quarta-feira, 11 de setembro de 2019

ZEMA, FIEMG E SAM declaram guerra contra os Povos dos Gerais e do Semiárido Mineiro!


ZEMA, FIEMG E SAM declaram guerra contra os Povos dos Gerais e do Semiárido Mineiro!

Foto: Arquivo da CPT/MG

Nesta semana, em Montes Claros, no norte de Minas Gerais, durante a FENICS – Feira Nacional da Indústria Comércio e Serviços – no dia 12 de setembro de 2019, ocorrerá um seminário intitulado Seminário de Inovação China-Brasil. O evento é financiado pela mineradora Sul Americana de Metais - SAM, empresa de controle Chinês, que quer explorar o minério de ferro no município de Grão Mogol, no norte de MG e exportá-lo sem agregação de valor para a China. Exploração de matéria prima e mão de obra barata, deixando toda a destruição para a população que ali vive, mas também impactando severamente toda a região semiárida de Minas Gerais. Um verdadeiro projeto de MORTE! A mineradora vai utilizar 54 milhões de m³ de água por ano em uma região semiárida, isso equivale ao dobro do consumo de toda a cidade de Montes Claros-MG em um ano. Para levar a matéria prima bruta para a China, querem construir um mineroduto que leve o minério e também a nossa água até o porto de Ilhéus, na Bahia. Além disso, o projeto prevê a construção de duas barragens de rejeitos que somam 1,118 bilhões de m³ – a maior do Brasil! A barragem de Fundão, em Mariana, continha 54 milhões de m³ e matou 21 pessoas e todo o Rio Doce, chegando até o mar. A SAM tentou licenciar o projeto no IBAMA e teve dois indeferimentos, pois o projeto é altamente insustentável. Agora a mineradora SAM fragmentou o projeto e insiste em licenciar a mina através do Governo de Minas, pela SUPPRI/SEMAD, a mesma que deu parecer favorável para a mina do Córrego do Feijão operar, que causou o crime da Vale e do Estado, em Brumadinho, deixando quase 300 mortos e o rio Paraopeba morto e envenenado. A SAM tenta licenciar o mineroduto, que já teve licenciamento barrado, pelo IBAMA através da empresa Lotus, também controlada pela SAM. Caso o projeto seja aprovado, serão totalmente destruídas pelo menos 11 Comunidades Tradicionais Geraizeiras no município de Grão Mogol, mas os impactos serão sentidos ao longo de toda bacia do Rio Jequitinhonha e do Rio Pardo, caso consigam aprovar a operação da mina e do mineroduto.  Cidades e municípios da região já convivem com o racionamento de água nos períodos de seca. Vamos entregar a água, a nossa maior riqueza, nas mãos de quem só visa o lucro, a acumulação de capital e deixa só destruição?
O Planeta Terra, nossa Casa Comum, está sendo destruído colocando em risco toda a sociedade. A Floresta Amazônica está em chamas e sendo devastada pelo agronegócio e pelas mineradoras, em conluio com o Estado. O Rio Doce já está morto. O Rio Paraopeba agoniza também. Agora querem matar o nosso Rio Jequitinhonha. Os movimentos sociais, pastorais e sindicais na região e as comunidades geraizeiras de Grão Mogol resistem a este projeto de destruição, em defesa do seu território tradicional, do Cerrado, das nossas águas e das nossas vidas!
FIEMG, o governador ZEMA e deputados que apoiam essa insanidade são responsáveis por mais essa catástrofe anunciada!

Assinam esta carta aberta:
Comunidades do Território Tradicional Geraizeiro de Vale das Cancelas
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras (CPP)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros
Centro de Referência em Direitos Humanos - CRDH Norte
Frente Brasil Popular Norte de Minas
Movimento das Trabalhadoras e Trabalhores por Direitos - MTD
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação - SindUTE
Levante Popular da Juventude de Montes Claros
Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais - Sindieletro
Sindicato dos Metalúrgicos de Montes Claros
Sindicato dos Tecelões de Montes Claros
Sindicato dos Servidores Municipais de Montes Claros
União da Juventude Socialista de Montes Claros - UJS
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Agricultores Familiares de Montes Claros
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Ong Ecos do Gorutuba
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha
Mandato Popular da Deputada Estadual Leninha
Mandato Popular da Deputada Estadual Beatriz Cerqueira
Articulação das CPTs do Cerrado
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

terça-feira, 10 de setembro de 2019

O ‘oba-oba’ religioso é opressor: 1ª Carta de João.


O ‘oba-oba’ religioso é opressor: 1ª Carta de João.
Por frei Gilvander Moreira[1]

No Brasil atual, sem interpretação sensata e libertadora dos textos bíblicos, afundamos cada vez mais em fundamentalismos, em moralismos e em esquizofrenia religiosa. O caminho para resgatarmos a construção de uma sociedade justa, solidária, democrática e sustentável ecologicamente passa também pela leitura e interpretação da Bíblia a partir dos injustiçados. Setembro é também mês da Bíblia, porque dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo, o tradutor da Bíblia da língua hebraica, aramaica e grega para o latim, que era a língua do povo durante o império romano. Jerônimo colocou a Bíblia na língua do povo, porque pensava que os textos bíblicos precisavam ser democratizados, não podiam ser privatizados pelo clero. Em 2019, somos convidados a ler e refletir a partir da 1ª Carta de João. Vamos chamar a atenção para alguns dos muitos raios de luz e de força divina que irradiam a partir da 1ª Carta de João.
Quem comete pecado pertence ao diabo. (...) O Filho de Deus se manifestou para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3,8), afirma a 1ª Carta de João. Em um contexto povoado por religiões imperiais, mistéricas e pagãs, com muitas correntes de pensamento que justificavam as violências e a desigualdade social, compreender que as pessoas pertenciam a Deus ou ao diabo poderia soar como visão dualista. Isso faz caricatura da complexidade da realidade social. Atualmente ainda é pior, pois o contexto é de avalanche de neopentecostalismo, dentro e fora da igreja católica, com teologia da prosperidade e redução da religião cristã a autoajuda. “Anjos e diabos voando por todo lado”, dizem os que interessam desviar o foco das reais causas das doenças, das injustiças e das violências que se abatem diariamente sobre o povo injustiçado. As igrejas neopentecostais, com grande inserção nos instrumentos midiáticos, usam e abusam do nome de Deus para surrupiar muito dinheiro do povo aflito no meio das injustiças sociais. Isso se faz via teologia da prosperidade, com missas e cultos de cura aparente, privatizando a fé e reduzindo Deus a um quebra-galho para resolver problemas pessoais que são frutos da superexploração promovida pelo capitalismo e pelos capitalistas.
No entanto, a 1ª Carta de João alerta para ninguém cometer pecado, ou seja, não agir de forma pecaminosa. A Carta enfatiza também que Jesus Ressuscitado, o Filho do Homem, destrói as obras do pecado. Diz ‘as obras’ e não o diabo em si. O diabo (satã, em hebraico e diabolos, em grego) não significa o poder do mal de forma abstrata como se existisse um deus que só maquina o mal, fazendo oposição ao Deus da Vida. Provavelmente a 1ª Carta de João quer alertar que o espírito que é soprado pelo sistema opressor da época levava muitas pessoas a agir agredindo os irmãos e as irmãs e ferindo a fraternidade. Etimologicamente a palavra ‘diabolos’ significa o contrário de ‘simbolos’. ‘Diabólico’ é tudo o que desune, desarticula e infernaliza as relações sociais e humanas. Por outro lado, ‘simbólico’ é tudo o que une, congrega e irmana para a prática de uma fraternidade real e concreta nas relações sociais. O simbólico e o diabólico não estão fora da realidade histórica, estão em nós, como integrantes da condição humana, mas estão principalmente nas estruturas e instituições opressoras da sociedade. Por exemplo, o Estado (poderes executivo, legislativo e judiciário), o poder midiático, o sistema do capital, o agronegócio e as mineradoras, ao reproduzirem as relações sociais que sustentam a desigualdade, estão sendo, na prática, satânicos e diabólicos. Por outro lado, os movimentos sociais populares e todas as forças vivas da sociedade, ao lutarem por direitos sociais e alimentarem a convivência comunitária, pautada em relações de igualdade, de equidade e de reciprocidade, estão sendo, na prática, simbólicos. Logo, não podemos ler a 1ª Carta de João espiritualizando os conflitos reais. Enfim, o autor da 1ª Carta de João exorta para a prática da justiça e de tudo o que alimenta uma fraternidade real. E alerta contra os perigos de práticas que corroem a fraternidade social. No artigo “Opositores de dentro – tratamento dos separatistas na Primeira Epístola de João”, Hans-Josef Clauck analisa que: “A descoberta da identidade e a segurança da identidade de um grupo ameaçado em sua existência vai fazer com que haja simultaneamente uma concentração numa comunicação interna altamente desenvolvida e um isolamento para fora[2] (CLAUCK, 1988, p. 766).
Quem nasce de Deus não comete pecado” (1 Jo 3,9), diz a 1ª Carta de João. Aqui, a 1ª Carta de João chama nossa atenção para a importância das nossas raízes e da nossa origem. Somos devedores dos nossos pais, avós e de todos os nossos ancestrais até chegar a Deus. A 4ª palavra do Decálogo, a Carta Magna do povo da Bíblia, diz: “Honre seu pai e sua mãe” (Ex 20,12). Deus é nosso Pai maior e primeiro. Logo, não podemos esquecer essa origem. Para as Comunidades do Discípulo Amado não há como ser morno ou neutro: ou se é filho/a de Deus ou, filho/a do diabo. O critério é a prática da justiça justa, verdadeira. De forma enfática, repetindo várias vezes, o autor de 1ª Carta de João alerta: “Toda pessoa que não pratica a justiça, isto é, que não ama o seu irmão, não é de Deus” (1 Jo 3,10). Entre praticar a justiça e amar, praticar a justiça vem em primeiro lugar. O autor da 1ª Carta de João associa umbilicalmente “amar o irmão/irmã” à prática da justiça. Com isso, a 1ª Carta de João afirma que amar o próximo não é questão só de querer bem ou de sentimento, mas implica prática da justiça, não qualquer justiça, mas a justiça que liberta os injustiçados, o que passa pela superação de todo e qualquer preconceito e discriminação. Enfim, romper com o pecado implica praticar o amor integral.
Na 1ª Carta de João há uma ênfase sobre praticar o amor (1 Jo 3,11-24). “Amar uns aos outros” (1 Jo 3,11.23) era a mensagem anunciada nas Comunidades do Discípulo Amado desde a sua origem. Mais uma vez repete-se que amar é questão de prática. A 1ª Carta de João recorda um paradigma bíblico: Caim matou seu irmão, porque suas obras eram más (1 Jo 3,12). O fratricida Caim “era do maligno” (1 Jo 3,12). A falta de compromisso com os pobres era algo muito grave que estava acontecendo ao redor das comunidades e também estava seduzindo membros das comunidades. Os omissos são considerados homicidas (1 Jo 3,15.17). Por isso, a ênfase na prática da justiça e do amor ao próximo. O autor da 1ª Carta de João é incansável em reafirmar a necessidade do amor mútuo: repete-se três vezes (1 Jo 2,7-11; 3,11-24; 4,7 - 5,3) e insiste na sua prática. Algo semelhante com o que se observa atualmente com o povo das igrejas cristãs no Brasil. Fala-se em demasia sobre Deus, canta-se muito nos cultos e celebrações religiosas, louva-se à exaustão, porém, na prática, por exemplo, ao votar, eleva-se ao poder político pessoas fascistas e reprodutoras do sistema de desigualdade social. Isso é o cúmulo do absurdo e da injustiça. O autor da 1ª Carta de João revela sua indignação diante da hipocrisia de muitas pessoas que se diziam filhas e filhos de Deus, seguidores de Jesus Cristo. A 1ª Carta de João repudia o ‘oba-oba’ religioso e os espiritualismos desencarnadores da fé cristã. Para as Comunidades do Discípulo Amado, a dimensão social da fé é coluna mestra do Evangelho de Jesus Cristo.
Não estranhem, irmãos – e irmãs -, se o mundo odeia vocês” (1 Jo 3,13), alerta a 1ª Carta de João. Com esta exortação, é óbvio que o autor da 1ª Carta de João consola a comunidade e não se refere ao mundo físico geográfico e nem a todas as pessoas do mundo. Refere-se a ‘mundo’ enquanto o sistema imperial e o tipo de organização social que se baseia em relações de privilégio, de desigualdade social, de meritocracia e hierarquização. Para esse tipo de mundo se manter de pé e se reproduzir, é preciso que a ideologia dominante, seja ela política, econômica, religiosa ou cultural, não seja questionada por quem acredita na construção de um mundo com organização social pautada na justiça, na ética, na equidade, no amor ao próximo e na dignidade da pessoa humana. As pessoas verdadeiramente cristãs incomodavam muito esse ‘mundo’ alimentador de desigualdade social. Por isso, eram odiadas. As comunidades do evangelista Mateus também experimentavam a incompreensão e a perseguição de seus membros. Por essa razão, o evangelista Mateus animava seus integrantes, alertando: “Felizes os que – no bom caminho - são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa nos céus. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês” (Mt 5,10-12).
Referência.
CLAUCK, H. Opositores de dentro. - Tratamento dos separatistas na primeira epístola de João. In: Concilium, n° 6, p. 758-767. Petrópolis: Vozes, 1988.
Belo Horizonte, MG, 10/9/2019.

Obs.: Quem quiser adquirir o Livrinho Texto-base do mês da Bíblia, do CEBI-MG, de 2019 – A Comunhão entre Deus e Nós e como subtítulo Uma leitura da Primeira Carta de João feita pelo CEBI-MG – entrar em contato com CEBI-MG: Secretaria Estadual CEBI-MG
Rua da Bahia, 1148 – Edifício Maleta, Sala 1215 – Centro – Belo Horizonte/MG
CEP: 60.160-011 – Telefone: (31) 3222 1805 – E-mail : 
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[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.  E-mail: gilvanderlm@gmail.com– www.gilvander.org.br  - www.freigilvander.blogspot.com.br      –      www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2]CLAUCK, 1988, p. 766

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Sociedade do Bem Viver e Convier com os Sem Terra: MTC em Córrego Danta,...



Sociedade do Bem Viver e Convier com os Sem Terra: MTC em Córrego Danta, MG. Vídeo 5 - 16/8/2019.

Dia 16/8/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), visitou o Acampamento Nova Esperança 2, do MTC (Movimento dos Trabalhadores Camponeses), no município de Córrego Danta, na região centro-oeste de Minas Gerais, ao lado da BR 262 que liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Lá, 60 famílias há 2 anos e 3 meses ocupam uma fazenda que estava abandonada, sem cumprir sua função social. As famílias estão convivendo em fraternidade e produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Além de cultivar a terra, produzem também galinha, frango, porcos etc. Luta justa e necessária que conta com o apoio da CPT em MG. Filmagem e edição amadora de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Córrego Danta, MG, 16 de agosto de 2019.

Camponesa do Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, no município de Córrego Danta, MG, mostra a produção agroecológica na luta pela terra. Foto: frei Gilvander
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Sem Terra produz alimentos saudáveis: MTC em Córrego Danta, centro-oeste...



Sem Terra produz alimentos saudáveis: MTC em Córrego Danta, centro-oeste/MG. Vídeo 4 - 16/8/2019.

Dia 16/8/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), visitou o Acampamento Nova Esperança 2, do MTC (Movimento dos Trabalhadores Camponeses), no município de Córrego Danta, na região centro-oeste de Minas Gerais, ao lado da BR 262 que liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Lá, 60 famílias há 2 anos e 3 meses ocupam uma fazenda que estava abandonada, sem cumprir sua função social. As famílias estão convivendo em fraternidade e produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Além de cultivar a terra, produzem também galinha, frango, porcos etc. Luta justa e necessária que conta com o apoio da CPT em MG. Filmagem e edição amadora de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Córrego Danta, MG, 16 de agosto de 2019.

Camponês do Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, no município de Córrego Danta, MG: produção agroecológica e vida digna, na luta pela terra. Foto: frei Gilvander
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

CEBs na luta pela terra com o MTC em Córrego Danta, MG: Fé e luta por di...



CEBs na luta pela terra com o MTC, em Córrego Danta, MG: fé e luta por direitos. 16/8/2019 – Vídeo 3.

Dia 16/8/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), visitou o Acampamento Nova Esperança 2, do MTC (Movimento dos Trabalhadores Camponeses), no município de Córrego Danta, na região centro-oeste de Minas Gerais, ao lado da BR 262 que liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Lá, 60 famílias há 2 anos e 3 meses ocupam uma fazenda que estava abandonada, sem cumprir sua função social. As famílias estão convivendo em fraternidade e produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Além de cultivar a terra, produzem também galinha, frango, porcos etc. Luta justa e necessária que conta com o apoio da CPT em MG. Filmagem e edição amadora de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Córrego Danta, MG, 16 de agosto de 2019.

Camponesa do Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, no município de Córrego Danta, MG. Foto: frei Gilvander
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Luta pela terra no centro-oeste de MG: 60 famílias do MTC em Córrego Dan...



Luta pela terra no centro-oeste de MG: 60 famílias Sem Terra, do MTC, em Córrego Danta. 16/8/2019 – Vídeo 2.

Dia 16/8/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), visitou o Acampamento Nova Esperança 2, do MTC (Movimento dos Trabalhadores Camponeses), no município de Córrego Danta, na região centro-oeste de Minas Gerais, ao lado da BR 262 que liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Lá, 60 famílias há 2 anos e 3 meses ocupam uma fazenda que estava abandonada, sem cumprir sua função social. As famílias estão convivendo em fraternidade e produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Além de cultivar a terra, produzem também galinha, frango, porcos etc. Luta justa e necessária que conta com o apoio da CPT em MG.

Duas camponesas do Acampamento Nova Esperança 2, do MTC, em Córrego Danta, MG; 60 famílias há 2,3 anos na luta pela terra, produzindo muito de forma agroecológica. Foto: frei Gilvander
Filmagem e edição amadora de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Córrego Danta, MG, 16 de agosto de 2019. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Acumulam capital destruindo vidas


Acumulam capital destruindo vidas
Por Gilvander Moreira[1]

O touro de Wall Street é um obra crítica que simboliza um mercado financeiro pujante. (Banter Snaps/ Unsplash)
 
