Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
Nos
caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019 / Madalena: CPT
e Rede de Apoio - A Força da Unidade - Vídeo 4 - 07/3/2018.
A Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, ,
inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei
Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG
mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de
Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja
resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora,
libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 4ª parte do
depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a
partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos
oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.
*Reportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira,
colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no
Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
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Nota de apoio à ACAMARES
(Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo, MG): valorizando vidas
e tecnologias limpas
Catadoras no atual galpão da ACAMARES, fazendo a triagem dos Materiais Recicláveis – Sarzedo, MG. Fotos: Alenice Baeta.
A
sede da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES) fica
em um galpão situado na Rua São Judas Tadeu, nº 80, no Distrito Industrial do
município de Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), MG. Por
entre inúmeras pilhas variadas de materiais recicláveis, trabalha uma aguerrida
equipe, composta por 9 mulheres catadoras e 1 homem catador. O galpão é
dividido em escritório, sala de reunião e de oficinas, além dos ambientes destinados
ao acondicionamento, triagem e máquinas de prensa para confecção dos fardos de
materiais recicláveis.
A
ACAMARES trabalha muito para se manter em funcionamento. Atualmente, possui uma
parceria com a prefeitura de Sarzedo, na modalidade de fomento, por meio do
Termo nº 06/2019, que garante infraestrutura para o desenvolvimento da
atividade. No entanto, a primeira necessidade, com base na Lei que instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, é a coleta seletiva. A coleta
seletiva com inclusão social e produtiva dos catadores é o reconhecimento do
trabalho dos(as) catadores(as) como serviço essencial na gestão municipal dos
resíduos sólidos. Não existe em Sarzedo coleta seletiva municipal. Há apenas um
caminhão que recolhe materiais recicláveis em alguns setores administrativos da
prefeitura e em algumas lojas do comércio local, não tendo uma rota definida,
nem equipe com treinamento para a coleta seletiva. Este modelo que o município
chama de coleta seletiva é feito sem a participação dos catadores e sem
mobilização social e participação popular. Infelizmente, o material recolhido,
que é muito pouco, é entregue no galpão da ACAMARES, sem cumprir uma rotina. A
falta de cumprir uma agenda de coleta faz com que os pontos de coleta venham se
enfraquecendo e conseqüentemente diminuindo a quantidade de material que chega ao
galpão.
Atualmente,
a ACAMARES recebe o maior volume de material do município vizinho, Mário Campos,
e de algumas empresas locais. O intuito da equipe da ACAMARES, que pertence ao
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), é que a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, que vigora há nove anos, seja simplesmente
cumprida em Sarzedo.
Em
entrevista a frei Gilvander Moreira, associadas da ACAMARES relatam que o atual
galpão está pequeno e que, por isso, não há condições de armazenamento de
materiais e colocação de caçambas de vidro e sucatas. Por esse motivo na
ACAMARES há materiais armazenados na área externa do galpão, de forma
inadequada. Isso já foi oficializado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
que ainda não deu uma solução. Tudo isso compromete a logística e organização
do trabalho e, por consequência, a renda da ACAMARES fica muito mais baixa do
que necessitam e planejam.
Cada
trabalhador/a da ACAMARES tem recebido em média 570 reais por mês, o que é muito
pouco para mães e pais de família se manterem. Os/As trabalhadores/as contam
que gostam muito do ofício de catador/a e têm muito orgulho de saber que estão
colaborando para a limpeza da cidade onde moram. As/Os catadoras/es têm a plena
consciência de que cada vidro, plástico, papel
ou alumínio reciclado reduz o consumo de matéria-prima e diminui a poluição da
água, do ar e do solo. Segundo uma das catadoras, “o lixo é o nosso ouro.” Pena que o poder público local parece ainda
não ter percebido a grandeza deste importante empreendimento limpo e inovador na
cidade, que poderia gerar muito emprego, inclusive.
A
Lei n. 12.305, de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, esclarece sobre a necessidade de uma gestão integrada e instrui sobre
o gerenciamento de resíduos sólidos e as responsabilidades dos geradores, do
poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Tal lei proibiu lixões e aterros irregulares no Brasil,
estabelecendo prazo para o seu fechamento; prazo que já foi adiado. Em
seu artigo terceiro, indica a necessidade de um acordo setorial, ou melhor,
parcerias a serem firmadas entre o poder público e
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a
implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Ainda
orienta sobre a necessidade de um controle de mecanismos e procedimentos que
garantam à sociedade informações e participação nos processos de formulação,
implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos
sólidos no país, indicando ainda a premência da implantação de um plano
municipal de gestão integrada de resíduos sólidos. Em nível estadual, a Lei
18.031/2009 arbitra este tema destacando os princípios da não-geração, redução, reaproveitamento,
reciclagem, tratamento e disposição final, ambientalmente adequada, reiterando
a política de responsabilidade socioambiental compartilhada entre setor
público, geradores, transportadores, distribuidores e consumidores. Orienta que
as ações que cabem aos governos deverão se pautar, entre outros aspectos, pelo
reconhecimento da atuação das/os catadoras/es nas ações que envolvam o fluxo de
resíduos sólidos, como forma de garantir-lhes condições dignas de trabalho. Esclarece
ainda entre outros, sobre necessidade de consórcios municipal,
intermunicipal, coleta seletiva e gestão integrada de resíduos sólidos. Cadê COLETA
SELETIVA E GESTÃO INTEGRADA em Sarzedo?
Deve-se sempre incentivar as tecnologias limpas, em
vez de empreendimentos que causam danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas,
como vem sendo observado em Sarzedo, que parece dar preferências a atividades
de mineradoras, terminais ferroviários e incineradoras de resíduos tóxicos
industriais (empresa ECOVITAL), entre outros. Segue um resumo das medidas emergenciais
REIVINDICADAS PELA ACAMARES a serem estabelecidas no que se refere ao
funcionamento eficaz de uma política de resíduos sólidos em Sarzedo:
. Cumprimento da legislação vigente relativa à política
de resíduos sólidos no município, por meio de uma rede contínua de
compartilhamento envolvendo poder público, empresas e moradores locais e por
meio também de programas ambientais e de educação popular que promovam a
conscientização da sua importância;
. Apoio eficaz do poder público municipal a ACAMARES,
assumindo a remuneração de um salário mínimo pelo trabalho prestado pelas
catadoras e catadores, garantindo que a ACAMARES consiga manter em dia a
contribuição com o INSS, transporte (Cartão Ótimo) e cesta básica;
. Locação da ACAMARES em um galpão mais ampliado, com
área externa, para que possa aumentar e ampliar as atividades de coleta e
colocação de caçambas para vidros e sucatas e, por conseguinte, contratação de
novas/os trabalhadoras/es/catadoras/es, gerando empregos e renda na cidade;
. Investimento em tecnologias limpas, prezando a
limpeza do município, preservação do meio ambiente e saúde da sua população. A reciclagem apresenta-se como uma solução
logisticamente viável, economicamente rentável e ambientalmente correta. Urgente que Sarzedo promova uma política
integrada que esteja em sintonia com a legislação em vigor, que envolva de
forma eficaz o poder público local, as empresas que ali atuam e os moradores
locais comprometidos com a rede dos 5Rs, ou seja: as fases Repensar, Reduzir,
Recusar, Reutilizar e Reciclar;
. Implementação da coleta seletiva com inclusão
socioprodutiva de catadores, mobilização e sensibilização da população
envolvendo as secretarias de Meio Ambiente, Desenvolvimento Social, Educação,
Saúde e Comunicação.
Assinam esta
Nota:
Associação
de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES)
Comissão
Pastoral da Terra (CPT/MG)
Centro
de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES)
Movimento
Nacional dos Catadores de Material Reciclado (MNCR)
Associação
Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT)
Sarzedo-MG,
25 de julho de 2019.
Álbum de Fotos:
Frei Gilvander, da CPT/MG, entrevistando as catadoras de material reciclável da ACAMARES, em Sarzedo-MG.
Fardos já montados de jornais, plásticos e papelão no galpão da ACAMARES.
Equipe da ACAMARES e representante da CPT/MG e do Movimento SOS Sarzedo.
Obs.: Os
vídeos, abaixo, compõem a Reportagem em vídeo que frei Gilvander fez na
ACAMARES, em Sarzedo, MG, dia 03/7/2019.
1 - ACAMARES, em Sarzedo, MG:
cooperativa de catadoras/es clama por apoio do poder público. Vídeo 1
2 - Catadoras em Sarzedo, MG, da
ACAMARES, clamam por apoio. Cadê o prefeito? Vídeo 2. 03/7/2019
3 - Quanta humanidade nas Catadoras em
Sarzedo, MG, da ACAMARES, mas cadê o apoio do prefeito? Vídeo 3
Madalena:
coragem e união na luta pela terra: nos caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40
anos (1979 a 2019) - Vídeo 3 - 07/3/2018.
A Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, ,
inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei
Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG
mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de
Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja
resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora,
libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 3ª parte do
depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a
partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos
oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.
Nova Logomarca da CPT/MG.
*Reportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira,
colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei
Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
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Nos
caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena: Luta
pela terra e protagonismo na 1ª Romaria das Águas e da Terra de MG - Vídeo 2 - 07/3/2018.
A Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em Minas Gerais, celebra, neste ano de 2019, seus 40 anos de luta, ,
inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei
Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG
mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de
Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja
resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora,
libertadora, junto aos camponeses e camponesas. Nesse vídeo, a 2ª parte do
depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a
partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos
oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.
4a Romaria das Águas e da Terra da bacia do Rio Doce, em Itabira, MG, dia 02/6/2019. Foto: Heitor Bragança
*Reportagem e filmagem de
frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira,
colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
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Nos
caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019/ Madalena:
Coragem e Ousadia no Vale do ex-Rio Doce, MG - Vídeo 1 - 07/3/2018.
A Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em Minas Gerais, celebra, nesse ano de 2019, seus 40 anos de luta, ,
inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei
Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG
mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de
Agentes de Pastoral da CPT ou pessoas a eles/elas ligadas, para que seja
resgatada a memória histórica dessa luta solidária, transformadora,
libertadora, junto aos camponeses e camponesas no estado de Minas Gerais. Nesse
vídeo, a 1ª parte do depoimento de Madalena, Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale
do ex-Rio Doce, MG, a partir da cidade de Governador Valadares. Uma vida de
luta em defesa dos oprimidos, dos sem terra, sem voz e sem vez.
Madalena, da CPT/MG, durante entrevista para os 40 anos da CPT/MG dia 07/3/2018. Foto: frei Gilvander
*Reportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira,
colaboradora da CPT/MG. Governador Valadares/MG, 07/3/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no
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Despejar o Quilombo Souza no coração de Belo Horizonte é injusto e inconstitucional. Vídeo 2. 19/7/2019.
Ilegalidades e irregularidades na decisão do TJMG que mandou despejar o Quilombo Souza, em BH. Despejo iminente da Comunidade Quilombola Vila Teixeira Soares, em Belo Horizonte, MG: injustiça gritante. A Associação de Moradores do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, MG, e uma grande rede de apoio vêm a público se manifestar veementemente contra o desalojamento da Vila Teixeira Soares, comunidade tradicional quilombola consolidada que está sob ameaça de despejo por uma ordem judicial ilegal, inconstitucional e injusta. São 16 famílias que estão para serem despejadas no próximo dia 25 de julho de 2019, sem qualquer indenização ou reassentamento prévio. A ameaça do despejo impulsionou as famílias da Vila Teixeira Soares a resgatarem sua memória, construir sua linha do tempo e se reconhecer como Quilombo Urbano – o 4º em Belo Horizonte - por meio de assembleia de auto declaração realizada no último dia 30 de junho, que contou com a participação da nossa Associação, parlamentares, Ministério Público, etc. O risco do despejo também fez lideranças da Vila retornarem à terra de origem da matriarca e do patriarca fundadores da comunidade para comprovar e obter certidão oficial de batismo do patriarca Petronillo registrado no "livro de batismo dos escravos". Esse e muitos outros documentos oficiais foram encaminhados à Fundação Palmares para fins de reconhecimento do território como remanescente quilombola passível de proteção, nos termos do Decreto Nº 4.887/2003 e da Portaria FCP Nº 98/2007. A Fundação Cultural Palmares já expediu o Certificado reconhecendo a Comunidade Souza como Comunidade remanescente de quilombo. Isso já foi publicado no Diário Oficial da União. Parte considerável da área é território ancestral negro autodeclarado e que batalha pelo seu reconhecimento como comunidade remanescente quilombola, situada no bairro Santa Tereza, patrimônio histórico da capital mineira. A Vila se forma no início do século XX, pela matriarca negra Elisa, nascida sob a Lei do Ventre Livre, casada com Petronillo, que foi pessoa escravizada até a promulgação da Lei Áurea em 1888. Ambos se casaram e migraram do interior do estado de Minas Gerais, cidade de Além Paraíba, para Belo Horizonte, em busca de melhores condições de sobrevivência. Instalaram-se no bairro de Santa Tereza antes de 1915, ano em que nasceu um dos filhos do casal registrado em cartório já na capital. O patriarca Petronillo chegou a trabalhar na construção da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira de Belo Horizonte. O terreno em que construíram sua morada fazia parte da Ex-Colônia Américo Werneck e foi adquirido em 1923, conforme contrato de compra e venda que foi levado a registro. As famílias ameaçadas de despejo pagam IPTU ao município desde o ano de 1955! São contribuintes e não são considerados como pessoas cidadãs. Neste vídeo 2, frei Gilvander continua entrevistando o advogado Dr. Joviano Gabriel, que fala sobre uma série de ilegalidades, irregularidades e indícios de fraudes no processo que levou à decisão do TJMG de despejo da Comunidade Quilombola Souza, de Belo Horizonte.
Foto: Divulgação / Movimento Teixeira Resiste
Filmagem e edição de frei Gilvander, da CPT, CEBs e CEBI. Belo Horizonte, 19/7/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Capa do livrinho do CEBI-MG - Texto-base - para o mês da Bíblia de 2019.
Em Minas Gerais, há mais de 20 anos,
um grupo de biblistas do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI-MG)[2]
publica anualmente um livrinho que busca ser um Texto-Base sobre o livro
bíblico do mês da Bíblia: setembro. Em 2019, todas as pessoas e comunidades
cristãs são convidadas a refletir e inspirar a caminhada, especialmente no mês
de setembro, sobre a Primeira Carta de João: Carta do Discípulo Amado às
Primeiras Comunidades Cristãs, a nós e às Comunidades cristãs da atualidade. O
livrinho tem como título A Comunhão entre Deus e Nós e
como subtítulo Uma leitura daPrimeira Carta de Joãofeita pelo CEBI-MG.
As
Primeiras Comunidades Cristãs, no meio de muitas perseguições e violências,
divisões internas, inclusive, sob a influência do Discípulo Amado, tiveram a
sabedoria, a coragem e o discernimento para manterem a unidade e a perseverança
na caminhada cultivando a utopia de serem fieis ao verdadeiro Evangelho de
Jesus Cristo e não se perderem na caminhada.
Vivemos um tempo perigoso no Brasil e
no mundo. Tempo de ascensão de ideias e políticos “linha dura” e de militares
ao poder político, tanto no executivo quanto no legislativo, no nível federal e
em muitos estados, de poder judiciário parcial e seletivo, decidindo para
reproduzir e ampliar as desigualdades sociais, violentando o espírito
democrático construído com muita luta, suor e sangue no Brasil. Tempo de fake
news (falsas notícias) fomentando ódio e discriminações. Tempo de poder da
mídia trombeteando aos quatro ventos a ideologia dominante, estamos em tempos
de fundamentalismos, de céus povoados de anjos e entidades, de “demônios” por
todos os lados, de gritaria de deuses – idolatria do capital. Tempo de
promessas, de busca insaciável de bênçãos, de procissões, de peregrinações, de
necessidade de expiação.Tempo de
moralismo, de religiões sem Deus, de salvação sem escatologia, de cristianismo
light, de libertações que não vão muito além da autoestima. Tempo de teologia
da prosperidade em igrejas eletrônicas. Enfim, tempos de neopentecostalismo
tanto dentro da igreja católica como em uma infinidade de outras igrejas. E
tudo isso levando a graves retrocessos com relação a políticas públicas que
beneficiariam a maioria do povo: corte de direitos sociais, amputação de
direitos trabalhistas e previdenciários, etc.
Nesse contexto, será muito bom lermos e compreendermos
bem na Bíblia Primeira Carta de João (1 Jo), pois um dos graves obstáculos que
as comunidades cristãs do discípulo amado – autor da I Jo - estavam
atravessando era as investidas de grupos espiritualistas que estavam
desencarnando a fé cristã e amputando a dimensão social da fé em/de Jesus
Cristo e no seu Evangelho.
Para compreendermos de forma sensata e libertadora a
Primeira Carta de João às comunidades joaninas, melhor dizendo, Carta de João
às Comunidades do Discípulo Amado e especificamente compreendermos a parte de 1
Jo 2,29–4,6 que propõe às pessoas e às comunidades cristãs que ‘para ser filha e filho de Deus temos que
ser pessoas justas’ é preciso várias coisas. Primeiro, ler, reler e tresler
o texto devagarinho, de preferência de forma comunitária. Segundo, considerar a
caminhada histórica das Comunidades Cristãs do Discípulo Amado. Tiveram uma
origem (1ª fase) calcada na experiência da ressurreição de Jesus Cristo.
Passaram por uma 2ª fase, durante a qual foram espirradas para a Diáspora,
entre os gentios, considerados pagãos, na Ásia Menor, após serem expulsas da
Sinagoga na década de 80 do século I. Vivenciaram uma 3ª fase, por volta do ano
100 depois de Cristo, época da redação das Cartas “joaninas” por um coordenador
de comunidade, em Éfeso, endereçadas às Comunidades Cristãs do Discípulo Amado.
E chegaram a uma 4ª fase, durante o Século II, depois das “Cartas Joaninas”.
Nessas várias fases, as Comunidades do Discípulo Amado passaram por várias
crises. E nós hoje, leitoras e leitores da ‘I Carta de João’ somos
convidadas/os a beber da seiva original de todas as fases anteriores e,
principalmente, como filhas e filhos do Deus da Vida, vivendo e convivendo de
forma justa e lutando pela superação de toda e qualquer injustiça que se abate
sobre qualquer pessoa ou ser vivo da biodiversidade.
Importante notar que são várias comunidades do
discípulo amado, não apenas uma. Nós também, mesmo participando de comunidades
diferentes, precisamos estar em comunhão conspirando em sintonia com projeto do
Evangelho de Jesus Cristo que quer vida e liberdade em abundância para todos/as
e para todos os seres vivos (Cf. Jo 10,10). A caminhada histórica das
Comunidades Cristãs do Discípulo Amado, passando por quatro fases, se deu como
se as quatro fases fossem uma corda onde estivessem entrelaçados quatro fios. Cada
fase corresponde a um fio, que não deve ser visto de forma isolada, mas como um
conjunto entrelaçado. Um fio sozinho é fraco, mas quando se juntam muitos fios,
entrelaçando-os, a força da fraqueza surge e se torna invencível. Assim, uma
pessoa ou comunidade sozinha e isolada é frágil, mas quando se articula com
outras pessoas e comunidades injustiçadas e estabelece caminhada conjunta em
comunhão supera obstáculos por vezes tidos como instransponíveis, e conquista
direitos. No meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) é comum ouvirmos:
“isolada, sou um pedaço de pessoa. Participando da comunidade me torno pessoa
inteira.”
Outros dois critérios imprescindíveis para uma boa
compreensão da mensagem da Primeira Carta de João e, especificamente, de 1 Jo
2,29-4,6, são o contexto que envolvia as comunidades do Discípulo Amado e como
buscavam vivenciar internamente projeto de Jesus Cristo ressuscitado. O
contexto era tremendamente adverso: imperialismo romano que superexplorava o
povo submetido ao regime de escravidão – 1/3 das pessoas de um império com 60
milhões de habitantes não eram consideradas pessoas, mas coisas/mercadorias –,
contexto de violentação do povo também pela exploração tributária – quem mais
pagava impostos embutidos em tudo o que se comprava eram os pobres. As
instituições religiosas predominantes mais próximas das Comunidades do
Discípulo Amado eram o Judaísmo rigorista, fundamentalista e moralista ou as
religiões mistéricas ou as religiões imperiais, todas anticristãs. Pela utopia
do reino de Deus testemunhado por Jesus Cristo e também por necessidade, as
Comunidades do Discípulo Amado buscavam colocar em prática um Projeto de vida
que se pautava por quatro aspectos entrelaçados: amor, justiça, solidariedade e
fraternidade.
Em 1 Jo 1,1-2,28, vemos que as pessoas das Comunidades
do Discípulo Amado buscavam andar na luz, porque “Deus é luz” (1 Jo 1,5). Sim,
Deus é luz, mas não é só luz; Deus é também justiça. Por isso na parte de 1 Jo
2,29-4,6 vemos que andar na luz implica viver na justiça. Mas que tipo de
justiça a Primeira Carta de João defende e que deve ser a bússola que nos guia?
Certamente não é a justiça legalista e capitalista, nem a do mercado e nem a da
meritocracia. A justiça que o Deus da vida quer inclui uma reorganização geral
e profunda da sociedade onde o bem comum seja a coluna mestra. Implica também
superar o sistema do capital e o capitalismo. Intuo que a música ‘Clamando pela
posse da terra’, de Antônio Pereira de Almeida, o Antônio Baiano da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), de Goiás, no CD Encanto
pela terra, de 1999, canta o tipo de justiça do qual devemos ser
construtoras e construtores. Canta Antônio Baiano assim:
“Clamando
pela posse da terra, no campo milhares estão.
Esse
grito está incomodando a quem sempre viveu da exploração.
O QUE
POSSO FAZER? O QUE TENHO A DIZER, MEU PAI? QUE SE FAÇA JUSTIÇA, REPARTAM AS
TERRAS, PARTILHEM O PÃO ENTRE NÓS FILHOSTEUS!
Não
posso mais enumerar os mártires deste país. Na roça e também na cidade,
sóvêcrueldade, correm rios de sangue.
A quem
serve a lei e o poder, a polícia e a Constituição?
Assassinam
sem piedade, permanecem impunes nesta nação.
Passo a
passo fazemos caminho, sempre em busca de organização.
De mãos
dadas sigamos em frente, formando a corrente pra libertação.”
Belo Horizonte, MG, 23/7/2019.
Obs.: Quem quiser adquirir o Livrinho Texto-base do mês
da Bíblia, do CEBI-MG, de 2019 - A Comunhão entre Deus e Nós e como subtítulo Uma
leitura daPrimeira
Carta de Joãofeita pelo
CEBI-MG - entrar em contato com
CEBI-MG: Secretaria Estadual CEBI-MG
Rua da Bahia, 1148 – Edifício Maleta, Sala 1215 - Centro
– Belo Horizonte/MG
CEP: 60.160-011 - Telefone: (31) 3222 1805 - E-mail : secretariado@cebimg.org.br
[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em
Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel
em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI,
SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos
Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–