quinta-feira, 21 de maio de 2020

Laudato Si’ 5 anos: a Ecologia Integral em tempos de coronavírus e crise climática – LIVE com Átila Iamarino, Carlos Nobre, Dom Leonardo Steiner e Cleusa Andreatta.


Laudato Si’ 5 anos: a Ecologia Integral em tempos de coronavírus e crise climática – LIVE com Átila Iamarino, Carlos Nobre, Dom Leonardo Steiner e Cleusa Andreatta.



Dia 20 de maio de 2020, no quinto aniversário da Encíclica Laudato Si', o Movimento Católico Global pelo Clima convidou o cientista Átila Iamarino, o pesquisador Carlos Nobre, Dom Leonardo Steiner e Cleusa Andreatta para um diálogo sobre a ecologia integral em tempos de coronavírus e crise climática. A LIVE aconteceu também via facebook do Movimento Católico Global pelo Clima: https://www.facebook.com/VivaLaudatoSi/

Se gostar, compartilhe.


Videorreportagem de Frei Gilvander da CPT/MG.

Fonte: facebook do Movimento Católico Global pelo Clima: https://www.facebook.com/VivaLaudatoSi/

*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #LutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #RomariaDasÁguasEdaTerra #PalavraÉticaComFreiGilvander

terça-feira, 19 de maio de 2020

Escravidão no Brasil: até quando? Por Frei Gilvander

Escravidão no Brasil: até quando?
Por Gilvander Moreira[1]



Desde a década de 1980, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) está comprometida com a luta pela superação do Trabalho escravo contemporâneo. Exemplifica esse compromisso a atuação, a partir de 1986, no sul de Minas Gerais, de 15 Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs) que aderiram a esta luta e passaram a denunciar a existência e a intensificação de trabalho escravo nas fazendas de café. Perto de Alfenas, no sul de Minas, foram encontrados em 1996, em uma única fazenda, 2 mil trabalhadores escravizados. A colheita do café era toda à mão, não tinha maquinário ainda. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) era combativa e apoiava os trabalhadores, que vinham de regiões quentes, como o norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, adoeciam todos com o frio do sul de Minas e terminavam a colheita enfermos, na hora de voltar para suas famílias. Após inúmeras denúncias, o Ministério Público do Trabalho começou a intervir e os fazendeiros tiveram que assinar termos de responsabilidade se comprometendo em melhorar as condições de trabalho, senão poderiam ser multados e presos, inclusive. A luta pela terra e pela Reforma Agrária no sul de Minas Gerais nasceu da luta contra o trabalho escravo. Os camponeses abarracados nos acampamentos do MST[2], no município de Campo do Meio, são quase todos imigrantes. Mesmo os que vieram de São Paulo nasceram quase todos fora deste estado. Os trabalhadores descobriram que era muito melhor lutar para conquistar um pedaço de terra do que todo ano ficar migrando em busca de emprego degradante nas fazendas de café. Hoje, território com 11 Acampamentos do MST, com mais de 500 famílias acampadas e produzindo alimentos saudáveis, a Usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, é território em luta para ser livre em contraste com a situação anterior na qual a usina fora forjada e mantida com trabalho escravo. Essa realidade verificada no sul de Minas demonstra que os peões e o trabalho escravo com escravidão por dívida, combatido em Campanha Permanente da CPT, são também produtos do avanço do capital sobre o campo.
Em um Brasil escravocrata, o trabalho escravo contemporâneo tem raízes históricas. Após a invasão pelos brancos portugueses, a exploração iniciada no Brasil, primeiro, pela tentativa de escravização dos povos originários gerando seu genocídio, atingiu também, posteriormente, o povo negro, nossos irmãos de sangue, que alimentaram, com suor e sangue, a ganância e a opulência da nobreza lusitana. O genocídio indígena no Brasil se deu de muitas formas: por contaminação com vírus trazidos pelos brancos, por massacres, escravização, catequização, por “guerra justa” definida pela metrópole que queria exterminar os indígenas para se apropriar de terras e matas almejadas para a expansão colonial e imperial – um absurdo sob todos os aspectos, pois não existe guerra justa. Os brancos estimularam também conflitos entre os povos indígenas. Porém, os povos indígenas resistiram bravamente às investidas escravocratas dos brancos. Recorrer à escravidão de povos da mãe África se tornou uma solução para manter a empresa Brasil explorando os bens naturais. Entretanto, os povos trazidos de forma forçada da África nos navios negreiros não aceitaram passivamente a escravidão. Houve resistência que ia da negativa ao trabalho à fuga para os quilombos, o que alterou a correlação de forças e obrigou uma das mais tardias ações da colonialidade no mundo: a “libertação dos escravos” com a Lei Áurea de 1.888 e o aprisionamento da terra 38 anos antes, por meio da Lei de Terras, n. 601, de 1.850, no Brasil imperial.
Friso que as condições objetivas forjadas para manter e reproduzir o trabalho escravo contemporâneo é secular, vem de longe. “O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma aliança entre a burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza” (VIOTTI DA COSTA, 1999, p. 173). Extinto com a Constituição imperial outorgada dia 25 de março de 1824, o regime de sesmarias “era racialmente seletivo, contemplando os homens de condição e de sangue limpo, mais do que senhores de terras, senhores de escravos” (MARTINS, 1991, p. 64). Em outras palavras: com a invasão dos europeus portugueses, o Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial para a produção de commodities para a exportação. Entende-se por commodities mercadorias que são matéria-prima produzidas em escala pelo agronegócio em sistema de monoculturas e que podem ser estocadas sem perda de qualidade, como petróleo, suco de laranja congelado, boi gordo, café, celulose, soja, ouro e minério, entre outras. Daí a exploração no passado do pau-brasil e mais recentemente a produção de açúcar e café que se mantém também nos dias de hoje com as monoculturas da soja, do eucalipto e a extração do minério, quase tudo para exportação.
O processo de colonização de Minas Gerais ocorre a partir do final do século XVII, quando inicia-se a subtração voraz de suas riquezas naturais, minerais de vários tipos, fontes de águas e biodiversidade, à custa do trabalho árduo de uma população escravizada e espoliada. Minas Gerais hoje, em exaustão, representa um cenário de morte e de destruição socioambiental. Foi o que restou. O nome do Estado significa muito se refletirmos. “Destruições Gerais” este é o nome, agora, que reflete a realidade das Minas e dos Gerais.
Há 24 anos, desde 1996, quando a Lei Complementar nº 87, conhecida como Lei Kandir, foi aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, os estados estão proibidos de arrecadar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as exportações de comodities: produtos primários, como itens agrícolas e minério. O estado de Minas Gerais, por exemplo, está exigindo do Governo Federal o pagamento de mais de 140 bilhões de reais relativos ao ICMS que deixou de recolher de empresas do agronegócio e das mineradoras, que, na verdade, sonegaram e desviaram impostos de Minas Gerais com a conivência do Governo Federal. Imagine a quantia que a Lei Kandir roubou em todos os estados!
A quem desconhece os horrores dos anos de chumbo da ditadura militar-civil-empresarial de 1964 a 1985, que foi um regime de exceção que não pode se repetir, pois os generais ditadores reforçaram a escravidão como política de Estado que deixou marcas nas nossas formas de sociabilidade. Lamentavelmente, muitas pessoas carregam dentro de si um pequeno ditadorzinho, vírus inoculado pelas ditaduras do passado. Só teremos futuro, com vida e dignidade, se superarmos os entulhos autoritários ainda presentes no tecido social que induz muita gente a pensar que problema social se resolve com repressão e que será com militarismo que chegaremos a uma sociedade justa. Cruel ilusão! Quanto mais repressão e mais militarismo, maiores serão as injustiças sociais, a violência social e a já gritante desigualdade social.
Não há estrutura fundiária que tenha o latifúndio como coluna mestra que não traga consigo um campesinato pisado, injustiçado e violentado, causando inclusive um alto índice de trabalho escravo contemporâneo. É o que nos indicam os dados de 2007 do Atlas do Trabalho Escravo[3]. Na Bíblia, no livro do Deuteronômio repete-se mais de 100 vezes o refrão: “Não esqueçam que vocês foram escravizados no Egito e que Javé seu Deus libertou vocês” (Dt 5,15; 15,15; 16,12; 24,18.22 etc.). Também na Bíblia, a lei do Ano Sabático prescreve que de sete em sete anos, as dívidas devem ser perdoadas, a terra devolvida ao antigo dono que a tivesse perdido por dívidas e os escravos devem ser libertados após trabalharem seis anos (Cf. Dt 15,12). Em  suma, a Bíblia repudia todo e qualquer tipo de escravidão e propõe sempre a construção de sociedades justas, solidárias e sustentáveis ecologicamente.
Dói, pois é cruel realidade estarmos em 2020 em um Brasil escravocrata. Por isso, mais do que nunca são necessárias as palavras proféticas do bispo Dom Pedro Casaldáliga: “Malditas sejam todas as cercas! / Malditas todas as propriedades privadas / que nos privam / de viver e de amar! / Malditas sejam todas as leis, / Amanhadas por umas poucas mãos / Para ampararem cercas e bois / e fazer a Terra, escrava / e escravos os humanos!”[4]

Referências.
MARTINS, José de Souza. Expropriação e violência: a questão política no campo. 3a edição. São Paulo: HUCITEC, 1991.
VIOTTI DA COSTA, Emília. Da monarquia à república: momentos decisivos. 6ª edição. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.

19/5/2020.

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - Documentário “Precisão”, produzido pela OIT e MPT, conta a história de vida de trabalhadores(as) resgatados(as) de condições análoga ao trabalho escravo.


2 - Palavra Ética na TVC/BH: contra trabalho escravo, agrotóxicos, violência à mulher

3 - Viúvas de Unaí e auditoras fiscais: trabalho escravo, não! Prisão dos mandantes, sim! RJ, 23/02/16

4 - A conquista da liberdade. De escravo no Pará ao Assentamento Nova Conquista no Piauí. 16/07/15

5 - Escravos do aluguel acolhidos na Ocupação Paulo Freire, em Belo Horizonte, MG. 02/06/15

6 - Trabalho Escravo no Sul do Pará








[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
[3] Atlas do Trabalho Escravo no Brasil. Disponível em http://amazonia.org.br/wp-content/uploads/2012/05/Atlas-do-Trabalho-Escravo.pdf 
[4] Gratidão à Carmem Imaculada de Brito, doutora em Sociologia Política pela UENF, que fez a revisão deste texto.

domingo, 17 de maio de 2020

Trabalho escravo contemporâneo: Brasil escravocrata - Por frei Gilvander - Na luta por direitos – (Vídeo)


Trabalho escravo contemporâneo: Brasil escravocrata - Por frei Gilvander - Na luta por direitos – (Vídeo) - 16/5/2020.


 Em texto objetivo, muito bem fundamentado, rico de informações, e de forma bastante didática, frei Gilvander oferece uma enriquecedora reflexão acerca da dita "Abolição da Escravidão", com a assinatura da "Lei Áurea", em 13 de maio de 1888. Percorrendo, de forma brilhante, a linha do tempo desde essa data até nossos dias, e chamando a atenção para o modo como os trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo negros e negras, têm sido tratados no Brasil, frei Gilvander faz uma oportuna e necessária provocação no sentido de nos movermos à luta coletiva necessária de forma a conquistar a verdadeira libertação que garanta o respeito aos direitos fundamentais e à dignidade humana de todos os trabalhadores e trabalhadoras, em grande parte, ainda vítimas de trabalho escravo que exclui, oprime, adoece e mata. Assista ao vídeo e, se gostar, compartilhe. Sugerimos.

Frei Gilvander Moreira apresentando reflexão sobre Trabalho Escravo Contemporâneo: Brasil escravocrata.

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares.
Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#FreiGilvander #LutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #RomariaDasÁguasEdaTerra #PalavraÉticaComFreiGilvander

quarta-feira, 13 de maio de 2020

"Teu sonho, Padre Josimo, renascerá." - Por frei Gilvander - 2a Parte

"Teu sonho, Padre Josimo, renascerá." - Por frei Gilvander - Na luta por direitos - 2a Parte - 19/5/2020.



Neste vídeo, por meio de texto eloquente, segunda parte, frei Gilvander Moreira faz memória à vida do padre Josimo Moraes Tavares na celebração dos 34 anos do seu martírio, em 10 de maio de 1986. Assista e, se gostar, compartilhe. Sugerimos.

Frei Gilvander Moreira apresentando "biografia" do Padre Josimo Moraes Tavares, martirizado dia 10/5/1086, em Imperatriz, MA. Padre Josimo, mártir da luta pela terra.

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.

*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

#FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG #PalavraÉticaComFreiGilvander

terça-feira, 12 de maio de 2020

Trabalho escravo contemporâneo: Brasil escravocrata. Por Frei Gilvander





Trabalho escravo contemporâneo: Brasil escravocrata. Por Gilvander Moreira[1]



Por meio da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 11 a 15 de maio de 2020, acontece mais uma Semana de Comunicação em Combate ao Trabalho Escravo. Neste ínterim trazemos à memória o 132º ano da Lei Áurea, que dia 13 de maio de 1888, aboliu formal e mentirosamente a escravidão no Brasil. Trinta e oito  anos antes, em 1850, com a Lei 601, conhecida como Lei de Terras, reforçou-se o sistema escravista ao se afirmar que a única possibilidade de acessar a terra seria por meio da compra. Criou-se, assim, “o cativeiro da terra” (como bem denominou José de Souza Martins) antes de acabar com o cativeiro de seres humanos, em especial dos povos negros trazidos de forma forçada da África. Procedendo assim, juridicamente se pavimentou a estrada para se criar outro tipo de escravidão sob a égide de liberdade abstrata e formal. Com a Lei Áurea, os negros escravizados ao serem “libertos” acabavam de mãos vazias sem jamais ter condições de ter acesso à terra, pois não tinham dinheiro para comprá-la. Consequentemente, de escravizados juridicamente se tornaram sem-terra, sem-teto, sem nada, iniciando o que muitos chamam de escravidão contemporânea.
Com requintes de crueldade a escravidão e o tráfico humano continuam a ocorrer sob diversas formas e cada vez mais atroz. No Brasil atual, que ainda mantém engrenagem escravocrata, o trabalho compulsório segue violentando a dignidade humana de milhares de trabalhadores e trabalhadoras cuja exploração parece se acirrar a cada ano. Devemos perguntar: O racismo arraigado contribui para a incidência de trabalho escravo? O povo negro é ainda o mais violentado com trabalho escravo? A pandemia do novo coronavírus agrava a escravidão contemporânea? Sim para as três questões, muito bem analisadas no livro “Entre o silêncio e a negação: trabalho escravo contemporâneo sob a ótica da população negra”, de Raissa Roussenq Alves, Ed. Letramento, 2018.
De acordo com a CPT, que desenvolve Campanha Permanente de Erradicação do Trabalho Escravo, nos últimos 24 anos, 54.778 trabalhadores e trabalhadoras em situação análoga à de escravidão foram libertados/as em todo o país. ‘Tronco’, ‘chicote’ e ‘correntes’ invisíveis à primeira vista e, muitas vezes, ocultados, continuam torturando, chicoteando e aprisionando milhares de pessoas cotidianamente. É considerada escravizada uma pessoa submetida a condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva ou a alguma forma de privação de liberdade de ir e vir, inclusive, por meio de dívida ou de trabalho forçado. Segundo o art. 149 do Código Penal Brasileiro, reduzir alguém a esta condição é crime e a pena é de dois a oito anos de prisão, além de multa. Entretanto, no Estado cúmplice da escravidão contemporânea o número de fiscais do Ministério do Trabalho vem sendo gradativamente reduzido e a impunidade das empresas e patrões criminosos acabam estimulando a reincidência na prática da escravidão.

O desmonte dos direitos trabalhistas, o produtivismo, o trabalho por metas, a intensificação do ritmo de produção em tempo recorde, a terceirização, a quarteirização, a “uberização”, “o trabalho intermitente”, tudo isso vem precarizando as condições de trabalho, desumanizando milhões de pessoas e criando as condições objetivas para a intensificação do trabalho escravo no país. Verifica-se o aumento assustador do número de adoecimentos e de mortes por exaustão no trabalho, como ocorre no caso do corte de cana em canaviais.
Como integrante da Campanha “De olho aberto para não virar escravo!”, Hamilton Luz alerta: “Um dos grandes vilões é o desemprego (além da concentração de terra e falta da reforma agrária), a pessoa desempregada, na maioria das vezes, não pensa duas vezes antes de aceitar um emprego, e é nessas horas que os gatos, os aproveitadores da ‘miséria’ alheia dão o ‘golpe’.” Com a latifundiarização, uma política econômica que repassa anualmente quase 50% do orçamento para banqueiros reproduzindo, assim, uma das maiores desigualdades sociais do planeta, uma fração cada vez maior da classe trabalhadora é encurralada pela ‘precisão que obriga’ e pela ‘necessidade’ artificial, mas real, de ter que escolher entre morrer de fome um pouco a cada dia ou se submeter a trabalho escravo, mascarado muitas vezes. Nesse sentido Hamilton Luz comenta: “Conseguir emprego se tornou uma proeza tão difícil que, mesmo submetido a humilhações, violação de direitos, sendo tratado até pior que animal irracional, o/a trabalhador/a resiste à ideia de denunciar. Ainda mais quando a lei que protegia seus direitos sofre desmontes sucessivos como foi acontecendo a cada ano, ultimamente.”

No livro Conflitos no Campo Brasil 2019, a CPT, em sua 34º publicação anual, constatou que em 2019, 130 casos de trabalho escravo foram identificados em todo o país, envolvendo 1.208 trabalhadores e trabalhadoras, tendo sido 1.050 trabalhadores/as resgatados pelo Grupo Móvel Tático do Ministério do Trabalho e Polícia Federal, após denúncias da CPT e de outras organizações de Direitos Humanos. Só no estado de Minas Gerais, 346 trabalhadores foram libertados de situações análogas à escravidão, sendo 171 (49,4%) no norte de Minas, o que demonstra que, onde há maior poderio do latifúndio e dos latifundiários criam-se as condições objetivas para submeter trabalhadores a situações análogas às de escravidão. Esses números são muito aquém da realidade, pois o encobrimento do trabalho escravo é enorme. Em 2019, as ocorrências se deram em trabalho na pecuária e lavouras do agronegócio, em carvoarias, na mineração, em confecção de roupas, na construção civil e em serviços diversos. Atualmente há trabalho análogo à situação de escravidão não apenas na agricultura sob o regime do agronegócio no campo, mas, principalmente, nas grandes cidades em atividades diversas cujo tempo de trabalho é cada vez mais extenso. Neste contexto nos cabe não deixar cair no esquecimento o assassinato de quatro fiscais do Ministério do Trabalho mortos barbaramente no dia 28 de janeiro de 2004, em Unaí, no noroeste de Minas Gerais, no cumprimento da função de combate ao trabalho escravo.[2]

Referência.
ALVES, Raissa Roussenq. Entre o silêncio e a negação: trabalho escravo contemporâneo sob a ótica da população negra”. Belo Horizonte: Ed. Letramento, 2018.

12/5/2020

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - Documentário “Precisão”, produzido pela OIT e MPT, conta a história de vida de trabalhadores(as) resgatados(as) de condições análoga ao trabalho escravo.



2 - Palavra Ética na TVC/BH: contra trabalho escravo, agrotóxicos, violência à mulher



3 - Viúvas de Unaí e auditoras fiscais: trabalho escravo, não! Prisão dos mandantes, sim! RJ, 23/02/16



4 - A conquista da liberdade. De escravo no Pará ao Assentamento Nova Conquista no Piauí. 16/07/15



5 - Escravos do aluguel acolhidos na Ocupação Paulo Freire, em Belo Horizonte, MG. 02/06/15



6 - Trabalho Escravo no Sul do Pará





[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Gratidão à Carmem Imaculada de Brito, doutora em Sociologia Política pela UENF, que fez a revisão deste texto.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Padre Josimo: "Se eu me calar, quem os defenderá?" - Por frei Gilvander - 1ª Parte - Na luta por direitos

Padre Josimo: "Se eu me calar, quem os defenderá?" - Por frei Gilvander - 1ª Parte - Na luta por direitos - 08/5/2020.



Neste vídeo, por meio de texto eloquente, frei Gilvander Moreira faz memória à vida do padre Josimo Moraes Tavares na celebração dos 34 anos do seu martírio, em 10 de maio de 1986. Assista e, se gostar, compartilhe. Sugerimos.

Padre Josimo Moraes Tavares, assassinado a mando de fazendeiros dia 10/5/1986, em Imperatriz, MA, porque, como coordenador e agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), defendia os camponeses das garras do latifúndio e dos latifundiários.
*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG #PalavraÉticaComFreiGilvander

Mineração em Ibirité, MG, NÃO! Preservação dos mananciais, SIM! LIVE 6: com Marcos, Teca, Emanuel e Geisa.


Mineração em Ibirité, MG, NÃO! Preservação dos mananciais, SIM! LIVE 6: com Marcos, Teca, Emanuel e Geisa.


A mineração é um projeto de destruição, destrói qualquer forma de vida. O prefeito de Ibirité, MG, William Parreira (AVANTE) vetou um projeto importante que protege os mananciais da Serra do Rola Moça. Água, SIM! Mineração, NÃO! Continua a luta pela derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG, ao Projeto de Lei 058/2019, que cria o Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade do município em parte da área rural de Ibirité, área de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Projeto de Lei que foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores. Exigimos que a Câmara de Vereadores derrube o veto do prefeito William Parreira, pois o justo é criar a Lei Patrimônio Hídrico na Serra do Rola Moça e declarar Ibirité, MG, como Território Livre de Mineração. Seguimos na luta para que o município de Ibirité, MG, seja declarado Território Livre de Mineração. Nesta LIVE 6 tivemos a participação de Marcos Ferreira e Geisa Gabriela, do Movimento socioambiental SERRA SEMPRE VIVA, de Maria Teresa Corujo (Teca) e do Prof. Dr. Emanuel Almada, da UEMG/Ibirité, MG.

Lideranças do Movimento Socioambiental SERRA SEMPRE VIVA, juntamente com frei Gilvander Moreira, frei Elionaldo Silva, o vereador Daniel Sérgio e outros ambientalistas manifestam, dia 09/12/2019, na Câmara Municipal de Ibirité, MG, em defesa do Manancial Taboões, manancial de Abastecimento Público de Ibirité, MG, que está ameaçado de extinção caso a mineradora Santa Paulina se reinstale no município, onde deixou megas crateras exatamente ao lado do manancial Taboões. O Projeto de Lei 058/2019, aprovado por UNANIMIDADE na Câmara Municipal de Ibirité, mas VETADO pelo prefeito William Parreira, busca exatamente instituir a área como Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade para proteger a área que segue cobiçada pela mineradora. Esperamos que os vereadores e a vereadora de Ibirité derrubem o veto e não se verguem aos mega interesses econômicos da mineradora e do prefeito que está em conluio com a mineradora. Foto: Arquivo da CPT/MG

Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais Edição: Frei Gilvander. Ibirité, MG, 08/5/2020.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerra #ConflitosNoCampo #PalavraÉticaComFreiGilvander #SerraSempreViva #MineraçãoAquiNão! #DerrubeOVeto