domingo, 10 de fevereiro de 2019

Honremos os mortos pelo crime da Vale e do Estado


Honremos os mortos pelo crime da Vale e do Estado
Por Gilvander Moreira[1]

Advogada Maria Emília, coordenadora do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos ameaçados de morte, em visita ao cenário/cemitério do crime da Vale e do Estado, a partir de Brumadinho, MG, dia 25/01/2019. Foto: Frei Gilvander

Representando 5,17% da bacia do Rio São Francisco, com 510 quilômetros de extensão e bacia envolvendo 1.318.885 milhões de habitantes[2] em 13.643 Km2, o Rio Paraopeba nasce em Cristiano Otoni, próximo a Conselheiro Lafaiete, e, como um dos principais afluentes do Rio São Francisco, irriga 48 municípios[3] e deságua na barragem da hidrelétrica de Três Marias, MG, no município de Felixlândia. Lamentavelmente, o crime continuado, anunciado, e a tragédia da Vale e do Estado – genocídio gigante – que iniciou às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019, melhor dizendo, iniciou na tarde do dia 05 de novembro de 2015, no município de Mariana, MG, e durará por muitas gerações - é muito maior do que percebemos. Com o passar dos dias, rastros de morte vão sendo percebidos e se avolumando. O massacre de pessoas humanas – entre elas, trabalhadores e trabalhadoras – pode ultrapassar quatro centenas. Muitos dos golpeados dizem que há muitas pessoas fora da lista de mortos e desaparecidos. Erídio Dias, morador da Ocupação Dandara, em Belo Horizonte, há cinco meses trabalhava na mina de Córrego do Feijão, como trabalhador terceirizado da Vale. Ele era soldador e está entre os desaparecidos. A mãe dele, com 74 anos e adoentada, vive em Sem Peixe, no interior de Minas. Com uma espada de dor transpassando o coração, ela telefona todos os dias para os filhos em Belo Horizonte, perguntando: “Que dia a Vale e o Estado entregarão o corpo do meu filho para ser sepultado aqui em Sem Peixe?”. Uma criança de três anos, que ficou órfã de mãe, pergunta toda hora: “Cadê mamãe? Por que ela está demorando a chegar? Ela deve estar com fome”. Com fome de justiça estamos todos nós.
Uma professora aposentada da UFMG, com a voz embargada disse: “Moro na beiro do Rio Paraopeba, em Brumadinho. Uma das maravilhas que eu assistia todas as manhãs eram as garças, em centenas, fazerem revoada ao amanhecer do dia e pescar o seu alimento no rio Paraopeba. A última vez que vi as garças foi na manhã do dia 25 de janeiro de 2019, dia do crime. Com o assassinato do rio, as garças não voltaram mais. Sem o rio saudável os pássaros estão morrendo também”.
No Acampamento Pátria Livre, com 600 famílias Sem Terra do MST, em São Joaquim de Bicas, às margens do Rio Paraopeba, a jusante de Brumadinho, Manoel desabafa, com lágrimas escorrendo dos olhos: “O Rio Paraopeba era nosso pai. Mataram nosso pai. Todos os dias, uma infinidade de pássaros fazia revoada aqui no rio, em voos rasantes se banhavam no rio. Os pássaros sumiram e os urubus chegaram”. A agente de saúde Suely, Sem Terra do MST em São Joaquim de Bicas: “Além de prestar os primeiros socorros e receitar medicina caseira e das plantas para as 600 famílias aqui do Acampamento Pátria Livre, eu proponho às pessoas depressivas a ir banhar no Rio Paraopeba e meditar às suas margens. Nosso rio já curou muitas pessoas. E agora com o rio morto?
Em regime de agricultura familiar, milhares de pequenos/as produtores/as, que vivem e plantam hortaliças e legumes na mãe terra banhada pelo Rio Paraopeba, estão aflitos, pois as hortas, antes irrigadas com água do Rio Paraopeba, estão morrendo. Tentar irrigar com caminhões pipas será paliativo.  Buscar água onde? Além de palco de intenso processo de mineração, os municípios de Brumadinho, Mário Campos, Sarzedo, Ibirité e região eram regiões produtoras de alimentos para abastecer Belo Horizonte e região metropolitana.
Dezenas de comunidades quilombolas ao longo da bacia do Rio Paraopeba foram golpeadas. Há quilombolas entre os desaparecidos. O pescador Clarindo Pereira, do Movimento Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais, diz: “Vivendo e pescando no Rio São Francisco, sempre pedimos que chova para irrigar o nosso Pai, mas de agora em diante, toda vez que chover na região metropolitana de Belo Horizonte, ficaremos mais preocupados, porque as enchentes empurrarão mais e mais lama tóxica para o Rio São Francisco que já está na UTI”. Os peixes, água boa e toda a fauna ainda existente nos córregos e rios afluentes do Rio Paraopeba, tais como os rios Águas Claras, Macaúbas, Betim, Camapuã, Manso e o Ribeirão Serra Azul, ao fluírem naturalmente, serão jogados na lama tóxica que invadiu o rio Paraopeba. “Dói muito saber que os peixes desses rios vão cair no Rio Paraopeba para morrer também”, comenta Domingos, Sem Terra em São Joaquim de Bicas. Dona Rejane Moraes, que vive há 30 anos em um sítio de três hectares no Córrego do Feijão, em Brumadinho, alerta: “Já passou da hora de parar a mineração em Minas Gerais e no Brasil. Estamos esperando matar mais centenas e milhares de pessoas, acabar com nossa água e com o meio ambiente? Ninguém vive sem água. É hora de parar tudo e fazer uma avaliação séria”.
As águas da bacia do Rio Paraopeba garantiam 50% do abastecimento de Belo Horizonte e região metropolitana, por meio das barragens nos rios Betim e Manso, e no ribeirão Serra Azul, três afluentes do Rio Paraopeba que formam os três reservatórios que compõem o Sistema Paraopeba: Sistema Vargem das Flores, Sistema Rio Manso e Sistema Serra Azul, respectivamente. E agora, onde arrumar água para garantir o abastecimento de cinco milhões de pessoas de Belo Horizonte e região metropolitana? A COPASA[4] investiu 130 milhões de reais para captar água do Rio Paraopeba em uma grande obra inaugurada em dezembro de 2015, prometendo que a obra garantiria o abastecimento de BH e região metropolitana pelos próximos 25 anos. Tudo isso perdido. E agora como garantir o abastecimento de cinco milhões de pessoas de Belo Horizonte e região metropolitana?
Da perspectiva bíblica e teológica, é preciso recordar que toda a criação – os seres humanos, a fauna, a flora e os biomas - é sagrada. “Água, fonte de vida” foi o lema da Campanha da Fraternidade de 2004. “O Espírito de Deus está nas águas”, diz o segundo versículo da Bíblia (Gênesis 1,2). O Espírito vivificador não apenas paira sobre as águas, mas permeia e perpassa as águas. Logo, matar as nascentes, os córregos e os rios é cometer um pecado contra o Espírito Santo, pecado capital que não tem perdão. Integrantes do sistema capitalista, os megaprojetos de mineração são projetos satânicos e diabólicos, que, como o dragão do Apocalipse (Ap 12) cospe fogo e devora tudo o que encontra pela frente. Antes de serem cooptadas pelo Império Romano e pelo imperador Constantino, as Primeiras Comunidades Cristãs se regiam por um Código de Ética que alertava às pessoas cristãs que trabalhar em instituições que reproduzissem o sistema de morte do império romano era algo imoral. Um cristão não podia, por exemplo, ser soldado e nem militar do império romano, pois estaria, na prática, reproduzindo um sistema idólatra. Diante da exaustão e de tanta mortandade que a mineração devastadora vem perpetrando em Minas Gerais, no Pará e em outros estados se torna imperativo ético conquistarmos outras formas de trabalho que interrompa a máquina mortífera das mineradoras que está fazendo guerra contra o povo, contra a mãe natureza, contra todos os animais e toda espécie de ser vivo. Muitos ainda podem se tornar vítimas desta mesma máquina aniquiladora.  
São inaceitáveis somente medidas paliativas e emergenciais, sem medidas radicais – que vão à raiz - que mexam na engrenagem da guerra que as grandes mineradoras, com a cumplicidade do Estado, estão promovendo contra todos e tudo. Justo e necessário é: a) a prisão preventiva imediata do Presidente da VALE, dos Diretores da VALE, das autoridades dos Governos que autorizaram o funcionamento e dos responsáveis pela licença da mina do Córrego do Feijão; b) o confisco dos bens da Vale para aplicar nas áreas sociais e em urgente projeto de reflorestamento; c) suspensão de todas as licenças ambientais por tempo indeterminado da mineração em Minas Gerais e em todo o país até que se faça uma avaliação independente e imparcial que viabilize reabrir apenas as minas que têm garantias idôneas de que não haverá rompimento de barragens de rejeitos de minério.
Após muitos rompimentos de barragens de rejeitos tóxicos da mineração a consciência adormecida de muitos precisa romper também. Não pode continuar “tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milhos aos pombos”, alerta o grande Zé Geraldo, na música Milho aos Pombos. Quem continuar se omitindo ou defendendo apenas soluções que não afetem a engrenagem de morte dos grandes projetos de mineração entrará para a história como cúmplice da desertificação e da dizimação das condições objetivas de vida em Minas Gerais e no Brasil. Quem tem ouvidos para ouvir ouça! E se ajunte às forças vivas dos movimentos sociais populares que estão na luta por justiça social, justiça agrária, justiça urbana e justiça socioambiental.

Belo Horizonte, MG, 11 de fevereiro de 2019.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1 - Crime da Vale e do Estado, a partir de Brumadinho/MG: Rejane e Emília. Vídeo 5 - 1º/2/2019.


2 - Córrego do Feijão: "Quem se omite diante de um crime torna-se cúmplice." (Frei Gilvander) - 1º/2/19


3 - "Precisamos gritar contra as Mineradoras!"(Rejane Moraes/Córrego do Feijão) - Vídeo 4 - 1º/2/2019.


4 - Mineração em MG: "Já passou da hora de parar!" (Rejane Moraes) Vídeo 3 - 1º /02/2019


5 - Mineração: Violência contra a vida/Rejane Moraes/Brumadinho/MG - Vídeo 2 -1º/02/2019


6 - Mineração: Um crime contra a vida/ Sr. Ricardo Moraes/Brumadinho/MG/Vídeo 1. 1º/2/2019



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Fonte: IBGE/CENSO 2010.
[3] Belo Vale; Betim; Bonfim; Brumadinho; Cachoeira da Prata; Caetanópolis; Casa Grande; Congonhas; Conselheiro Lafaiete; Contagem; Cristiano Otoni; Crucilândia; Curvelo; Desterro de Entre Rios; Entre Rios de Minas; Esmeraldas; Felixlândia; Florestal; Fortuna de Minas; Ibirité; Igarapé; Inhaúma; Itatiaiuçu; Itaúna; Itaverava; Jeceaba; Juatuba; Lagoa Dourada; Maravilhas; Mario Campos; Mateus Leme; Moeda; Ouro Branco; Ouro Preto; Papagaios; Pará de Minas; Paraopeba; Pequi; Piedade dos Gerais; Pompéu; Queluzito; Resende Costa; Rio Manso; São Brás do Suaçuí; São Joaquim de Bicas; São José da Varginha; Sarzedo; Sete Lagoas.
[4] Companhia de Saneamento de Minas Gerais.

"Precisamos gritar contra as Mineradoras!"(Rejane Moraes/Córrego do Feij...



MINERAÇÃO: DESTRUIÇÃO DA VIDA! "Precisamos gritar contra as Mineradoras!" (Rejane Moraes, do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG) - Vídeo 4 - 1º/2/2019.

Rejane Moraes, 73 anos, e seu esposo Ricardo Moraes, também com 73 anos, com a saúde afetada por causa das violências das mineradoras MIB (Mineração Ibirité Ltda.) e Vale, com o filho Ricardo Filho, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia 25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao lado do portão de entrada para a casa do Sr. Ricardo e dona Rejane. Em três hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno, lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica, mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor, detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos, o Sr. Ricardo e a dona Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem, vídeo n. 4.

Rejane Moraes, 73 anos, ameaçada de morte, vive há 30 anos
no Distrito de Córrego do Feijão e há 15 anos denuncia as
 violências que as mineradoras MIB e Vale cometem em Brumadinho,
 MG, minerando até na porta da casa dela e do sr. Ricardo Moraes.
Foto: frei Gilvander

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


sábado, 9 de fevereiro de 2019

Ocupação Prof. Fábio Alves, 720 famílias/BH: Palavra Ética/TVC BH c/ fre...



Ocupação Prof. Fábio Alves, 720 famílias na luta por moradia, em Belo Horizonte, BH: Palavra Ética/TVC BH c/ frei Gilvander. 08/12/18

Visão parcial da Ocupação Professor Fábio Alves, no Barreiro,
em Belo Horizonte, MG.
Foto: frei Gilvander

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
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MST luta pela terra em Campo do Meio/MG desde 1998: Palavra Ética/TVC/BH...



MST na luta pela terra em Campo do Meio/MG desde 1998: Palavra Ética na TVC/BH com frei Gilvander. 17/11/2018.

Foto: G. L. Moreira

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
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Mineração em MG: "Já passou da hora de parar!" (Rejane Moraes) Vídeo 3 -...



Mineração em Minas Gerais: “Já passou da hora de parar!” (Rejane Moraes), Distrito de Córrego do Feijão, município de Brumadinho/MG - Vídeo 3 - 1º /02/2019.

Rejane Moraes, 73 anos, e seu esposo Ricardo Moraes, também com 73 anos, com a saúde afetada por causa das violências das mineradoras MIB (Mineração Ibirité Ltda.) e Vale, com o filho Ricardo Filho, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia 25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao lado do portão de entrada para a casa do Sr. Ricardo e dona Rejane. Em três hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno, lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica, mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor, detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos, o Sr. Ricardo e a dona Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem, vídeo n. 3.

Indígena contempla com dor no coração o Rio Paraopeba 
assassinado pela mineradora Vale e pelo Estado cúmplice. 
Foto: Lucas Hallel ASCOM/FUNAI

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Mineração: Violência contra a vida/Rejane Moraes/Brumadinho/MG - Vídeo 2...





Mineração: Violência contra a vida - Rejane Moraes - Distrito de Córrego do Feijão, município de Brumadinho/MG - Vídeo 2 - 1º/02/2019.

 Rejane Moraes, 73 anos, e seu esposo Ricardo Moraes, também com 73 anos, com a saúde afetada por causa das violências das mineradoras MIB (Mineração Ibirité Ltda.) e Vale, com o filho Ricardo Filho, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia 25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao lado do portão de entrada para a casa do Sr. Ricardo e dona Rejane. Em três hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno, lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica, mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor, detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos, o Sr. Ricardo e a dona Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem, vídeo n. 2.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Mineração Itaminas aumenta a preocupação de todos em Sarzedo, MG! “Queremos já a garantia de RISCO ZERO!”


Mineração Itaminas aumenta a preocupação de todos em Sarzedo, MG! Queremos já a garantia de RISCO ZERO!”

