Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
"Mineração destrói
sítios arqueológicos também", alerta a Doutora em arqueologia Alenice
Baeta, na PUC/Minas, em palestra na Semana de História, dia 03/4/2019.
Filmagem e Divulgação
na íntegra, sem edição: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Inscreva-se no You
Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
Dia 17 de
abril, há 23 anos, em 1996, 21 vidas de trabalhadores rurais foram covardemente
ceifadas pela Polícia Militar do Estado do Pará, no massacre de Eldorado dos
Carajás[2], que
se tornou um divisor de águas na história do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST). Em setembro de 1995, cerca de 3500 famílias de trabalhadores camponeses,
organizadas pelo MST, acamparam à margem da estrada, próximo à Fazenda
Macaxeira, no município de Curionópolis, no Pará, reivindicando a desapropriação
da área, considerada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
como improdutiva e sem cumprir sua função social. No dia 05 de março de 1996, os
Sem Terra ocuparam a Fazenda Macaxeira. O presidente do Instituto de Terras do
Pará prometeu enviar 12 toneladas de alimentos e 70 caixas de remédios para o
acampamento para amenizar a fome e acudir os doentes, mas não enviou. Em
sintonia com as marchas do MST em 22 estados dirigindo-se às capitais, em abril
de 1996 – em Minas Gerais a Marcha foi de Governador Valadares a Belo Horizonte
-, dia 10 de abril, cerca de 1500 famílias do MST iniciaram uma Marcha para
Belém, capital do estado, a 800 quilômetros de distância. Dia 16 de abril de
1996, os trabalhadores camponeses bloquearam a estrada PA-150 no Km 95, na ‘cursa
do S’, próximo à cidade de Eldorado dos Carajás, exigindo comida para
continuarem a marcha. Na manhã do dia 17 de abril de 1996, chegou a notícia de
que as negociações estavam encerradas. Por volta das 16 horas, 155 policiais
militares, sem identificação, cercaram os camponeses do MST pelos dois lados da
estrada, um pelotão vindo de Paraopebas e outro de Marabá. Cumprindo
ordens do governador Almir Gabriel, do PSDB, e do cel. Mário Colares Pantoja,
os 155 policiais militares assassinaram 21 Sem Terra e outros 56 foram feridos
e mutilados naquele final de tarde do dia 17 de abril de 1996, que se tornou o
Dia Internacional de Luta Camponesa. Segundo o médico legista Nelson Massini,
houve tiros na nuca e na testa, indicando execução sumária e premeditada de
sete camponeses.
Após o
massacre de Eldorado dos Carajás, o MST deu um salto de qualidade e cresceu
muito, pois o sangue dos 21 camponeses tombados na ‘curva do S’ irrigou a
semente da luta pela terra em uma infinidade de outros territórios no campo
brasileiro. O governo federal acuado, no dia seguinte ao massacre, demitiu o
ministro da Agricultura José Eduardo Andrade Vieira e recriou o Ministério do
Desenvolvimento Agrário. O MST fortaleceu sua atuação política, reconhecida
desde o dia 2 de fevereiro de 1993, quando 24 integrantes da Direção Nacional
do MST foram recebidos pelo presidente Itamar Franco, conquistando segundo
Stédile “status de interlocutor político” (STÉDILE; FERNANTES, 1999, p. 71). Em
18 de dezembro de 1996, o Congresso Nacional aprovou nova lei prescrevendo o
aumento do valor do Imposto Territorial Rural (ITR) para as propriedades rurais
improdutivas, assim como o rito sumário que encurta os prazos da lei de
desapropriação de terras para fins de reforma agrária, mas beneficiou os
latifundiários que ganharam o direito de receber o pagamento da terra no
momento em que o INCRA iniciar a ação de desapropriação na Justiça e ainda o
direito de avaliação do ‘preço justo’ do imóvel. E foi aprovado, ainda, o projeto
que autoriza a intermediação do Ministério Público nos conflitos agrários. De
1995 a 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) recebeu em reunião uma
comissão de representantes do MST cinco vezes.[3] A
principal arma de atuação política do MST durante esse governo foi a pressão
exercida por meio das ocupações de terra. Em 1999, Bernardo Mançano (2000) defendia
a tese segundo a qual a luta pela terra só se torna exitosa pela ocupação de
terras. Apertado, o governo federal foi forçado a promover pelo menos política
de assentamento em áreas de conflitos.
Após o
massacre de Eldorado dos Carajás, a rede de apoio internacional ao MST cresceu
muito. Uma rede de comitês de apoio ao Movimento nasceu e se espalhou por todos
os países da Europa, nos Estados Unidos da América e em muitos outros países. O
fotógrafo Sebastião Salgado fez uma mostra fotográfica sobre os Sem Terra do
Brasil: Exposição Terra, que foi
exposta em 1997 em 40 países e em mais de 100 cidades brasileiras. Essa Mostra Terra, de Salgado, se espalhou pelo mundo afora e se
tornou âncora para o fortalecimento da Rede de apoio internacional ao MST que
conseguiu reunir dinheiro na Europa para viabilizar a construção da Escola
Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, São Paulo, inaugurada em 23
de janeiro de 2005.
Referência
FERNANDES, Bernardo Mançano. A Formação do MST no Brasil.Petrópolis-RJ:
Vozes, 2000.
STÉDILE,
João Pedro; FERNANDES, Bernardo Mançano. Brava
gente. A trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil. 3ª edição.
Editora Fundação Perseu Abramo, 2005.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - 23 anos do Massacre de Eldorado dos
Carajás
2 - Especial "Feridas Abertas"
- 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás
3 - Massacre de Eldorado dos Carajás
(Nas Terras do Bem-Virá)
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
[2]Cf. COSTA, Caetano di Carli Viana. Sonhos de abril. A luta pela terra e a reforma agrária no Brasil e em
Portugal: os casos de Eldorado dos Carajás e Baleizão. (Tese de doutorado em Economia).
Universidade de Coimbra, 2014, especificamente o capítulo VII (A luta
pela terra e a reforma agrária no Brasil – o caso de Eldorado dos Carajás), p.
285-382.
[3]
A 1ª reunião de lideranças do MST com FHC se deu dia 27/7/1999; a 2ª reunião,
dia 02/5/1996; a 3ª reunião, dia 18/4/1997, um dia após três marchas do MST
chegarem a Brasília; a 4ª reunião aconteceu dia 08/7/1999; e a 5ª reunião, dia
03/7/2000.
MEMÓRIAS VIVAS DE 1968: padres presos pela ditadura militar, em Belo Horizonte/MG -Vídeo 1 - 09/12/2017.
Nesse tempo em que o governo Bolsonaro ultrapassa seus próprios limites de crueldade contra o povo brasileiro ao determinar a comemoração do golpe militar-civil-empresarial de 1964, trazemos à memória o lançamento do livro “MEMÓRIAS DE 1968”, em 09/12/2017, em Belo Horizonte, que é um importante registro da trajetória de padres que foram presos, em Belo Horizonte, durante a ditadura militar instalada em 31/03/1964. Os padres foram presos por lutarem pelas causas populares, assumindo radicalmente o projeto de Jesus de Nazaré. Com o golpe militar de 1964, leigos/as, padres e freis engajados nas lutas populares tornaram-se alvos da repressão dos generais ditadores, como se deu com o “movimento dos padres franceses”, em Belo Horizonte, MG. Conhecidos como padres do Horto, bairro da região Leste de Belo Horizonte em que atuavam, os padres franceses Michel Le Ven, Francisco Xavier Berthou, Hervé Croguenec e o então diácono brasileiro José Geraldo da Cruz, que se tornou bispo bem depois – cujas histórias foram resgatadas no livro Memórias de 1968: a prisão dos padres do Horto – estão entre os muitos padres e freis perseguidos pela ditadura militar em função de sua atuação ao lado da classe trabalhadora e camponesa, explorada pelos capitalistas. Membros da Congregação dos Assuncionistas, os padres foram presos em 28 de novembro de 1968 pela ditadura militar-civil-empresarial no quartel do Colégio Militar em Belo Horizonte. Essa prisão tinha o propósito de desarticular e intimidar as lideranças juvenis, sobretudo da JOC – Juventude Operária Católica – e do meio operário e estudantil, e quebrar a “ala progressista” da Igreja Católica, como explica Michel Le Ven.
Nesse vídeo, o depoimento de Alene Gonzaga, 87 anos, leiga que atuou com os padres franceses como catequista e em diversas ações da Igreja nas comunidades pobres e favelas da Paróquia Senhor Bom Jesus do Horto, em Belo Horizonte/MG.
*Vídeorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Vídeo 1 – Belo Horizonte, MG, 09/12/2017.
Capa do Livro "Memórias vivas de 1968: a prisão dos padres franceses na igreja do Horto em Belo Horizonte, MG".
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Mineração
causa desastres contínuos. Análise crítica da Profa. Dra. Andréa Zhouri.
PUC/MG. 03/4/2019, na Semana de História.
Durante a Semana de História
na PUC/Minas, em Belo Horizonte, MG, dia 03/04/2019, a professora Dra. Andréa
Zhouri, da UFMG, fez análise crítica da Mineração em Minas Gerais: Desastres
permanentes. Em meio à guerra que as grandes mineradoras estão perpetrando
contra os povos, a mãe terra, a irmã água, os animais, o meio ambiente e todos
os seres vivos, prestar atenção à análise crítica que a professora André Zhouri
faz é necessário. Por isso publicamos a palestra dela.
* Filmagem e Divulgação, sem
edição: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Inscreva-se no You
Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
Visão panorâmica da carcaça da ex-usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais. Foto: G. L. Moreira.
Na luta
pela terra, pela moradia ou pelo território, o despejo não põe fim à luta. Ser
despejado é sempre algo traumático, mas se for elaborado, divulgado e tirado
todas as lições possíveis, até os despejos podem se tornar fontes de
emancipação. O Sem Terra Cesário Pereira Da Silva, do acampamento Sidnei Dias,
no latifúndio da Ariadnópolis, em Campo do Meio, sul de Minas Gerias, narra: “Eu
vim para o acampamento aqui na Ariadnópolis, porque vi na televisão a notícia
de um despejo aqui. Aí fiquei sabendo que tinha luta pela terra aqui no sul de
Minas e eu resolvi vir. Aqui na terra trabalhando, eu reconquistei minha saúde.
Muito melhor do que estar em Campinas, SP. Para agradar meus filhos, eu já
estive oito meses na Serra Pelada, no Pará, em busca de melhorar a vida, mas a
Serra Pelada matou muito pai de família. Fui levado pela mulher e pelos filhos,
pois eu nunca gostei de mexer com garimpo. Já estive também no garimpo em
Parauapebas, no Pará. Eu já fui ofendido por três cobras. Agora, aqui no
Acampamento na luta pela terra, sou feliz.”
Nas
brechas das contradições do sistema do latifúndio e da cafeicultura,
trabalhadores boias-frias na colheita do café no sul de Minas Gerais também
contribuem com a frente de massa do MST, pois vários acabam aderindo à luta
pela terra e convidando parentes e amigos para isso. Jailson Lima Da Cruz, Sem
Terra migrante de Bom Jesus da Lapa, BA, do Acampamento Betinho (Hebert de
Souza), recorda: “Meu sogro veio trabalhar no sul de Minas na panha do café.
Sofreu muito, mas conheceu os companheiros do MST acampados na luta pela terra
nas terras da Ariadnópolis. Ele me convidou. Como na Bahia também existe o MST
espalhado no estado, aceitei o convite do meu sogro que me disse que aqui nos
acampamentos era muito bão. Vim e me juntei aos companheiros do MST aqui na
Ariadnópolis. Já estou aqui há 14 anos. Eu estou feliz aqui.”
Depois de
18 anos de acampamentos nas terras da Ariadnópolis, dia 11 de outubro de 2015,
diante do embargo judicial do decreto do governador de Minas, Fernando
Pimentel, de desapropriação do latifúndio da Ariadnópolis e também por não
tolerar mais as ameaças oriundas da sede da fazenda, o MST ocupou também a sede
da ex-usina Ariadnópolis com área de 63 hectares, com 26 casas ao redor da
mansão da sede que tem vários andares e um elevador panorâmico, inclusive. Na
Sede, o MST constituiu o Acampamento Quilombo Campo Grande e lutou para formar
ali um Centro de Formação e uma Escola Eduardo Galeano. O Instituto Federal da
cidade de Machado, no sul de Minas, apoia a criação da Escola, onde já se
formou a 1ª turma de jovens do MST como técnico agrícola na linha da
agroecologia. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais
(SINDUTE/MG) também apoia a criação de uma Escola Estadual pública na sede da
Ariadnópolis, escola que iniciou em 2017 com mais de trezentos estudantes:
crianças, adolescentes, jovens e adultos. Injustamente, o atual governador de
Minas Gerais, Romeu Zema, mandou fechar a escola, o que é um erro grave.
No
município de Arinos, noroeste de Minas, após o MST, no ano de 2000, ocupar por
uma semana a Escola Estadual Major Saint-Clair Fernandes Valadares e a sede da
Prefeitura de Arinos pressionando para a criação de uma Escola Estadual no Assentamento
Chico Mendes, Itamar Franco, então governador de Minas Gerais, autorizou o
funcionamento de uma extensão da Escola Estadual Major Saint-Clair no
Assentamento Chico Mendes que, após alguns anos tornou-se Escola Estadual Chico
Mendes. No ano de 2010 foram concluídas as obras de um novo prédio com boas
instalações para a escola que se tornou referência na região (BATISTA, 2015, p.
26).
No
acampamento Quilombo Campo Grande, na sede da Ariadnópolis, as famílias Sem
Terra se organizavam por Grupos: grupo do Pão, do Porco, do Mel, do Frango e da
Horta Coletiva. A horta coletiva era cultivada com adubação orgânica dentro dos
princípios da agroecologia. Ouvindo a cantoria dos pássaros, na sede ocupada, vimos
um trator novo conquistado pela Associação dos Acampados e Assentados, porcos
na pocilga, dois tanques de leite, ruas calçadas, casarão histórico de 1837, ao
lado de outras 25 casas grandes abandonadas. Ficamos chocados ao constatarmos o
tamanho do parque industrial da ex-usina de açúcar e álcool Ariadnópolis, que
se tornou sucata, tudo deteriorado. Os Sem Terra encontraram sacos de plásticos
de açúcar no entulho com logotipo da usina, inclusive. Centenas de carteiras de
trabalho deterioradas também foram encontradas na casa grande que funcionava
como escritório.
Impressionante
e estarrecedor ver o parque industrial da ex-usina Ariadnópolis todo sucateado.
Roberto Bartolomeu de Freitas, Sem Terra acampado na sede a ex-usina
Ariadnópolis, na época, recorda: “Aqui, se eles vierem para despejar a gente,
não vão destruir, porque aqui é a sede. Aqui estava tudo abandonado. As casas
aqui estavam cheias de esterco de vacas, porque as casas aqui tinham se tornado
moradia de vacas. Cupim e morcego tinham demais aqui nessas casas. Tivemos que
rapar tudo e limpar. Ali ao lado daquela casa ainda está um monte de esterco
que a gente retirou das casas daqui. Muitas casas aqui têm escadas, mas as
vacas subiam e desciam em todas essas escadas aqui.”
Com
raízes camponesas, após trabalhar muitos anos na cidade, muitos camponeses,
desterrados pela mecanização da agricultura e pelo avanço do capital no campo,
se engajam na luta pela terra e voltam para o campo, onde reencontram o sentido
da vida camponesa na luta pela terra. É o que nos relata Roberto Bartolomeu de
Freitas, camponês que foi para a cidade, mas voltou para a terra: “Uma tia
minha morava em São Paulo, todo ano visitava meu pai e sempre o convidava para
mudar para São Paulo. Ela acabou convencendo meu pai a mudar para Guarulhos, SP,
em 1964. Meu pai deve ter pensado: “Eu estou ficando velho, meus filhos
crescendo e sem estudo. Melhor será levá-los para a cidade grande, pois lá tem
emprego e estudo”. Mudamos - toda a família - para Guarulhos. Minha tia morava
em um terreno da Caixa Econômica, com um quintal grande, onde a gente plantava
uma grande horta e, após produzir as verduras, a gente vendia na rua de porta
em porta. Com 15 anos, eu arrumei serviço e fui trabalhar em uma empresa dentro
da base aérea de Guarulhos durante dois anos e, após ser dispensado do
exército, trabalhei em uma indústria de doce e depois comecei a trabalhar como
metalúrgico até me aposentar. Era uma época que havia muito serviço/emprego em
São Paulo. A gente podia sair tranquilamente de uma fábrica e no dia seguinte
ser fichado em outra empresa. Nesse contexto, mudei muito de empresa. Trabalhei
em umas dez empresas, pois era interessante receber o acerto de contas. O
conhecimento que aprendi como metalúrgico em dez empresas – por exemplo, saber
fazer chapa de betoneira - não me ajuda em nada, porque só serve dentro de uma
empresa. Eu não tenho dinheiro para montar uma empresa para produzir com o
conhecimento que adquiri. Muitos trabalhadores permanecem escravos das empresas
na cidade, porque na terra se a gente planta hoje, a gente não colhe amanhã,
precisa alguns meses para colher. Logo se a pessoa não tem de onde tirar o
alimento do dia a dia, se torna difícil. Para um pai de família largar um
emprego que lhe dá um salário mensal é muito difícil, pois acreditar na luta
pela terra implica abraçar a incerteza do êxito da luta. Se os filhos não têm
como apoiar o pai na luta pela terra, pior. Agora, eu e minha companheira não
abrimos mão da luta pela terra nem que alguém nos ofereça uma mansão de
presente lá na cidade. Quando eu estava para casar com a Eva, ela trabalhava
para um patrão que me chamou para ir para a cidade de Santos, SP, para
trabalhar com ele pescando durante a semana no mar e nos finais de semana eu
deveria limpar e cuidar dos jardins e da piscina da casa dele. Eu disse a ele:
“O senhor quer é um escravo. Não aceito”. Nossa paixão pela terra vem do nosso
berço, pois nosso pai convidava a gente quando era criança e nos ensinava a
plantar milho, feijão, café e verduras. A gente não tem nada contra a polícia,
temos contra a farda.”
Referência
BATISTA,
Elza Cristiny Carneiro. Trajetórias
escolares de jovens assentados: estudo em Arinos/MG. (Dissertação de
mestrado). Florianópolis: UFSC, 2015
Belo
Horizonte, MG, 16/4/2019.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1
- MST luta pela terra em Campo do Meio/MG desde 1998: Palavra Ética/TVC/BH c/
frei Gilvander. 17/11/18
2
- Terra, mãe libertadora! Quilombo Campo Grande/Campo do Meio/MG. Vídeo 7 -
26/1/2018
3
- Sr. Mozar no Quilombo Campo Grande/MST/MG: "Sem a terra ele não
vive!" Vídeo 6 – 26/11/18
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
REDE TERRA VIVA/BH/MG: 13 ANOS CUIDANDO DA VIDA – Tantinha semeando vida. Vídeo 5 – 14/7/2018.
A Rede Terra Viva nasceu da iniciativa de três consumidores que se organizaram e conseguiram que se reunissem a eles um pequeno grupo de pequenos/as agricultores/as que passaram a lhes fornecer cestas com produtos orgânicos. A aliança entre os/as pequenos/as produtores/as e os/as consumidores/as se fortaleceu e a iniciativa da Rede foi transformada na Feira Terra Viva, que neste ano de 2019, completa 13 anos. A feira é um empreendimento financeiramente independente que busca se organizar em um sistema de autogestão e segue os princípios da Economia Solidária. A maioria dos produtos ofertados é fruto do trabalho de agricultores/as familiares e urbanos, associações, cooperativas e assentamentos de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Estes sujeitos e organizações produzem alimentos orgânicos, agroecológicos, artesanais, produtos naturais de saúde, higiene e beleza e materiais de conscientização sobre consumo e alimentação saudável. Todos os produtos oferecidos seguem a linha agroecológica, orgânica, livres de agrotóxicos e de qualquer insumo químico. Todas as ações e todos os produtos oferecidos estão voltados para o cuidado com a vida.
A Feira Terra Viva é realizada todas as terças-feiras e sábados, em Belo Horizonte, MG, no Bairro Santa Tereza, à Rua Pouso Alegre, 1911, das 9h às 13h. Mais informações: Feira Terra Viva – Celular (31) 99635-4810 – e-mail: terravivavirtual@gmail.com Visite também o site: www.feiraterraviva.com.br e a Página da Feira Terra Viva no Facebook: www.facebook.com/feiraterraviva/
Foto: Divulgação / Ervanário São Francisco
*Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição: Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG. Vídeo 5 - 14/7/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
AGROECOLOGIA GERANDO BEM-ESTAR E BEM VIVER! – Rede Terra Viva, em Belo Horizonte, MG. Vídeo 4 – 14/7/2018.
A Rede Terra Viva nasceu da iniciativa de três consumidores que se organizaram e conseguiram que se reunissem a eles um pequeno grupo de pequenos agricultores que passaram a lhes fornecer cestas com produtos orgânicos. A aliança entre os pequenos produtores e os consumidores se fortaleceu e a iniciativa da Rede foi transformada na Feira Terra Viva, que neste ano de 2019, completa 13 anos. A feira é um empreendimento financeiramente independente que busca se organizar em um sistema de autogestão e segue os princípios da Economia Solidária. A maioria dos produtos ofertados é fruto do trabalho de agricultores/as familiares e urbanos, associações, cooperativas e assentamentos de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Estes sujeitos e organizações produzem alimentos orgânicos, agroecológicos, artesanais, produtos naturais de saúde, higiene e beleza e materiais de conscientização sobre consumo e alimentação saudável. Todos os produtos oferecidos seguem a linha agroecológica, orgânica, livres de agrotóxicos e de qualquer insumo químico.
A Feira Terra Viva é realizada todas as terças-feiras e sábados, em Belo Horizonte, MG, no Bairro Santa Tereza, à Rua Pouso Alegre, 1911, das 9h às 13h. Mais informações: Feira Terra Viva – Celular (31) 99635-4810 – e-mail: terravivavirtual@gmail.com Visite também o site: www.feiraterraviva.com.br e a Página da Feira Terra Viva no Facebook: www.facebook.com/feiraterraviva/
*Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição: Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG. Vídeo 4 - 14/7/2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.