quarta-feira, 6 de maio de 2020

Conflitos no Campo 2019: clamores enormes - Por frei Gilvander

Conflitos no Campo 2019: clamores enormes - Por frei Gilvander Moreira - "Na luta por direitos" - 06/5/2020


Este vídeo, na verdade, é continuação do vídeo "Primeiro de Maio e as Pandemias do Coronavírus e Política: Luta pela Vida, por frei Gilvander - Na luta por direitos", publicado no dia 30 de abril próximo passado. O foco, neste vídeo, são os conflitos no campo iniciados pelos governos que, para atender a sede do mercado, o capital e os capitalistas, agride e fere violentamente a dignidade humana de camponeses e camponesas, de Comunidades Tradicionais, povos que, no exercício legítimo de seus direitos, lutam por terra e água, lutam por Justiça. Frei Gilvander divulga os números assustadores desses conflitos, a partir de publicações no livro "Conflitos no Campo Brasil 2019", lançado pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), no dia 17 de abril do corrente ano, 2020. Um relatório que deixa claras as ações de desmonte de direitos, perseguição e desrespeito à vida, em todas as suas formas, do (des)governo federal e seus aliados, e as gravíssimas consequências impostas ao povo, sobretudo, aos empobrecidos.

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #RomariaDasÁguasEdaTerra #PalavraÉticaComFreiGilvander #DemarcaçãoJá!

Contaminação e Guerra de Extermínio contra os Povos Indígenas - perseguições e COVID-19 - LIVE do CEDEFES

Contaminação e Guerra de Extermínio contra os Povos Indígenas - perseguições e COVID-19 - LIVE do CEDEFES – 04/5/2020.


 O Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES) realizou uma LIVE que abordou a temática indígena dentro da nossa programação anual “Abril Indígena”. Dentre os temas foram discutidos a real possibilidade de um novo genocídio com a chegada da COVID-19 e o descaso do governo Bolsonaro; o crescimento de invasões nos territórios indígenas; desmatamento; o avanço da mineração e do agronegócio; destruição e contaminação de fontes de água e o aumento de assassinatos de lideranças. Debateram conosco a indígena Adana Kambeba, acadêmica de medicina na UFMG, educadora bilíngue e pesquisadora dos elementos identitários culturais do seu povo, atriz e cantora; José Augusto Sampaio, antropólogo e membro da ONG Anaí, Pablo Matos, Historiador, Indigenista e membro do CEDEFES; Frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) e Alenice Baeta, arqueóloga e membro do CEDEFES.


Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais. Produção e Edição: Ana Paula Oliveira e Frei Gilvander. Belo Horizonte, MG, 04/5/2020.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander 

terça-feira, 5 de maio de 2020

Padre Josimo: “Se eu me calar, quem os defenderá?” Por Frei Gilvander

Padre Josimo: “Se eu me calar, quem os defenderá?”
Por Gilvander Moreira[1]

Padre Josimo Moraes Tavares
Feliz de um povo que não esquece seus mártires”, gosta de repetir Dom Pedro Casaldáliga. De fato, é imprescindível resgatar a memória dos mártires e processo histórico, do contrário não é possível compreender o presente e forjar um futuro digno. Dia 10 de maio de 2020, celebramos 34 anos do martírio do padre Josimo Moraes Tavares: 10/5/1986 a 10/5/2020. Por isso, o recordamos. Após tentativa de assassinato contra padre Josimo, no dia 15 de abril de 1986, quando cinco tiros foram disparados contra a Toyota em que ele viajava na defesa dos camponeses, profundamente ameaçado de morte - e de ressurreição! -, incompreendido por colegas padres e agentes de pastoral, inclusive, padre Josimo foi convocado a elaborar um relatório de suas atividades e a esclarecer as circunstâncias que levaram a tantas ameaças de morte contra ele.
Em seu belíssimo Testamento Espiritual e profético, pronunciado durante a Assembleia da Diocese de Tocantinópolis, MA, no dia 27 de abril de 1986, poucos dias antes de seu assassinato, dizia Josimo que sua morte estava anunciada, encomendada e prescrita nos anais das correntes que desejavam ardentemente eliminá-lo. Fazendeiros e empresários do campo já o haviam condenado sumariamente à pena de morte. Mas Josimo se encontrava firme, impulsionado pela força do Evangelho de Jesus Cristo, pois havia assumido sua missão pastoral de compromisso com a causa dos camponeses oprimidos e injustiçados. Josimo declarou: “Pois é, gente, eu quero que vocês entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou facção teológica, nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade. Acredito que o porquê de tudo isso se resume em três pontos principais: a) Por Deus ter me chamado com o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido; b) Pelo senhor bispo, dom Cornélio, ter me ordenado sacerdote; c) Pelo apoio do povo e do vigário de Xambioá, então Padre João Caprioli, que me ajudaram a vencer nos estudos. “O discípulo não é maior do que o Mestre. Se perseguiram a mim, hão de perseguir vocês também.” Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos latifúndios. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará a seu favor? Eu pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por mim. Só tenho pena de uma pessoa: de minha mãe, que só tem a mim e mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidarão dela. Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma consequência lógica resultante do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho de Jesus Cristo que me levou a assumir até as últimas consequências. A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados e despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar. É hora de se levantar e fazer a diferença! Morro por uma causa justa[2]
Padre Josimo Tavares sabia que ‘os filhos das trevas’ – latifundiários amantes do deus capital – estavam na iminência de matá-lo. Ele teve a coragem de não fugir da missão. Padre Josimo sabia que a verdade liberta, porque consola os explorados, mas dói e incomoda os opressores. Como Jesus subindo da Galileia para Jerusalém, enquanto coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Josimo continuou sem arredar um milímetro do seu compromisso com os camponeses injustiçados. Dia 10 de maio de 1986, dia das mamães, padre Josimo foi assassinado covardemente enquanto subia as escadas do prédio da Mitra Diocesana de Imperatriz, MA, onde funcionava a sede da CPT Araguaia-Tocantins. Ainda teve forças para entrar no hospital andando. Isso foi o ‘presente de grego’ que fazendeiros e jagunços deram a dona Olinda, mãe do padre Josimo, no dia das mães, sendo ele filho único.
Em 2006, Claudemiro Godoy do Nascimento, no artigo “20 anos com Josimo”, recordava: “Há 20 anos, o Brasil vivia momentos de transformações políticas e econômicas que dinamizavam o cenário das relações políticas. Na região do Bico do Papagaio a situação não se diferenciava. Com o anúncio do fim do regime ditatorial havia uma rearticulação política das oligarquias rurais na chamada Nova República. A luta social se encontrava diante de fortes momentos de tensão e conflito por parte de fazendeiros e trabalhadores rurais que tinham na Igreja, na CPT, nos sindicatos e nos novos movimentos sociais do campo uma esperança em ver realmente a terra partilhada para todos e todas. Josimo é a testemunha fiel e nos ensina que vale a pena dar a vida pela causa do Reino, das comunidades e do povo. Sua morte significou o compromisso assumido em denunciar as estruturas de morte alimentadas pelas injustiças políticas de mandos e desmandos de uma oligarquia rural que ousava e ainda ousa se estabelecer no poder da República. É neste sentido que Josimo se torna o padre mártir da Comissão Pastoral da Terra ao selar com seu sangue uma opção, um compromisso e um engajamento na defesa dos oprimidos, em especial, os trabalhadores rurais.” Poderíamos relembrar os versos de Pedro Tierra escritos por ocasião do martírio de Padre Josimo em maio de 1986: “Quem é esse menino negro / Que desafia limites? / Apenas um homem. / Sandálias surradas. /Paciência e indignação. / Riso alvo. / Mel noturno. / Sonho irrecusável. / Lutou contra cercas. / Todas as cercas./ As cercas do medo. / As cercas do ódio. / As cercas da terra. / As cercas da fome. / As cercas do corpo. / As cercas do latifúndio”.
Para Josimo, ser padre significava sentir a vida brotando como serviço justo a Deus e aos pobres, sobretudo. Para ele, o culto, a eucaristia, a teologia e toda a missão pastoral significava o agrado que fazemos a Deus no serviço aos pobres, aos doentes e marginalizados da sociedade. Percebemos nos escritos, nos poemas e nos registros de Josimo uma profunda intimidade com sua opção primeira, a saber: a Diakonia, ou seja, o serviço profético emancipatório, o estar sempre servindo aos empobrecidos do Bico do Papagaio, que eram os trabalhadores rurais expulsos e espoliados da terra pelos grandes fazendeiros locais e pelos políticos ao estilo coronelista. Portanto, ser padre segundo Josimo era ser Profeta da Justiça, Pastor na Caminhada e Sacerdote humilde que procurava oferecer a Deus oferendas justas. Josimo é a própria oferta. Tornou-se um ofertório vivo para nossas comunidades e para a construção do Reino de Deus a partir do aqui e agora.
Padre Josimo, em vida plena, continua vivo em nós na luta. Vivo nas memórias do povo, nas experiências dos educadores populares, nos escritos da Teologia da Libertação e no compromisso dos poucos agentes de pastorais que continuam reafirmando o mesmo compromisso com o Reino de Deus, com a construção de um mundo democrático, com a justiça social, ambiental, urbana e sustentabilidade ecológica. Não podemos deixar que a história de Josimo se perca. Ele é importante porque tornou o povo sujeito da história. Com Josimo, os dominados constroem suas histórias que não mais é feita segundo a lógica da classe dominante.
O nome de Padre Josimo está hoje em centenas de Acampamentos de Sem Terra, de Assentamentos de Reforma Agrária, de Ocupações Urbanas, de Comunidades Eclesiais de Base, de Escolas, de Ruas etc. Ele está muito vivo e presente nos corações e nas mentes de milhões de pessoas que lutam para que a Mãe terra seja libertada das garras do latifúndio e partilhada com milhões de sem-terra através de uma reforma agrária popular, massiva e democrática.
Como cantor da Caminhada nas noites escuras da opressão, movido pelo testemunho de Josimo, Zé Vicente compôs a música “Renascerá” em sua homenagem: “Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo, / De um novo destino renascerá! / E chegará, e chegará tempo novo sagrado / Há tanto esperado, pra nós chegará!
Quem conviveu com Josimo diz: “Ele era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito humilde de ser, gostava de usar aquelas chinelas havaianas…” Enfim, pela sua opção pelos pobres e pelo seu compromisso com a causa dos camponeses expropriados de suas terras e explorados, padre Josimo se tornou outro Cristo no nosso meio. Padre Josimo se sentia confirmado pelo discurso da montanha de Jesus, onde em alto em bom tom, o Galileu profetizou: “... Felizes os que, como o padre Josimo, são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, como padre Josimo, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes ...” (Mateus 5,10-11). Por essa mística profética não podemos nos calar diante de nenhuma injustiça. Que tenhamos a coragem e a lucidez do padre Josimo de perguntar com nossa práxis: Se nos calarmos, quem os defenderá?

