quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG: "Não queremos uma polícia violenta com quem luta por direitos humanos fundamentais." Paz, sim; violência, não!

Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG: "Não queremos uma polícia violenta com quem luta por direitos humanos fundamentais." Paz, sim; violência, não!
Frei Gilvander Moreira.


Em diferentes ocasiões, a Polícia Militar de Minas Gerais tem agido com violência contra os moradores das comunidades da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, o que demonstra a falta de preparo para lidar com a situação de um despejo de tamanha proporção como o determinado pelo Órgão Especial do TJMG dia 28/09/2016: o despejo das 8.000 famílias (30.000 pessoas) das três Ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), comunidades em franco processo de consolidação já com mais de 5.000 casas de alvenaria construídas, em 3,5 anos de luta.
Por exemplo, em 24 de julho de 2014, na ocasião de uma manifestação pacífica pela permanência das ocupações, um policial militar da cavalaria desferiu um golpe de espada contra o morador Dinei Delfino Pereira (foto abaixo), que sofreu ferimento em sua face e esteve por alguns momentos desacordado. Quando a cavalaria passou por cima do povo que bloqueava a pista lateral da MG 010 (Linha Verde), diante da Cidade Administrativa, um policial da cavalaria desferiu uma espadada que retalhou o rosto de Dinei. Por um trisco, Dinei não foi assassinado por um dos policiais da cavalaria. Há vídeos na internet mostrando que a cavalaria passou por cima do povo e voltou em disparada passando novamente por cima do povo. Os cavalos tiveram a destreza de não pisar no Dinei caído e desacordado, após sofrer uma espadada no rosto. Confira, por exemplo, o vídeo disponibilizado no link https://www.youtube.com/watch?v=voc_MrfxV6k Conforme relato da Promotora de Justiça Dra. Nivia Mônica Silva, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Direitos Humanos de Minas Gerais, em resposta à Corte Interamericana de Direitos Humanos (fls.1112/1117-TJ): “foram noticiados ao MPMG casos diversos de violência policial contra moradores das referidas comunidades, em relação aos quais foram instaurados Procedimentos de Investigação Criminal - PICs - no âmbito da 18ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Controle Externo da Atividade Policial em Belo Horizonte. Como exemplo, cumpre destacar o episódio ocorrido em 24 de julho de 2014. Durante a realização de reunião entre lideranças e o poder público em que se demandava a elaboração de proposta alternativa à remoção das famílias da área ocupada, membros das ocupações realizavam manifestação pacífica próximo à sede do poder público estadual, conhecida como Cidade Administrativa, no intuito de sensibilizar os representantes do Governo de Minas para a resolução justa e pacífica do conflito fundiário e social da Izidora, que se tornou o maior conflito de luta pela terra da América Latina e um dos sete maiores do mundo. Na ocasião, quando se manifestava pacificamente, Dinei Delfino Pereira, recebeu golpe de armamento legal (identificado pela vítima e testemunhas como “espada”) em sua face por parte de soldado da cavalaria da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, sofrendo grave ferimento na cabeça.”

Alertamos: Se a PM de MG for despejar as 8.000 famílias (30.000 pessoas) das três Ocupações-comunidades da Izidora, em BH e Santa Luzia, MG, poderá causar um grande massacre. Queremos paz com justiça social. Lutamos em defesa da dignidade humana e por isso lutamos por moradia digna, própria e adequada. Conflito social se resolve de forma justa e pacífica é com Política e não com polícia.

domingo, 6 de novembro de 2016

A criança Alice, das Ocupações da Izidora, entre policiais e um padre: do risco de morte para a celebração da vida em Cristo.

A criança Alice, das Ocupações da Izidora, entre policiais e um padre: do risco de morte para a celebração da vida em Cristo.
Por frei Gilvander Moreira.


Dia 19/06/2015, Alice, com apenas 8 meses, quase foi assassinada pela PM de MG, mas hoje, 06/11/2016, Alice foi batizada em uma igreja católica trazendo alegria para todos nós. Hoje, dia 06/11/2016, enquanto eu celebrava missa e o batismo de três irmãs – Paula, Mirele e Marcela – na igreja da Ocupação-comunidade Dandara, no Céu azul, em Belo Horizonte, MG, era celebrado o batismo de outra criança – ALICE - em uma Igreja do bairro Serra Verde, em Belo Horizonte, MG. Dia 19 de junho de 2015, Alice, com apenas 8 meses de idade, quase foi assassinada pela polícia militar de Minas, no momento em que mais de 2.500 pessoas das Ocupações-comunidades da Izidora foram reprimidas e bombardeadas pela tropa de choque da PM de MG na Linha Verde, próximo à Cidade Administrativa do Governo de Minas, em BH, enquanto o povo marchava pacificamente lutando por moradia e repudiando a iminência de despejos anunciados. No meio da chuva de tiros de bala de borracha houve também uma chuva de bomba de gás lacrimogêneo jogadas por policiais militares. Uma bomba de gás lacrimogêneo jogada do helicóptero da PM caiu no colo de Alice, criança de 8 meses que estava no carrinho de bebê. A mãe Cleiciane, instintivamente retirou a Alice do carrinho e, assim, a bomba caiu no chão e estourou. A mãe saiu correndo com a criança deixando para trás o carrinho de bebê, enquanto tentava salvar sua filha Alice, de 8 meses, sufocada pelo gás de pimenta. Chegou inclusive a correr o boato que a polícia teria matado uma criança, mas, graças a Deus, não era verdade. A mãe ainda guarda a manta queimada pela bomba, manta que envolvia o corpinho de Alice. Resultado dessa repressão: mais de 90 feridos e mais de 40 presos, sem contar os traumas contraídos pelas crianças e idosos sob risco de sofrer infarto. Se a PM de MG agiu assim, imagine se o povo sentir que as 5.000 casas serão derrubadas? Toda ação leva a uma reação. Mas hoje, dia 06 de novembro de 2016, para nossa imensa alegria, Alice foi batizada por um padre e por toda a comunidade para a alegria de sua família e de todas as 8.000 famílias das Ocupações da Izidora. Rose de Freitas, da coordenação da Ocupação-comunidade Esperança, foi madrinha, como atesta as duas fotos, abaixo. Relato esse fato aqui para que nunca mais a PM de MG jogue bomba de gás lacrimogêneo em população civil e muito menos em crianças. Recordo que o Brasil, em 1999, assinou um Tratado Internacional se comprometendo em não usar arma química contra população civil e gás lacrimogêneo é arma química. Que beleza que Alice, com dois anos, está viva, batizada e vivendo com dignidade no seio de sua família na Ocupação-comunidade Esperança, na Izidora. As Ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) são constituídas de 8.000 famílias (30.000 pessoas), que, há 3,5 anos já construíram mais de 5.000 casas de alvenaria e estão sob iminência de despejo com decisão injusta e inconstitucional do TJMG. Trata-se do 7º maior conflito de luta pela terra do mundo e o maior conflito da América Latina. O que se houve no meio do povo é: "Preferimos morrer na luta que aceitar despejo e voltar para a cruz do aluguel.” O batismo de Alice, sobrevivente da repressão da PM dia 19/06/2016, é uma prova cristalina de que a PM de MG não tem condições de fazer os despejos das três ocupações da Izidora sem causar um grande massacre. Tem razão o desembargador Alberto Vilas Boas que, ao votar contra o despejo das Ocupações da Izidora, alertou para o risco de massacre no seu voto dia 28/09/2016 em sessão do Órgão Especial do TJMG que por 18 a 1 decidiu pelo despejo das Ocupações da Izidora. Essa decisão do TJMG entrará para a história como uma de suas decisões injustas e inconstitucionais.  É “líquido e certo” que se houver despejo forçado na Izidora haverá, sim, grande massacre. Isso está previsto no Plano da PM e da Prefeitura de BH de despejo das Ocupações da Izidora, pois dizem inclusive que “haverá ambulâncias para socorrer os feridos”. Em nome de Alice, criança que quase foi assassinada pela PM de MG dia 19/06/2016 e dos milhares de crianças que moram na Izidora, clamamos por negociação justa e ética.  Resistiremos sempre! “Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida...”, conforme canta Gonzaguinha.
Eis, nos links, abaixo, relato denúncia da repressão perpetrada pela PM de MG dia 19/06/2015 na Linha Verde contra o povo das Ocupações da Izidora.
1)   Relato denúncia da mãe Cleiciane e de sua filha: https://www.youtube.com/watch?v=VYUPMom2c1U
2)   Relato denúncia de Eliene e outro ferido na repressão da PM: https://www.youtube.com/watch?v=NdpD6tSFWf0
3)   Registro feito por Ricardo de Freitas, o Kadu, enquanto salvava uma criança do bombardeio da PM de MG, dia 19/06/2016:
4)   Pai e ma~e de seis filhos feridos pela PM na repressão do povo das Ocupações da Izidora, dia 19/06/2015:




quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Alvimar Ribeiro, da CPT: camponês missionário na luta pela terra. 20/07/...

Pode haver intervenção da União caso o Governo de um estado não cumpra decisão judicial que prescreve reintegração de posse?

Pode haver intervenção da União caso o Governo de um estado não cumpra decisão judicial que prescreve reintegração de posse?
Por frei Gilvander Moreira, da CPT.

Para  compreendermos a luta pela terra e por moradia digna, própria e adequada, como um legítimo e constitucional direito social, devemos analisar a fundo a questão da propriedade privada capitalista da terra. Joaquim Modesto Pinto Júnior e Valdez Adriani Farias (2005), no artigo Função Social da Propriedade: dimensões ambiental e trabalhista, afirmam que: “a propriedade não é mais direito absoluto. Com efeito, embora parte da doutrina e jurisprudência, de forma totalmente contrária ao sistema posto, relute em negar proteção absoluta ao direito de propriedade, o fato é que o ordenamento constitucional e infraconstitucional veem que pesa sobre a propriedade uma hipoteca social” (JÚNIOR; FARIAS, 2005: 13).
A esse propósito nos referimos à decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI nº 2213, que diz: “o direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII)”, a propriedade deixa de existir.
Há jurisprudências no sistema judiciário brasileiro em que pedidos de intervenções judiciais da União em estados da federação foram negados. Por exemplo, na primeira semana de agosto de 2014, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou acórdão em que negou, por unanimidade, pedido de intervenção federal no estado do Paraná para compelir o governo do Paraná a realizar reintegração de posse com uso da força ao proprietário da Fazenda São Paulo, no município de Barbosa Ferraz, que tinha escritura e registro, mas não cumpria a função social. Essa decisão do STJ na prática definiu que a propriedade não é um direito absoluto e que, por isso, mesmo que o proprietário tenha conseguido na justiça estadual a reintegração de posse, a execução da determinação judicial causaria muitos danos sociais às 240 famílias de camponeses Sem Terra do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (​MST)​ que tinham ocupado a fazenda por dois motivos principais: por necessidade, isto, porque vários princípios constitucionais, tais​ como, respeito à dignidade humana, função social da propriedade e direito a terra, não estavam sendo oferecidos pelo Estado e, porque a fazenda estava abandonada sem cumprir função social. Logo, para ser coerente com os princípios constitucionais e também com o objetivo da Constituição de 1988 que busca construir uma sociedade que supere as desigualdades e a miséria, a Corte Especial do STJ tomou uma decisão sensata e justa. Essa decisão foi saudada pelo MST, Comissão Pastoral da Terra (​CPT)​ e pela ONG Terra de Direitos, mas foi duramente criticada pela mídia e por advogados e professores de Direito que ainda absolutizam o direito à propriedade.
Conforme o exposto, acima, o justo e constitucional é não haver intervenção da União no Estado de Minas Gerais,​ caso o Governador Fernando Pimentel não autorize a Polícia Militar a realizar a reintegração de posse nos territórios ocupados pelas 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas) das ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG: comunidades em franco processo de consolidação com 3,5 anos de luta e mais de 5.000 casas de alvenaria construídas seguindo Plano Urbanístico feito por professores arquitetos da Associação dos Arquitetos Sem Fronteira (ASF-Brasil).
Embora exista uma decisão judicial que em tese permite a reintegração de posse, tal decisão não pode se colocar acima da dignidade da pessoa humana que é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil e que deveria ser considerada pelo judiciário. Também é um absurdo uma Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público de Minas em defesa das comunidades da Izidora não ter sido julgada, embora esteja “tramitando” no TJMG há 3,5 anos. No caso da Ocupação Dandara, no Céu Azul, em Belo Horizonte, uma Ação Civil Pública foi julgada e acolhida e derrubou decisão de reintegração de posse de uma vara cível. Por que isso não acontece no caso das comunidades da Izidora?
Despejar as três comunidades da Izidora, três bairros-irmãos, seria desrespeitar vários princípios da Constituição Federal de 1988, negligenciar o princípio bíblico segundo o qual “a terra pertence a Deus” e cair na temeridade de um massacre de proporções inimagináveis. O povo das comunidades da Izidora segue alertando as autoridades que tentativa de despejo forçado pode causar um banho de sangue na capital mineira. Isso seria crime hediondo. Por respeito à dignidade humana e por moradia digna seguimos lutando. Negociação justa,sim; despejo, jamais!
Referências.
PINTO JÚNIOR, Joaquim Modesto; FARIAS, Valdez Adriani. Função social da propriedade: dimensões ambiental e trabalhista. Brasília: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2005.
Reportagem “Quando ocupar é um direito: decisão do STJ repercute na mídia” e quatro artigos que discutem a decisão do STJ, no link a seguir: http://terradedireitos.org.br/2014/08/27/quando-ocupar-e-um-direito-decisao-do-stj-repercute-na-midia/ , acesso dia 02/11/2016 às 18:04h.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 03/11/2016.
Face: Gilvander Moreira


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"Despejo na Izidora será uma carnificina", denunciam Edna e Eliene em Br...

O filme NA MISSÃO COM KADU está sendo apresentado em cinemas de várias capitais do Brasil: denúncia veemente à truculência da PM de MG.

O filme NA MISSÃO COM KADU está sendo apresentado em cinemas de várias capitais do Brasil: denúncia veemente à truculência da PM de MG.

Por Alexandre Figueirôa. 1 de novembro de 2016.
O terceiro dia do Janela, por Vitor Jucá/Divulgação.

O segundo programa da mostra competitiva de curtas do 9º Janela Internacional de Cinema do Recife acendeu, mais uma vez, no público presente no cinema São Luiz, na tarde desta segunda-feira, 31/10/2016, o espírito de indignação e revolta contra os desmandos das forças políticas conservadoras brasileiras e dos seus braços armados, no caso, a Polícia Militar de Minas Gerais. O filme Na missão, com Kadu, sobre a repressão ao movimento de uma ocupação na cidade de Belo Horizonte, causou uma inesperada catarse na plateia que externou sua reação com choro copioso de alguns presentes e palavras de ordem ao final da sessão.
Na Missão com Kadu é um filme-documentário realizado pelo pernambucano Pedro Maia de Brito e o mineiro Aiano Benfica que junta imagens de depoimentos colhidas pelos cineastas com imagens feitas por um celular pelo líder comunitário Ricardo de Freitas Miranda, o Kadu, durante uma passeata realizada pelos moradores da Ocupação Vitória, na Izidora, região periférica de Belo Horizonte. Os manifestantes se dirigiam ao Centro Administrativo do governo mineiro em junho de 2015 e foram reprimidos de forma brutal, o que resultou na prisão de cerca de cem pessoas e ferimentos em várias delas por balas de borracha, incluindo crianças, atingidas por bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
O filme NA MISSÃO COM KADU é uma denúncia contundente contra a ação da Polícia Militar e tem sido usado pelos ocupantes para tentar sensibilizar a Justiça mineira dos arbítrios cometidos para definir o direito de uso da área invadida. Existem sérias dúvidas quanto à legalidade de posse da mesma pelos que dizem ser seus proprietários e questiona-se também o uso da violência contra uma reivindicação legítima. O caso torna-se ainda mais dramático quando no final do filme tomamos conhecimento que o líder comunitário Kadu foi assassinado numa emboscada quatro meses depois da manifestação.
O filme NA MISSÃO COM KADU já foi apresentado em cinemas de várias capitais do Brasil e seguirá sendo apresentado em cinemas de outras capitais. Essas apresentações integram a Rede de Apoio RESISTE IZIDORA que não aceita despejo forçado de 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas) das Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG: comunidades em franco processo de consolidação com 3,5 anos de luta e mais de 5.000 casas de alvenaria construídas seguindo Plano Urbanístico feito por professores arquitetos da Associação dos Arquitetos Sem Fronteira-Brasil. Negociação justa, aceitamos; despejos, jamais! O povo segue alertando as autoridades que tentativa de despejo forçado pode causar um massacre de proporções inimagináveis.

Obs.: A íntegra da reportagem está no link, abaixo:


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

IZIDORA 27/09/16 - Audiência Pública e Passeata até o TJMG.

Mc Salve - Resiste Izidora

Em defesa do povo das ocupações de Belo Horizonte.

Em defesa do povo das ocupações de Belo Horizonte.

Frei Gilvander Luís Moreira, em Audiência Pública na ALMG, na Comissão de Participação Popular, dia 14/07/2016, em Belo Horizonte, MG.


“Bom dia a todos e a todas. Estou muito emocionado e para lá de indignado. Primeiro quero agradecer a sensibilidade da deputada Marília Campos, do deputado Cristiano Silveira e de todas as lideranças presentes. Parabenizo o povo que está na luta. Parabéns! Não podemos arredar nem um milímetro da luta. Acompanhei de perto esse despejo covarde, inconstitucional, ilegal e truculento das Ocupações Maria Vitória e Maria Guerreira, no dia 20 de junho último. Para mim, foi um dos mais dramáticos e injustos despejos já acontecidos. Chegaram ao cúmulo de prender a jornalista Verônica Pimenta, da Rádio Inconfidência. Várias outras lideranças foram ameaçadas de prisão. Eu, Frei Gilvander, fui proibido pelo Maj. Cláudio de voltar para o interior da ocupação. Bem-vinda, D. Cláudia do Amaral, grande lutadora, defensora dos direitos humanos. Deputada Marília, quero lembrar aqui um pano de fundo. A continuar o poder público – prefeitura, governo de Minas, Polícia Militar, Guarda Municipal e Tribunal de Justiça – insensível aos clamores ensurdecedores de milhares de famílias sem casa, estaremos fortalecendo uma guerra civil não declarada. Nos últimos 10 anos, a Prefeitura de Belo Horizonte destruiu e demoliu mais de 14 mil moradias. Para quê? Para arrumar moradias para os automóveis, para alargar avenidas e para fazer
viadutos. Os carros têm mais dignidade que o ser humano? Não está escrito na Constituição brasileira que a dignidade humana tem que ser respeitada? E o povo está sendo escorraçado. Nesses últimos 10 anos, mais de 50 mil famílias em Minas Gerais foram forçadas a ir para ocupações urbanas. Foram cerca de 15 mil famílias só em Uberlândia, cerca de 25 mil famílias só em Belo Horizonte e cerca de 35 mil famílias em Belo Horizonte e na região metropolitana. E 50 mil famílias significa mais de 200 mil pessoas. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA - fez uma pesquisa mostrando que, de 2007 a 2012, por 5 anos, Belo Horizonte foi a segunda capital do Brasil que mais aumentou seu déficit habitacional. Em apenas 5 anos, de 2007 a 2012, o déficit habitacional em Belo Horizonte aumentou em 123 mil moradias, segundo o IPEA. Nesses últimos 10 anos, a prefeitura demoliu 14 mil moradias, mas o povo, nas ocupações, construiu, na raça, cerca de 13 mil moradias. Vejam bem que a pesquisa do IPEA é de 2007 a 2012, são 5 anos, quando o déficit habitacional aumentou em 123 mil casas. Em junho de 2013, houve aquelas grandes manifestações populares no Brasil. Em junho, julho, até outubro de 2013, 11 mil famílias foram para as ocupações William Rosa e para as três Ocupações da Izidora. Isso é uma covardia.
Quero denunciar também que é uma mentira descarada do Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, que continua com uma cantilena, dizendo: “Em Belo Horizonte não tem terreno para fazer moradia popular”. Isso é mentira! O Ministério Público e a Defensoria Pública têm seis ações civis públicas apoiando as ocupações da região do Barreiro, onde há quase 3 mil famílias. Ali são 150ha, 1.500.000m2, que, até 1992, no século passado, eram terras públicas devolutas do governo de Minas, que foram, de forma ilegal, por preço de banana, por preço irrisório e sem licitação,
repassadas para empresas a fim de construírem parque industrial e fazer especulações. Por lá já passaram: Marcos Valério, Bradesco, Banco Real e tudo o mais. Então, só no Barreiro, se a prefeitura e o governo de Minas quiserem, próximo às ocupações Camilo Torres, Irmã Dorothy, Nelson Mandela, Eliana Silva, Paulo Freire, Corumbiara, há 150ha muito mal ocupados por empresas e parcialmente vagos. Na região da Izidora, onde estão três ocupações, são 8 mil famílias que, nos últimos três anos, construíram cerca de 5 mil moradias, na raça. Ali também há fortes indícios - já denunciados aqui na Assembleia Legislativa, pelo nosso querido Padre Piggi, depois de uma pesquisa aprofundada feita nos cartórios de Belo Horizonte e Santa Luzia - de que toda a região do Isidoro são terras griladas que eram do governo de Minas no início do século XX.
Lá tem espaço de sobra também para regularizar as ocupações, fazendo um acordo justo, e há ainda outros espaços para construir. Mas, ali no Jardim Xodó, pertinho do Zilah Sposito, do Jaqueline, há um empreendimento do Minha Casa, Minha Vida, com os prédios quase prontos, parado há mais de cinco anos. No início do ano passado, a ocupação Chico Xavier ocupou lá por uma semana, cerca de 100 famílias, mas a tropa de choque foi até lá e expulsou o pessoal. Os prédios continuam inacabados há mais de cinco anos. A prefeitura de Belo Horizonte, segundo sabemos, tem mais de 100 terrenos e imóveis que o prefeito Marcio Lacerda já passou para o tal BH Ativos, empresa que criou, e quer vender. Então, é mentira dizer que não tem terreno. Termino dizendo que o Edésio Fernandes, natural de Belo Horizonte, que hoje é professor na Universidade de Londres, na Inglaterra, tem estudos demonstrando que Belo Horizonte é uma das capitais que tem o maior índice de especulação imobiliária do mundo. Deputado Cristiano, deputada Marília, tem de se aprovar na Assembleia Legislativa um jeito de coibir a imensa especulação imobiliária, porque o povo não pode viver no ar. Se até passarinho precisa de ninho para viver, o povo está de parabéns, porque não dá para viver no ar. A cruz do aluguel está tão pesada que não dá mais para carregar, estão arrastando. Ninguém é obrigado a viver debaixo da pesadíssima cruz do aluguel, nas costas de parentes, etc. Tem de aparecer, sim, terrenos para encaminhar, para ontem, moradia para
essas 200 famílias que foram covardemente despejadas das ocupações
Maria Vitória, Maria Guerreira e Jardim Filadélfia. Parabéns a todos que estão nessa luta. Termino dizendo a todo mundo que está aqui e sentiu isso na pele para não perder a oportunidade. Na hora em que a deputada terminar, tenham a coragem, levantem o dedo, peçam para falar e o façam em alto e bom som, porque eu trouxe a câmara para a gente registrar e colocar na internet. Eu nem sabia e fiquei arrepiado em saber que a Guarda Municipal tinha até torturado. Isso é coisa para lá de grave. Como é que se tortura e os caras continuam livres? Nosso repúdio, dizendo que há, sim, formas de se encaminhar essa questão habitacional. Continuar reprimindo é burrice, só alimenta a guerra civil não declarada, só aumenta o número de ocupações. O povo é digno e tem de ser respeitado. Obrigado.” (- Palmas.)


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Decisão judicial, de 2011, sobre Ocupação em Uberaba, MG, pode inspirar solução justa para o Conflito das Ocupações da Izidora.

Decisão judicial, de 2011, sobre Ocupação em Uberaba, MG, pode inspirar solução justa para o Conflito das Ocupações da Izidora.
Por frei Gilvander Luís Moreira.



