Manoel
Ramos de Souza, o Bahia, outro Chico Mendes, outra Irmã Dorothy, assassinado na
Ocupação Vitória, em Bel Horizonte, MG, dia 31/03/2015.
Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
domingo, 5 de abril de 2015
O RIO SÃO FRANCISCO, EM PAULO AFONSO, NA BAHIA, ABRAÇA O COMPANHEIRO BAHIA!
Tributo
ao Companheiro Manoel Bahia:
Manoel Ramos de Souza,
o Bahia, 27 anos: coordenador da Ocupação
Vitória em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, dia 31/03/2015, às
15:00h, foi covardemente assassinado. Bahia, pessoa super humana, um herói, um
guerreiro, um mártir da luta por moradia própria, digna e adequada. COMPANHEIRO
BAHIA, SEMPRE PRESENTE, EM NÓS, NA LUTA! Bahia não morreu, se multiplicou.
Bahia não foi sepultado, mas semeado na terra da Ocupação Vitória e na terra
baiana de Paulo Afonso ao lado do Velho Chico.
Mais informes, Notas,
textos e vídeos com/sobre o Bahia no face da Ocupação Vitória, em www.ocupacaovitoria.blogspot.com.br , www.freigilvander.blogspot.com.br
Tributo
n. 1: O RIO SÃO FRANCISCO, EM PAULO AFONSO, NA BAHIA, ABRAÇA O COMPANHEIRO
BAHIA!
Por
Maria do Rosário de Oliveira Carneiro.
Companheiro Bahia
volta para a Bahia. Volta para os braços do Rio São Francisco que banha a
cidade de Paulo Afonso, sua terra natal.
Com a alegria que é
própria do encontro de conterrâneos, conheci o Bahia na Ocupação-comunidade
Vitória, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Bahia me contou que era de Paulo
Afonso e conversamos sobre muitas coisas da Bahia. Falamos do Rio São Francisco
que banha sua cidade, da saudade...
Fomos convivendo e
descobri que naquele jovem, que hoje, dia 03 de abril de 2015, completa 27 anos
de vida, digo vida porque ele vive, existe uma linda pessoa humana. Solidário,
íntegro, ético, companheiro e defensor do povo pobre trabalhador, com uma
profunda consciência de classe trabalhadora. Participou de várias lutas, não
somente das lutas da Comunidade Vitória, mas das demais ocupações da Izidora,
de Belo Horizonte e região metropolitana.
Na véspera de sua
morte covarde, nos encontramos em uma reunião à noite na Ocupação Esperança,
uma das três Ocupações da Izidora, reunião esta, preparatória para o encontro
com o governo de Minas Gerais, no dia seguinte, para as tratativas da Mesa de Negociação
sobre as ocupações. Ele estava silencioso, mas ao final pediu a palavra e fez
uma grande defesa do povo que espera por uma decisão justa do governo: disse
perceber que as famílias da Izidora estão cansadas de promessas, decepcionadas
com a proposta apresentada até agora na Mesa de Negociação, pois representa uma
forma de despejo. Conclamou às demais lideranças a seguirem lutando. "Nossa fé tem que estar na nossa luta",
disse. "Tenho medo que eles estejam
nos enganando, o povo está sofrendo. Não podemos aceitar injustiças."
Afirmou.
Desde o momento que ficamos sabendo de sua morte, covardemente assassinado, às 15:00h – mesmo horário da crucificação de Jesus Cristo – dia 31/03/2015, temos comungado muita dor. Somos muitos o que sentimos sua partida. Mas experimentamos uma esperança. Carregamos em nós a certeza da semente que cai em terra fecunda, que germina, nasce e produz frutos.
Desde o momento que ficamos sabendo de sua morte, covardemente assassinado, às 15:00h – mesmo horário da crucificação de Jesus Cristo – dia 31/03/2015, temos comungado muita dor. Somos muitos o que sentimos sua partida. Mas experimentamos uma esperança. Carregamos em nós a certeza da semente que cai em terra fecunda, que germina, nasce e produz frutos.
Pelo sangue de Manoel
Bahia que escorreu pela terra da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, fica
decretado que as famílias que vivem nas ocupações de Minas Gerais e do Brasil não
podem ser despejadas, não podem ser retiradas daquele chão. O Sangue de Bahia é
a sentença final transitada em julgado. Não cabe nenhuma decisão em contrário.
Cabe o reconhecimento de que aquela terra é sagrada e pertence ao povo que hoje
nela vive e lhe possibilita cumprir a função social.
A família de Manoel Bahia solicitou que ele fosse sepultado, melhor dizendo, semeado, em Paulo Afonso, sua terra natal. Bahia não foi sozinho. Foi com ele uma representação da grande família que ele tem nas terras mineiras, terra amiga, terra dos nossos amores, terra companheira e irmã. Um gesto de extremo amor.
A família de Manoel Bahia solicitou que ele fosse sepultado, melhor dizendo, semeado, em Paulo Afonso, sua terra natal. Bahia não foi sozinho. Foi com ele uma representação da grande família que ele tem nas terras mineiras, terra amiga, terra dos nossos amores, terra companheira e irmã. Um gesto de extremo amor.
Sua despedida na
Comunidade Vitória foi a mais bonita mística da vida misturada com a luta por
solidariedade, partilha e justiça. Quando seu corpo seguiu rumo à Bahia, eu me
lembrei de nossa conversa cheia de saudades no dia que nos conhecemos. Lembrei-me
do Rio São Francisco, do axé daquela gente simples e feliz. Senti, no fundo do
coração, o Rio São Francisco abraçando e acolhendo o Bahia. Bahia volta para a
Bahia, volta para o Rio que também sente saudades... Nós seguiremos firmes na
luta. Bahia, muito mais vivo você vive em nós! Obrigada pelo seu testemunho,
pela sua doação. Honraremos seu nome!
Maria do Rosário
Carneiro.
Belo Horizonte, MG, Brasil, dia 03 de abril de 2015, aniversário do companheiro Bahia, 27 anos. COMPANHEIRO BAIA, SEMPRE PRESENTE, EM NOS, NA LUTA!
Belo Horizonte, MG, Brasil, dia 03 de abril de 2015, aniversário do companheiro Bahia, 27 anos. COMPANHEIRO BAIA, SEMPRE PRESENTE, EM NOS, NA LUTA!
quarta-feira, 1 de abril de 2015
VELÓRIO DO BAÍA, da Ocupação Vitória, de BH e Santa Luzia, MG.
VELÓRIO
DO BAÍA, da Ocupação Vitória, de BH e Santa Luzia, MG.
Profundamente
comovidos, anunciamos e convidamos para o Velório do Baía, um dos maiores guerreiros
da luta por moradia própria, digna e adequada, por reforma urbana e justiça
social.
O corpo
do Baía, integrante da coordenação da Ocupação Vitória, de Belo Horizonte e
Santa Luzia, MG, já foi liberado do IML em Belo Horizonte e está na funerária
sendo embalsamado. Por volta as 13:00h de hoje, quarta-feira, dia 01/04/2015, o
corpo do Baía estará chegando na Ocupação Vitória para velório de 13:00h às
21:00h. Haverá Celebração/Ato às 16:00h e às 20:00h. Às 21:00h o corpo deverá
deixar a Ocupação Vitória e ser levado de carro por uma funerária para ser
sepultado em Paulo Afonso, na Baía. O Baía voltará para a Baía, grande sonho da
mãe dele. Às 14:00h o povo da Ocupação Rosa Leão, com apoiadores, sairá em
marcha passando pela Ocupação Esperança para junto com o povo da Ocupação
Esperança chegar na Ocupação Vitória por volta das 15:30h e participar das
celebrações/Atos. Esperamos representação
- a maior possível – de todas as Ocupações de BH e RMBH. Venham consolar
os aflitos! Baía: “Nós lutamos por direitos”. Baía, uma das pessoas mais
humanas que conhecemos na face da terra.
Cf.
Nota em www.ocupacaovitoria.blogspot.com.br
, no face e nos blogs das ocupações de BH e RMBH.
Baía,
PRESENTE sempre em NÓS NA LUTA!
Obrigado,
Baía! Obrigado a dona Zinha (56 anos), mãe do Baía, e senhor João (80 anos),
pai do Baía, aos seus 5 irmãos/ãs, parentes, Fabiana e amigos/as. Nós amamos o
Baía e vocês também.
terça-feira, 31 de março de 2015
A TARDE MAIS TRISTE: COMPANHEIRO BAHIA ASSASSINADO. BH, 31/03/2015
A TARDE MAIS
TRISTE: COMPANHEIRO BAHIA ASSASSINADO.
Hoje, 31 de março de 2015, a tarde mais triste das ocupações da região da Isidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Morreu Manoel Ramos, o Bahia, coordenador da Ocupação Vitória e valoroso militante da luta das famílias sem-teto da capital de Minas Gerais e da Região Metropolitana de BH. Por volta das 15:00h o Bahia foi assassinado a golpes de machado e facão por oportunistas infiltrados na comunidade Vitória, indivíduos que pretendiam lucrar com a luta de milhares de famílias que lutam aguerridamente por moradia própria, digna e adequada. Bahia tombou no lugar onde sonhou viver, um sonho que não era só dele, mas compartilhado por milhares de famílias que desejam se libertarem do aluguel e da humilhação de sobreviver de favor; um sonho de outras tantas pessoas, dentro ou fora das ocupações, que assumem o compromisso de construir uma cidade onde caibam todos e todas.
Bahia foi morto
por se opor à venda de espaços dentro da ocupação, por procurar garantir que
aquela comunidade acolhesse apenas aqueles e aquelas que realmente necessitam
de teto. Morreu por ser justo e por fazer do princípio da igualdade seu maior
estandarte. Foi vítima da cobiça intolerável de poucos, da intransigência dos
poderes públicos em construir uma solução justa, pacífica, negociada e rápida
para o maior conflito social urbano do Brasil, hoje instalado na Região do
Isidora. Foi a ausência de uma política efetiva de Reforma Urbana que fez do
Bahia uma vítima, e nos privou a todos da presença deste gigante em coragem e
generosidade.
Bahia era há
meses vítima de ameaças, por seguir as determinações coletivas
que impedem a venda de lotes em áreas ocupadas. Também foi sobrevivente de um
atentado contra sua vida executado por PMs, fato que quase o levou à morte,
isso por se opor às violações de direitos promovidas por policiais militares
contra os moradores da Ocupação Vitória. Bahia nunca se intimidou.
Seguiu lutando, denunciando e construindo o futuro de milhares. Um futuro
que lhe pertence e que lhe foi negado.
Um pedaço de nós
morreu com Bahia, porém aquilo que é vivo em nós se fortalece nesta dor. Não
será inútil o sacrifício deste amigo e companheiro. Bahia morreu por defender a
justa luta por dignidade, por uma cidade aberta, na qual todos/as e cada um/a
possam conviver em plenitude. Diante de um gesto de tanta coragem, não temos o
direito de desistir. Devemos levar às últimas consequências o exemplo
deste extraordinário ser humano. Devemos lutar, resistir e vencer, coletivamente.
Se tentaram,
pelo medo, impor uma ordem injusta, será pela coragem de moradores/as,
apoiadores/as e organizações que prevalecerá a igualdade e a Vitória.
Seguiremos combatendo toda e qualquer tentativa de utilização indevida da luta
de tantos e tantas.
Cabe
aos governos evitar que esta situação se repita, e que de uma
vez por todas garanta o direito de todas as famílias sem-teto das
ocupações urbanas de Minas Gerais.
Não toleramos mais pagar com
sangue a intransigência dos governantes, a insensibilidade do
judiciário e os interesses dos empresários.
A tarde mais triste nos desola.
Esta noite choramos sobre o corpo de um de nós. Amanhã nos
daremos conta que estamos vivos, e que o tributo cobrado pelo
que tombou, é a marcha firme dos que vivem. Nos manteremos sempre
de pé.
Companheiro Bahia. PRESENTE!
Belo
Horizonte, MG, Brasil, 31 de março de 2015.
Assinam
essa Nota,
Brigadas
Populares;
Comissão
Pastoral da Terra (CPT);
Movimento
de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB);
Coordenação
das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão
e Rede de
Apoio.
segunda-feira, 23 de março de 2015
Mata do Planalto, em Belo Horizonte, MG, ameaçada de devastação, mas defendida pela profa. Dra. Andrea Zhouri, da FAFICH/UFMG e do Grupo GESTA, em Audiência Pública dia 19/03/2015, na FAJE.
Mata do Planalto, em
Belo Horizonte, MG, ameaçada de devastação, mas defendida pela profa. Dra.
Andrea Zhouri, da FAFICH/UFMG e do Grupo GESTA, em Audiência Pública dia
19/03/2015, na FAJE.
Mata do Planalto, em Belo Horizonte, MG, ameaçada de devastação, mas defendida pelo biólogo Iury Valente, em Audiência Pública dia 19/03/2015, na FAJE.
Mata do Planalto, em
Belo Horizonte, MG, ameaçada de devastação, mas defendida pelo biólogo Iury
Valente, em Audiência Pública dia 19/03/2015, na FAJE.
domingo, 22 de março de 2015
Ocupações unidas bloqueiam o trânsito na luta por Moradia no Dia Nacional de Luta das Ocupações Urbanas, 18/03/2015.
Ocupações unidas
bloqueiam o trânsito na luta por Moradia no Dia Nacional de Luta das Ocupações
Urbanas, 18/03/2015.
Assinar:
Postagens (Atom)