05/5/2020
Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - Josimo – O Padre negro de sandálias surradas (Documentário Completo)



2 - Vida no Sul: Matéria sobre vida e martírio do Padre Josimo



3 - Vida no Sul: Dona Olinda, a mãe do Padre Josimo



4 - PADRE JOSIMO TAVARES - MÁRTIR DA TERRA



5 - Revista de Rádio especial sobre Padre Josimo, Instituto e Vida no Sul






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] LE BRETON, Binka. Todos Sabiam, a morte anunciada do Padre Josimo. São Paulo: Loyola, 2000, p. 129-130.

domingo, 3 de maio de 2020

4ª LIVE pró derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG: Água, SIM; Mineração, NÃO!

4ª LIVE pró derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG: Água, SIM; Mineração, NÃO! 1º/5/2020.


4ª LIVE de Luta pela derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG, ao Projeto de Lei 058/2019, que cria o Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade do município em parte da área rural de Ibirité, área de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Projeto de Lei que foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores. Exigimos que a Câmara de Vereadores derrube o veto do prefeito William Parreira (do AVANTE), pois o justo é criar a Lei Patrimônio Hídrico na Serra do Rola Moça e declarar Ibirité, MG, como Território Livre de Mineração. Desta LIVE participaram frei Gilvander Moreira (da CPT), Pedro Cardoso (adv. do Movimento Socioambiental Serra Sempre Viva), Marcos Ferreira (Militante do Serra Sempre Viva) e Cláudia Saraiva (golpeada pela mineradora Vale em Brumadinho, MG). Seguimos na luta para que o município de Ibirité, MG, seja declarado Território Livre de Mineração. Se possível, assista a esta 4a LIVE e compartilhe. Assim você reforçará a nossa luta pela preservação ambiental.

Frei Gilvander Moreira, Marcos Ferreira, Cláudia Saraiva e Pedro Cardoso na 4a LIVE pró derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG, William Parreira, ao PL que cria o Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade de Ibirité, MG.

Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais. Edição: Frei Gilvander. Ibirité, MG, 1º/5/2020. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG #ConflitosNoCampo

Primeiro de Maio e as Pandemias do Coronavírus e Política: Luta pela Vida, por frei Gilvander


Primeiro de Maio e as Pandemias do Coronavírus e Política: Luta pela Vida, por frei Gilvander - Na luta por direitos - 30/4/2020.


 A luta das trabalhadoras e dos trabalhadores celebrada no Primeiro de Maio, as pandemias do coronavírus e a pandemia política que assolam o país, realidades de um Brasil vítima de um desgoverno que a cada dia serve mais ao capital e aos capitalistas, são o foco de frei Gilvander Moreira nesse vídeo. Reflexão, informação, provocação, motivação e inspiração para a luta necessária por direitos fundamentais e pelo fortalecimento da democracia, tão violentada nesse tempo!

Frei Gilvander Moreira

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares.
Imagens: Google e Redes Sociais.
Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG

quinta-feira, 30 de abril de 2020

LIVE 3 - "Derrube o veto do prefeito de Ibirité, MG. Por Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade de Ibirité, MG" (Frei Gilvander, Frei Elionaldo e Frei Gilberto).

LIVE 3 - "Derrube o veto do prefeito de Ibirité, MG. Por Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade de Ibirité, MG" (Frei Gilvander Moreira, Frei Elionaldo Silva e Frei Gilberto Teixeira).



Luta pela derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG, ao Projeto de Lei 058/2019, que cria o Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade do município em parte da área rural de Ibirité, área de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Projeto de Lei que tinha sido aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores. Exigimos que a Câmara de Vereadores derrube o veto do prefeito William Parreira, pois o justo é criar a Lei Patrimônio Hídrico na Serra do Rola Moça e declarar Ibirité, MG, como Território Livre de Mineração.


Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais. Edição: Frei Gilvander. Ibirité, MG, 29/4/2020.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
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terça-feira, 28 de abril de 2020

As pandemias do coronavírus e da política: qual mata mais? Por Frei Gilvander


As pandemias do coronavírus e da política: qual mata mais?
Por Gilvander Moreira[1]


