quarta-feira, 30 de julho de 2014

NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA COMETIDA PELA POLÍCIA MILITAR DE MG dia 24/07/2014 CONTRA SEM CASA. BH, 29/07/2014



NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA COMETIDA PELA POLÍCIA MILITAR DE MG dia 24/07/2014 CONTRA SEM CASA.
Nota da Frente Antiprisional das Brigadas Populares.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 29/07/2014.

Obs.:  A Nota foi publicada originalmente no link, abaixo:


Na quinta feira passada, dia 24/07/2014, ocorreu em Belo Horizonte uma Marcha das Ocupações Urbanas da região metropolitana. Neste dia estava marcada uma reunião às 14:00 horas com representantes dos governos estadual e federal, além de membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e a juíza Luzia Divina Peixoto, da 6ª Vara da Fazenda Pública Municipal; para negociar juntos aos representantes das ocupações e militantes políticos a situação de mais de 10 mil pessoas em eminente risco de despejo. A Prefeitura de Belo Horizonte, como sempre, não se pronunciou e nem destacou pessoal para compor a mesa de negociação, demonstrando o seu completo descaso com a questão do direito à moradia e as lutas populares.
Um grande grupo composto por famílias das ocupações e militantes de organizações políticas seguiu para a Cidade Administrativa, onde havia sido marcado anteriormente para sediar a reunião e alterado em cima da hora, realizando uma marcha que saiu das ocupações urbanas da região do Isidoro e seguiu em manifestação pacífica até o local. Realizaram, sem qualquer violência, o trancamento das vias em frente à Cidade Administrativa, como forma de manifestar e chamar atenção das autoridades para a necessidade de se ouvir os gritos entoados nas ruas que refletem o desespero diante da possibilidade de se perder o próprio teto.
Sem qualquer diálogo ou negociação, o Comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, Coronel Machado, arbitrariamente e desprovido de humanidade deu ordem de ataque à cavalaria, que empunhava ESPADAS, sobre um grupo de manifestantes que ocupavam a via lateral (que já estava com o trânsito impedido pela própria PMMG, que utilizava o espaço para alocar seus instrumentos de repressão – carros, cavalos, cachorros, armas, etc.). Resultado: o pisoteamento de pessoas e um manifestante, Dinei, ferido no rosto por uma espada, sofrendo um corte profundo e tendo que ser socorrido imediatamente. Não bastasse, houve a prisão de um camarada de forma totalmente injustificada, deixando o mesmo dentro do camburão por quase cinco horas, ao invés de conduzi-lo imediatamente à delegacia.
A Polícia Militar de Minas Gerais vem adotando uma postura de inflexibilidade que impossibilita o diálogo com os movimentos sociais e com as organizações que compõem as manifestações, criando um clima de terror e tensão entre os agentes de (in)segurança do estado e os cidadãos que exercem o direito de reunião pacífica para fins políticos e de livre expressão. Durante a Copa da FIFA se utilizaram da prática do cerco policial, que se baseia no confinamento do grupo de protestantes num espaço reduzido impedindo a entrada e saída de pessoas no perímetro fixado, tendo ocorrências de prisões flagrantemente ilegais, agressões físicas e até mesmo tortura em delegacia. Durante as ocupações dos prédios da URBEL e da AGE, e da porta da PBH, a PMMG negociava a desocupação dos prédios mediante o impedimento da entrada de alimentos e vestimentas para as pessoas que ali estavam. Foi necessário um Mandado de Segurança para que as crianças, idosos e adultos tivessem o direito de se alimentar após mais de 20 horas de jejum forçado!
Semana passada despontou uma nova etapa da repressão policial: a violência voluntária sem qualquer diálogo ou negociação. No vídeo que segue resta claro o comprometimento dos camaradas em estabelecer comunicação para lidar com a situação da forma menos tensa e mais pacífica possível. Porém, o Coronel Machado simplesmente vira suas costas fortemente armadas e dá o comando que resulta numa violência desproporcional e completamente desnecessária.
Diante disso, resta o questionamento sobre a demagogia do discurso do Estado Democrático de Direito. É possível construir uma experiência democrática com base no massacre de pessoas que fazem política nas ruas? É possível assinalar apoio a uma polícia militar que mata mais do que a polícia de países que estão em guerra? Até quando é possível desconsiderar a guerra anunciada pelas autoridades de repressão estatal, segundo o argumento da segurança pública, contra a periferia pobre e negra? É possível pensar em democracia com perseguição política, prisões ilegais, tortura e agressão, seja nos presídios, nas delegacias ou nas ruas?
A escalada da violência estatal aponta para a necessidade da sociedade civil se organizar e resistir, diante da truculência não há alternativa se não a denúncia nas ruas! O dito Estado Democrático de Direito tem sido subvertido numa lógica de perseguição e repressão das camadas mais pobres deste país, tendo a grande mídia e os setores mais conservadores como apoiadores e formadores da opinião pública. 
Não há democracia com Polícia militar! 
#desmilitaziraçãojá #fimdapm!

Assista ao vídeo no link, abaixo: comprovação do que é afirmado na Nota, acima.


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