Auditório do Centro de Referência da Pessoa Idosa, em Sarzedo,
 região metropolitana de Belo Horizonte, MG, repleto de representantes
 de várias comunidades de Sarzedo e de entidades ligadas ao movimento
 social e ambientalista, durante a Audiência Pública sobre a Mineradora
 Itaminas, que atua há 59 anos no município. Fotos: A. Baeta.

Convocada pela Prefeitura Municipal de Sarzedo – região metropolitana de Belo Horizonte, MG - e pelo Conselho de Desenvolvimento do Meio Ambiente (CODEMA), aconteceu no dia 04 de fevereiro de 2019, no Centro de Referência da Pessoa Idosa, Audiência Pública para discutir as condições de segurança das barragens de rejeitos da Mineração Itaminas e das comunidades residentes abaixo das instalações e das barragens. A população do município encontra-se muito apreensiva depois da Tragédia Crime anunciado da Vale, com licença do Estado, no município vizinho de Brumadinho, que matou o vale do rio Paraopeba e ceifou a vida de centenas de pessoas, deixando milhares de famílias com uma espada transpassando o coração.
As informações coletadas na audiência irão subsidiar, espera-se, a firme atuação dos órgãos do estado de Minas Gerais e do município de Sarzedo, bem como das entidades de apoio aos direitos humanos, à integridade e à dignidade do meio ambiente e das comunidades, sobretudo as que poderão ser diretamente golpeadas no caso de um trágico rompimento de barragem da mineradora Itaminas, que explora minério há 59 anos em Sarzedo. As comunidades mais apreensivas por estarem abaixo, ou a jusante, dessa mineradora são os moradores da área rural de Capão da Serra, que estão logo abaixo das barragens, Bairro Brasília, Condomínio Malongo, Bairro Imaculada Conceição e Bairro Riacho da Mata. Em caso de rompimento da barragem de rejeitos da Itaminas, o rio Paraopeba será novamente violentado, pois a lama tóxica acabará com o Córrego Boa Esperança e com o Córrego Capão da Serra, em seguida atingirá o Ribeirão Sarzedo e o Rio Paraopeba, que é um dos principais afluentes do Rio São Francisco. 
Estiveram presentes à mesa na Audiência o Prefeito de Sarzedo, Marcelo Pinheiro; o Secretário de Meio Ambiente, Valter de Oliveira; o Presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Antônio Ribeiro Gomes; a Promotora de Justiça da Comarca de Ibirité, Isabela Carvalho; as Deputadas Estaduais Beatriz Cerqueira e Ione Pinheiro, o representante da Mineração Itaminas, no caso, o Gerente de Meio Ambiente, Ricardo Almeida; além de representantes da defesa civil e da polícia militar. Estranhou-se a ausência de lideranças das comunidades na mesa, inclusive.
Estiveram presentes na audiência representantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), da Comissão Pastoral da Terra (CPT-MG), de ONGs, movimentos e associações, tais como: o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), Resistência Verde, Associação dos Produtores Rurais de Sarzedo (ASPRUS), Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais (FETAEMG)  Natureza Viva, ACAMARES, Frente de Resistência Indígena, Movimento SOS Sarzedo, Kaipora/UEMG, dentre outras entidades ligadas ao movimento social, direitos humanos e ambientalistas.    
A Audiência iniciou-se com uma pequena fala de todos da mesa. Destaca-se que a Promotora de Justiça Isabela Carvalho informou, de antemão, que já teria sido instaurado um inquérito visando apurar a real situação da mineração Itaminas em Sarzedo. Primeiramente, os representantes da mineração Itaminas fizeram uma apresentação dos projetos futuros e testes relacionados à drenagem de barragens e dos programas relacionados à segurança da população e planos de comunicação de risco.
