quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Dilma e Aécio irão manchar suas mãos de sangue com o despejo de 8 mil famílias em Belo Horizonte, MG. BH, 07/08/2014



Dilma e Aécio irão manchar suas mãos de sangue com o despejo de 8 mil famílias em Belo Horizonte, MG.

O Estado de Minas Gerais comunicou oficialmente, no dia 06 de agosto de 2014, que vai despejar 8.000 famílias das ocupações Vitória, Rosa Leão e Esperança, na região do Isidoro, em Belo Horizonte, com o uso de extrema força policial. Tal situação se configura o anúncio de um massacre, pois as famílias não têm para onde ir e estão dispostas a resistir e defender o seu direito à moradia e a sua dignidade. A Polícia Militar de Minas Gerais, por sua vez, dá claras mostras de que agirá com truculência e extrema violência na realização dessa ação, assim como tem agido em manifestações, como ocorreu no dia 24 de Julho, quando a cavalaria atacou o povo com espadadas. (http://youtu.be/2fNDA1T7xeA). Será um novo “Pinheirinho” agora em terras mineiras.
As ocupações do Isidoro existem há mais de um ano e, embora tenham surgido de forma espontânea, se organizaram na luta por moradia com o apoio das Brigadas Populares, MLB, CPT, redes de arquitetos e advogados populares. Hoje as comunidades possuem planejamento urbanístico, sistemas democráticos para a tomada de decisões e organizam atividades que mostram a toda a cidade que uma outra forma de viver no espaço urbano é possível e necessária. As famílias que vivem nesses terrenos antes sofriam sob a cruz do aluguel ou a humilhação de viverem de favor, e decidiram erguer suas casas e sua comunidade ocupando terras improdutivas, que não exerciam a sua função social e descumpriam os pressupostos da Constituição Federal e do Estatuto das Cidades. Desta forma, resistem na luta pela conquista de seus direitos fundamentais, historicamente negados, e que têm sido absolutamente ignorados pelo Município de Belo Horizonte que, mesmo diante de um déficit habitacional de 150 mil moradias, construiu apenas 1.400  apartamentos muito pequenos por meio do Programa Minha Casa Minha Vida para famílias com rendimento entre 0 a 3 salários mínimos.
O processo jurídico que envolve as ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória é repleto de vícios que apontam para a completa ausência de substrato jurídico sólido que justifique um despejo forçado. A começar pelo fato de que o Ministério Público e a Defensoria Pública nunca tiveram vistas das ações de reintegração de posse que correm em desfavor das comunidades. Assim, o direito de defesa de milhares de famílias foi cerceado e elas podem perder suas casas sem que tenham tido a oportunidade de exercer o princípio do contraditório. 
O Ministério Público ajuizou uma Ação Civil Pública questionando as inconsistências jurídicas que envolvem o conflito. Quais sejam: necessidade de se fazer um novo cadastro socioeconômico, a designação de perícia para que se defina os limites da área objeto de reintegração de posse, que as matrículas de imóveis objeto de desapropriação sejam colacionadas aos autos, que seja apurada a responsabilidade do Estado de Minas Gerais no exercício do poder fiscalizatório por ser a área de interesse metropolitano. A ACP foi distribuída no dia 15 de julho de 2014 e até a presente data o pedido liminar não foi apreciado.
Um despejo de tamanha envergadura não deve ser realizado sem que as possibilidades de conciliação tenham sido esgotadas e sem que se apresente uma alternativa de moradia digna para as famílias, conforme previsto nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário e no Estatuto das Cidades. Com a execução do despejo o Estado estará desconsiderando os importantes argumentos levantados na ACP, assim como a proposta de mediação assumida na última semana pelo presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Desembargador Pedro Bitencourt, e pelo 3º vice-presidente do TJMG, Dr. Wander Paulo Marotta.
Problemas sociais se resolvem com políticas sociais e organização popular e não com a ação repressiva da polícia. A execução do despejo não resolve o problema do déficit habitacional e acirra o conflito que envolve as ocupações urbanas em luta pelo direito à cidade. Existem várias possibilidades para que se encontre uma saída justa e negociada para esse conflito, mas não há vontade política do Governo do Estado, PSDB, partido cujos programas apresentados nas campanhas de Aécio Neves e Pimenta da Veiga apontam para o aumento da repressão policial e redução das possibilidades de diálogo e democracia. Essa grave violação dos direitos humanos básicos de 8.000 famílias também tem sido negligenciado pelo Governo Federal, PT, que não apresentou nenhuma alternativa para as ocupações lavando suas mãos diante dessa situação, mesmo quando a presidenta Dilma tenha assumido no início desse ano revolver o problema habitacional no Isidoro.
Diante desse grave conflito instalado, conclamamos os setores sociais sensíveis aos problemas do povo no Brasil e que lutam por uma sociedade mais justa e fraterna a unirem forças em torno de uma solução justa, pacífica e negociada que respeite o direito a moradia e à cidade, bem como a dignidade da pessoa humana das milhares de famílias que estabeleceram ali suas casas e projetaram ali seus sonhos de uma nova cidade.
O massacre está anunciado! A responsabilidade pelo derramamento de sangue que se avizinha será do Senador Aécio Neves, da Presidenta Dilma Rousseff e de seus candidatos ao Governo do Estado, Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB), que não realizaram esforço algum para impedir essa tragédia. Clamamos às organizações da sociedade civil, os poderes públicos, entidades de direitos humanos e políticos comprometidos com as causas sociais a apoiarem as ocupações do Isidoro denunciando a questão em todos os espaços possíveis e mostrando os responsáveis por este crime contra nosso povo.

Pela universalização do acesso ao direito à moradia! 
Remoção forçada sem alternativa digna de moradia é crime!
Por uma cidade onde caibam todos e todas!

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Belo Horizonte, MG, Brasil, 7 de agosto de 2014. 

Assinam essa Nota Pública:
Brigadas Populares 
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Grupo de Arquitetos Sem Fronteira Brasil







quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Despejar 8 mil famílias das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória poderá fazer uma tragédia de proporções inimagináveis. Alerta às autoridades e às pessoas de boa vontade. BH, 06/08/2014

Despejar 8 mil famílias das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória poderá fazer uma tragédia de proporções inimagináveis.
Alerta às autoridades e às pessoas de boa vontade.

Frei Gilvander Luís Moreira[1]

Prefeito, juíza, governador, comandantes da Polícia, empresários e muitas outras autoridades estão tão distantes da realidade dos pobres que, mesmo aparentando terem boa vontade, estão deleitando o “canto da sereia”, mas amarrados no mastro do navio do sistema do capital (Cf. Canto 12 de Odisseia, de Homero). Diante dos rumores e vários indícios de que estão preparando para em breve tentar despejar as 8 mil famílias das Ocupações Rosa Leão (1.500 famílias), Esperança (2.638 famílias) e Vitória (4.500 famílias) na região do Isidoro, território de Belo Horizonte e parte de Santa Luzia, MG, faremos aqui vários alertas na esperança de que possa contribuir para evitar a tragédia de proporções inimagináveis que poderá ser tentar despejar essas comunidades. Poderão acontecer massacres maiores do que o de Eldorado dos Carajás, em 17/04/1996, com 21 mortos e 69 feridos; ou maior do que o massacre do Carandiru, dia 02/10/1992, com 111 presos mortos. Isso não é ameaça, é alerta de quem está cotidianamente no meio do povo e sente suas angústias, vê suas lágrimas e sabe que o povo resistirá por necessidade, por não ter outra opção.

Diante desse gravíssimo conflito social faz bem recordar e não pode ser esquecido que:

1.   O povo foi para essas ocupações por necessidade, porque não suporta mais sobreviver debaixo da cruz do aluguel ou da humilhação que é sobreviver de favor. Pagar aluguel acima de 500 reais para quem ganha salário mínimo de 724 reais se tornou impossível. “A gente toma café da manhã com aluguel, almoça aluguel, janta aluguel e dorme com aluguel. Não suportamos mais isso.” Esse é o grito geral no meio do povo.
2.   A especulação imobiliária está crescendo e com ela, o déficit habitacional e, consequentemente, as ocupações urbanas. Políticas habitacionais populares estão quase só em discursos e vãs promessas. Somente na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, já são mais de 25 mil famílias em Ocupações urbanas, umas planejadas e outras “espontâneas”.
3.   Até o presente momento somente foram construídas em Belo Horizonte 1.427 unidades habitacionais pelo Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) para famílias de 0 a 3 salários mínimos, em que pese mais de cinco anos de existência de referido programa. No 1º dia de cadastro para o PMCMV, cinco anos atrás, 199 mil famílias se inscreveram. A Fundação João Pinheiro atestava um déficit habitacional de 78 mil casas, em 2010, a partir de dados do IBGE. Quatro anos após estima-se um déficit habitacional na capital mineira acima de 150 mil moradias.
4.   Não há programa de construção de moradias para população pobre em Belo Horizonte diversa do PMCMV. Isso porque as construções de unidades habitacionais pelas obras do programa Vila Viva não se prestam a atender o déficit habitacional de Belo Horizonte. O Ministério Público Federal informou que, de 7.957 remoções realizadas pelo programa Vila Viva em Belo Horizonte, somente 3.950 remoções importaram em reassentamento – sem titulação - em unidade habitacional construída por esse programa. Do restante, 496 dos removidos conseguiram adquirir a compra de casa com recursos advindo do PROAS – 40 mil reais é o teto - e, a grande maioria dos removidos, 4.310, receberam indenização pela remoção compulsória. A indenização é sempre injusta, pois não indeniza o valor do imóvel, mas apenas da casa ou do barraco. Há Relatório da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), PM, Ministério Público e Polícia civil atestando o caos que está nos predinhos do Vila Viva.
5.   O Governo de Minas nos últimos 20 anos não construiu nenhuma casa para famílias de zero a três salários mínimos em Belo Horizonte e nem na região metropolitana de BH.
6.   As Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória estão seguindo Plano Urbanístico elaborado com participação de Arquitetos da UFMG e PUC/MG. Essas ocupações não são e nem serão favelas, aglomerados, mas têm avenidas e ruas com loteamento planejado. Nas três ocupações já foram construídas ou estão em construção 2.500 casas de alvenaria. Foi investido, em média 7 mil reais em cada casa. 2.500 X 7.000,00 = 17.500.000,00 (17,5 milhões de reais). Mais da metade foi conseguido via empréstimo. Os aposentados pegaram empréstimos para pagar de 3 a 5 anos, descontando mensalmente na aposentadoria de salário mínimo. Ou no cartão de crédito ou outras formas de empréstimo. O fato é que o povo não vai admitir que suas casas sejam demolidas e, além de ficar sem casa, ficar com uma grande dívida.
7.   Um exemplo: A Ocupação das Torres Gêmeas, no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte, ficou com liminar de reintegração de posse 15 anos sem cumprir. A Polícia militar fez um laudo que demonstrava ser impossível fazer a desocupação dos prédios sem ter vários mortos. Sugerimos que a polícia de MG faça um laudo mostrando a impossibilidade de se fazer um despejo forçado de tal envergadura. Outro exemplo: Quatro anos atrás, quando havia uma pressão enorme para se despejar a Ocupação Dandara, no Céu Azul, em Belo Horizonte, o Cel. Sandro Teatini, então comandante das tropas especializadas e com fama de ser muito duro, bateu na mesa da Dra. Maria Coeli, secretária da Casa Civil do governo de MG, e disse com firmeza: “Não despejo a Ocupação Dandara sem ter alternativa digna, sem ter para onde levar mil famílias.” Dandara segue firme sendo já um bairro organizado faltando apenas o poder público chegar e colocar sistemas de água, energia, esgotamento e arrumar as ruas.
8.   Estamos na era pós-junho de 2013. O povo das Ocupações se uniu, está organizado e jamais se dispersará. Se por um milagre, massacres não acontecerem, após os despejos, Belo Horizonte vai virar um caos. E a luta por moradia vai continuar, pois é uma necessidade, um direito humano fundamental. Ninguém vai baixar a cabeça.
9.   As Ocupações de Belo Horizonte e Região metropolitana estão unidas e irmanadas na luta. Mexer com uma significa mexer com todas as ocupações. Logo, o caminho sensato é diálogo, negociação até chegarmos a soluções justas e pacíficas.
10.               Há uma série de ilegalidades na decisão liminar da Juíza Luzia Divina Peixoto, da 6ª Vara de Fazenda Pública Municipal, que mandou despejar o povo e reintegrar na posse Granja Werneck S/A e outros empresários. A juíza de plantão não tinha concedido liminar de reintegração de posse, pois “faltava a comprovação da posse”. A juíza Luzia Divina não deixou ainda o Ministério Público e a Defensoria Pública terem vista na íntegra dos processos. Cadê o devido processo legal? Por isso também o Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Promotoria de Justiça Especializada em Direitos Humanos, ajuizou, dia 15/07/2014, uma Ação Civil Pública (ACP) em que pede que seja assegurado o direito à moradia das famílias das Ocupações do Isidoro. Na ACP fica claro que há a necessidade de se fazer: 1) Um novo cadastro socioeconômico das famílias; 2) Uma perícia técnica judicial para esclarecer os limites entre as ditas propriedades do município de Belo Horizonte, dos particulares envolvidos: 3) Identificar os limites dos municípios envolvidos no conflito (BH e Santa Luzia); 4) qual o limite da Zona Especial de Interesse Social (SEIS) inscrita na área da Ocupação Rosa Leão; 5) Definir dimensão e território em que as ocupações estão inseridas; 6) Esclarecer se o Estado de Minas Gerais, por via da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana, exerceu poder de polícia fiscalizatória no processo de parcelamento e desmembramento da Granja Werneck; 7) Reunir à ACP os quatro processos de reintegração de posse em trâmite na 6ª Vara de Fazenda Pública Municipal, evitando-se, dentre outras situações, decisões contraditórias por parte do Judiciário e a continuidade do descumprimento do Decreto Estadual nº 44.646/2007 e Decreto Municipal nº 10.483/2001. Muito estranho também uma ACP que coloca inclusive o Governo de Minas no banco dos réus e tem pedidos muito mais amplos do que os processos de reintegração de posse continuar em uma Vara pública Municipal. O correto é que a ACP seja analisada em uma Vara de fazenda pública ESTADUAL, como foi o caso da ACP no processo da Ocupação Dandara. Todas essas ilegalidades precisam ser corrigidas.
11.               Se a Constituição for respeitada, nenhuma reintegração de posse em ocupações coletivas pode ser feita. Concordo 100% com a professora Delze dos Santos Laureano ao dizer: "Se fossem mesmo levados a sério os direitos humanos fundamentais, nenhuma reintegração de posse poderia ser feita nas ocupações coletivas, pois esses atos ferem de morte o direito à dignidade da pessoa humana, o direito à alimentação e à moradia. Afrontam, violentamente, tais decisões contra a democracia, os direitos das crianças, dos idosos, dos deficientes. Todos estes que recebem, por força da própria constituição, ainda que formalmente, a proteção do Estado."
12.               A história nos mostra que despejo jamais é solução justa para grave problema social como o que envolve diretamente cerca de 25 mil famílias hoje na região metropolitana de Belo Horizonte. Despejo só piora mil vezes o problema social. Acirra os ânimos, cria condições para se fazer massacres, o que é abominável. A solução justa para superar de forma justa esses conflitos sociais passa necessariamente por Política – não por polícia -, por diálogo, por negociação, por política de habitação séria, popular e massiva, com participação popular. Jamais polícia – repressão - vai resolver de forma justa o problema que as ocupações urbanas e rurais estão desvelando.
13.               Temos em Belo Horizonte, dois exemplos que devem ensinar muito a todas as autoridades. Primeiro, em 2010, a tropa de choque da Polícia Militar de MG acompanhou guardas municipais da prefeitura de BH, seus fiscais e gerentes e, sem decisão judicial, demoliram 27 casas de alvenaria na Ocupação Zilah Spósito/Helena Greco. Jogaram gás de pimenta no povo, inclusive em criança de quatro anos. Fizeram um terror. Mas, a Rede de Apoio chegou rápido e, sob a liderança da Defensoria Pública de MG da área de Direitos Humanos, conquistamos uma Liminar judicial que impediu demolir as 11 casas que resistiam em pé. Moral da história: Após três anos estão lá 170 casas de alvenaria construídas, com 170 famílias fora da cruz do aluguel ou da sobrevivência de favor. Após aquela agressão, conquistamos a retirada do secretário da prefeitura de BH, da regional Norte, que comandou a operação. O Ministério Público da área de Direitos Humanos denunciou 11 soldados que estão respondendo processos. E o povo está lá firme na luta. Segundo, no Barreiro, em BH, dias 11 e 12 de maio de 2012, cumprindo decisão judicial a pedido da Prefeitura de BH, liminar concedida pela juíza Luzia Divina Peixoto (a mesma que ordenou os despejos das ocupações do Isidoro), um verdadeiro aparato de guerra – 400 policiais, cavalaria, helicóptero da PM, caveirão – em uma ação militar que durou 36 horas, despejou 350 famílias da Ocupação Eliana Silva, do MLB, aterrorizando as crianças que, abraçadas às mães, gritavam: “Mãe, a polícia vai nos matar.” Traumas indeléveis. Mas três meses depois, a Ocupação Eliana Silva “ressuscitou” ocupando outro terreno a um quilômetro de distância e hoje, após 1,5 ano, já estão com 300 casas de alvenaria construídas e a Comunidade segue, de cabeça erguida, sob a guia do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), movimento popular respeitado e admirável.
14.               É um erro grave pensar que polícia vai resolver problema social. Polícia é para resolver crimes. As lutas coletivas do povo pobre - que se expressam nas ocupações - são lutas por direitos constitucionais e como tais devem ser respeitadas. Aos policiais recordamos: Vocês são também trabalhadores da classe trabalhadora e não estão obrigados a cumprir ordens que são contrárias à lei maior de Deus, que diz: Não matarás!
15.               Dia 31 de julho de 2014, o novo presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Dr. Pedro Bitencourt, e o 3º Vice-presidente do TJMG, Wander Paulo Marotta, responsável pela área de mediação de conflitos em 2ª instância, se reuniram com representantes das ocupações  de BH e RMBH, das Brigadas Populares, MLB, Comissão Pastoral da Terra e Coletivo Margarida Alves. A reunião foi acompanhada pela procuradora do Ministério Público de Minas Gerais, Dra. Gisela Potério Saldanha, por Dr. Manoel dos Reis Morais, juiz auxiliar da presidência do TJMG. Após ouvir os representantes dos movimentos sociais e das ocupações, o Dr. Pedro Bitencourt e o 3º Vice-Presidênte do TJMG assumiram compromisso de mediação para os conflitos sociais e urbanos que envolvem as ocupações da região do Isidoro (Vitória, Esperança e Vitória) e as Ocupações William Rosa e Guarani Kaiowá, de Contagem, MG.
Em nome da verdade e por respeito à dignidade humana, por essa Mediação sob a coordenação da 3ª vice-presidência do TJMG estamos esperando. Esse é o caminho justo e sensato para se chegar à paz social com respeito aos direitos dos pobres.

Contatos para maiores informações:
com Isabela (cel.: 31 8629 0189), Rafael Bittencourt (cel.: 31 9469 7400) ), com Charlene (cel.: 31 9338 1217 ou 31 8500 3489), com Edna (cel.: 31 9946 2317), com Elielma (cel.: 31 9343 9696), com Bruno Cardoso (cel.: 31 9250 1832); Poliana (cel. 31 9523 0701) ou com Leonardo MLB (cel.: 91330983).

Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo:




[1] Frei e padre carmelita; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB, PJR e Via Campesina, em Minas Gerais; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  –www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br - www.twitter.com/gilvanderluis - facebook: Gilvander Moreira

terça-feira, 5 de agosto de 2014

CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DE MINAS GERAIS E A TODA SOCIEDADE MINEIRA. Pela derrubada do Veto ao Projeto de Lei 4051/2013. Não à Incineração do lixo em Minas Gerais. BH, 05/08/2014



CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DE MINAS GERAIS E A TODA SOCIEDADE MINEIRA
Pela derrubada do Veto ao Projeto de Lei 4051/2013.

Incineração do lixo em Minas Gerais:
sentença de morte para o meio ambiente,
para a saúde pública e para o trabalho centenário dos catadores
de materiais recicláveis.
Precisamos derrubar o veto do Governador!

Fruto de grande mobilização dos Movimentos Sociais, mais especificamente do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (ORIS) e entidades ambientalistas e sociais no Estado de Minas Gerais, no Brasil e no âmbito internacional, o Projeto de Lei 4051/2013, aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), “dispõe sobre a proibição da utilização da tecnologia de incineração no processo de destinação final dos resíduos sólidos urbanos”.
Os Movimentos Sociais e as redes de parcerias acima referidas, vêm, há bastante tempo, desenvolvendo pesquisas, debates e estudos sobre as rotas tecnológicas para destino final dos resíduos sólidos. Neste percurso, constatou-se que a tecnologia da incineração é totalmente contrária aos valores, princípios e objetivos éticos, econômicos e morais do ordenamento jurídico brasileiro, por causar graves problemas à saúde, ao meio ambiente e à inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis e outros trabalhadores da cadeia da reciclagem, que, há séculos vem utilizando, como fonte de renda, o trabalho com o reaproveitamento, a reutilização e a reciclagem desses materiais.
Publicado no Diário do Legislativo de 9 de maio de 2013, o PL 4051/2013 teve o parecer favorável das Comissões de Constituição e Justiça, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG e foi aprovado, por unanimidade, pelos Deputados; proibindo, assim, a utilização da tecnologia de incineração dos resíduos sólidos urbanos (lixo) oriundos dos sistemas de limpeza urbana nos municípios do Estado.
Contudo, o Projeto de Lei seguiu para a sanção do Governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, que o vetou integralmente, na tentativa de impedir sua implementação, utilizando fundamentos não convincentes e contrários aos pareceres das comissões da Assembleia e a estudos e pesquisas nacionais e internacionais que apontam para os graves problemas da tecnologia da incineração.
Com a clara convicção de que não se pode permitir tal retrocesso, depois de avanços conquistados, especialmente nas políticas de Direitos Humanos e de Resíduos Sólidos, com a inclusão de catadores de materiais recicláveis, é que os movimentos e entidades vêm lutando contra a incineração de resíduos e a favor da coleta seletiva com inclusão dos catadores e valorização da cadeia da reciclagem.
Diante deste cenário, iniciou-se uma série de ações em Belo Horizonte, em Minas Gerais e no Brasil, com o apoio de uma rede internacional pela Não Incineração, para a derrubada do veto do Governador ao Projeto de Lei 4.051/2013.
Queremos, com esta carta, parabenizar os Deputados Estaduais de MG que votaram a favor do PL 4.051/2013 e lhes pedir que votem pela derrubada do Veto do Governador, pela proibição da incineração em nosso Estado, por ser incompatível com os princípios e valores jurídicos, sociais, econômicos, éticos e morais da sociedade brasileira, que não admite retrocessos na defesa dos direitos ambientais, sociais e humanos.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 01 de agosto de 2014.

Assinam essa Carta:
Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR
Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária – ORIS
(Rede de parceiros em defesa da Reciclagem)
Apoio também de:
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Frei Gilvander Luís Moreira,
.....
(Quem quiser acrescentar nome da sua organização e/ou seu nome, subscrevendo essa Carta, bem-vindo/a e divulgue para ampliar a reivindicação junto aos deputados da ALMG.)

Obs.: Essa carta foi originalmente publicada no link, abaixo:


Tribunal de Justiça de Minas Gerais aponta para o diálogo e mediação como alternativa ao despejo das ocupações urbanas. Nota Pública. BH, 05/08/2014



Tribunal de Justiça de Minas Gerais aponta para o diálogo e mediação como alternativa ao despejo das ocupações urbanas.
Nota Pública.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 05 de agosto de 2014.

Em busca do diálogo e de uma solução justa e pacífica para o conflito social urbano que envolve cerca de 15.000 famílias das ocupações urbanas de Belo Horizonte e região metropolitana, representantes das Ocupações-comunidades Vitória, Esperança, Rosa Leão, Dandara, Guarani Kaiowá, Eliana Silva e William Rosa se reuniram no dia 31 de Outubro de 2014 com o novo presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Dr. Pedro Bitencourt, e o 3º Vice-presidente do TJMG, Wander Paulo Marotta, responsável pela área de mediação de conflitos em 2ª instância. A reunião foi acompanhada pela procuradora do Ministério Público de Minas Gerais, Dra. Gisela Potério Saldanha, por Dr. Manoel dos Reis Morais, juiz auxiliar da presidência do TJMG, além de representantes das Brigadas Populares, MLB, Comissão Pastoral da Terra e Coletivo Margarida Alves.
Após ouvir os representantes dos movimentos sociais e das ocupações, o Dr. Pedro Bitencourt convocou a 3ª Vice-Presidência do TJMG a estabelecer um processo de mediação para os conflitos sociais e urbanos que envolvem as ocupações da região do Isidoro (Vitória, Esperança e Vitória) e as Ocupações William Rosa e Guarani Kaiowá, de Contagem, MG. A mediação buscará ouvir todas as partes envolvidas na busca por soluções que garantam os direitos humanos e que aponte alternativas ao despejo. Uma nova rodada de negociação será marcada para o próximo mês sob a coordenação do desembargador Wander Marotta, terceiro-vice-presidente do TJMG.
As organizações envolvidas esperam que sejam cessadas imediatamente as ações de terrorismo psicológico perpetradas pela Polícia Militar de MG como as que vem ocorrendo nas Ocupações-comunidades Vitória, Rosa Leão e Esperança nos últimos dias, com o ônibus e helicóptero da tropa de choque rodando as comunidades. E reiteramos nossas expectativas na busca da saída justa, pacífica e conciliada para os conflitos! Paz e justiça social somente se conquistam com direitos fundamentais como o da habitação plenamente garantidos!
O despejo de famílias pobres é uma ação extremamente violenta e desumana. Em alguns casos, leva a situações de massacre da população pobre e quase sempre é realizada com o abuso da força policial, como ocorreu no Pinheirinho em São José dos Campos, SP. Além disso, o despejo agrava o problema do déficit habitacional existente no país que hoje é de 6.940.691 famílias, cerca de 22 milhões de pessoas sem-casa. Portanto, a simples execução de ações de reintegração de posse não pode ser considerada uma medida justa e nem pacífica.
Diversas ocupações urbanas em Minas Gerais estão em iminente ameaça de despejo, os casos mais graves envolvem as ocupações do Isidoro, em Belo Horizonte, onde residem 8.000 famílias nas comunidades Vitória, Rosa Leão e Esperança, e as ocupações de Contagem, Guarani Kaiowá e William Rosa, com cerca de 4.000 famílias. O risco social e humano de milhares de pessoas decorre também da irresponsabilidade do judiciário que emitiu mandatos de reintegração de posse por meio de decisões judiciais baseadas em um Direito que dá supremacia absoluta ao título de propriedade em conflitos possessórios, mesmo em casos em que esse não cumpre a sua função social, e desconsidera os demais direitos sociais em causa no conflito, como o direito à moradia e o princípio da dignidade humana. Tal tendência civilista e patrimonialista do judiciário revela um amplo desconhecimento dos instrumentos legítimos existentes, como o Estatuto das Cidades e as políticas de urbanismo e de habitação, que poderiam ser ativadas para que um desfecho legítimo fosse acordado entre as partes envolvidas. O problema é que tais juízes se baseiam em juízos de valor subjetivos e desprezam a técnica e a Constituição Federal em prol da manutenção da propriedade devoluta.
Problemas sociais não podem ser resolvidos com decisões de gabinete executadas por uma polícia violenta, mas com diálogo e vontade política. A mediação de conflitos aponta para a democratização da justiça, pois incorpora mais saberes e soluções possíveis na resolução de problemas complexos. Por isso, para nós, essa medida do TJMG representa não apenas esperança diante da aterradora ameaça de despejo, mas representa também um passo para a democratização da justiça mineira.
Para avançarmos no sentido da justiça no espaço urbano é preciso maior sensibilidade social e formação técnica do nosso corpo jurídico. Além de Direito Ambiental e Direito Agrário, o ensino do Direito urbanístico deveria ser obrigatório em todas as faculdades de Direito do país e deveria buscar conectar-se a realidade direta de quem vive o problema habitacional e a crise urbana. As ocupações urbanas sempre estiveram abertas para receber visitas de professores e estudantes interessados em aprender com o povo lições importantes de justiça, pluralismo e cidadania insurgente!

Pátria Livre, Venceremos!

Assinam essa Nota Pública:
Brigadas Populares - Minas Gerais
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)



Contatos para maiores informações:

com Isabela (cel.: 31 8629 0189), Rafael Bittencourt (cel.: 31 9469 7400) ), com Charlene (cel.: 31 9338 1217 ou 31 8500 3489), com Edna (cel.: 31 9946 2317), com Elielma (cel.: 31 9343 9696), com Bruno Cardoso (cel.: 31 9250 1832); Poliana (cel. 31 9523 0701) ou com Leonardo MLB (cel.: 91330983).

Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo:

Notícia no site do TJMG: