quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Vi e ouvi na Palestina. Por que apoiar o Povo Palestino? Por frei Gilvander

 Vi e ouvi na Palestina. Por que apoiar o Povo Palestino? Por frei Gilvander Moreira[1]

Fotos Reprodução de Redes Virtuais

Com a brutalidade de dragão do Apocalipse, como Estado colonialista, racista e que submete a aparthaid há 76 anos o Povo Palestino, Israel segue aumentando os ataques e exterminando milhares de civis palestinos em Gaza. A cada minuto aumenta o número de mortos. O Ministério da Saúde da Palestina informou dia 30 de outubro último (2023), que, em Gaza,  são mais de 20 mil feridos e 10 mil palestinos assassinados, sendo que 73% dos mortos são crianças, mulheres e idosos. Já são mais de 3 mil crianças mortas e tem mais de 2 mil crianças desaparedidas.

Eu estive duas semanas na Palestina estudando arqueologia bíblica e geografia bíblica. Vi com meus olhos o tanto que o povo palestino vem sendo injustiçado e violentado pelo Estado de Israel há muitas décadas, de forma muito mais brutal agora com Israel, sob governo fascista de extrema-direita atrelada ao senhor da guerra tio Sam.

Após concluir o mestrado em Exegese Bíblica, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, na Itália, sete padres colegas e eu fizemos uma viagem-estágio, de 05 a 20 de março de 2000, à “Terra Santa” (todas as terras são santas, mas …) de Israel-Palestina. Partilho aqui algumas impressões, “coisas” que vi e/ou escutei lá em Israel-Palestina e que me marcaram muito. O centro-sul de Israel-Palestina é quase só um deserto, uma desolação imensa. Ao constatar esse perfil geográfico, imediatamente me veio a consideração: “Mas esta é a terra que Deus prometeu aos nossos pais e mães?!!! Terra em que corre leite e mel?!!! Por que e para que brigar tanto pelo controle desta terra?” Entretanto, ao chegar às planícies da Galileia, no norte da Palestina, vi que ali a terra é muito fértil. Na Galileia se produz de tudo – é um paraíso terrestre, um grande celeiro agrícola. A Palestina tem sido disputada, há mais de 4 mil anos, em vista de ser uma região estratégica para a geopolítica do Oriente Médio – geograficamente é ponto de ligação entre três continentes: Europa, Ásia e África.



A Jerusalém Antiga é hoje um grande mercado religioso e … Se Jesus “torrou a paciência” e, com o sangue fervendo de indignação, “chutou o pau da barraca” lá na frente do Templo e arrematou: “Vocês estão fazendo da casa do meu Pai um covil de ladrões!” (cf. Lc 19,45; Mc 11,17), imaginem agora que toda a Jerusalém (e o mundo) é um grande mercado, onde em nome do deus capital se jogam toneladas de bombas em cima de crianças, mulheres, idosos e doentes em Gaza e em muitos outros lugares do mundo. As ruas da Jerusalém antiga são muito estreitas. Automóveis circulam somente em algumas ruas. Na maioria das vielas só podem passar uns pequenos tratores para transportar mercadorias e recolher resíduos. Os judeus, após 1948, construíram ao lado da Antiga Jerusalém, uma Jerusalém Nova, uma cidade de primeiríssimo mundo, muito luxuosa.

Em Israel, o serviço militar é obrigatório: três anos para os rapazes e dois anos para as moças. Israel tem um poderosíssimo arsenal bélico. Por exemplo, em Hebrom, onde a quase totalidade da população é palestina, em março de 2000, ainda viviam dois mil judeus. Estavam lá 500 soldados para dar “segurança” a esses judeus: um soldado para cada quatro judeus. Vi diversas pessoas judias andando em Jerusalém (e no caminho para Jericó) com um ou dois soldados com metralhadora nas mãos fazendo sua escolta. Cada família hebraica que vive em território palestinense tem direito à escolta de dois soldados judeus com metralhadora nas mãos, 24 horas por dia. Em Hebrom pudemos sentir a grande tensão que existe entre palestinos e israelenses. Existem barreiras do exército de Israel por todos os lados, o que configura apartheid o que Israel está fazendo há muitas décadas contra o Povo Palestino, que quando não é morto ou exilado ao terem seus territórios invadidos por Israel, tem que se submeter a revistas das forças do desgoverno de Israel armadas até os dentes.

Tivemos que passar no detector de metais diversas vezes, sobretudo quando tentamos entrar na mesquita de Omar, no Muro das Lamentações e no Túmulo dos Patriarcas em Hebrom. Um dos meus colegas não pôde entrar com um binóculo para ver melhor à distância. Mesmo sendo descendente de judeus perseguidos na Península Ibérica que foram forçados a migrar para o Brasil, eu, por ser parecido com palestino, fui vistoriado diversas vezes por soldados do exército de Israel.

No norte da Palestina, acima do lago da Galileia, nas Colinas de Golã (território que Israel tomou à força da Síria que o Hezbollah e o Povo Sírio reivindicam de volta), divisa com Líbano e Síria, vimos de perto como o exército israelense está armado até os dentes. Vimos três acampamentos do exército, cada um com mais de 30 tanques de guerra e caminhões lotados de armas.

Nas Colinas de Golã, ao lado do asfalto, há cercas de arame dos dois lados com placas penduradas de 15 em 15 metros dizendo: “Atenção, perigo! Terreno minado!” Nas Colinas de Golã estão fontes de águas de Israel-Palestina e as terras são muito férteis. É no Golã que estavam as “vacas de Basã” (cf. Am 4,1-4), pois lá era (e continua sendo) um grande celeiro agrícola. A degradação ambiental está secando fontes de águas do Rio Jordão, que são as Colinas de Golã, e consequentemente o lago da Galileia. O “Mar” Morto está baixando muito suas águas. Logo, como sem água não se pode viver, pois é imprescindível para a agricultura, para os animais e principalmente para os seres humanos, o controle das fontes das águas tornou-se questão de Segurança Nacional para Israel.

Israel controla militarmente a quase totalidade das águas da região. Quando diminuem as águas, os palestinos e os jordanianos são os primeiros a passarem sede, pois Israel fecha a “torneira” para eles (Algo equivalente também se faz no Brasil: água vira mercadoria, onde grandes empresas consomem um exagero de água para produzir mercadorias e deixam os pobres na beira do rio São Francisco sem água, favelas sem água, enquanto condomínios fechados esbanjam água.). A água não está sendo distribuída equitativamente para todos. Israel permite acesso à água somente para o abastecimento urbano nas cidades palestinas, mas ultimamente cortou acesso a água em Gaza, o que é crime de guerra. Mais da metade da agricultura de Israel é irrigada, mas os palestinos são proibidos de irrigar suas lavouras, algo semelhante à transposição do rio São Francisco para beneficiar hidronegócio de grandes empresas, enquanto o povo do semiárido continua sem água.

A presença marcante das práticas religiosas está por toda parte. Na Jerusalém Antiga, às 4 horas da manhã, os muçulmanos começam a rezar na grande Mesquita de Omar, construída no lugar do Templo judeu. No alto da Mesquita, os alto-falantes (em todas as mesquitas deles os alto-falantes estão presentes) fazem ecoar para toda a Jerusalém antiga a oração dos muçulmanos. Cinco vezes por dia pode-se escutá-los rezando. A poucos metros da Mesquita de Omar, no Muro das Lamentações, ao lado do ex-Templo judaico, os judeus mais conservadores rezam “inclinando a cabeça rumo ao muro”.

Vimos na Samaria, região central da Palestina, perto do monte Garizim, um grupo de crianças palestinas apedrejando o automóvel de um israelense, que, zombando das crianças, apontou um revólver para as mesmas. Dá para imaginar o ódio que existe de parte a parte. Todas as famílias palestinas já tiveram vários parentes assassinados pelo exército de Israel. O martírio do Povo Palestino não será em vão, será semente de ressurreição e irá garantir o reconhecimento pelas Nações do mundo de um Estado Palestino autônomo com território necessário para viver, conviver e trabalhar em paz com justiça.

Em 1.998, chegaram a Israel cerca de 63 mil judeus, vindos principalmente da ex-União Soviética, país que tinha acolhido uma grande multidão de judeus. Mas enquanto os judeus importam judeus da diáspora de todo o mundo, com o patrocínio econômico dos judeus dos Estados Unidos, os palestinos se multiplicam somente pelo processo reprodutivo natural. A Jerusalém antiga está cheia de muçulmanas, quase todas com uma criança nos braços, outra no ventre e 3, 4, 5 ou 6 ao redor de si. Entre os muçulmanos existe a poligamia. Todavia, na prática, é coisa de ricos, porque cada mulher tem que ter uma casa, conforme determina a Torá.

Dizem que corre entre os palestinos a seguinte afirmação: “Nós venceremos os judeus na cama, não com armas, mas com amor”. O povo palestino é empobrecido, assim como o povo negro brasileiro. Os Palestinos são pessoas muito simpáticas e acolhedoras. Existem diversos campos de refugiados palestinos. Uma mulher cristã de Belém desabafou conosco sobre o turismo comercial religioso: “Os peregrinos-turistas vêm aqui preocupados em ver pedras mortas (ruínas antigas), mas não se lembram das pedras vivas que somos nós cristãos, muçulmanos e judeus, na terra de Jesus, e que estamos sendo massacrados juntos com os Palestinos pelo exército de IsraelNão conhecem a nossa história de luta pelo território.”

Uma das características de Israel-Palestina: as cidades e/ou bairros dos judeus são ricos e luxuosos, com grande segurança militar, muros altos com cerca de arame farpado, enquanto as cidades e/ou bairros palestinos são pobres e com nenhuma segurança militar. Enquanto Israel mantem hospitais de luxo, bombardeia os poucos e pobres hospitais que existem na Faixa de Gaza, desrespeitando de forma cruel e impiedosa as leis internacionais que instruem a preservação de hospitais, igrejas e edificações históricas, impedindo ainda os corredores humanitários. 

No dia 22 de março de 2000, o Papa João Paulo II celebrou uma missa em Belém, na Palestina. Foi uma missa bonita. Os palestinos gostaram. O Papa disse: “O mundo não pode mais ignorar o sofrimento do povo palestino!” O Papa exortou judeus e palestinos a encontrarem um caminho de paz, justiça e convivência respeitosa. O papa Francisco está se empenhando em contribuir para o cessar fogo de Israel e que se chegue a negociações de paz que inclua o reconhecimento do Estado Palestino e que os territórios invadidos por Israel sejam devolvidos ao Povo Palestino.

Em quase todas as cidades da Israel-Palestina existe uma cidade nova ao lado das ruínas de uma cidade antiga, que foi destruída várias vezes. Na parte nova de Jerusalém, cidade de Primeiro Mundo, onde está a sede do Parlamento de Israel e a sede do Governo, os judeus construíram um grande museu chamado Yad Vashem, como memorial do Holocausto da Segunda Grande Guerra. Lá plantaram 18 mil árvores com o nome de 18 mil pessoas que salvaram judeus dos campos de concentração nazistas. Lá estão também, dentro de uma grande sala, três velas acesas que, com ajuda de espelhos refletores, se multiplicam em 1.500.000 velas-estrelas. Ao entrar nesta sala se tem a impressão de estar no meio de uma noite escura com o céu estrelado. Cada “estrela” recorda uma das 1.500.000 crianças judias assassinadas nos campos de concentração de Hitler. Impressionante é escutar uma voz que vai dizendo o nome de todas as crianças judias vítimas do nazismo e ao sair da sala encontrarmos diversas fotografias das crianças martirizadas. É muito comovente, mas imediatamente uma voz dentro de mim me dizia, quando ali estive: “O mais dramático e grave é que o holocausto não é somente uma questão do passado, pois 2/3 da humanidade continua sendo assassinada antes do tempo pelo mundo afora”. Pior, Israel, após a Segunda Grande Guerra, nos últimos 76 anos já matou mais de 170 mil palestinos e nas últimas semanas está perpetrando com brutalidade parecida que a de Hitler o holocausto do Povo Palestino em Gaza! O holocausto se repete, agora, perpetrado pelo Estado terrorista de Israel. Vítimas do holocausto feito com requintes de crueldade pelos nazistas, judeus sionistas agora fazem holocausto do Povo Palestino. Israel transformou Gaza no maior campo de concentração, de extermínio em massa.

Enfim, alerto aos judeus sionistas e a quem os apoia: quem mata nossos irmãos palestinos morrerá politicamente em breve, pois a história não os perdoará, como Hitler e os nazistas foram jogados na lata de lixo da história e todos os violentos e opressores da história foram vencidos, vocês também que insistem na brutalidade, serão vencidos e serão jogados na lata de lixo da história. E os palestinos mortos ressurgirão e serão milhões cada vez mais humanos e fortes. Que a luz e a força divina nos guiem sempre na luta pela paz com justiça. Viva a luta do povo Palestino!

02/11/2023

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Israel, por que matas teus irmãos e irmãs Palestinos/as? Por Paz c Justiça entre Judeus e Palestinos

2 - Vi e ouvi na Palestina! Por q e para q apoiar o Povo Palestino? Cessar fogo, JÁ! Por frei Gilvander

3 - Frei Gilvander sobre o genocídio do Povo Palestino: “Governo de Israel fascista, racista e genocida"

4 - Massacre e genocídio que Israel faz há 76 no meio do Povo Palestino: Pare o genocídio! PAZ, JÁ!

5 - HAMAS: O QUE QUER A ORGANIZAÇÃO EM GUERRA CONTRA ISRAEL? - OSAMA HAMDAN - PROGRAMA 20 MINUTOS

6 - A luta contra o apartheid do Estado de Israel e a solidariedade internacional

7 - A HISTÓRIA DO HAMAS E DA RESISTÊNCIA PALESTINA - 20 MINUTOS ANÁLISE, POR BRENO ALTMAN



[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

 

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Por que e para que matas teu irmão palestino? Por frei Gilvander

 Por que e para que matas teu irmão palestino? Por frei Gilvander Moreira[1]

Por Paz com Justiça entre os Povos judeu e palestino!



Ignorando resolução da Assembleia Geral da ONU e convenções de Direito Internacional Humanitário, Israel aumentou ataques e está exterminando milhares de civis em Gaza. A cada minuto aumenta o número de mortos. O Ministério da Saúde da Palestina informou dia 30 de outubro último (2023), que, em Gaza,  são mais de 20 mil feridos e 10 mil palestinos assassinados, sendo que 73% dos mortos são crianças, mulheres e idosos.

O palestino Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil Palestina, denuncia: “Não é uma guerra, é um massacre, um apartheid, um genocídio o que Israel está fazendo conosco, Povo Palestino. Os hospitais de Gaza entraram em colapso. Desde o dia 7 de outubro de 2023, Israel jogou mais de 15 mil toneladas de bomba em Gaza. Há evidências de ataques a hospitais, ambulâncias e escolas, assassinatos de funcionários da ONU e Cruz Vermelha, despejo de toneladas de bombas e mísseis, incluindo utilização de fósforo branco, arma química proibida pela legislação internacional, além do bloqueio total da entrada de alimentos, água e combustível, com corte de energia elétrica e até de internet; destruição de hospitais, escolas, igrejas; impedimento até mesmo da entrada de ajuda humanitária. Repórteres também estão sendo assassinados, pois Israel não quer que o mundo tenha acesso às imagens que comprovam o genocídio. Elementos estes que configuram claramente a prática de punição coletiva.”



Estou muito indignado com o massacre e o genocídio que o desgoverno de Israel está fazendo com o povo palestino. Parece que os judeus de extrema direita não aprenderam nada com o holocausto sofrido pelos povos judeus, ciganos ... pelo nazismo de Hitler. Óbvio que não podemos condenar todos os judeus, pois o judaísmo é um movimento extremamente plural. Judeus humanistas deixaram um imenso legado à humanidade, tais como Karl Marx, Albert Einstein, Sigmund Freud, Rosa Luxemburbo e muitos outros.

De forma impactante deixou por escrito pouco antes de ser morta sob os escombros em Gaza, a premiada romancista e poeta  palestina Heba Abu Nada: “... somos pessoas Justas e do lado da Verdade”. Em 1920, ainda com o território palestino sob a administração britânica, o cientista Albert Einstein escreveu uma carta a um árabe, com uma proposta secreta, na qual dizia: “nós, árabes e judeus, devemos escolher um conjunto de pessoas, um conselho, em que haja sempre paridade absoluta de um lado e de outro, para fazermos um caminho em conjunto pela autonomia e para reivindicarmos esta terra para nós judeus e árabes.”



O Povo Palestino não é terrorista, é povo de uma humanidade extraordinária, povo heroico. Não nos calemos diante do massacre dos palestinos pelo governo racista, colonial, terrorista e genocida de Israel, que iniciou há 76 anos a matar palestinos e invadir o território deles, quando não existia Hamas e havia outra desculpa para matar e expulsar os Palestinos de seu território.

Tem direito de defesa quem é atacado e violentado. Se o Estado de Israel ataca, violenta, mata 170 mil Palestinos nos últimos 76 anos, invade suas terras, expulsa Palestinos, mata mais de 3 mil crianças em 23 dias de bombardeio, Israel está sendo Estado terrorista e não tem direito de defesa. Quem tem direito de defesa são os violentados, os Palestinos.

O Jornal Nacional da TV gLOBO, como a mídia comercial e coorporativista ocidental, diariamente está fazendo propaganda pró-Israel disfarçada de notícia isenta. A mesma TV gLOBO que cresceu lambendo as botas dos generais da ditadura militar, civil e empresarial, agora passa pano para o Estado genocida de Israel. Foca em “220” israelenses sequestrados (?), não sabemos quantos são de fato, e omite que o governo nazifascista de Israel mantém presos/sequestrados milhares de palestinos, inclusive crianças de 12 anos e adolescentes, e que em 76 anos matou mais de 170 mil palestinos, invadiu o território dos palestinos, cortou acesso à água, torturou e matou de muitas formas.

O secretário geral da ONU, Antônio Guterrez, disse a pura verdade e o mínimo que precisa ser dito e defendido: O Hamas não fez o que fez por acaso. A reação do Hamas em 7 de outubro último (2023), criado pela postural colonial e de apartheid do governo de Israel, é uma resposta desesperada à matança do povo palestino. Exigimos cessar fogo e negociação JÁ para que se crie de fato o Estado Palestino e se respeitem todos os direitos do histórico Povo Palestino. Com o apoio dos Estados Unidos e a cumplicidade de governos europeus, o desgoverno de Israel, de extrema-direita, está fazendo GENOCÍDIO do Povo Palestino em Gaza.

Além dos réus principais  - os judeus sionistas, os governos de Israel e dos EUA - outros atores devem ser arrolados como cúmplices e julgados: a mídia comercial nacional e internacional, com seu papel de máquina de guerra do sionismo, a manipular os fatos e a tentar justificar o genocídio contra um povo; os governos do mundo inteiro que foram  - são  - coniventes com esse massacre covarde, que tentam chamar de guerra,  mas que nunca foi uma guerra: o que há é o cerco de um território onde apenas um exército fortemente armado e com apoio da maior potência militar do mundo – Estados Unidos - pratica durante várias semanas um genocídio, com requintes de crueldade.

É evidente que não podemos condenar todo e qualquer judeu como responsável pela matança de palestinos, algo que ocorre há muitas décadas. Como sinal de luz, ética e esperança, tanto em Israel como em muitos países, existem judeus humanistas se manifestando contra o genocídio que o desgoverno de Israel está perpetrando contra o Povo Palestino. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e a classe dominante de Israel são os maiores responsáveis. Urge construirmos um mundo de justiça e paz. Judeus e palestinos, pessoas de boa vontade de todas as partes do mundo, todos nós, estamos convocados a ouvir o clamor dos oprimidos e recriar o mundo com instituições éticas e com relações sociais justas. Manifestações de civis eclodem em muitos países do mundo atônitos e revoltados contra este novo holocausto que está em curso.

O Governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, precisa se posicionar de forma contundente contra o Estado de Israel, que está sendo colonialista, genocida e praticando holocausto contra o povo palestino. Aliás, o Brasil e os demais países precisam cancelar todos os acordos comerciais e suspender relações diplomárticas com Israel até que aconteça um cessar fogo e se encamimhem negociações que levem à Paz com Justiça, o que inclui necessariamente a reconhecimento do Estado Palestino e que sejam devolvidos ao Povo Palestino todos os territórios invadidos por Israel.

 A humanidade não pode deixar impune o massacre de um povo que está sendo visto, televisionado nas redes sociais e canais alternativos, para todo o planeta.

Se nada for feito, a destruição covarde, vil, cruel do povo palestino será a destruição da própria humanidade, ou do que restou de humano em todos nós.

É urgente cessar o genocídio contra a população palestina, que em Gaza forma mais de dois milhões de pessoas, sobretudo crianças, mulheres e idosos.

É urgente julgar e punir todos os envolvidos diretos e indiretos nesse genocídio realizado no maior campo de concentração a céu aberto.

Defendemos a paz e que Israel pare de matar inocentes! Queremos o reconhecimento do Estado da Palestina e que todos os os crimes de guerra de Israel sejam julgados pela ONU e os tribunais internacionais.

Termino alertando aos judeus sionistas: matar teus irmãos palestinos será em um futuro próximo matar vocês mesmos, pois como Hitler e os nazistas foram jogados na lata de lixo da história e todos os violentos e opressores da história foram vencidos, vocês também que insistem na brutalidade, serão vencidos e serão jogados na lata de lixo da história. E os palestinos mortos ressurgirão e serão milhões cada vez mais humanos e fortes. Que a luz e a força divina nos guiem sempre na luta pela paz com justiça. Viva a luta do povo Palestino!

31/10/23

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Frei Gilvander sobre o genocídio do Povo Palestino: “Governo de Israel fascista, racista e genocida"

2 - Massacre e genocídio que Israel faz há 76 no meio do Povo Palestino: Pare o genocídio! PAZ, JÁ!

3 - HAMAS: O QUE QUER A ORGANIZAÇÃO EM GUERRA CONTRA ISRAEL? - OSAMA HAMDAN - PROGRAMA 20 MINUTOS

4 - A luta contra o apartheid do Estado de Israel e a solidariedade internacional

5 - A HISTÓRIA DO HAMAS E DA RESISTÊNCIA PALESTINA - 20 MINUTOS ANÁLISE, POR BRENO ALTMAN



[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Se não reduzir a mineração no quadrilátero aquífero, BH e RMBH ficarão sem água – Por frei Gilvander

 Se não reduzir a mineração no quadrilátero aquífero, BH e RMBH ficarão sem água – Por frei Gilvander Moreira[1]


Com o avanço brutal da mineração no Quadrilátero Aquífero e Ferrífero de Belo Horizonte (BH) e Região Metropolitana (RMBH), se a mineração não for reduzida para o mínimo necessário, os quase 6 milhões de pessoas de BH e RMBH ficarão sem água, sem agricultura famíliar, sem ambiente, enfim, sem condições objetivas de vida, será a desertificação da região. Só não percebe isto quem está cegado pela ideologia da mineriodependência, do progressismo e pela idolatria do mercado, ou é de má-fé ou egocêntrico, está ganhando dinheiro fazendo funcionar a máquina de guerra da mineração que gera acumulação de capital para 1% da sociedade e miséria e violência socioambiental para 99% do povo e toda a biodiversidade. Os sinais e as provas são inúmeros. Não há só fumaça, mas fogo mesmo. Vamos mencionar alguns abaixo.

Assim como a cidade de Itabira, em Minas Gerais, após mais de 80 anos de mineração devastadora, está praticamente dentro de crateras da mineradora Vale S/A e ostentando o triste título de uma das cidades do Brasil com maior número de suicídio e de pessoas com depressão – “Itabira, apenas um quadro na parede”, denunciava o poeta Drummond -, as 34 cidades da RMBH, em visão panorâmica aérea, parecem estar cada vez mais encurraladas por crateras de mineração com danos socioambientais brutais. Pior: está aumentando de forma estarrecedora o número de novos projetos de mineração na RMBH. São dezenas. Em BH, se não fosse a luta hercúlea do Quilombo Manzo e de muitos movimentos socioambientais, a situação seria bem mais grave, pois as mineradoras insistem em liquidar com o pouco de Serra do Curral que ainda resiste.

As 17 audiências do Plano de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI-RMBH), em agosto de 2023, demonstraram que as 34 cidades da RMBH estão em acelerado processo de conurbação, ou seja, é exorbitante o número de novos loteamentos e a expansão da maioria das cidades da RMBH. As áreas rurais estão sendo ocupadas por novos bairros, loteamentos e ocupações irregulares. Foi denunciado com ênfase que a causa maior da escassez hídrica e da desigualdade em BH e RMBH se deve à hegemonia das mineradoras que estão causando brutais devastações socioambientais e impondo a mineriodependência de forma atroz. O povo de Brumadinho está adoecido. A Fiocruz comprovou a existência de metais pesados no sangue de muita gente de Brumadinho. O número de suicídio está crescendo.



O projeto do desgovernador de Minas Gerais, Romeu Zema, de construir um “Rodoanel” na RMBH é inadmissível, porque será na prática um rodominério, ou seja, infraestrutura para as mineradoras continuarem expandindo a mineração na RMBH, o que é insuportável. Em nome dos direitos da natureza e dos direitos das próximas gerações, ético se faz implementar mineração zero em BH e RMBH, mas o Governo de MG, sob os ditames da extrema direita e vassalo do neocolonialismo capitalista, segue em conluio com as grandes mineradoras e as grandes empresas asfixiando as condições de vida de quase 6 milhões de habitantes e de bilhões  de seres vivos que têm direito de viver na RMBH. A toque de caixa, a SUPRI[2] e a Câmara de Atividades Minerária do COPAM[3], como uma casa de horrores, aprova todos os grandes projetos de mineração ao arrepio dos estudos imparciais que demonstram que serão brutalmente danosos ao ambiente e à sociedade.

No último dia 19 de outubro (de 2023), aconteceu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Comissão de Meio Ambiente, a 2ª Audiência Pública buscando garantir a preservação da Estação Ecológica de AREDES, em Itabirito, MG, e reivindicando o arquivamento do Projeto de Lei 387/23, que visa mudar o perímetro da Estação Ecológica de Aredes para que a mineradora Minar volte a minerar no coração da Estação Ecológica de AREDES. Reivindicamos que a Comissão de Meio Ambiente dê parecer pró-arquivamento do PL 387. Em um país com relações sociais injustas, o simples fato de requentar este famigerado PL pela 3ª vez nas três últimas legislaturas, seria o suficiente para indiciar como criminosos os que defendem este crime planejado e anunciado.

Os donos da mineradora Minar e seu séquito de “técnicos” preferiram não participar da 2ª Audiência Pública, certamente porque na 1ª Audiência Pública e na Visita Técnica na Estação Ecológica de Aredes passaram vexame e vergonha ao terem todos seus pretensos argumentos desmascarados como infundados e propaganda mentirosa. Não foram trazidas também as pessoas manipuladas que lotaram um ônibus da 1ª vez, pago por adeptos da mineradora Minar, sem saber o que fariam na ALMG, vieram apenas para receber salário de uma pessoa escravizada por dia, para marcar presença e vaiar quem defendia AREDES. Triste ver pessoas vulneráveis sendo usadas por exploradores que vendem a propaganda de que “mineração traz emprego e desenvolvimento”. Mentira! Quando uma mineradora emprega alguém desemprega em massa, pois asfixia outros modelos de economia e gera a danosa mineriodependência.

Na 2ª Audiência Pública vieram representantes da SEMAD[4], do IEPHA[5] e um diretor de Parques responsável por cuidar de AREDES. Não disseram coisa com coisa, se esquivaram de se posicionar sobre o PL 387 que, se aprovado, devastará a Estação Ecológica de AREDES, mas com evasivas deram a entender que o posicionamento do desgoverno de MG é pró-PL 387, o que significa o governo de MG de joelhos diante do lobby para minerar e devastar AREDES. Prova disso é que o autor do PL 387/23 é o deputado João Magalhães (do MDB), líder do Zema na ALMG.

Estarrecedor é que o PL 387 já tenha sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da ALMG com apenas arremedo de estudos feitos pela própria mineradora Minar, que contratou consultores sem conteúdo, que não conhecem o contexto ambiental, hídrico e patrimonial de Aredes. Como uma serpente e em silêncio, os ‘representantes’ da mineradora MINAR mudaram agora a estratégia, mas continuam a fazer lobby junto às Comissões da ALMG e junto à SEMAD do Governo Zema, haja vista o comportamento dos representantes do Estado (SEMAD, IEF e IEPHA) que foram de corpo presente à Audiência Pública, mas devem ter sido adestrados para não falar nada contra o famigerado PL, tendo em vista o aparelhamento da atual gestão do Governo de Minas Gerais com os interesses da mineração e do capital. Vergonhoso o despreparo técnico dos representantes do governo estadual que ali compareceram. O Ministério Público de Minas Gerais já expediu Recomendação advogando o arquivamento do PL 387 por ser profundamente danoso aos interesses da Estação Ecológica de Aredes e sem consistência técnica alguma, confirmando as denúncias da população e a Nota Técnica realizada pelos pesquisadores que atuam na região e entregue para as deputadas estaduais Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT).

A Estação Ecológica de Aredes foi criada em 2010 por causa da luta justa para se salvar um pouco dos brutais danos que a própria mineradora Minar tinha causada em Aredes. Foi preciso uma Ação Civil Pública para exigir que se salvasse AREDES, porque a mineradora Minar tinha deixado três crateras e até hoje ainda tem passivo (danos) ambiental produzido por ela em Aredes. Ou seja, a Minar cometeu muitas infrações e irregularidades, violentou Aredes, de forma impiedosa. Não tem nenhuma moral para tentar voltar a praticar mais crimes em AREDES. Absurdo também é o fato do “PL 387” para minerar em Aredes, arquivado nas últimas duas legislaturas, estar sendo requentado pela 3ª vez.

São muitos os “capitães do mato” que defendem e fazem lobby pela aprovação do PL 387/23 na ALMG para a mineradora Minar voltar a cometer outros crimes socioambientais, históricos, arqueológicos e culturais na Estação Ecológica de Aredes, mas eles evitam mostrar a cara, pois é motivo de grande vergonha defender uma atrocidade como esta. Eis algumas, abaixo.

O município de Itabirito vem sendo sacrificado pela mineração há mais de 300 anos; primeiro, mineração de ouro, e nas últimas décadas, de ferro. Com altitude de 1.586 metros, o Pico Itabirito, com tombamento estadual e definido como Patrimônio Natural, segundo a Constituição de Minas Gerais, desde 1989, está há várias décadas como “Jesus na Cruz”, dilacerado, com todo o seu entorno carcomido, sua base e com seus pés roídos pela mineração que não respeita nada. Pico do Itabirito, crucificado pelas mineradoras, está exposto em uma sexta-feira da paixão sem fim que as mineradoras com o apoio do Estado vem impondo diariamente.

Nos últimos anos, a mineradora Vale fez uma “muralha da China” em Itabirito para conter o tsunami de rejeitos minerários das barragens de Forquilha I, II, III, IV e V, a 11 Km de distância no vizinho município de Ouro Preto. Trata-se de uma muralha de concreto compactado que, segundo a Vale S/A, custou 1,2 bilhão de reais, com mais 350 metros de extensão de uma montanha a outra, com 30 metros de espessura e 94 metros de altura. Esta megaobra já impactou o singelo São Gonçalo do Bação e sua população.  

Aredes é um extraordinário sítio arqueológico, onde existiu a Fazenda Aredes, marco zero do povoamento no munícipio de Itabirito, com testemunhos arqueológicos exuberantes, conforme muito bem demonstrado em uma robusta obra literária organizada pela pesquisadora Alenice Baeta intitulado: “Aredes – Recuperação Ambiental e Valorização de um Sítio Histórico e Arqueológico, publicada em 2016.  

A mineradora Minar insiste em minerar mais uma montanha em Aredes de campos ferruginosos e de vegetação rupestre com espécies endêmicas, ou seja, que só existem ali e em mais nenhum lugar do mundo. Estes campos rupestres de Aredes irrigam os Córregos Silva e Aredes, que se tornam o Córrego Mata-Porcos que, ao desaguar no rio Itabirito, lhe acrescenta 40% de água de classe especial, o que garante o abastecimento público da cidade de Itabirito. E o rio Itabirito, ao se encontrar com o rio das Velhas, tem praticamente o tamanho e o volume de água do rio das Velhas, que, na capitação de Bela Fama, em Nova Lima, oferece cerca de 50% do abastecimento público de BH e RMBH. Ou seja, minerar mais em Aredes irá secar os córregos Silva e Aredes, o que inviabilizará o abastecimento público das cidades de Itabirito, BH e RMBH.

Além da Mineradora Minar, em Itabirito, há outros quatro brutais projetos de mineração insistindo para cravar suas garras nas poucas montanhas que resistem: a) Em São Gonçalo do Bação estão insistindo em construir mais um Terminal de carregamento de minério de ferro, sinal de que, segundo o prefeito de Itabirito, “a mineradora Vale tem projetos para mais 150 anos de mineração na região”; b) Entre Aredes e  São Gonçalo do Bação está iniciando outro projeto de mineração na belíssima Serra do Lessa, que pretende explorar 110 milhões de metros cúbicos de minério por ano em uma montanha da localidade, por 40 anos, com cerca de 650 carretas por dia transitando, o que deixará uma cratera de 130 metros de profundidade; c) Tem também projeto minerário da Várzea do Lopes Leste, da Gerdau; d) E a empresa Monteminas Minérios, do projeto de mineração Água Brava ao lado da Serra do Lessa.  São Gonçalo do Bação está sendo circundado e sufocado por estas obras e minerações, sendo que se trata de um distrito munido de um vulnerável e rico conjunto arquitetônico, arqueológico e paisagístico composto por bens culturais variados, com clara vocação para o turismo cultural, artístico e ambiental de base comunitária.   

Portanto, em respeito às próximas gerações, faz-se necessário arquivar o PL 387 na ALMG, nunca mais requentá-lo e reduzir muito a mineração na região do Quadrilátero Aquífero e Ferrífero de BH e RMBH. Eis o caminho para a vida saudável!

 

24/10/2023.

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Aprovar PL 387/23 na ALMG p mineradora Minar minerar dentro da Estação Ecológica será absurdo brutal


2 - Alenice Baeta: Aula Magna! Necessidade de preservar a Estação Ecológica de AREDES. Repúdio ao PL 387


3 - Jeanine: Preservemos a Estação Ecológica de AREDES e o Monumento Natural da Serra da Moeda, JÁ!


4 - Dep. Bella: “PL 387/23 não pode ser aprovado na ALMG. Preservemos a Estação Ecológica de AREDES, MG



5 - Dep. Beatriz: "E a posição da SEMAD e do ZEMA sobre a Estação Ecológica de AREDES, em Itabirito/MG?"



6 - Edton: Minerar na Estação Ecológica de AREDES, Itabirito/MG, vai deixar Itabirito, BH, RMBH sem água



7 - Luiz, do MAM: Zema em conluio c mineradoras. Preservar Estação Ecológica de AREDES p garantir água..



8 - Capitães do mato insistem em continuar escravizando povos/ambiente, agora tb. c PL 387/23 na ALMG



9 - Thomás Toledo: Prefeito e vereadores de Itabiritos/MG, cúmplices da mineriodependência. Viva AREDES!



10 - Frei Gilvander e Dep. Bella pedem arquivamento do PL 387 na ALMG, que visa minerar em AREDES, MG



11 - Mineradora Minar quer devastar AREDES, nascedouro de Itabirito/MG, com PL 387/23 que visa minerar



12 - Visita Técnica a AREDES conclui q PL 387/23 deve ser arquivado. Estação Ecológica em Itabirito/MG



13 - Minar diz q minerar em AREDES afetará ruínas e fontes d’água. Dep. Bella e frei Gilvander: arquive!



14 - Não há como minerar na Estação Ecológica de AREDES sem devastar sítio histórico e acabar com águas



15 - Se calarmos, montanhas gritarão! Minar deixa 3 crateras, passivo ambiental e invade AREDES c PLACA


16 - Crateras deixadas pela Minar foram convertidas ambientalmente: Estação Ecológica AREDES/Itabirito/MG


17 - Visita Técnica de deputados/a à Estação Ecológica de AREDES, em Itabirito/MG. Arquive o PL 387/23!


18 - Peça de Teatro sobre História de AREDES, Itabirito/MG: Arquive PL 387/23 que visa minerar em AREDES!


19 - Trabalho arqueológico na Estação Ecológica de AREDES, em Itabirito/MG: Arquive o PL 387/23 na ALMG!


20 - Exposição AREDES na Estação Ecológica de AREDES, Itabirito/MG: Arquive o PL 387/23, que visa minerar



21 - No interior de uma das ruínas da Estação Ecológica de AREDES, em Itabirito/MG: Arquive o PL 387/23!




[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Superintendência de Projetos Prioritários da Secretaria de Desenvolvimento Social e do Conselho de Política Ambiental do estado de Minas Gerais.

[3] Conselho de Política Ambiental do estado de Minas Gerais.

[4] Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do estado de Minas Gerais, responsável para avaliar os projetos de mineração.

[5] Instituto estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do estado de Minas Gerais.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Luta e Resistência Indígena na RMBH cresce e fortalece. Por frei Gilvander

 Luta e Resistência Indígena na RMBH cresce e fortalece. Por frei Gilvander Moreira[1]

Retomada Terra Mãe, em Betim, MG, com algumas lideranças, jovens e crianças indígenas Warao. Setembro de 2023. Foto: Alenice Baeta, CEDEFES. 

Nos últimos anos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) aconteceram seis Retomadas Indígenas: 1) Retomada Kamakã, em Esmeraldas; 2) Retomada Pataxó, em São Joaquim de Bicas; 3) Retomada Katurama, em São Joaquim de Bicas; 4) Retomada Kamakã Mongoió, em Brumadinho; 5) Retomada Xukuru-Kariri, em Brumadinho; e 6) Retomada Terra Mãe, do Povo Indígena Warao, de refugiados da Venezuela, que aconteceu no início de setembro de 2023, na cidade de Betim.

Na Retomada Terra Mãe, do Povo Warao, dezenas de famílias de parentes indígenas, além de outras etnias, com centenas de famílias sem-terra e sem-teto, ocuparam um grande terreno, mais de 100.000 metros quadrados (mais de dez hectares, o que equivale a mais de dez campos de futebol), propriedade que estava abandonada, ociosa, sendo espaço para depósito de lixo e entulho; propriedade que não cumpria sua função social em Betim, cidade com uma brutal desigualdade socioeconômica e com uma das maiores presenças de povos periferizados de toda a RMBH.

No terreno da Retomada Terra Mãe houve uma ocupação em 2011, que foi despejada com brutal pressão da polícia militar doze anos atrás. Na ocasião, o juiz da Vara Agrária de Minas Gerais mandou arquivar o processo, porque a parte autora não demonstrou interesse em continuar o processo. Diz-se que o terreno é espólio de herança. O fato é que estava abandonado muitas décadas antes de 2011, houve o despejo e o terreno continuou abandonado. Como a Constituição Federal de 1988 exige que toda propriedade cumpra sua função social, uma propriedade que não cumpre sua função social deixa de existir, como interpretam muitos juristas e constitucionalistas. Ou seja, a CF/88 não protege propriedade que não cumpre sua função social.

Sobre a Retomada Terra Mãe em meados de setembro agora (2023), um juiz de 1ª instância, da 1ª Vara Cível da Comarca de Betim, mandou reintegrar na posse quem não exercia a posse. Pior, com uma decisão que viola e desrespeita a decisão de nove ministros do Supremo Tribunal Federal que, no final da pandemia da covid-19, na ADPF 828, determinou que todos os Tribunais Estaduais e Federais criassem Comissões de Conflitos Fundiários que fizessem visita técnica in loco, audiência de conciliação e buscassem alternativas dignas e prévias que evitassem despejos que implicassem em jogar famílias ao relento nas ruas. Há também decisão do ministro Alexandre de Moraes que obriga o poder público a fazer políticas públicas que resolvam a situação de milhares de irmãos e irmãs que estão em situação de rua em centenas de cidades brasileiras.

Para nossa surpresa, um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais não acatou um Agravo de instrumento da Defensoria Pública de MG, que exigia a suspensão da liminar de reintegração sobre a Retomada Terra Mãe, mas diante da manifestação da FUNAI[2], que manifestou interesse no processo e de arguição da Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal requerendo que a competência para julgar o caso deve ser da Justiça Federal, diante da realidade de que se trata de Retomada Indígena e quem julga sobre questões relativas aos indígenas é a Justiça Federal, suspendeu a reintegração até que seja julgado de quem será a competência jurídica, se da justiça estadual ou da justiça federal.

Dia 27 de setembro de 2023, os povos da Retomada Terra Mãe bloquearam a BR 262 em Betim, MG, próximo ao local da Retomada, em protesto contra o anúncio já feito pela Polícia Militar de que faria o despejo na madrugada seguinte, dia 28 de setembro último (2023). A Polícia Militar de MG foi truculenta. Atirou no povo, jogou bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão que bloqueava a BR. Várias pessoas foram feridas. Idosos, mães e crianças também foram atacados com gás lacrimogênio. O direito de manifestação foi violentado pela PM de MG. E mais: fiscalização sobre a BR 262 é competência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que não apareceu. Estranhamente e usurpando sua competência, quem apareceu em um piscar de olhos foi a PM de MG, que chegou com brutalidade absurda. Um sargento chegou imbicando um revólver no rosto de uma liderança indígena. Entretanto, os povos indígenas e sem-teto não arredaram o pé e continuaram a manifestação protestando contra o despejo iminente. Fizeram a PM recuar e reocuparam novamente a BR 262, o que causou mais de 15 Km de congestionamento. O povo dizia de cabeça erguida que jamais aceitará despejo e gritava: “Se o despejo vier, a BR vai parar! Bloquearemos a BR quantas vezes forem necessárias!”

No Censo do IBGE, de 2022, em Belo Horizonte e Região Metropolitana, 6.476 pessoas se autodeclararam INDÍGENAS. Em Belo Horizonte, 2.692; em Contagem, 796; em Betim, 761; Ribeirão das Neves, 362; São Joaquim de Bicas, 356; Santa Luzia, 211; Ibirité, 140; Esmeraldas, 137; Sabará, 117; Sete Lagoas, 117; Brumadinho, 113; Vespasiano, 112; Nova Lima, 81; Lagoa Santa, 78; Juatuba, 76; Igarapé, 67; Pedro Leopoldo, 49; São José da Lapa, 37; Matozinhos, 26; Rio Acima, 18; Mateus Leme, 27; Sarzedo, 15; Jaboticatubas, 13; Capim Branco, 13; Itatiaiuçu, 13; Mário Campos, 11; Itaguara, 09; Caeté, 08; Florestal, 08; Confins, 05; Raposos, 05; Rio Manso, 01; Baldin, 1; Taquaraçu de Minas, 01.

No ano de 2007, uma pesquisa do Centro de Documentação Eloy Ferreira (CEDEFES)[3], estimava a existência aproximada de sete mil indígenas em Belo Horizonte e RMBH. Cumpre evidenciar que o Censo do IBGE, de 2022, certamente mostra uma subnotificação, porque segundo vários/as recenseadores/as me disseram não era em todas as casas que o sistema abrir para perguntar se tinha outras pessoas indígenas, ou quilombolas, ou ... Alguns recenseadores me disseram: “Quando o sistema abria em uma casa para anotarmos a existência naquela casa de outras pessoas indígenas, nas próximas casas, o sistema não abria mais. Com certeza o número de indígenas, de quilombolas etc. é muito maior do que o que foi anotado. Parece que tinha a estruturação no programa para não mostrar toda a verdade e viabilizar subnotificação, o que causa danos na formatação de políticas públicas. Não podemos esquecer que o Censo do IBGE, em 2022, aconteceu no desgoverno de Bolsonaro. Precisa verificar os pontos falhos do Censo em 2022.” Portanto, podemos inferir que ao redor de cada uma das 6.476 pessoas que se autodeclaram como indígenas na RMBH deve existir um número bem maior. Podemos deduzir que possivelmente o número de indígenas em Belo Horizonte e RMBH seja no mínimo duas ou três vezes mais do que o atestado pelo Censo do IBGE, ou seja, podemos estimar que exista acima de 13 mil indígenas em Belo Horizonte e RMBH. Em Betim, onde o Censo atestou a presença de 761 indígenas deve ter mais de 1.600 mil. Imaginemos o número de brasileiros que estão em todas as cidades que de fato são indígenas, mas que ainda não se autodeclararam por muitos motivos. Enfim, o número de indígenas desterritorializados e em contexto urbano deve ser maior do que o último censo do IBGE atestou.

O Brasil é muito mais indígena que muitos imaginam. Viva a luta indígena!

 

04/10/2023.

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Povo Indígena Warao da Venezuela na Ocupação/Retomada TERRA MÃE, Betim/MG: “Não aceitamos despejo!”



2 - Terra Mãe, nova Ocupação de Povo indígena Warao e centenas de sem-teto, em Betim/MG. Despejo, NÃO!



3 - Respeito à decisão do STF na ADPF 828! Povo indígena Warao não aceita despejo na Ocupação TERRA MÃE



4 - 300 famílias na Ocupação/Retomada TERRA MÃE, em Betim/MG: Povo indígena Warao e centenas de sem-teto


5 - Ocupação TERRA MÃE: E decisão do STF p não despejar sem alternativa prévia? Povo indígena e sem-teto



6 - “Novo nascimento na Retomada/Ocupação TERRA MÃE, Betim/MG.” “PM matou 2 Sem Teto Bandeira Vermelha"



7 - Leo Péricles/UP, Poliana/MLB e Isa/MNDH na RETOMADA/OCUPAÇÃO TERRA MÃE, BETIM/MG: "Negociação, SIM!"


8 - Betim/MG: "Não arredamos o pé da luta pela moradia. PM violenta conosco. RETOMADA/OCUPAÇÃO TERRA MÃE



9 - Povo REOCUPOU a BR em Betim/MG após repressão da PM/MG: RETOMADA TERRA MÃE na luta contra despejo.v3



10 - Povo fez PM recuar e bloqueou de novo BR em Betim/MG: luta por moradia da Ocupação Terra Mãe. Víd 2



11- PM de MG reprime com truculência Bloqueio da BR em Betim/MG: luta por moradia da Ocupação Terra Mãe





[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Fundação Nacional dos Povos Indígenas.

[3] BAETA, Alenice M. Indígenas nas Cidades; memórias ‘esquecidas’ e direitos violados. In: ECODEBATE, 2021.  Cf. https://www.cedefes.org.br/indigenas-nas-cidades-memorias-esquecidas-e-direitos-violados-artigo-de-alenice-baeta/