Quem assistiu às apresentações da equipe da mineradora concluiu que a Itaminas não tem mesmo no presente ações efetivas no sentido de garantir às comunidades segurança no caso do rompimento de sua barragem. Acreditem, apesar de estar instalada na localidade há 59 anos, a fala de seus funcionários resumia-se a mencionar testes, estudos de metodologias, projetos e cronograma de ações futuras. Para se ter uma ideia da situação atual, sequer sirenes foram ainda instaladas nas áreas que poderão ser atingidas, muito menos instruções concretas e treinamento efetivo para as comunidades e seus voluntários.  Informaram que a drenagem final da sua barragem de rejeito ocorrerá somente daqui a três anos – em 2021 -, aproximadamente, e que para transformar a barragem de rejeitos tóxicos em barragem à seco serão necessários, no mínimo, oito anos. Por mais oito anos, milhares de pessoas continuarão debaixo de uma bomba relógio – barragem sujeita rompimento -, uma espada de Dâmocles na cabeça?
Durante a audiência, os moradores, profundamente indignados, destacaram diversos problemas que vêm enfrentando, sobretudo o medo e o pavor do rompimento da barragem de rejeitos da Itaminas. Mencionaram ainda a desinformação a respeito da atual situação e do nível real de perigo relativo ao rompimento das barragens e instalações da mineração da Itaminas. Reclamaram ainda da poluição do ar devido às atividades de mineração, bem como do tráfego de veículos pesados em ruas dos bairros.
O que foi repetidamente falado pelos moradores na audiência, com mais de 40 inscritos, é que as comunidades não aceitam mais estar expostas a qualquer tipo de risco. Exigem risco zero! Uma moradora disse em voz alta: “Queremos já a garantia de RISCO ZERO!” Outro morador questionou informações indicadas em um relatório da mineradora que foi apresentado aos órgãos ambientais recentemente (janeiro de 2019) e que não condiz com o que foi apresentado na audiência pela mineradora, que só mencionou ações relacionadas a projetos de futuro, mas que não deu garantia de segurança alguma se ocorrer uma tragédia “na próxima madrugada”, por exemplo. Reiteraram-se ao final que as comunidades estão mesmo totalmente vulneráveis, exigindo providências urgentes por parte da Prefeitura, órgãos licenciadores do Governo de Minas Gerais, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Muitos solicitaram a suspensão da licença de operação da mineradora e a paralisação já da exploração minerária da Itaminas em Sarzedo até que as barragens sejam drenadas e o risco de eventual rompimento e danos seja totalmente garantido.
Não se pode mais admitir que vidas continuem sendo expostas, devido a interesses predatórios de mineradoras munidas de equipamentos obsoletos e superados tecnologicamente, mantidos por pequenos grupos de empresários conservadores da área de mineração que só visam o seu lucro – acumulação de capital - e o seu enriquecimento e que historicamente nunca priorizaram a segurança e a dignidade das comunidades de Sarzedo nem nunca respeitaram o meio ambiente. Basta de mineração! Risco ZERO exigimos!

Assinam esta Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB)
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES)
Associação dos Produtores Rurais de Sarzedo (ASPRUS)
Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais (FETAEMG)
Movimento Natureza Viva
Movimento Serra Sempre Viva
Movimento SOS Sarzedo
Frente de Resistência Verde
Frente Resistência Indígena - ‘RExiste Puri’
KAIPORA-Laboratório de Estudos Bioculturais/UEMG
Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES)

Sarzedo, MG, 07 de fevereiro de 2019.

Caminho da Lama tóxica da barragem da mineradora Itaminas em Sarzedo, caso ocorra o rompimento da barragem, crime anunciado.


Frei Gilvander, da CPT, exigindo a suspensão das licenças ambientais de todos os grandes projetos de mineração em Minas Gerais, com a consequente paralisação da atividade minerária, por tempo indeterminado até que se faça uma avaliação idônea e imparcial para se chegar a risco zero para o povo e para o meio ambiente.

A Promotora de Justiça da Comarca de Ibirité, Isabela Carvalho, que já abriu inquérito para apurar os riscos da mineração da Itaminas em Sarzedo.