A realidade dramática causada pela implantação da barragem e hidrelétrica de Itapebi no Rio Jequitinhonha, no município de Salto da Divisa, na região do Baixo Jequitinhonha, MG, e em todos os grandes projetos de interesse do capital, nos recorda Marshall Berman, no livro Tudo o que é sólido se desmancha no ar, quando o personagem Fausto, após passar pela primeira metamorfose, que o ensinou a viver e a sonhar, pela segunda metamorfose, que o ensinou a amar, já na sua terceira metamorfose, ele aprendeu a construir e a destruir. E, assim, Fausto planeja “esboçar grandes projetos de recuperação para atrelar o mar a propósitos humanos: portos e canais feitos pela mão do homem, onde se movem embarcações repletas de homens e mercadorias; represas para irrigação em larga escala; verdes campos e florestas, pastagens e jardins, uma vasta e intensa agricultura; energia hidráulica para animar e sustentar as indústrias emergentes; pujantes instalações, novas cidades e vilas por construir” (BERMAN, 2007, p. 79).
Interessa a Fausto, acima de tudo, desenvolver-se economicamente, acumular capital. Para isso ele fez um esforço hercúleo e se transformou em um contumaz destruidor e criador. “Os projetos de Fausto vão exigir não apenas um imenso capital, mas o controle sobre vastas extensões territoriais e um grande número de pessoas” (BERMAN, 2007, p. 79). Fausto recebeu “ilimitados direitos de desenvolver toda a região costeira, incluindo carta branca para explorar quaisquer trabalhadores de que necessitem e livrar-se de quaisquer nativos que encontrem no caminho” (BERMAN, 2007, p. 80). Fausto “exorta seus capatazes e inspetores, guiados por Mefisto, a ‘usar todos os meios disponíveis / Para engajar multidões e multidões de trabalhadores. / Incitem-nos com recompensas, ou, sejam severos, / Paguem-nos bem, seduzam ou reprimam!’” (BERMAN, 2007, p. 81). Ele “está convencido de que são as pessoas comuns, a massa de trabalhadores e sofredores, que obterão o máximo benefício dessa obra gigantesca” (BERMAN, 2007, p. 82), mas no caminho dos projetos de crescimento econômico de Fausto está um casal de camponeses idosos que resistem para existirem como posseiros a longa data em uma pequena propriedade. “Filemo e Báucia, um velho e simpático casal que aí está há tempo sem conta. Eles têm um pequeno chalé sobre as dunas, uma capela com um pequeno sino, um jardim repleto de tílias e oferecem hospitalidade a marinheiros náufragos e sonhadores. Com o passar dos anos, tornaram-se bem-amados como a única fonte de vida e alegria nessa terra desolada” (BERMAN, 2007, p. 84).
Filemo e Báucia, um casal generoso, humilde, inocente e resignado, mas “são pessoas que estão no caminho – no caminho da história, do progresso, do desenvolvimento: pessoas que são classificadas, e descartadas, como obsoletas” (BERMAN, 2007, p. 85). Mas Fausto “se torna obcecado com o velho casal e sua pequena porção de terra: “Esse casal de velhos devia ter-se afastado, / Eu quero tílias sob meu controle, / Pois essas poucas árvores que me são negadas / comprometem minha propriedade como um todo. / [...] Por isso nossa alma se debruça sobre a cerca, / para sentir em meio à plenitude, o que nos falta” (11 239-52). Eles precisam ser afastados para dar lugar àquilo que Fausto passa a ver como a culminação do seu trabalho: uma torre de observação, do alto da qual ele e os seus possam “contemplar a distância até o infinito”, soberanos sobre o novo mundo que construíram (Cf. BERMAN, 2007, p. 85).
Fausto oferece dinheiro ou outra pequena propriedade, mas ao casal idoso não interessa dinheiro. Aceitar mudar seria como arrancar um pé de bananeira do campo e tentar plantá-lo no asfalto. Morte na certa. O casal teima e resiste, não aceita sair da terrinha. Assim, Fausto convoca Melisto e seus “homens fortes” e ordena-lhes “que tirem o casal de velhos do caminho. Ele não deseja vê-lo, nem quer saber dos detalhes da coisa. Só o que lhe interessa é o resultado final: quer que o terreno esteja livre na manhã seguinte, para que o novo projeto seja iniciado. Isso é um estilo de maldade caracteristicamente moderno: indireto, impessoal, mediado por complexas organizações e funções institucionais. Mefisto e sua unidade especial retornam “na calada da noite” com a boa notícia de que tudo estava resolvido. Fausto, de repente preocupado, pergunta para onde foi removido o velho casal — e vem a saber que a casa foi incendiada e eles foram mortos. Fausto se sente pasmo e ultrajado, tal como se sentira diante de Gretchen. Protesta dizendo que não ordenara violência; chama Mefisto de monstro e manda-o embora. O príncipe das trevas se vai, elegantemente, como cavalheiro que é; porém ri antes de sair. Fausto vinha fingindo não só para outros, mas para si mesmo, que podia criar um novo mundo com mãos limpas; ele ainda não está preparado para aceitar a responsabilidade sobre a morte e o sofrimento humano que abrem o caminho. Primeiro, firmou contrato com o trabalho sujo do desenvolvimento; agora lava as mãos e condena o executante da tarefa, tão logo esta é cumprida. É como se o processo de desenvolvimento, ainda quando transforma a terra vazia num deslumbrante espaço físico e social, recriasse a terra vazia no coração do próprio fomentador. É assim que funciona a tragédia do desenvolvimento” (BERMAN, 2007, p. 85-86) (grifo nosso).
Esse Fausto de Marshall Berman representa todos os donos de grandes empresas, seus executivos e acionistas que, à distância, planejam e implementam megaprojetos que visam a acumulação de capital, mas preferem não ver o sangue de tantas vidas ceifadas em nome do ídolo mercado.

Belo Horizonte, MG, 03/9/2019.

Referência.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - Atingidos pela barragem de Itapebi em Salto da Divisa, MG: Irmã Geraldinha. 12/08/14



2 - Promotor do MP/MG, de Jacinto, MG: compromisso com os atingidos pela Barragem de Itapebi. 08/06/16



3 - Pescadores de Salto da Divisa, MG, exigem seus direitos pisados por empresas e barragem. 08/06 /16



4 - Vazanteiros de Salto da Divisa, MG, lutam pelos seus direitos pisados pela barragem. 08/06/16



5 - Pedreiros de Salto da Divisa, MG, lutam pelos seus direitos pisados pela barragem. 08/06/16



6 - Em Salto da Divisa, MG, casas desabando pela barragem de Itapebi e extratores pisados. 08/06/16



7 - Lavadeiras de Salto da Divisa, MG, exigem seus direitos pisados pela Itapebi com barragem. 08/06/16






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre em Ciências Bíblicas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III