O conflito fundiário e social das ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, conflito que envolve diretamente cerca de 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas) que em 3,5 anos já construíram mais de 5.000 casas de alvenaria e, por isso, se tornaram comunidades-bairros em franco processo de consolidação, se tornou o maior conflito por terra da América Afrolatíndia e um dos sete maiores conflitos de luta pela terra do mundo. Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas (TJMG), confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, em 19 de dezembro de 2011, aponta o rumo de uma resolução justa para esse gravíssimo problema social que jamais se resolverá pacificamente com polícia e repressão. Eis, abaixo, a decisão sobre pedido de reintegração de posse em uma área ocupada pelo MST, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, MG, ocupação que se tornou o Bairro Estrela da Vitória.
O teor da DECISÃO do ministro Luís Felipe Salomão, relator do caso, da 4ª turma do STJ diz: “Confirmada decisão que negou reintegração de posse contra bairro de Uberaba. Diante da impossibilidade prática para cumprimento da ordem de reintegração de posse, o provimento jurisdicional pode ser convertido em perdas e danos.” Com esse entendimento, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) referendou decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em processo envolvendo pedido de reintegração de uma área que se transformou em populoso bairro da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, MG. A empresa Centro-Oeste Empreendimentos Imobiliários Ltda tinha ajuizado ação de reintegração de posse de imóvel situado nas margens da Rodovia Uberaba-Campo Florido. A área tinha sido ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e posteriormente se tornou um bairro consolidado onde vivem centenas de famílias devidamente atendidas pelo serviço público municipal.
A justiça mineira reconheceu o direito do recorrente, mas diante da existência de inúmeras edificações e moradores no local, após tantos anos de disputa judicial, negou o direito à reintegração de posse em prevalência do interesse público, social e coletivo. Diante desse quadro, converteu a medida reintegratória em perdas e danos, devendo o valor ser apurado em posterior liquidação por arbitramento (procedimento em que se apura o montante devido mediante perito, que indicará o preço do imóvel). A empresa recorreu ao STJ sustentando, entre outros pontos, que ao determinar a prevalência do direito social sobre o individual, o acórdão recorrido teria legitimado a ação dos ocupantes e violado o estado de direito. Alegou, ainda, que a conversão em perdas e danos não foi sequer solicitada pela autora, que sempre buscou a efetiva proteção possessória.
Em voto repleto de doutrinas, teses e precedentes, o ministro Luis Felipe Salomão discorreu sobre os princípios da proporcionalidade e da ponderação como forma de o Judiciário dar aos litígios solução justa, serena e eficiente. O relator ressaltou que o imóvel originalmente reivindicado não existe mais, já que no lugar do terreno antes objeto de comodato surgiu um bairro com vida própria e dotado de infraestrutura urbana.
Segundo o ministro Salomão, não pode ser desconsiderado o surgimento do bairro, onde inúmeras famílias construíram suas vidas, sob pena de cometer-se injustiça maior a pretexto de fazer justiça. “É justamente com base nessas ideias que, na ponderação entre a proteção e efetivação dos direitos à moradia, ao mínimo existencial e, última análise, mas não menos relevante, do direito à vida com dignidade, que se chega à conclusão pela impossibilidade, no caso concreto, da reintegração da posse”, enfatizou o relator ministro Salomão.
Para o ministro Luis Felipe Salomão, consideradas as peculiaridades do caso concreto e as circunstâncias fáticas narradas no acórdão, é fácil perceber que a retirada dos atuais ocupantes da área proporcionaria mais danos, além de consequências imprevisíveis e indesejáveis.
A votação no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, que rejeitou o recurso especial e manteve a decisão que negou a reintegração de posse e converteu-a em perdas e danos foi unânime na 4ª turma do STJ. Esta notícia[1] refere-se ao processo: REsp 1302736.
Eis um raio de luz como a estrela de Belém apontando um caminho a ser seguido para a resolução justa e pacífica do gravíssimo conflito da Izidora, sem que aconteça um grande massacre.


terça-feira, 18 de outubro de 2016

DEPOIS DE QUASE 1 ANO, GOVERNO PIMENTEL SE REÚNE COM REPRESENTANTES DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA.

DEPOIS DE QUASE 1 ANO, GOVERNO PIMENTEL SE REÚNE COM REPRESENTANTES DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA.                    

Hoje, dia 18/10/2016, após mais uma Marcha do Povo das ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), das 10:00h às 12:30h, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, MG, após muita insistência, quase 1 ano de lutas e a recente decisão do Tribunal de (IN)justiça de Minas Gerais (tjmg) determinando o despejo das comunidades da Izidora – 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas, com mais de 5.000 casas de alvenaria construídas -, a Mesa de Negociação do Estado de Minas Gerais, em reunião presidida por Lígia Maria Alves Pereira, chefa de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), foi reaberta com as ocupações Esperança, Vitória e Rosa Leão, da região da Izidora, nas cidade de BH e Santa Luzia/MG. Estiveram presentes representantes do Governo de Minas de várias secretariais, mandatos dos deputados Rogério Correia (estadual) e Padre João (Federal), a deputada estadual Marília Campos, representante da Construtora Direcional e da empresa Granja Werneck S.A, a professora Viviane, da PUC MINAS, Dra. Cleide Nepomuceno, da Defensoria Pública de MG, Dra. Cláudia Amaral, do Ministério Público de MG, coordenações das comunidades da Izidora e militantes do MLB, CPT e Brigadas Populares, além de advogados do Coletivo Margarida Alves. Foi encaminhado que haverá cadastramento socioeconômico pelo Estado de Minas Gerais, em conjunto com as coordenações, movimentos sociais e demais interessados, para assim se verificar as condições das comunidades, aferindo-as as premissas para a realização da negociação, que terão reuniões semanais para tratar desse cadastramento e demais detalhes da negociação. Para isso foi criado uma Câmara Setorial do Cadastro que será integrada por representantes do Governo de MG, das Universidades, dos movimentos populares e das coordenações da Izidora. Ficou também acertado que representantes do Governo de Minas Gerais fará uma visita às comunidades em data próxima a ser definida.                        Infelizmente, mais uma vez o Prefeito Márcio Lacerda não mandou nenhum representante, mostrando sua intransigência e indisposição de diálogo com o povo. O representante da Direcional e da Granja Werneck insistiu que está de pé o projeto de Construção do MCMV no local. Contudo, não está afastada nenhuma hipótese de despejo, já que o mandado de despejo não está suspenso. Esperamos que esse processo de negociação seja justo e digno, pois do contrário, se a Polícia Militar for tentar despejar, haverá um massacre de grandes proporções, já que a Izidora é o maior conflito fundiário e social da América Latina e um dos sete maiores do Mundo, conforme já reconhecido pelo Tribunal Popular Internacional de Despejos, em Quito, no Equador, ontem, dia 17/10/2016.
Por fim, alertamos que nada está ganho, pois o Estado capitalista jamais cedeu nada se não se estivesse diante da mobilização forte e coesa do povo trabalhador.        

ENQUANTO MORAR DIGNAMENTE FOR UM PRIVILÉGIO, OCUPAR É UM DIREITO!

#ResisteIzidora       
      
Assinam essa nota pública:
 Coordenações das comunidades Rosa Leão, Vitória e Esperança, Brigadas Populares (BPs), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Coletivo Margarida Alves.

Belo Horizonte/MG, 18 de Outubro de 2016.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento do Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador.

    Ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento do Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador.

     As ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento no Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador, hoje, dia 17/10/2016. O conflito fundiário e social da Izidora se tornou o maior da América Latina e um dos 7 maiores do mundo. O mundo está de olho na Izidora. O povo da Izidora já avisou mil vezes que não aceita despejo das 8.000 famílias. Se forem tentar despejar, será um massacre de proporções inimagináveis. Negociação justa e idônea, sim.









sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ocupações da Izidora, em BH, em busca de negociação justa e idônea Cada...

Despejar as Ocupações da Izidora, em BH, não é humano. Edna Gonçalves e ...

Ocupações da Izidora. Profa. Rita Liberato e frei Gilvander: SEJAM SENSÍ...

#resisteizidora - REUNIÃO DA MESA NEGOCIADORA do Governo de MG com as Ocupações da Izidora. "Depois do despejo, não será cadastro, mas sim contagem de mortos".

#resisteizidora - REUNIÃO DA MESA NEGOCIADORA do Governo de MG com as Ocupações da Izidora. "Depois do despejo, não será cadastro, mas sim contagem de mortos".

Quinta-feira, 13/10, na Assembleia Legislativa de MG, a chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), Lígia Maria Alves Pereira, sinalizou que o Estado irá apresentar uma proposta de cadastro das famílias das ocupações da Izidora no dia 18/10. A resposta veio após a Prefeitura de Belo Horizonte se negar a realizar o cadastro e a participar de qualquer negociação.
Segundo a representante do Estado, esse cadastro poderá ser feito antes, durante ou depois do despejo, o que não dá nenhuma garantia de segurança às 30 mil pessoas que fazem parte das ocupações-comunidades-bairros da Izidora.
A moradora Charlene Egídio, da Ocupação Rosa Leão, coloca bem a gravidade da situação: "Depois do despejo não será cadastro, mas sim contagem de mortos".
Participaram da Mesa Negociadora as coordenações das ocupações da Izidora, Brigadas PopularesMLB - Minas GeraisCPT-MG Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais, a deputada Marilia Campos, professores, representantes da Sedese e Casa Civil assessoria jurídica do Governo.
Exigimos cadastro justo e negociado dos moradores e a PBH.

Obs.: Se for acontecer o cadastro, só será cadastrado as famílias que estiverem morando em barracos de lona, de madeirite ou em casa de alvenaria. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Bispo dom Joaquim Mol com as Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte/MG....

JFC na luta com as Ocupações da Izidora, em BH e Santa Luzia, MG.

JFC na luta com as Ocupações da Izidora, em BH e Santa Luzia, MG.
#resisteizidora - Cerca de 30.000 pessoas das três Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG (8.000 famílias) estão sob ameaça muito grave de despejo, mas já são 3,5 anos de luta e o povo já construiu mais de 5.000 casas de alvenaria. São comunidades-bairros em franco processo de consolidação. Assista e divulgue o vídeo no link, abaixo, em apoio à luta justa e necessária por moradia própria e digna. #resisteizidora
https://www.youtube.com/watch?v=GwOaBSYz7us&feature=youtu.be

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Dep. Jô Moraes (PCdoB-MG) se diz preocupada com despejo de famílias em B...

Nota técnica da ASF - Arquitetos Sem Fronteiras Brasil – contra os despejos das Ocupações-comunidades da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.


Nota técnica da ASF - Arquitetos Sem Fronteiras Brasil – à Prefeita de Santa Luzia, MG, Roseli Pimentel, e a todo seu secretariado, inclusive seu procurador. 


À Prefeita de Santa Luzia, MG, Roseli Pimentel
A seus/as secretárias/os e procurador.

Argumentos contra o despejo das Ocupações-comunidades da  Izidora:
1)   O fato é em si inominável: jogar no chão cerca de 5000 casas, expulsar cerca de 8000 famílias.

2)   Ao autoproduzir o espaço, os moradores das ocupações da Izidora mostram-nos que, para sobreviver, não podem depender nem da produção imobiliária formal nem daquela de iniciativa estatal, ambas inacessíveis - a eles e a muitos outros, sem casa, isto é, a única solução para a sua moradia é, nas circunstâncias, de fato a que autoproduziram: não fosse assim, não haveria ocupações urbanas.

3)    De 2013 a 2016 os moradores da Izidora construíram sozinhos, com seus próprios recursos e esforços, mais unidades habitacionais do que duas gestões sucessivas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, com verbas federais.  Não há garantia, portanto, a despeito do que se possa argumentar, de que o poder público tenha a capacidade de dar solução para a moradia daquelas pessoas, uma vez despejadas.

4)   Despejos forçados no Brasil, além de violentos em si, a despeito de medidas chamadas humanitárias, resultam em mais pessoas sem-casa, na piora e não na melhoria das condições de moradia e de vida dos despejados.   


5)   Os impactos do despejo forçado daquelas milhares de famílias serão sentidos nos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.  Os moradores despejados irão buscar moradia nas regiões próximas, onde o aluguel é mais barato ou onde há áreas vazias ou subutilizadas. Assim, trata-se, apenas de deslocar o problema, que apenas se agrava. O déficit habitacional da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a pressão por habitação social aumentarão exponencialmente, com a constituição de periferias cada vez mais precárias e reprodutoras da exclusão social e econômica.

6)   Os parcos serviços públicos oferecidos na região, densamente ocupada e insuficientemente servida, serão sobrecarregados com o aprofundamento das carências relativas à saúde, à assistência social, à educação, à segurança pública, com graves consequências associadas à violência urbana.


7)   Do ponto vista do campo da Arquitetura e do Urbanismo, a melhor solução para o caso Izidora seria manter ali aquelas famílias, qualificando-se o seu espaço, por que:

- toda demolição de edificações é insustentável; implica no desperdício tanto dos recursos materiais e energéticos consumidos para a sua construção, quanto do próprio processo de transformação do território para a sua inserção, isto é, a demolição de casas, equipamentos comunitários, ruas e largos, independente do seu padrão, representa um enorme prejuízo ambiental, enquanto sua qualificação representa um ganho, na medida em que todos – moradores da metrópole e do planeta- nos beneficiamos do aproveitamento dos recursos ali já empregados;

- as ocupações Esperança, Rosa Leão e Vitória, dadas as suas organizações socioespaciais, não se distinguem do que denominamos bairros, exceto pelo seu não reconhecimento pelo Estado;

- o espaço autoproduzido, como o é o das ocupações urbanas, guarda, ao contrário do que se possa pensar, um enorme potencial de recuperação ambiental, diferente do espaço da chamada cidade formal, onde a urbanização completa dá-se segundo um modelo de saneamento que conduz à degradação ambiental: do solo, da água, do ar, com alta geração de resíduos e prejuízos à vida;

- existem políticas públicas urbanas e habitacionais para reconhecer, qualificar e consolidar ocupações como áreas de interesse social (vide a Política Municipal de Habitação de Belo Horizonte).

8)   A noção função social da propriedade, trazida na Constituição Brasileira de 1988 e regulamentada na Lei Federal Estatuto da Cidade, é reconhecida e legitimada pelos planos diretores dos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A manutenção de áreas vazias ou subutilizadas na cidade é criminosa. Até agora, os moradores das ocupações estão dando utilidade àquele território, mantido vazio por cerca de 70 anos.
9)   A Operação Urbana Simplificada do Isidoro não é o instrumento adequado para a ocupação sustentável daquela região, a maior e última extensão de área natural pouco transformada, em vetor de expansão e de adensamento urbanos, com alta vulnerabilidade social. Qualquer instrumento de política urbana para aquela região deve considerar a sua cabal realidade, e envolver todos os agentes interessados e afetados, entre os quais a Prefeitura Municipal de Santa Luzia, até agora alijada da negociação em curso. O modelo de transformação do território colocado pelo empreendimento e expresso no próprio licenciamento ambiental não condizem com os avanços do planejamento ambiental urbano, em especial a consideração da bacia hidrográfica como principal unidade de planejamento.

Documento da ASS – Arquitetos Sem Fronteiras Brasil, protocolado na Prefeitura de Santa Luzia na manhã do dia 05/10/2016.

Santa Luzia, MG, Brasil, 05 de outubro de 2016.

35 anos de aluguel e agora libertado da cruz do aluguel na Ocupação Vitó...

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Tribunal de (In)justiça permite despejo sem negociação e sem alternativa nas Ocupações da Izidora. Nota Pública.

Tribunal de (In)justiça permite despejo sem negociação e sem alternativa nas Ocupações da Izidora.
Nota Pública.
        
As Coordenações das ocupações urbanas da Izidora (Rosa Leão, Vitória e Esperança), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, e os movimentos sociais de luta pela moradia (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB -, Comissão Pastoral da Terra – CPT - e as Brigadas Populares) vêm a público expor sua indignação com a decisão que o Órgão Especial do Tribunal de (in)Justiça de Minas Gerais tomou, ontem, na fatídica tarde do dia 28 de setembro de 2016.
         O Mandado de segurança foi impetrado contra o Governador do Estado de Minas Gerais e contra o Comandante-Geral da Polícia Militar em razão do despreparo do poder público para executar o despejo garantindo os direitos básicos dos moradores, de acordo com as normativas nacionais e internacionais sobre remoção forçada. Dos 19 desembargadores aptos a votar, apenas 6 se manifestaram no sentido de  permitir que fosse retomada uma mesa de mediação, através do CEJUS Social - Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania para Demandas Territoriais, Urbanas e Rurais, e de Grande Repercussão Social  - do TJMG, para se buscar uma solução justa e conciliatória que evite o despejo violento e forçado, e, após tal proposta ter sido rejeitada, apenas 1 desembargador votou pelo reconhecimento de que o Estado de Minas Gerais, inclusive a  Polícia Militar, não demonstrou ter capacidade para remover as famílias sem a violação de direitos humanos e lhes oferecer uma alternativa digna. Assim, 18 desembargadores derrubaram o Mandado de Segurança que, com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça , impedia os despejos das Ocupações da Izidora  desde setembro de 2015. E, injustamente, decidiram autorizar o Governador Pimentel a mandar a Polícia Militar despejar as 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas), com milhares de crianças e mais de 5.000 casas de alvenaria construídas, destruindo 3 comunidades consolidadas sem oferecer nenhuma alternativa.
         Os votos dos desembargadores em geral foram estarrecedores e totalmente distantes da realidade do povo. Ouvimos discursos absurdos, tais como o de que o mandado de segurança impetrado pela defesa das ocupações da Izidora, assim como uma partida de futebol, deveria se encerrar, pois só gosta de prorrogação o time que está perdendo e o processo já estava muito demorado. “Devemos tomar uma decisão, qualquer que seja” - proferiram.  Houve até desembargador que chamou a PM/MG de gloriosa! Em síntese, disseram que o Estado de MG e a PM/MG tem condições de fazer os despejos sem violar os direitos das milhares de famílias que moram na Izidora, apesar de falta de cadastramento prévio dos moradores, da absoluta ausência de proposta de reassentamento digno, da não garantia da proteção dos direitos das crianças e adolescentes. A realidade é que a atuação da PM de MG tem sido muito cruel e violenta. Basta recordar:

a)   O dia 19/06/2015, em que a PM de MG, ao reprimir bombardeando 2.000 pessoas das Ocupações da Izidora, na Linha Verde, perto da Cidade Administrativa, feriu diretamente 90 pessoas, prendeu 40 pessoas e quase matou Alice, uma criança de apenas 8 meses que teve uma bomba de gás lacrimogêneo jogada no seu carrinho a partir do helicóptero da PM. Vídeo denúncia no link: https://www.youtube.com/watch?v=voc_MrfxV6k e também no link: https://www.youtube.com/watch?v=NrDTz5_rlQ8

b)   O despejo as Ocupações Maria Guerreira e Maria Vitória, dia 20/06/2016, sem nenhuma alternativa digna prévia, inclusive prendendo a jornalista Verônica Pimenta, da Rádio Inconfidência, além de fazer cerco na ocupação impedindo o acesso de apoiadores/ras;

c)   O despejo da Ocupação Maria Bonita, das Brigadas Populares, dia 30/07/2016, SEM QUALQUER ORDEM JUDICIAL E COM FLAGRANTE FORJADO PELA PM. Vídeo denúncia no link: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=262833144101740&id=260501254334929

d)   a repressão da Manifestação pacífica contra o aumento ilegal da tarifa de transporte público em BH em agosto de 2015;

e)   O despejo da Ocupação Temer Jamais, do MLB, com 300 famílias que lutavam para se libertar da cruz do aluguel, SEM QUALQUER ORDEM JUDICIAL E COM FLAGRANTE FORJADO PELA PM. Vídeo denúncia no link: https://www.facebook.com/mlbminas/videos/994085500700239/

f) a violência policial na Ocupação William Rosa, em Contagem, MG, em inúmeras vezes, com chuva de bomba, ferindo e espalhando o terror, e a repressão das lutas e marchas dessa ocupação no ano de 2016.
         Toda a injustiça da decisão do órgão especial do TJMG, de ontem, foi praticada, em que pese nos autos do processo haver parecer do Ministério Público de MG opinando favoravelmente aos argumentos da defesa das ocupações, além da realização de sustentações orais também pela Ordem dos Advogados de Minas Gerais (OAB/MG) e pelo  Sindicato dos Advogados no sentido de mostrar a preocupação com a tragédia que poderá vir com nova tentativa de despejos forçados. Ainda, recentemente o Tribunal Internacional de Despejo selecionou os sete casos mais graves do mundo inteiro em matéria de remoção forçada pra ir ao seu júri agora em outubro, no Equador, e o caso da Izidora foi um dos escolhidos. Além disso, a própria ONU questionou o Estado Brasileiro sobre o conflito da Izidora e simplesmente não foi respondida. É um caso, portanto, de grande dimensão social e repercussão internacional.
         Após o julgamento várias moradoras e moradores que passaram mal ao se ter a notícia do resultado do julgamento e tiveram que ser levados ao pronto socorro. Não é por menos, já que por 3,5 anos, cerca de 8.000 famílias conseguiram se livrar da cruz do aluguel ou da humilhação da moradia de favor, conseguiram construir a duras penas mais de 5.000 casas de alvenaria nas terras antes abandonadas e sem função social na região da Izidora. Autoconstrução realizada com o apoio de técnicos e universidades, em consonância com a legislação urbanística e ambiental. Com certeza já estão se lembrando da época em que não tinham condições de comprar o mínimo de alimentos e outros itens de necessidade primária para terem que pagar pesados aluguéis. ENFIM, JÁ ESTÃO SE LEMBRANDO DA ÉPOCA EM QUE SUA CIDADANIA ERA AINDA MAIS VIOLENTADA! A decisão do TJMG disseminou terror psicológico e tirou o sono do povo, mas aumentou muito a indignação e a revolta das 8.000 famílias.
         É de causar grande indignação vermos um tribunal formado por pessoas cercadas de privilégios e mordomias tomar essa decisão. Vale lembrar que os juízes brasileiros tem uma média de salário de 40 mil reais, além de receberem auxílio moradia de mais de R$4.000,00, mesmo diante do atual momento de crise econômica. SÃO EM SUA MAIORIA HOMENS  BRANCOS, HETEROSSEXUAIS E RICOS. OU SEJA, SÃO PESSOAS PRIVILEGIADAS!
         As ocupações urbanas da Izidora, bem como outras dezenas de ocupações existentes em Belo Horizonte e em todo o estado de MG, surgem exatamente da falta de políticas públicas de moradia popular. São vários os dados fornecidos pelo próprio poder público que mostram o crescimento do déficit habitacional. Imaginem agora com o fim da faixa 1 (famílias mais pobres) do programa Minha Casa Minha Vida, determinado pelo governo golpista e ilegítimo de Michel Temer. Um dos desembargadores alegou que o despejo tinha que ser feito(derrubando 5.000 casas de alvenaria), porque será construído no local 9.000 apartamentos do MCMV. Isso é mentira, porque proposta-promessa de Minha casa Minha Vida para a Izidora acabou. Nos últimos dois anos, o Governo Federal disse que não tinha dinheiro e que o dinheiro viria do MCMV 3, mas o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer acabou com o MCMV Faixa 1 (de zero a 1.600 reais de renda familiar). Disseram que vão investir apenas em MCMV para famílias com renda acima de 3 salários mínimos. Logo, os desembargadores decidiram a partir de mentiras.
         Existem mais de 300 conflitos sociofundiários em Minas Gerais e todas as ocupações estão sob grave risco, inclusive as consolidadas como a Guarani Kaiowa e a Eliana Silva. O Poder Judiciário mineiro lavou suas mãos perante a negligência e truculência do Estado de Minas Gerais, que em Audiência Pública na Assembleia Legislativa no dia anterior, por meio do Presidente da Cohab disse que o Governador Fernando Pimentel era o mais interessado na resolução pacífica do conflito.  Logo depois, sustentou perante o Tribunal que a Polícia Militar está pronta pra tirar quantos milhares de famílias que lá estivessem. Se o Estado tem a hipocrisia e a violência consigo, nos acompanham a verdade e a resistência .
Reafirmamos que as Ocupações da Izidora e os Movimentos Sociais sempre estiveram ao longo de 3,5 anos de conflito da Izidora abertos à negociação justa e ética. Quem esteve intransigente e não aceitou negociação séria foi a Prefeitura de BH que sequer compareceu, a bilionária Construtora Direcional e a mentirosa Cohab. Continuaremos abertos a negociação justa e ética. Queriam que o povo aceitasse ser despejado apenas a troco de migalhas. Isso é inaceitável.
         As advogadas e advogados das ocupações da Izidora recorrerão dessa decisão injusta. As ocupações da Izidora se mobilizarão com as ocupações irmãs da grande BH e toda a rede de apoio! Não nos enganemos: essa decisão do Tribunal de (in)Justiça faz parte de uma grande onda de retirada de direitos sociais, executada por todos os três poderes, seja o Poder Executivo (com o fim do MCMV Faixa 1, por exemplo), Poder Legislativo (com a tentativa de revogar direitos trabalhistas e previdenciários, por exemplo) e Poder Judiciário (com a decisão de mandar despejar a Izidora, por exemplo).

NÃO ACEITAREMOS A RETIRADA DE NOSSOS DIREITOS! SOMOS A CLASSE TRABALHADORA, A CLASSE QUE REALMENTE PRODUZ AS RIQUEZAS SOCIAIS! O POVO QUER SÓ O QUE É SEU, POR DIREITO!
         NENHUM DIREITO A MENOS! NENHUM DESPEJO A MAIS! ENQUANTO MORAR DIGNAMENTE FOR UM PRIVILÉGIO, OCUPAR SERÁ UM DIREITO E UM DEVER!
         ASSINAM ESSA NOTA:
        
  COORDENAÇÃO DA OCUPAÇÃO ESPERANÇA
COORDENAÇÃO DA OCUPAÇÃO ROSA LEÃO
  COORDENAÇÃO DA OCUPAÇÃO VITÓRIA
   BRIGADAS POPULARES
   COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT)
   MOVIMENTO DE LUTA NOS BAIRROS, VILAS E FAVELAS (MLB)
COLETIVO MARGARIDA ALVES
Belo Horizonte, MG, Brasil, 29 de setembro de 2016.

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