Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
"CRIME DA VALE E DO ESTADO É IMPERDOÁVEL.
ELA NÃO PODE FICAR EM NOSSO TERRITÓRIO. SEM A VALE NOSSO MUNICÍPIO PODE CRESCER
ECONOMICAMENTE COM BASE NO RESPEITO, NO BEM VIVER E NA DIGNIDADE DAS PESSOAS.”
– Carolina de Moura – Audiência Pública em Brumadinho – MG – Vídeo 6 –
15/3/2019.
No dia 15 de março de 2019, quando se completaram 50 dias do crime da
Vale e do Estado ocorrido a partir de Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019,
que matou mais de 300 pessoas e matou o Rio Paraopeba, além das gravíssimas
consequências socioambientais, foi realizada na Câmara Municipal de Brumadinho,
uma audiência pública para debater esse crime, um dos maiores crimes ambientais
e um dos maiores acidentes de trabalho da historia da humanidade e o maior do
Brasil. A Audiência Pública foi requerida pela Deputada Federal Áurea Carolina,
do PSOL/MG, e contou com a participação de centenas de pessoas, entre elas,
moradores de comunidades atingidas, vereadores, integrantes da Comissão Externa
Desastre de Brumadinho, da Câmara dos Deputados, defensorias públicas da União
e do Estado de Minas Gerais, Arquidiocese de Belo Horizonte e representantes de
entidades diversas. Todo o debate girou em torno da enorme devastação e da
destruição da vida, e das centenas de mortes humanas causadas pelo capitalismo
– que é desumano e predatório – e é o que sustenta e direciona as mineradoras e
a mineração. Nesse vídeo, a fala profética de Carolina de Moura, do Movimento
Águas e Serra de Casa Branca e representante do Gabinete de Crise da Sociedade
Civil.
Rompimento de barragem da mineradora em Córrego de Feijão, dia 25/01/2019, Vale matou mais de 300 pessoas em Brumadinho (MG), matou o Rio Paraopeba e apunhalou mais ainda o Rio São Francisco. Foto: Divulgação / Forbes uol
*Divulgação: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por
Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de
envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se
assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
O povo de Sarzedo, MG, na luta pelas vidas, clama: “Chega de Mineração! Retirem as barragens da nossa cabeça!” - 25/3/2019.
Dia 25/3/2019 aconteceu Audiência de conciliação no Fórum de Ibirité, sob a presidência do juiz Dr. André e com a presença da promotora Dra. Isabela de Carvalho e com dono e advogados da Mineradora Itaminas, que exigem a suspensão da proibição de continuar minerando e jogando rejeitos tóxicos de mineração nas barragens já com graves riscos de rompimento, em Sarzedo. A jusante das 3 barragens da Mineradora Itaminas estão 6.000 pessoas morando em vários bairros, entre os quais, o bairro Brasília. O medo de a qualquer hora acontecer o rompimento retirou a paz e o sossego do povo. Veja no vídeo aqui Entrevista coordenada pelo frei Gilvander Moreira, da CPT/MG, após a Audiência em Ibirité, dia 25/3/2019.
* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 8.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
MINERAÇÃO
EM MG É FAVORECIDA PELA FLEXIBIIZAÇÃO DAS LEIS – CUMPLICIDADE QUE FAVORECE O
CRIME E DESTRÓI A VIDA. BRUMADINHO/MG - Gustavo Gazzinelli – Vídeo 5 -
15/3/2019.
No dia 15 de março de 2019,
quando se completaram 50 dias de lama tóxica, com gravíssimas consequências
socioambientais do crime tragédia da VALE e do Estado, ocorrido a partir de
Brumadinho, MG, no dia 25 de janeiro de 2019, foi realizada na Câmara Municipal
de Brumadinho, uma audiência pública para debater esse crime, um dos maiores
crimes ambientais e um dos maiores acidentes de trabalho da historia da
humanidade e o maior do Brasil. A Audiência Pública foi requerida pela Deputada
Federal Áurea Carolina, do PSOL/MG, e contou com a participação de centenas de
pessoas, entre elas, moradores de comunidades atingidas, vereadores,
integrantes da Comissão Externa Desastre de Brumadinho, da Câmara dos Deputados
Federais, defensorias públicas da União e do Estado de Minas Gerais,
Arquidiocese de Belo Horizonte e representantes de entidades diversas. Todo o
debate girou em torno da enorme devastação e da destruição da vida, e das
centenas de mortes humanas, causadas pelo capitalismo – que é desumano e
predatório – e é o que sustenta e direciona as mineradoras e a mineração. Nesse
vídeo, a fala de Gustavo Gazzinelli do Movimento das Serras e Águas de Minas.
*Divulgação: Frei Gilvander
Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei
Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
I Assembleia da Associação Indígena Kiriri, em Caldas, sul de Minas Gerais: Fé, coragem e esperança! Vídeo 8 - 27/1/2019.
O Povo Indígena Kiriri, em retomada de 39 hectares de terra, no Bairro Rural Rio Verde, município de Caldas, sul de Minas Gerais, deu mais um grande passo na luta pela permanência na terra, no dia 27 de janeiro de 2019, com a fundação da Associação Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, Minas Gerais. Um grande número de pessoas se reuniu na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, sul de Minas, para participar do evento: autoridades locais, apoiadores, moradores da Comunidade do Rio Verde, da cidade de Caldas e região. A área é ocupada por 16 famílias do Povo Kiriri (43 pessoas indígenas), vindas do oeste da Bahia, desde outubro de 2016. A área, até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam um local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em 2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Atualmente, a Aldeia Indígena Kiriri com 14 casas de taipa, criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a oitava parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, com registro da I Assembleia da Associação Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, sul de Minas Gerais, coordenada por Daniel Tygel, presidente da Aliança em prol da APA de Pedra Branca. Nessa I Assembleia foi escolhida a Coordenação Administrativa da Associação com seus respectivos Conselhos.
Na Aldeia do Povo Indígena Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais. Foto: Fernanda Borges
* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 8.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
ASSOCIAÇÃO
INDÍGENA KIRIRI DO RIO VERDE, EM CALDAS, SUL DE MG: Mais um passo na luta pela
terra. Vídeo 7 - 27/1/2019.
No dia 27 de janeiro de
2019, o Povo Indígena Kiriri, em retomada de 39 hectares de terra, no Bairro
Rural Rio Verde, município de Caldas, sul de Minas Gerais, deu mais um grande
passo na luta pela permanência na terra, com a fundação da ASSOCIAÇÃO INDÍGENA
KIRIRI DO RIO VERDE, EM CALDAS, MG. O evento que marcou a fundação da
Associação foi realizado na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, sul de MG, e
contou com a participação de autoridades locais, apoiadores, moradores da
Comunidade do Rio Verde, da cidade de Caldas e região. A cerimônia, programada
com antecedência, aconteceu dois dias depois do crime tragédia praticado em
Brumadinho, pela Vale, com licença do Estado, o que a fez ser marcada também
por luto, dor e indignação. Desde outubro de 2016, 16 famílias do Povo Indígena
Kiriri (43 pessoas indígenas), vindas do oeste da Bahia, ocupam, em retomada,
uma área de 39 hectares, no município de Caldas, sul de Minas Gerais. A área,
até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do
Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam um
local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em
2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo
orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo
de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente
abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a
distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de
moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham
construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo
Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de
Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas
Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda
a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de
Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares,
Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no
Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das
terras aos Kiriri. Atualmente, a Aldeia Indígena Kiriri com 14 casas de taipa,
criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de
venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por
justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário
decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer
na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O
justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os
direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no
território. Nesse vídeo, a sétima parte da videorreportagem feita por frei
Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo
Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, com registro do momento específico
da fundação da Associação do Povo Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, sul
de MG, coordenado por Daniel Tygel, presidente da Aliança em prol da APA da
Pedra Branca.
Foto: Povo Indígena Kiriri nas Redes Sociais
* Videorreportagem de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 7.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
Camponesas Sem Terra do MST em Assentamento da ex-usina Ariadnópolis, no município de Campo do Meio no sul de Minas Gerais, cultivando horta comunitária e horta de plantas medicinais. Foto: frei Gilvander, em 1º/3/2016.
Ao lado
do Assentamento Primeiro do Sul, do MST[2],
em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, e na fronteira com a maior fazenda de
monocultura do café da América Latina está o megalatifúndio da ex-usina
Ariadnópolis, que foi ocupado pelo MST pela primeira vez em 1998, um ano após a
conquista do Assentamento Primeiro do Sul. Na luta pela terra, os Sem Terra do
MST e o Movimento como tal sofrem diversas pressões. “Sofremos pressão do Estado, por meio da prefeitura, do INCRA, do
sistema de saúde, das forças policiais e do poder judiciário. Sofremos pressão
do latifúndio do entorno que vem buscar nossos jovens e famílias para
trabalharem para eles como boias-frias. A gente sofre com a pressão da cidade,
pois a cultura urbana vem para os acampamentos e assentamentos não só para se
instalarem, mas para arrancar o povo que está na luta pela terra e levar para
cidade. Um exemplo disso é o transporte escolar que tira as crianças do
Assentamento e dos Acampamentos e leva lá para cidade”, diz Sílvio Neto, da
coordenação nacional do MST.
Todos os
instrumentos do Estado, o latifúndio e os latifundiários, a cidade e todas as
suas seduções são obstáculos à luta pela terra, pois integram a engrenagem que
reproduz a estrutura latifundiária e fazem na prática uma contrarreforma
agrária. Entretanto, em 25 de setembro de 2015, o governador de Minas Gerais,
Fernando Pimentel, assinou decreto desapropriando três fazendas para centenas
de Sem Terra do MST acampados há mais de dez anos: a fazenda Nova Alegria, em
Felisburgo; a fazenda Gravatá, em Novo Cruzeiro, e o megalatifúndio da Ariadnópolis,
em Campo do Meio. Mas a área da CAPIA, que é a sede da ex-usina Ariadnópolis e
o parque industrial – 26 hectares -, ficou fora do decreto de desapropriação.
Um Mandado de Segurança movido pela CAPIA, que gerencia a massa falida,
suspendeu o decreto de desapropriação, o que acirrou mais ainda os ânimos no
maior conflito agrário de Minas Gerais e um dos maiores do Brasil. Um dos
coordenadores estaduais do MST alertou para isso na reunião com o governo de
Minas e com dois comandantes da polícia militar. “O barraco da Maria Baiana foi queimado. Quando nós chegamos aqui na
sede da ex-Usina Ariadnópolis, as casas aqui tinham se transformadas em curral
de gado. Diante das ameaças, ocupamos também a sede da Ariadnópolis. A reforma
agrária não é só terra, mas é também cooperativa, escola, crédito, área de
lazer. Por isso precisamos também da estrutura aqui da sede”, bradou Sílvio
Neto, em reunião com o Governo de Minas, dia 1º/03/2016.
Na luta
pela terra no megalatifúndio da Ariadnópolis, o MST abraçou há vários anos a
luta pela instalação de uma Escola do Campo no território. “Se a corda está esticada, não foi esticada
por nós. Nós nunca fomos intransigentes. Já sofremos 06 reintegrações de posse
aqui. Esperamos a desapropriação aqui há 18 anos. Até quando vamos ter que
esperar?”, perguntou outro Sem Terra, em reunião tensa dia 1º /03/2016.
Ocupando
as terras do latifúndio há Sem Terra oriundos de muitas regiões, famílias que
estão há 21 anos acampadas, outras com menos tempo; há também trabalhadores que
trabalhavam ali e que, lesados nos seus direitos trabalhistas após a falência
da usina, resolveram se engajar na luta pela terra; e há também trabalhadoras
camponesas e trabalhadores camponeses que nasceram naquelas terras e resistem
como posseiros na luta pela terra.
O MST
coordena a luta histórica e complexa para conquistar de uma vez por todas a
integralidade do megalatifúndio da Ariadnópolis. Além da resistência no
território ocupado, os assentados e acampados do MST de Campo do Meio têm
travado muitas lutas fora das terras da Ariadnópolis. Apenas em 2015, por
exemplo, o MST de Campo do Meio levou um caminhão de alimentos e doou para as nove
mil famílias das Ocupações Urbanas da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia,
MG, quando estavam sob seríssima ameaça de despejo; manifestou na portaria da
Petrobras, em Betim, MG, em apoio à greve dos funcionários da Petrobras;
marchou e bloqueou o trânsito na MG 010, diante da Cidade Administrativa, em
Belo Horizonte, reforçando a luta das professoras e dos professores da rede
estadual de educação; bloqueou um dos pedágios da BR 381 (Fernão Dias),
exigindo Luz para Todos nos Assentamentos Primeiro do Sul, Nova Conquista II e
Santo Dias; e ocupou prédios públicos, como a sede do INCRA em Belo Horizonte.
Oitocentos
hectares de terra ficaram fora do decreto do governador Pimentel, de 25 de
setembro de 2015. Mas em reunião dia 1º de março de 2015, representantes do
Governo de Minas asseguraram que o governador de Minas assinaria outro decreto
para destinar 100% das terras da Ariadnópolis para as mais de 500 famílias
acampadas há 19 anos. “É preciso ter
muito amor e muita paixão para poder estar na luta pela terra carregando a
bandeira do MST e sob essa bandeira viver. Nós podemos ter várias cores, várias
religiões, várias orientações sexuais, várias idades e ter vindo de diversos
estados do Brasil, mas o que nos unifica e nos dá unidade como povo camponês na
luta pela terra é a bandeira do MST”, afirmou Sílvio Neto, ao finalizar
Assembleia Geral no Acampamento Quilombo Grande, na Ariadnópolis, dia
1º/3/2016.
O
Acampamento Vitória da Conquista é o mais antigo nas terras da Ariadnópolis,
com 21 anos. Nele, 32 famílias estão acampadas, já em casas construídas de
tijolo ou de adobe, produzindo café, maracujá, mandioca, banana, feijão e
hortaliças. “Como aconteceram muitos
despejos aqui no Girassol, a gente organizou o acampamento Vitória da Conquista”,
diz Maria De Fátima Silva Meira, Sem Terra do Acampamento Vitória da Conquista.
Dezenas de famílias de posseiros estão resistindo nas terras da Ariadnópolis.
Muitos já moravam e trabalhavam na Usina. Outros trabalhadores com dívidas
trabalhistas acamparam na Ariadnópolis após a falência da usina. Os Sem Terra
ali acampados têm uma grande diversidade cultural e de origem. Há trabalhadores
camponeses oriundos dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Pernambuco e de
outros estados, além de Minas Gerais, obviamente. O sr. João Batista Pura, 63
anos, que trabalhou na usina por mais de 30 anos, afirma: “Trabalhei aqui na usina Ariadnópolis mais de 30 anos, cortando cana,
capinando café e batendo veneno. Meu pai era fiscal na usina. Tenho irmãos que
trabalharam na usina. Aqui se produzia açúcar e álcool. Nas partes altas se
plantava cafezal e nas baixadas era tudo cana-de-açúcar. Clóvis Azevedo era o
dono da usina. Um tanque de álcool pegou fogo aqui e causou um incêndio
medonho. Eu trabalhava sem ter carteira registrada desde os 14 anos. Quando os
Sem Terra vieram pra cá (em 1998), eu tinha direito a R$135.000,00 (cento e
trinta e cinco mil reais) de indenização trabalhista a receber, mas perdi a
esperança de receber isso. Hoje, deveriam me pagar acima de quinhentos mil
reais.”
Camponeses
assolados pela seca e pela cerca, expropriados pela cerca do latifúndio na
região Nordeste, também vieram engrossar a luta pela terra no sul de Minas, na
Ariadnópolis. José Nery Da Silva, Sem Terra pernambucano do Acampamento Betinho
(Herbert de Souza), nas terras da ex-usina Ariadnópolis recorda: “Há 13 anos abracei a luta pela terra para a
gente ter uma convivência melhor, porque onde a gente morava (estado de
Pernambuco) a vida era muito difícil. Aqui nas terras da Ariadnópolis, a gente
tem o que comer, tem uma roupinha melhor. Podemos calçar um sapato. Sapato eu
nem conhecia antes de chegar aqui. A gente planta milho, feijão, café e
verduras. A gente vive da roça. Nossa vida aqui melhorou 100%. Pulamos da
lamparina para a vela que dá menos fumaça. Nóis quer a terra pra nóis
trabalhar. Quem receber a terra e vender após mais de 13 anos de luta não tem
jeito, pode matar. Na cidade não tem jeito. O jeito é na roça mesmo. Se eu
soubesse que a luta pela terra fosse tão boa, eu teria vindo muito antes. Lá no
sertão brabo é muito difícil a sobrevivência. Aqui a gente planta, colhe,
guarda para comer e vende o bocado que sobra. Trabalhar para o fazendeiro ou na
cidade, a gente tem que cumprir horário, o que causa muita pressão e
preocupação. Mesmo doente tem que trabalhar, porque tem meta. Patrão não quer
nem saber se você está doente ou não. No campo, a gente tem liberdade e
trabalha para a gente mesmo, trabalha tranquilo e feliz. Depois que a gente vem
pra roça adquire saúde. Na roça tudo é do jeito que a gente quer.”
Belo
Horizonte, MG, 26/3/2019.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - MST luta pela terra em Campo do
Meio/MG desde 1998: Palavra Ética/TVC/BH c/ frei Gilvander. 17/11/18
2 - Sr. Mozar no Quilombo Campo
Grande/MST/MG: "Sem a terra ele não vive!" Vídeo 6 – 26/11/18
3 - Função social para a terra nos 11 Acampamentos
do MST/Campo do Meio/sul de MG. Vídeo 5 - 26/11/18
4 - Reflorestamento e Produção no
Quilombo Campo Grande, do MST/MG - Vídeo 4 - 25/11/2018
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
Carliusa do Povo Kiriri, mulher guerreira: “O nosso lugar é aqui!” (Em Caldas, sul de MG.) – Vídeo 6 – 27/1/2019.
Vindas do oeste da Bahia, 16 famílias do Povo Indígena Kiriri ocupam, em retomada, desde outubro de 2016, uma área de 30 hectares, no município de Caldas, sul de Minas Gerais. A área, até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam, um local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em 2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. A aldeia conta atualmente, com 14 casas de taipa, criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, o depoimento comovente da Professora Carliusa Kiriri, liderança indígena, esposa do Cacique Adenilson Kiriri, que fala de injustiça, coragem, amizade, solidariedade, resistência... Carliusa fala, sobretudo, de luta pela terra que lhes pertence por direito.
Carliusa, do Povo Indígena Kiriri, foi homenageada na Câmara de Vereadores de Caldas no sul de Minas Gerais, dia 20/03/2019. Foto: Cacique Adenilson.
*Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 6.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.