terça-feira, 26 de junho de 2018

Conflito agrário no Norte de Minas: Deputado Federal manda derrubar casa de família camponesa!!!


Conflito agrário no Norte de Minas: Deputado Federal manda derrubar casa de família camponesa!!!

PM de MG e Empresa Rio Rancho S.A, do ex-governador Newton Cardoso,
demolindo casa de família geraizeira no norte de MG, em Padre Carvalho.
Ao fundo, 3 policiais segurando uma senhora geraizeira que se desesperou ao
 ver tudo sendo destruído com trator, dia 21/6/2018

“Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sozinhos no meio da terra!” (Profeta Isaías 5,8).

No início da tarde do dia 21 de Junho de 2018, por volta das 14h00, um grupo formado por policiais da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, um oficial de (in)justiça da Comarca de Salinas e 2 funcionários da empresa Rio Rancho Agropecuária S/A demoliram a casa e destruíram a roça de uma família Camponesa do Território Geraizeiro de Curral de Varas II, município de Padre Carvalho. O oficial apresentou liminar de intimação, e com ela, utilizando o maquinário da empresa Rio Rancho, conduzido pelo gerente da empresa de nome Anderson, conhecido como Tôzinho, fizeram a ação. Segundo os familiares, os PMs os intimidaram de forma verbal, ameaçando-os, inclusive de detê-los por desacato a autoridade.
O conflito agrário no Norte de Minas foi intensificado na década de 1970 quando as terras de ‘chapada’ foram entregues para empresas monocultoras de eucalipto. Neste processo, algumas empresas acumularam gigantescos latifúndios. Seja através da grilagem judicial, de retificações fraudulentas ou simplesmente sem devolver para o Estado Mineiro as terras públicas/devolutas dos arrendamentos já caducos. Processos sempre resguardados pelo Estado e pela violência dos jagunços. Uma das empresas “beneficiadas” é a Empresa Rio Rancho Agropecuária S/A, de propriedade do ex-governador de MG, Newton Cardoso, e seu filho Newton Cardoso Júnior, deputado federal atualmente. 
A família que teve a casa e roça derrubadas é uma das “recantilhadas” e encurraladas pela Empresa Rio Rancho S/A. Cercadas pela monocultura do eucalipto e pela injustiça emanada do poder judiciário. Os camponeses ocuparam uma pequena parcela de terra na chapada, área reivindicada pela empresa Rio Rancho. O conflito agrário envolve muitas famílias e o poder judiciário, injustamente, não reconhece que o conflito é coletivo. Vale ressaltar que a Empresa Rio Rancho está envolvida, nas comarcas de Salinas e de Grão Mogol, em 87 processos judiciais. Fica claro que a judicialização é um caminho da empresa para manter seus latifúndios. No processo judicial, a Empresa Rio Rancho Agropecuária S/A apresenta uma tabela envolvendo as seguintes áreas: Três Capões, Santa Rita, Carinhanha, Ribeirãozinho, Cancela e Bota, em um total de 71.493,13 hectares. Deste montante, 24.907,99 hectares, segundo a própria declaração da empresa, não estão legalizados. O que isto significa? Existe um estudo realizado na região do Território Tradicional Geraizeiro de Vale das Cancelas que indica fortes indícios de grilagem de terras na região legitimado pelo Estado e cartórios das comarcas locais. Tese de doutorado também atesta isso, inclusive.
o ex-governador Newton Cardoso acumula contra ele várias denúncias, processos no poder judiciário e investigações, entre os quais, máfia do Carvão, enriquecimento ilícito e recente investigação da polícia federal. O deputado Newton Cardoso Júnior vem sendo reconhecido como o articulador na Câmara Federal para os descontos milionários aos empresários endividados.
A injustiça impera nos Gerais do Norte de Minas. Os ricos mantêm seus latifúndios frutos de grilagem. O Estado e os Governos mantêm intacta a estrutura da grilagem. Até quando?
Até quando você vai ficar usando rédea? / Rindo da própria tragédia / Até quando você vai ficar usando rédea? / Pobre, rico ou classe média / Até quando você vai levar cascudo mudo? / Muda, muda essa postura / Até quando você vai ficando mudo? / Muda que o medo é um modo de fazer censura” (Gabriel O Pensador).

Assinam essa Nota Pública:
CPT (Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais)
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)

Montes Claros, norte de MG, 26 de junho de 2018.

Assista ao vídeo no link, abaixo.




O senhor de camisa azul listrada, que acompanha o despejo, é João Baltasar, gerente da Empresa Rio Rancho S.A., de Newton Cardoso, dia 21/6/2018. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário