Governador de Minas se reuniu com
representantes das Ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa:
MESA DE NEGOCIAÇÃO CONTINUA ABERTA.
Nota Pública à Imprensa e à Sociedade.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 03 de dezembro de 2013.
Ontem,
segunda-feira, dia 02 de dezembro de 2013, às 16h20, Wander Borges, secretário
da Secretaria de Regularização Fundiária do Governo de Minas Gerais, telefonou para frei Gilvander dizendo que o
Governador Antonio Anastasia estava
voltando de Montes Claros e queria se reunir com a Comissão de representantes das Ocupações Rosa Leão (1.500
famílias), Esperança (2 mil famílias),
Vitória (4.500 famílias) e William Rosa (3.900 famílias; no total, 12 mil famílias), às 18:00h, ou seja, 1 hora e
40 minutos após, na sede do Ministério
Público de MG, à Rua Dias Adorno, 367, BH. Após muita correria, 10 representantes das Ocupações, acima
referidas, entre os quais representante
das Brigadas Populares, do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas - MLB,
da Comissão Pastoral da Terra - CPT, da CSP-Conlutas/Luta Popular, que dias
atrás foram chamados de forma provocadora de “terroristas” pelo prefeito de
Belo Horizonte, o vereador Adriano Ventura, duas defensoras públicas, uma
promotora de justiça do MP, dois Procuradores Gerais Adjuntos, o Procurador
Geral do Ministério Público do Estado de Minas, o secretário Wander Borges e o Governador
do estado de Minas Gerais, Antonio Anastasia, se reuniram no 3º andar de um dos
prédios do Ministério Público.
O
Governador Antonio Anastasia ouviu atentamente durante 2 horas as lideranças das comunidades ameaçadas de despejo e
representantes dos movimentos sociais
populares que acompanham as ocupações. Depois Anastasia falou revelando seu
posicionamento. E ouviu algumas reações das lideranças diante do posicionamento
dele.
As
lideranças, entre muitas informações e reflexões, colocaram, por exemplo:
A Dra. Cláudia Spranger e a Defensoria Pública
de MG pediram a suspensão dos despejos
das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. Há um imbróglio jurídico nas terras da Região do Isidoro, onde estão
as ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança. Sobre o terreno do CEASA/Governo
Federal onde está a Ocupação William Rosa
também.
O
déficit habitacional em
BH e região metropolitana está imenso e
crescendo. Deve estar acima de 150 mil
moradias. O povo não tolera mais sobreviver debaixo da cruz do aluguel ou da humilhação que é sobreviver de favor. Há
possibilidade de se fazer Conciliação em
2ª Instância no TJMG. Empresários já sinalizaram para o Ministério Público dizendo que estão abertos à
negociação. O Governo Federal e o
prefeito de Contagem já deram sinal de que também virão para Mesa de Negociação. Despejo forçado é uma tragédia, é
inconstitucional, atenta contra a
dignidade humana, piora mil vezes o problema social. Sem reassentamento prévio ou alternativa digna despejos
são inadmissíveis. Despejo é rasgar a
CF/88 e desrespeitar prescrições da ONU e de vários tratados internacionais. Problema social grave como o causado
pela injustiça social e
pelo imenso déficit habitacional é problema
político e não policial. Com
polícia e repressão jamais se resolve, de forma
justa e pacífica, um
problema social grave como o que as ocupações
trazem à tona. Além do risco grave de
massacres ao tentar fazer despejos, as 12 mil famílias das quatro ocupações, se forem despejadas, jamais vão se
dispersar e, aí, estará montado o caos
social e caos de mobilidade em Belo Horizonte e Contagem, MG. Essas cidades não podem ser paralisadas. O povo das
ocupações está revoltado e profundamente
indignado com o prefeito de BH, Márcio Lacerda, que trancou a sede da PBH com correntes e cadeados dia 28/11/2013,
quando o povo das ocupações marchou 26
quilômetros a pé. Márcio Lacerda ainda teve a insensatez, a covardia, de chamar o povo das ocupações de terrorista. Ao
ouvir isso, várias pessoas foram hospitalizadas
por causa da elevação de pressão etc.
Agindo assim, o Márcio Lacerda está riscando palito de fósforo ao lado de um barril de combustível. O encaminhamento
dado para as Ocupações Camilo Torres,
Dandara, Irmã Dorothy, Dandara e Eliana Silva é um exemplo positivo que deve
inspirar a forma de lidar com o povo das ocupações: com diálogo e jamais com
repressão.
Após
ouvir atentamente todas as lideranças, o Governador Antonio Anastasia teceu várias considerações, entre as quais destacamos:
“Ninguém em sã consciência não pode
deixar de reconhecer o direito de lutar para se conquistar moradia.” “Quem está em uma ocupação está por necessidade. O
Governador de MG não se nega e nunca se negará a
negociar.” “Vamos tentar identificar a saída
de forma madura e segura. Não podemos viver à margem das decisões judiciais, mas buscando sempre o equilíbrio,
a negociação e a superação dos conflitos
pelo diálogo. A vinda do Governo Federal para a Mesa de Negociação é positiva e um passo importante. Não
fecho as portas para encontrarmos uma
solução equilibrada, com serenidade, com calma. Não podemos andar em desacordo
com as decisões judiciais. Primeiro, devemos ter serenidade. Vamos continuar conversando. Cede um pouco aqui, cede um
pouco ali. Temos que ser criativos com espíritos desarmados. Vamos dar uma
solução equilibrada. Não podemos postergar ad eterno. O Secretário Wander
Borges vai combinar as próximas reuniões com frei Gilvander. O Ministério
Público de MG também vai ajudar no processo de negociação.”
Assim,
ficou definido pelo Governador de
Minas Gerais que a MESA DE NEGOCIAÇÃO com as Ocupações Rosa Leão, Esperança,
Vitória e William Rosa continua aberta.
Esperamos
que os prefeitos de BH e de Contagem, o Governo
Federal, os empresários e o TJMG venham todos
para a MESA DE NEGOCIAÇÃO que deverá viabilizar moradia para as 12 mil famílias
dessas quatro ocupações, tentar evitar os
despejos e, assim, garantir a normalidade da vida, sem paralisação da cidade
pelo povo das ocupações.
Fica
claro, que terrorista não é o povo e sim um prefeito que considera que a
solução para as famílias das ocupações é a violência da PM, do Caveirão e do
despejo. Independentemente da arrogância de prefeitos, a luta pelo direito
humano de morar dignamente dessas famílias irá continuar e a união,
organização, a luta e apoio da rede de solidariedade devem aumentar ainda mais.
Negociação,
sim; despejo, não!
Prefeitos
Márcio e Carlin, recebam as ocupações!
Presidenta
Dilma e Ministro das Cidades, queremos Minha Casa Minha Vida via Entidades. E a
participação altaneira de vocês na Mesa de Negociação.
Enquanto
morar for um privilégio, ocupar é um direito!
Assinam
essa Nota Pública,
Brigadas
Populares, MLB, CPT, Coletivo Rosa Leão, CSPConlutas/ Luta Popular, Rede de
Apoio e Coordenações das Ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa.