Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
Ocupação Prof. Fábio Alves, 720 famílias na luta por moradia, em Belo Horizonte, BH: Palavra Ética/TVC BH c/ frei Gilvander. 08/12/18
Visão parcial da Ocupação Professor Fábio Alves, no Barreiro, em Belo Horizonte, MG. Foto: frei Gilvander
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
MST na luta pela terra em Campo do Meio/MG desde 1998: Palavra Ética na TVC/BH com frei Gilvander. 17/11/2018.
Foto: G. L. Moreira
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Mineração em Minas Gerais: “Já passou da hora de parar!” (Rejane Moraes), Distrito de Córrego do Feijão, município de Brumadinho/MG - Vídeo 3 - 1º /02/2019.
Rejane Moraes, 73 anos, e seu esposo Ricardo Moraes, também com 73 anos, com a saúde afetada por causa das violências das mineradoras MIB (Mineração Ibirité Ltda.) e Vale, com o filho Ricardo Filho, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia 25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao lado do portão de entrada para a casa do Sr. Ricardo e dona Rejane. Em três hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno, lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica, mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor, detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos, o Sr. Ricardo e a dona Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem, vídeo n. 3.
Indígena contempla com dor no coração o Rio Paraopeba assassinado pela mineradora Vale e pelo Estado cúmplice. Foto: Lucas Hallel ASCOM/FUNAI
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Mineração: Violência contra a vida - Rejane Moraes - Distrito de Córrego do Feijão, município de Brumadinho/MG - Vídeo 2 - 1º/02/2019.
Rejane Moraes, 73 anos, e seu esposo Ricardo Moraes, também com 73 anos, com a saúde afetada por causa das violências das mineradoras MIB (Mineração Ibirité Ltda.) e Vale, com o filho Ricardo Filho, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia 25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao lado do portão de entrada para a casa do Sr. Ricardo e dona Rejane. Em três hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno, lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica, mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor, detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos, o Sr. Ricardo e a dona Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem, vídeo n. 2.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Mineração Itaminas aumenta
a preocupação de todos em Sarzedo, MG! “Queremos
já a garantia de RISCO ZERO!”
Auditório do Centro de Referência da Pessoa Idosa, em Sarzedo,
região metropolitana de Belo Horizonte, MG, repleto de representantes
de várias comunidades de Sarzedo e de entidades ligadas ao movimento
social e ambientalista, durante a Audiência Pública sobre a Mineradora
Itaminas, que atua há 59 anos no município. Fotos: A. Baeta.
Convocada pela Prefeitura Municipal de
Sarzedo – região metropolitana de Belo Horizonte, MG - e pelo Conselho de
Desenvolvimento do Meio Ambiente (CODEMA), aconteceu no dia 04 de fevereiro de 2019,
no Centro de Referência da Pessoa Idosa, Audiência Pública para discutir as condições
de segurança das barragens de rejeitos da Mineração Itaminas e das comunidades
residentes abaixo das instalações e das barragens. A população do município
encontra-se muito apreensiva depois da Tragédia Crime anunciado da Vale, com
licença do Estado, no município vizinho de Brumadinho, que matou o vale do rio
Paraopeba e ceifou a vida de centenas de pessoas, deixando milhares de famílias
com uma espada transpassando o coração.
As informações coletadas na audiência irão
subsidiar, espera-se, a firme atuação dos órgãos do estado de Minas Gerais e do
município de Sarzedo, bem como das entidades de apoio aos direitos humanos, à
integridade e à dignidade do meio ambiente e das comunidades, sobretudo as que
poderão ser diretamente golpeadas no caso de um trágico rompimento de barragem da
mineradora Itaminas, que explora minério há 59 anos em Sarzedo. As comunidades
mais apreensivas por estarem abaixo, ou a jusante, dessa mineradora são os
moradores da área rural de Capão da Serra, que estão logo abaixo das barragens,
Bairro Brasília, Condomínio Malongo, Bairro Imaculada Conceição e Bairro Riacho
da Mata. Em caso de rompimento da barragem de rejeitos da Itaminas, o rio
Paraopeba será novamente violentado, pois a lama tóxica acabará com o Córrego
Boa Esperança e com o Córrego Capão da Serra, em seguida atingirá o Ribeirão
Sarzedo e o Rio Paraopeba, que é um dos principais afluentes do Rio São
Francisco.
Estiveram presentes à mesa na Audiência o
Prefeito de Sarzedo, Marcelo Pinheiro; o Secretário de Meio Ambiente, Valter de
Oliveira; o Presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Antônio Ribeiro Gomes; a
Promotora de Justiça da Comarca de Ibirité, Isabela Carvalho; as Deputadas Estaduais
Beatriz Cerqueira e Ione Pinheiro, o representante da Mineração Itaminas, no
caso, o Gerente de Meio Ambiente, Ricardo Almeida; além de representantes da
defesa civil e da polícia militar. Estranhou-se a ausência de lideranças das
comunidades na mesa, inclusive.
Estiveram presentes na audiência
representantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), da Comissão
Pastoral da Terra (CPT-MG), de ONGs, movimentos e associações, tais como: o Centro
de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), Resistência Verde, Associação
dos Produtores Rurais de Sarzedo (ASPRUS), Federação dos Trabalhadores na
Agricultura de Minas Gerais (FETAEMG) Natureza
Viva, ACAMARES, Frente de Resistência Indígena, Movimento SOS Sarzedo,
Kaipora/UEMG, dentre outras entidades ligadas ao movimento social, direitos
humanos e ambientalistas.
A Audiência iniciou-se com uma pequena fala de
todos da mesa. Destaca-se que a Promotora de Justiça Isabela Carvalho informou,
de antemão, que já teria sido instaurado um inquérito visando apurar a real
situação da mineração Itaminas em Sarzedo. Primeiramente, os representantes da
mineração Itaminas fizeram uma apresentação dos projetos futuros e testes
relacionados à drenagem de barragens e dos programas relacionados à segurança
da população e planos de comunicação de risco.
Quem assistiu às apresentações da equipe da
mineradora concluiu que a Itaminas não tem mesmo no presente ações efetivas no
sentido de garantir às comunidades segurança no caso do rompimento de sua barragem.
Acreditem, apesar de estar instalada na localidade há 59 anos, a fala de seus
funcionários resumia-se a mencionar testes, estudos de metodologias, projetos e
cronograma de ações futuras. Para se ter uma ideia da situação atual, sequer
sirenes foram ainda instaladas nas áreas que poderão ser atingidas, muito menos
instruções concretas e treinamento efetivo para as comunidades e seus voluntários.Informaram que a drenagem final da sua barragem
de rejeito ocorrerá somente daqui a três anos – em 2021 -, aproximadamente, e
que para transformar a barragem de rejeitos tóxicos em barragem à seco serão
necessários, no mínimo, oito anos. Por mais oito anos, milhares de pessoas
continuarão debaixo de uma bomba relógio – barragem sujeita rompimento -, uma
espada de Dâmocles na cabeça?
Durante a audiência, os moradores,
profundamente indignados, destacaram diversos problemas que vêm enfrentando,
sobretudo o medo e o pavor do rompimento da barragem de rejeitos da Itaminas.
Mencionaram ainda a desinformação a respeito da atual situação e do nível real
de perigo relativo ao rompimento das barragens e instalações da mineração da
Itaminas. Reclamaram ainda da poluição do ar devido às atividades de mineração,
bem como do tráfego de veículos pesados em ruas dos bairros.
O que foi repetidamente falado pelos
moradores na audiência, com mais de 40 inscritos, é que as comunidades não
aceitam mais estar expostas a qualquer tipo de risco. Exigem risco zero! Uma
moradora disse em voz alta: “Queremos já
a garantia de RISCO ZERO!” Outro morador questionou informações indicadas
em um relatório da mineradora que foi apresentado aos órgãos ambientais
recentemente (janeiro de 2019) e que não condiz com o que foi apresentado na
audiência pela mineradora, que só mencionou ações relacionadas a projetos de futuro,
mas que não deu garantia de segurança alguma se ocorrer uma tragédia “na
próxima madrugada”, por exemplo. Reiteraram-se ao final que as comunidades estão
mesmo totalmente vulneráveis, exigindo providências urgentes por parte da Prefeitura,
órgãos licenciadores do Governo de Minas Gerais, do Ministério Público e do
Poder Judiciário. Muitos solicitaram a suspensão da licença de operação da
mineradora e a paralisação já da exploração minerária da Itaminas em Sarzedo até
que as barragens sejam drenadas e o risco de eventual rompimento e danos seja
totalmente garantido.
Não se pode mais admitir que vidas continuem
sendo expostas, devido a interesses predatórios de mineradoras munidas de
equipamentos obsoletos e superados tecnologicamente, mantidos por pequenos
grupos de empresários conservadores da área de mineração que só visam o seu
lucro – acumulação de capital - e o seu enriquecimento e que historicamente
nunca priorizaram a segurança e a dignidade das comunidades de Sarzedo nem
nunca respeitaram o meio ambiente. Basta de mineração! Risco ZERO exigimos!
Assinam esta Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB)
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva
(CEDEFES)
Associação dos Produtores Rurais de Sarzedo
(ASPRUS)
Federação dos Trabalhadores na Agricultura de
Minas Gerais (FETAEMG)
Movimento Natureza Viva
Movimento Serra Sempre Viva
Movimento SOS Sarzedo
Frente de Resistência Verde
Frente Resistência Indígena - ‘RExiste Puri’
KAIPORA-Laboratório de Estudos
Bioculturais/UEMG
Associação dos Catadores de Materiais
Recicláveis de Sarzedo (ACAMARES)
Sarzedo, MG, 07 de fevereiro de 2019.
Caminho da Lama tóxica da barragem da mineradora Itaminas em Sarzedo, caso ocorra o rompimento da barragem, crime anunciado.
Frei Gilvander, da CPT, exigindo a suspensão das licenças ambientais de todos os grandes projetos de mineração em Minas Gerais, com a consequente paralisação da atividade minerária, por tempo indeterminado até que se faça uma avaliação idônea e imparcial para se chegar a risco zero para o povo e para o meio ambiente.
A Promotora de Justiça da Comarca de Ibirité, Isabela Carvalho, que já abriu inquérito para apurar os riscos da mineração da Itaminas em Sarzedo.
Um
sítio que seria um paraíso se não fosse a MINERAÇÃO UM CRIME CONTRA A VIDA! -
Sr. Ricardo Moraes - Distrito de Córrego do Feijão - Município de Brumadinho/MG
- Vídeo 1 - 1º/2/2019.
Sr. Ricardo Moraes e sua
esposa, Rejane Moraes, vivem há 30 anos em um sítio de três hectares no
distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A casa deles está a poucos
quilômetros de onde ocorreu o crime tragédia da Vale e do Estado, dia
25/01/2019, às 12h30, matando centenas de pessoas e matando de vez o Rio
Paraopeba. A mineradora MIB (Mineração Ibirité Ltda.) está minerando até ao
lado do portão de entrada para a casa do sr. Ricardo e dona Rejane. Em três
hectares, Ricardo e Rejane já plantaram 500 pés de jabuticaba, 60 pés de manga
de todas as qualidades, araucária, ipês de várias cores, pau-brasil, mogno,
lima do Peru ... . Uma infinidade de árvores frutíferas e da mata Atlântica,
mas todo o sítio, a casa deles e a saúde do Sr. Ricardo e da dona Rejane estão
sendo agredidos diariamente pela poeira da mineração, barulho ensurdecedor,
detonações com dinamites, água poluída ... . Há 15 anos o Sr. Ricardo e a dona
Rejane lutam pelos seus direitos, inclusive judicialmente. Estão sendo
ameaçados de morte. Por isso, o Sr. Ricardo e a dona Rejane estão no Programa
de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Dia 1º/02/2019, frei Gilvander
Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) e membros da Equipe Técnica do
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Sr. Ricardo
Moraes, a Dona Rejane e o filho Ricardo, ocasião em que foi gravado esse vídeo
reportagem.
Foto: Divulgação / www.averdade.org.br
*Reportagem em vídeo de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º/02/2019.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
Equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos ameaçados de morte visita o cenário dramático do crime tragédia da Vale, com licença do Estado, no Distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, dia 01/02/2019. Foto: Ronaldo Silva
O crime anunciado da Vale e do Estado, que se iniciou às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019, uma sexta-feira que se tornou mais uma Sexta-feira da Paixão com centenas de mortos, rio Paraopeba matado, invadido pela lama tóxica que poderá apunhalar ainda mais o rio São Francisco que já está na UTI. Sinais vermelhos têm sido acendidos inúmeras vezes em Minas Gerais, no Pará e em outros estados, em territórios sob a cobiça das grandes mineradoras que vêm causando devastação socioambiental em progressão geométrica. No Brasil, há mais de 24 mil barragens: de água para irrigação, de rejeitos de mineração om lama tóxica ou de água para geração de energia em hidrelétricas. As barragens de hidrelétricas são feitas de concreto com ferro e aço, mas as barragens de rejeitos minerários são apenas uma montanha de lama com calços quebradiços. Mais de 700 barragens são de rejeitos minerários, sendo que 70% destas estão em Minas Gerais, mais de 460. Desde a década de 1970, volta e meia, alguma barragem de rejeitos minerários tem se rompido. Em Minas Gerais, houve vários rompimentos de minerodutos, o Minas-Rio, por exemplo, que consome diariamente água que dá para abastecer uma cidade de 230 mil pessoas e transporta o equivalente a 1.600 carretas de minério por dia. As nossas montanhas estão sendo arrancadas e vendidas pela metade do preço de banana e, pior, todas as nascentes, rios e os lençóis freáticos estão sendo sacrificados.
As vistorias e auditorias são caricaturais, feitas sob encomenda das grandes mineradoras. Na CPI da Mina Capão Xavier, em Nova Lima, MG, em 2004, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), uma representante da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) disse: “Nós da FEAM não vamos lá no local da mineração fazer vistoria. Apenas lemos os relatórios que os funcionários das mineradoras fazem.” Mesmo com testemunhos e documentos idôneos que demonstravam a série e irregularidades e ilegalidades, tanto a 1ª CPT da ALMG, de 1975, sobre mineração na Serra do Curral, e a CPI da Mina Capão Xavier, ambas da MBR e Vale, terminaram com relatório pizza.
Onde há muito minério há também muita água. O Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, é também um Quadrilátero Aquífero. Os lugares onde as mineradoras se instalam eram paraísos naturais, mas após a chegada das mineradoras inicia-se um processo absurdo que sacrifica no altar do deus do mercado a dignidade humana e a dignidade da mãe terra, da irmã água, da flora e da fauna. Bento Rodrigues, por exemplo, era um ‘paraíso na terra’, mas após a mineração da mina de Fundão, estava sendo abastecida por caminhões pipas, antes de ser devastada no crime tragédia da VALE/SAMARCO/BHP que aconteceu na tarde do dia 05 de novembro de 2015 e continua acontecendo. Em um instante, 19 vidas de seres humanos foram ceifadas. Pior, mais de 30 pessoas, em 3 anos, já morreram vítimas das consequências dramáticas daquele genocídio.
Palco inicial do genocídio da Vale, com licença do Estado, o Córrego do Feijão, em Brumadinho, ganhou esse nome porque era uma região rica na produção de feijão, de hortaliças, cereais e hortifrutigranjeiros que abastecia grande parte de Belo Horizonte e região metropolitana. Era comum ver muitos carros de bois transportando feijão e uma grande quantidade de outros alimentos saudáveis produzidos sem agrotóxicos em regime de agricultura familiar. Conta-se que certo dia, um carro de boi, carregado de feijão, tombou em uma ponte ao atravessar o córrego. Por isso, o lugar passou a se chamar Córrego do Feijão. Brumadinho, mesmo sob o massacre que as mineradoras perpetram cotidianamente, ainda é o 2º maior produtor de cítricos de Minas Gerais. Isso nos mostra que a vocação de Brumadinho e região não é a mineração, mas é a agricultura familiar com produção de alimentos saudáveis.
Se a classe trabalhadora, do campo e da cidade, não se mobilizar para, em lutas sociais e massivas, pressionar as autoridades do Estado Brasileiro, na luta por justiça socioambiental, a próxima tragédia acontecerá em breve. Qual barragem que romperá primeiro? A de Congonhas? A de Sabará? A de Itabira? A de Conceição do Mato Dentro? ... No livro do Êxodo se diz que o Deus da vida, para forçar a libertação do povo escravizado, enviou dez pragas sobre os faraós – com coração endurecido - do imperialismo do Egito que superexplorava o povo. A 1ª praga/prodígio é narrada em Ex 7,14-24: “transformou o Rio Nilo em sangue. Todos os peixes morreram. O rio ficou poluído e morto. Os egípcios não podiam beber mais da água do rio” (Ex 7,20-21). Depois da 1ª praga, as seguintes eram gradativamente piores, até o povo superescravizado conquistar a libertação, com a travessia do mar vermelho. Quantas barragens ainda precisarão romper para que as autoridades ouçam os clamores do povo, da mãe terra, da irmã água e de todos os seres vivos?
Para o profeta Miqueias, a cobiça e as injustiças sociais deixam o Deus da vida possuído por uma ira santa. “São vocês os inimigos do meu povo: de quem está sem o manto (como os desempregados que aceitam trabalhar em mineradoras mesmo sabendo que estão destruindo), vocês exigem a veste; vocês expulsam da felicidade de seus lares as mulheres do meu povo (como milhares de meninas que são empurradas para a prostituição em cidades apunhaladas pelas grandes mineradoras), e tiram dos filhos a liberdade que eu lhes tinha dado para sempre” (Miq 2,8-9).
Vindo da roça, o profeta Miqueias, ao chegar à capital Jerusalém, se defronta com os enriquecidos e com políticos e religiosos profissionais e os acusa de roubar casas e campos para se tornarem latifundiários. “Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! É só o dia amanhecer, já o executam, porque têm o poder em suas mãos. Cobiçam campos, e os roubam” (Miq 2,1-2). Miqueias mostra que a riqueza deles se baseia na miséria de muitos e tem como alicerce a carne e o sangue do povo. “Essa gente tem mãos habilidosas para praticar o mal: o príncipe exige, o juiz se deixa comprar, o grande mostra a sua ambição. E assim distorcem tudo. O melhor deles é como espinheiro, o mais correto deles parece uma cerca de espinhos! O dia anunciado pela sentinela, o dia do castigo chegou: agora é a ruína deles” (Miq 7,3-4).
Segundo o Evangelho de Lucas, Jesus Cristo põe em paralelismo o assassinato cruel dos galileus com o acidente que sofreram 18 habitantes de Jerusalém quando desabou sobre eles uma torre das antigas muralhas, próxima da piscina de Siloé (Lc 13,1-9). E alerta: Convertam-se antes que seja tarde! As tragédias humanas não são castigos de Deus (Lc 13,1-2). Pilatos, querendo construir um aqueduto, decidira utilizar o tesouro do Templo como verba para a construção. Isso provocou a resistência de um grupo de galileus que foram assassinados enquanto ofereciam sacrifícios no Templo. Mas Jesus fazia análise de conjuntura e lia os fatos históricos de forma crítica e criativa. Os galileus assassinados não eram arruaceiros, estavam lutando pelos seus direitos e, por isso, foram reprimidos.
Jesus questiona o senso comum das pessoas, chacoalha a teologia da retribuição impregnada na cabeça do povo e convida à reflexão questionando: “Eles são, de fato, culpados? Ou foram massacrados porque questionaram de forma organizada o sistema opressor liderado por Pilatos?” Nas entrelinhas, Jesus acaba dizendo: “Ontem foi um grupo de galileus. O sistema opressor está em pleno funcionamento. Se vocês continuarem de braços cruzados, alienados e acriticamente aceitando a interpretação dos fatos feita a partir dos poderosos, amanhã será a vez de vocês. Um a um, todos serão mortos antes do tempo”.
Jesus alerta de modo enfático, repetindo em dois versículos (Lc 13,2.5): “É hora de conversão!” Não apenas mudar a forma de pensar, mas, fundamentalmente, mudar a forma de agir e de se posicionar diante da realidade. Posicione-se do lado das vítimas e dos enfraquecidos! Seja crítico e criativo! Desconfie do que é veiculado pelos grandes meios de Comunicação. Eis o apelo do evangelho para nós. Jesus faz referência a outro fato da história para iluminar os desafios do presente: a morte de dezoito pessoas com o desabamento da torre de Siloé. Seria corrupção e irresponsabilidade dos órgãos públicos que construíram uma torre sem segurança? Deus conta com nossa participação ativa. Não nos quer de braços cruzados vendo a banda passar. “Tudo isso acontecendo e eu aqui, na praça, dando milho aos pombos?”, interroga o cantor Zé Geraldo.
O justo e necessário é a prisão preventiva imediata do Presidente da VALE, dos Diretores da VALE, das autoridades dos Governos que autorizaram o funcionamento e dos responsáveis pela licença, o confisco dos bens da Vale para aplicar nas áreas sociais, além de suspensão por tempo indeterminado da mineração em Minas Gerais e em todo o país até que se faça uma avaliação independente e imparcial e reabrir apenas as minas que têm garantias idôneas de que não haverá rompimento de barragens de rejeitos de minério.
Belo Horizonte, MG, 06 de fevereiro de 2019.
Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.
1 – Rompimento de quatro barragens em Brumadinho/MG: NÃO FOI ACIDENTE. FOI CRIME ANUNCIADO! 28/1/2019.
2 - Prisão dos responsáveis pelo crime da VALE e suspensão da mineração/Frei Gilvander/CPT-MG/28/1/19
3 - Crime da VALE/Estado: povo, reaja, se organize e levante a voz. Frei Rodrigo Peret/CPT. 28/1/19
4 - Chega de mineração! Chega de impunidade! Ir. Neusa (CPP) e Clarindo (Mov. Pescadores). 28/1/19
5 - Crimes cometidos por mineradoras em Congonhas/MG e a cumplicidade do Estado/Sandoval Filho/19/12/18
6 - Crime da VALE e do Estado. Sônia Loschi/CPT-MG: "Não precisamos das mineradoras"- 28/1/2019
[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br – www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III