sexta-feira, 26 de julho de 2019

CPT-MG 40 anos - Madalena: CPT e Rede de Apoio - A Força da Unidade - Ví...




Nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019 / Madalena: CPT e Rede de Apoio - A Força da Unidade - Vídeo 4 - 07/3/2018.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, , inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora, libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 4ª parte do depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.


*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Nota de apoio à ACAMARES (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo, MG): valorizando vidas e tecnologias limpas


Nota de apoio à ACAMARES (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo, MG): valorizando vidas e tecnologias limpas


Catadoras no atual galpão da ACAMARES, fazendo a triagem dos Materiais Recicláveis – Sarzedo, MG. Fotos: Alenice Baeta.


A sede da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES) fica em um galpão situado na Rua São Judas Tadeu, nº 80, no Distrito Industrial do município de Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), MG. Por entre inúmeras pilhas variadas de materiais recicláveis, trabalha uma aguerrida equipe, composta por 9 mulheres catadoras e 1 homem catador. O galpão é dividido em escritório, sala de reunião e de oficinas, além dos ambientes destinados ao acondicionamento, triagem e máquinas de prensa para confecção dos fardos de materiais recicláveis.  
A ACAMARES trabalha muito para se manter em funcionamento. Atualmente, possui uma parceria com a prefeitura de Sarzedo, na modalidade de fomento, por meio do Termo nº 06/2019, que garante infraestrutura para o desenvolvimento da atividade. No entanto, a primeira necessidade, com base na Lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, é a coleta seletiva. A coleta seletiva com inclusão social e produtiva dos catadores é o reconhecimento do trabalho dos(as) catadores(as) como serviço essencial na gestão municipal dos resíduos sólidos. Não existe em Sarzedo coleta seletiva municipal. Há apenas um caminhão que recolhe materiais recicláveis em alguns setores administrativos da prefeitura e em algumas lojas do comércio local, não tendo uma rota definida, nem equipe com treinamento para a coleta seletiva. Este modelo que o município chama de coleta seletiva é feito sem a participação dos catadores e sem mobilização social e participação popular. Infelizmente, o material recolhido, que é muito pouco, é entregue no galpão da ACAMARES, sem cumprir uma rotina. A falta de cumprir uma agenda de coleta faz com que os pontos de coleta venham se enfraquecendo e conseqüentemente diminuindo a quantidade de material que chega ao galpão.
Atualmente, a ACAMARES recebe o maior volume de material do município vizinho, Mário Campos, e de algumas empresas locais. O intuito da equipe da ACAMARES, que pertence ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), é que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que vigora há nove anos, seja simplesmente cumprida em Sarzedo.
Em entrevista a frei Gilvander Moreira, associadas da ACAMARES relatam que o atual galpão está pequeno e que, por isso, não há condições de armazenamento de materiais e colocação de caçambas de vidro e sucatas. Por esse motivo na ACAMARES há materiais armazenados na área externa do galpão, de forma inadequada. Isso já foi oficializado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que ainda não deu uma solução. Tudo isso compromete a logística e organização do trabalho e, por consequência, a renda da ACAMARES fica muito mais baixa do que necessitam e planejam.
Cada trabalhador/a da ACAMARES tem recebido em média 570 reais por mês, o que é muito pouco para mães e pais de família se manterem. Os/As trabalhadores/as contam que gostam muito do ofício de catador/a e têm muito orgulho de saber que estão colaborando para a limpeza da cidade onde moram. As/Os catadoras/es têm a plena consciência de que cada vidro, plástico, papel ou alumínio reciclado reduz o consumo de matéria-prima e diminui a poluição da água, do ar e do solo. Segundo uma das catadoras, “o lixo é o nosso ouro.” Pena que o poder público local parece ainda não ter percebido a grandeza deste importante empreendimento limpo e inovador na cidade, que poderia gerar muito emprego, inclusive.  
A Lei n. 12.305, de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, esclarece sobre a necessidade de uma gestão integrada e instrui sobre o gerenciamento de resíduos sólidos e as responsabilidades dos geradores, do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Tal lei proibiu lixões e aterros irregulares no Brasil, estabelecendo prazo para o seu fechamento; prazo que já foi adiado. Em seu artigo terceiro, indica a necessidade de um acordo setorial, ou melhor, parcerias a serem firmadas entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Ainda orienta sobre a necessidade de um controle de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e participação nos processos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos no país, indicando ainda a premência da implantação de um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos. Em nível estadual, a Lei 18.031/2009 arbitra este tema destacando os princípios da não-geração, redução, reaproveitamento, reciclagem, tratamento e disposição final, ambientalmente adequada, reiterando a política de responsabilidade socioambiental compartilhada entre setor público, geradores, transportadores, distribuidores e consumidores. Orienta que as ações que cabem aos governos deverão se pautar, entre outros aspectos, pelo reconhecimento da atuação das/os catadoras/es nas ações que envolvam o fluxo de resíduos sólidos, como forma de garantir-lhes condições dignas de trabalho. Esclarece ainda entre outros, sobre necessidade de consórcios municipal, intermunicipal, coleta seletiva e gestão integrada de resíduos sólidos. Cadê COLETA SELETIVA E GESTÃO INTEGRADA em Sarzedo?
Deve-se sempre incentivar as tecnologias limpas, em vez de empreendimentos que causam danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas, como vem sendo observado em Sarzedo, que parece dar preferências a atividades de mineradoras, terminais ferroviários e incineradoras de resíduos tóxicos industriais (empresa ECOVITAL), entre outros. Segue um resumo das medidas emergenciais REIVINDICADAS PELA ACAMARES a serem estabelecidas no que se refere ao funcionamento eficaz de uma política de resíduos sólidos em Sarzedo:
. Cumprimento da legislação vigente relativa à política de resíduos sólidos no município, por meio de uma rede contínua de compartilhamento envolvendo poder público, empresas e moradores locais e por meio também de programas ambientais e de educação popular que promovam a conscientização da sua importância;
. Apoio eficaz do poder público municipal a ACAMARES, assumindo a remuneração de um salário mínimo pelo trabalho prestado pelas catadoras e catadores, garantindo que a ACAMARES consiga manter em dia a contribuição com o INSS, transporte (Cartão Ótimo) e cesta básica;
. Locação da ACAMARES em um galpão mais ampliado, com área externa, para que possa aumentar e ampliar as atividades de coleta e colocação de caçambas para vidros e sucatas e, por conseguinte, contratação de novas/os trabalhadoras/es/catadoras/es, gerando empregos e renda na cidade; 
. Investimento em tecnologias limpas, prezando a limpeza do município, preservação do meio ambiente e saúde da sua população. A reciclagem apresenta-se como uma solução logisticamente viável, economicamente rentável e ambientalmente correta. Urgente que Sarzedo promova uma política integrada que esteja em sintonia com a legislação em vigor, que envolva de forma eficaz o poder público local, as empresas que ali atuam e os moradores locais comprometidos com a rede dos 5Rs, ou seja: as fases Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar;
. Implementação da coleta seletiva com inclusão socioprodutiva de catadores, mobilização e sensibilização da população envolvendo as secretarias de Meio Ambiente, Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Comunicação.

Assinam esta Nota:
Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES)
Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclado (MNCR)
Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT)

Sarzedo-MG, 25 de julho de 2019.

Álbum de Fotos:

 
Frei Gilvander, da CPT/MG, entrevistando as catadoras de material reciclável da ACAMARES, em Sarzedo-MG.
Fardos já montados de jornais, plásticos e papelão no galpão da ACAMARES.
Equipe da ACAMARES e representante da CPT/MG e do Movimento SOS Sarzedo.
Obs.: Os vídeos, abaixo, compõem a Reportagem em vídeo que frei Gilvander fez na ACAMARES, em Sarzedo, MG, dia 03/7/2019.
1 - ACAMARES, em Sarzedo, MG: cooperativa de catadoras/es clama por apoio do poder público. Vídeo 1



2 - Catadoras em Sarzedo, MG, da ACAMARES, clamam por apoio. Cadê o prefeito? Vídeo 2. 03/7/2019



3 - Quanta humanidade nas Catadoras em Sarzedo, MG, da ACAMARES, mas cadê o apoio do prefeito? Vídeo 3


4 - Catadoras da ACAMARES, limpam a cidade de Sarzedo, MG, mas tem pouco apoio. Vídeo 4. 03/7/2019



5 - Prefeitura de Sarzedo/MG precisa cumprir a Política Nac Resíduos sólidos e apoiar ACAMARES. Vídeo 5



quarta-feira, 24 de julho de 2019

Madalena: coragem e união na luta pela terra: nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos (1979 a 2019) - Vídeo 3 - 07/3/2018.


Madalena: coragem e união na luta pela terra: nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos (1979 a 2019) - Vídeo 3 - 07/3/2018.



A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, , inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora, libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 3ª parte do depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.

Nova Logomarca da CPT/MG.

*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
 *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena: Luta pela terra e protagonismo na 1ª Romaria das Águas e da Terra de MG - Vídeo 2 - 07/3/2018.


Nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena: Luta pela terra e protagonismo na 1ª Romaria das Águas e da Terra de MG - Vídeo 2 - 07/3/2018.



A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, , inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora, libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 2ª parte do depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.

4a Romaria das Águas e da Terra da bacia do Rio Doce, em Itabira, MG, dia 02/6/2019. Foto: Heitor Bragança

*Reportagem e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena: Coragem e Ousadia no Vale do ex-Rio Doce, MG - Vídeo 1 - 07/3/2018.


Nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena: Coragem e Ousadia no Vale do ex-Rio Doce, MG - Vídeo 1 - 07/3/2018.



A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Minas Gerais, celebra, nesse ano de 2019, seus 40 anos de luta, , inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora, libertadora, junto aos camponeses e camponesas no estado de Minas Gerais. Nesse vídeo, a 1ª parte do depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-Rio Doce, MG, a partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.

Madalena, da CPT/MG, durante entrevista para os 40 anos da CPT/MG dia 07/3/2018. Foto: frei Gilvander

*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Despejar Quilombo Souza no coração de Belo Horizonte é injusto e absurdo...



Despejar o Quilombo Souza no coração de Belo Horizonte é injusto e inconstitucional. Vídeo 2. 19/7/2019.

Ilegalidades e irregularidades na decisão do TJMG que mandou despejar o Quilombo Souza, em BH. Despejo iminente da Comunidade Quilombola Vila Teixeira Soares, em Belo Horizonte, MG: injustiça gritante. A Associação de Moradores do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, MG, e uma grande rede de apoio vêm a público se manifestar veementemente contra o desalojamento da Vila Teixeira Soares, comunidade tradicional quilombola consolidada que está sob ameaça de despejo por uma ordem judicial ilegal, inconstitucional e injusta. São 16 famílias que estão para serem despejadas no próximo dia 25 de julho de 2019, sem qualquer indenização ou reassentamento prévio. A ameaça do despejo impulsionou as famílias da Vila Teixeira Soares a resgatarem sua memória, construir sua linha do tempo e se reconhecer como Quilombo Urbano – o 4º em Belo Horizonte - por meio de assembleia de auto declaração realizada no último dia 30 de junho, que contou com a participação da nossa Associação, parlamentares, Ministério Público, etc. O risco do despejo também fez lideranças da Vila retornarem à terra de origem da matriarca e do patriarca fundadores da comunidade para comprovar e obter certidão oficial de batismo do patriarca Petronillo registrado no "livro de batismo dos escravos". Esse e muitos outros documentos oficiais foram encaminhados à Fundação Palmares para fins de reconhecimento do território como remanescente quilombola passível de proteção, nos termos do Decreto Nº 4.887/2003 e da Portaria FCP Nº 98/2007. A Fundação Cultural Palmares já expediu o Certificado reconhecendo a Comunidade Souza como Comunidade remanescente de quilombo. Isso já foi publicado no Diário Oficial da União. Parte considerável da área é território ancestral negro autodeclarado e que batalha pelo seu reconhecimento como comunidade remanescente quilombola, situada no bairro Santa Tereza, patrimônio histórico da capital mineira. A Vila se forma no início do século XX, pela matriarca negra Elisa, nascida sob a Lei do Ventre Livre, casada com Petronillo, que foi pessoa escravizada até a promulgação da Lei Áurea em 1888. Ambos se casaram e migraram do interior do estado de Minas Gerais, cidade de Além Paraíba, para Belo Horizonte, em busca de melhores condições de sobrevivência. Instalaram-se no bairro de Santa Tereza antes de 1915, ano em que nasceu um dos filhos do casal registrado em cartório já na capital. O patriarca Petronillo chegou a trabalhar na construção da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira de Belo Horizonte. O terreno em que construíram sua morada fazia parte da Ex-Colônia Américo Werneck e foi adquirido em 1923, conforme contrato de compra e venda que foi levado a registro. As famílias ameaçadas de despejo pagam IPTU ao município desde o ano de 1955! São contribuintes e não são considerados como pessoas cidadãs. Neste vídeo 2, frei Gilvander continua entrevistando o advogado Dr. Joviano Gabriel, que fala sobre uma série de ilegalidades, irregularidades e indícios de fraudes no processo que levou à decisão do TJMG de despejo da Comunidade Quilombola Souza, de Belo Horizonte.

Foto: Divulgação / Movimento Teixeira Resiste


Filmagem e edição de frei Gilvander, da CPT, CEBs e CEBI. Belo Horizonte, 19/7/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Vem aí o mês da Bíblia, em 2019, com a I Carta de João


Vem aí o mês da Bíblia, em 2019, com a I Carta de João
Gilvander Moreira[1]

Capa do livrinho do CEBI-MG - Texto-base - para o mês da Bíblia de 2019.

Em Minas Gerais, há mais de 20 anos, um grupo de biblistas do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI-MG)[2] publica anualmente um livrinho que busca ser um Texto-Base sobre o livro bíblico do mês da Bíblia: setembro. Em 2019, todas as pessoas e comunidades cristãs são convidadas a refletir e inspirar a caminhada, especialmente no mês de setembro, sobre a Primeira Carta de João: Carta do Discípulo Amado às Primeiras Comunidades Cristãs, a nós e às Comunidades cristãs da atualidade. O livrinho tem como título A Comunhão entre Deus e Nós e como subtítulo Uma leitura da Primeira Carta de João feita pelo CEBI-MG.
As Primeiras Comunidades Cristãs, no meio de muitas perseguições e violências, divisões internas, inclusive, sob a influência do Discípulo Amado, tiveram a sabedoria, a coragem e o discernimento para manterem a unidade e a perseverança na caminhada cultivando a utopia de serem fieis ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo e não se perderem na caminhada.
Vivemos um tempo perigoso no Brasil e no mundo. Tempo de ascensão de ideias e políticos “linha dura” e de militares ao poder político, tanto no executivo quanto no legislativo, no nível federal e em muitos estados, de poder judiciário parcial e seletivo, decidindo para reproduzir e ampliar as desigualdades sociais, violentando o espírito democrático construído com muita luta, suor e sangue no Brasil. Tempo de fake news (falsas notícias) fomentando ódio e discriminações. Tempo de poder da mídia trombeteando aos quatro ventos a ideologia dominante, estamos em tempos de fundamentalismos, de céus povoados de anjos e entidades, de “demônios” por todos os lados, de gritaria de deuses – idolatria do capital. Tempo de promessas, de busca insaciável de bênçãos, de procissões, de peregrinações, de necessidade de expiação.  Tempo de moralismo, de religiões sem Deus, de salvação sem escatologia, de cristianismo light, de libertações que não vão muito além da autoestima. Tempo de teologia da prosperidade em igrejas eletrônicas. Enfim, tempos de neopentecostalismo tanto dentro da igreja católica como em uma infinidade de outras igrejas. E tudo isso levando a graves retrocessos com relação a políticas públicas que beneficiariam a maioria do povo: corte de direitos sociais, amputação de direitos trabalhistas e previdenciários, etc.
Nesse contexto, será muito bom lermos e compreendermos bem na Bíblia Primeira Carta de João (1 Jo), pois um dos graves obstáculos que as comunidades cristãs do discípulo amado – autor da I Jo - estavam atravessando era as investidas de grupos espiritualistas que estavam desencarnando a fé cristã e amputando a dimensão social da fé em/de Jesus Cristo e no seu Evangelho.
Para compreendermos de forma sensata e libertadora a Primeira Carta de João às comunidades joaninas, melhor dizendo, Carta de João às Comunidades do Discípulo Amado e especificamente compreendermos a parte de 1 Jo 2,29–4,6 que propõe às pessoas e às comunidades cristãs que ‘para ser filha e filho de Deus temos que ser pessoas justas’ é preciso várias coisas. Primeiro, ler, reler e tresler o texto devagarinho, de preferência de forma comunitária. Segundo, considerar a caminhada histórica das Comunidades Cristãs do Discípulo Amado. Tiveram uma origem (1ª fase) calcada na experiência da ressurreição de Jesus Cristo. Passaram por uma 2ª fase, durante a qual foram espirradas para a Diáspora, entre os gentios, considerados pagãos, na Ásia Menor, após serem expulsas da Sinagoga na década de 80 do século I. Vivenciaram uma 3ª fase, por volta do ano 100 depois de Cristo, época da redação das Cartas “joaninas” por um coordenador de comunidade, em Éfeso, endereçadas às Comunidades Cristãs do Discípulo Amado. E chegaram a uma 4ª fase, durante o Século II, depois das “Cartas Joaninas”. Nessas várias fases, as Comunidades do Discípulo Amado passaram por várias crises. E nós hoje, leitoras e leitores da ‘I Carta de João’ somos convidadas/os a beber da seiva original de todas as fases anteriores e, principalmente, como filhas e filhos do Deus da Vida, vivendo e convivendo de forma justa e lutando pela superação de toda e qualquer injustiça que se abate sobre qualquer pessoa ou ser vivo da biodiversidade.
Importante notar que são várias comunidades do discípulo amado, não apenas uma. Nós também, mesmo participando de comunidades diferentes, precisamos estar em comunhão conspirando em sintonia com projeto do Evangelho de Jesus Cristo que quer vida e liberdade em abundância para todos/as e para todos os seres vivos (Cf. Jo 10,10). A caminhada histórica das Comunidades Cristãs do Discípulo Amado, passando por quatro fases, se deu como se as quatro fases fossem uma corda onde estivessem entrelaçados quatro fios. Cada fase corresponde a um fio, que não deve ser visto de forma isolada, mas como um conjunto entrelaçado. Um fio sozinho é fraco, mas quando se juntam muitos fios, entrelaçando-os, a força da fraqueza surge e se torna invencível. Assim, uma pessoa ou comunidade sozinha e isolada é frágil, mas quando se articula com outras pessoas e comunidades injustiçadas e estabelece caminhada conjunta em comunhão supera obstáculos por vezes tidos como instransponíveis, e conquista direitos. No meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) é comum ouvirmos: “isolada, sou um pedaço de pessoa. Participando da comunidade me torno pessoa inteira.”
Outros dois critérios imprescindíveis para uma boa compreensão da mensagem da Primeira Carta de João e, especificamente, de 1 Jo 2,29-4,6, são o contexto que envolvia as comunidades do Discípulo Amado e como buscavam vivenciar internamente projeto de Jesus Cristo ressuscitado. O contexto era tremendamente adverso: imperialismo romano que superexplorava o povo submetido ao regime de escravidão – 1/3 das pessoas de um império com 60 milhões de habitantes não eram consideradas pessoas, mas coisas/mercadorias –, contexto de violentação do povo também pela exploração tributária – quem mais pagava impostos embutidos em tudo o que se comprava eram os pobres. As instituições religiosas predominantes mais próximas das Comunidades do Discípulo Amado eram o Judaísmo rigorista, fundamentalista e moralista ou as religiões mistéricas ou as religiões imperiais, todas anticristãs. Pela utopia do reino de Deus testemunhado por Jesus Cristo e também por necessidade, as Comunidades do Discípulo Amado buscavam colocar em prática um Projeto de vida que se pautava por quatro aspectos entrelaçados: amor, justiça, solidariedade e fraternidade.
Em 1 Jo 1,1-2,28, vemos que as pessoas das Comunidades do Discípulo Amado buscavam andar na luz, porque “Deus é luz” (1 Jo 1,5). Sim, Deus é luz, mas não é só luz; Deus é também justiça. Por isso na parte de 1 Jo 2,29-4,6 vemos que andar na luz implica viver na justiça. Mas que tipo de justiça a Primeira Carta de João defende e que deve ser a bússola que nos guia? Certamente não é a justiça legalista e capitalista, nem a do mercado e nem a da meritocracia. A justiça que o Deus da vida quer inclui uma reorganização geral e profunda da sociedade onde o bem comum seja a coluna mestra. Implica também superar o sistema do capital e o capitalismo. Intuo que a música ‘Clamando pela posse da terra’, de Antônio Pereira de Almeida, o Antônio Baiano da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de Goiás, no CD Encanto pela terra, de 1999, canta o tipo de justiça do qual devemos ser construtoras e construtores. Canta Antônio Baiano assim:
“Clamando pela posse da terra, no campo milhares estão.
Esse grito está incomodando a quem sempre viveu da exploração.
O QUE POSSO FAZER? O QUE TENHO A DIZER, MEU PAI? QUE SE FAÇA JUSTIÇA, REPARTAM AS TERRAS, PARTILHEM O PÃO ENTRE NÓS FILHOS  TEUS!
Não posso mais enumerar os mártires deste país. Na roça e também na cidade,
    crueldade, correm rios de sangue.
A quem serve a lei e o poder, a polícia e a Constituição?
Assassinam sem piedade, permanecem impunes nesta nação.
Passo a passo fazemos caminho, sempre em busca de organização.
De mãos dadas sigamos em frente, formando a corrente pra libertação.”

Belo Horizonte, MG, 23/7/2019.

Obs.: Quem quiser adquirir o Livrinho Texto-base do mês da Bíblia, do CEBI-MG, de 2019 - A Comunhão entre Deus e Nós e como subtítulo Uma leitura da Primeira Carta de João feita pelo CEBI-MG - entrar em contato com CEBI-MG: Secretaria Estadual CEBI-MG
Rua da Bahia, 1148 – Edifício Maleta, Sala 1215 - Centro – Belo Horizonte/MG
CEP: 60.160-011 - Telefone: (31) 3222 1805 - E-mail : secretariado@cebimg.org.br



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.  E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br            
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