados. 45 metros de altura. Plástico cobrindo o corpo. 02/6/2020 às 10h, a morte. Lucenildo deixou sua esposa viúva e filhos pequenos. Local: Fazenda São Lourenço, Geraizeiros de Buriti/São Lourenço, próximo da Retomada Alvimar Ribeiro dos Santos, em Grão Mogol. Segundo o B.O, os trabalhadores denunciaram a empresa Cymi. Eles não querem voltar a trabalhar, estão inseguros. A empresa quer que eles peçam demissão. A Cymi é do grupo da Mantiqueira do grupo da Brookfield disse que vai trazer mais 40 trabalhadores. E a COVID-19? Grão Mogol não tem condições de atender na área de saúde. “A PM está dando apoio à empresa e derrubando a identidade dos geraizeiros, inclusive o cerrado que está sendo pisoteado por caminhões. Os geraizeiros estão recuperando o cerrado e agora a empresa Mantiqueira destruindo tudo”, afirmam geraizeiros. Os geraizeiros temem que a empresa esteja trazendo novo coronavírus para a região. As Comunidades não foram consultadas previamente sobre o empreendimento, que prescreve a Convenção 169 da OIT, da ONU. Os trabalhadores estão correndo risco de morte e as comunidades também.
Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, SAB e CEBI.
Edição: Frei Gilvander
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