Dolorosamente, a pandemia do novo coronavírus está se alastrando por todo o mundo e por todo o Brasil. No mundo, já são mais de 3 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e mais de 210 mil mortos. Milhares de famílias já foram golpeadas. Muitos continuam, de forma irresponsável, se expondo e expondo muita gente ao vírus perigoso, e letal para muitas pessoas que são atingidas por ele. O desgoverno federal continua agindo ou se omitindo de forma criminosa ao enfraquecer ainda mais o SUS[2] nos últimos anos com a aprovação da PEC[3] 95; com a expulsão de 10 mil médicos cubanos que ajudavam a cuidar de 50 milhões de pessoas no Brasil; ao não testar as pessoas para ver se estão com COVID-19 ou não; ao não providenciar respiradores em quantidade e qualidade suficiente para atender a todas as pessoas que necessitarem e, finalmente, ao divulgar números oficiais sobre a pandemia que não refletem a realidade. Há uma enorme subnotificação. Pesquisas indicam que o número de mortos ou de pessoas que estão com a COVID-19 pode ser 10 vezes maior que os dados oficiais divulgados. Ou seja, se falam em 5 mil mortos por COVID-19, pode ser que na realidade já tenham morrido 50 mil. Se falam em 60 mil com o coronavírus, pode ser que 600 mil pessoas estejam infectadas, sem o saber. Para cada pessoa já diagnosticada com COVID-19 pode ser que existam outras 10 com coronavírus que seguem disseminando o vírus por desconhecimento de que se encontram infectadas. Estima-se que a pandemia do novo coronavírus no Brasil tenha atingido apenas 5% da sua capacidade de alastramento.
Diante dessa realidade dramática que está apunhalando milhares de famílias, considero criminosas as posturas de prefeitos, de governadores, do desgoverno federal, de certos pastores e certos padres que estão flexibilizando o distanciamento “social” (físico, melhor dizendo) e permitindo a volta à “normalidade” que causou a pandemia. Sem quarentena, milhões de trabalhadores, de desempregados e subempregados, de empobrecidos periféricos poderão morrer. Já está comprovado que os meios mais eficazes que temos para salvar vidas, até que se descubra remédio e/ou vacina, são: a quarentena, ficar em casa, lavar as mãos com frequência, usar máscara sempre que tiver que sair de casa e manter em funcionamento apenas as atividades econômicas essenciais para a vida social. Grandes empresários, adoradores do ídolo capital, estão desesperados por ver parte da classe trabalhadora em casa, na prática em “greve geral”. Sem a força dos trabalhadores não há como os grandes empresários acumularem lucro.
Além da pandemia do novo coronavírus, temos que enfrentar no Brasil outra “pandemia”: a da política, em especial a do desgoverno federal, que cotidianamente submete o povo a posturas cada vez mais deprimentes, vexatórias, fascistas, milicianas, fazendo até deboche, absurdo dos absurdos e cometendo crimes, tais como: Improbidade Administrativa, Crime de Responsabilidade, Prevaricação, Obstrução da Justiça, de forma contumaz, por reiteradas vezes. O despresidente já cometeu muitos crimes de responsabilidade – a lista de indícios é grande! - e se tornou motivo de chacota internacional e, pior, violentando o povo, a Amazônia, os biomas, os povos indígenas, os quilombolas, as populações periféricas e empobrecidas, enfim toda a classe trabalhadora. Integrantes do Congresso Nacional e do STF têm sido cúmplices e coniventes com essas atitudes do desgoverno atual. Já passou da hora de dar encaminhamento aos 29 pedidos de Impeachment de Bolsonaro, já protocolados na Câmara Federal. O que se ouve nas ruas é “Fora, Bolsonaro!”. O antipresidente e bolsonaristas desdenham da Constituição Brasileira e da democracia ao defenderem, em manifestações públicas, o fechamento do Congresso Nacional e do STF[4] e ao clamarem por golpe para reimplantar nova ditadura com AI-5[5], repressão e eliminação de vez da democracia e das liberdades. O caminho ético e democrático não é fechar o Congresso Nacional e o STF, mas purificá-los. Se tivéssemos instituições do Estado éticas cumprindo de fato sua missão, nos três poderes, quem defendeu publicamente o que a Constituição Federal proíbe já deveria estar nas barras da justiça e preso.
Desde a época da ditadura militar-civil-empresarial que se iniciou dia 31 de março de 1964, abocanhando a terra em propriedade privada, os capitalistas promoveram a mecanização da agricultura e, assim, realizaram o que muitos chamaram de ‘revolução verde’ em contraposição à ameaça que defensores do status quo capitalista chamaram de ‘revolução vermelha’, que era a luta pela implantação do socialismo no país, o que incluía fazer as reformas de base: reformas agrária, urbana, da educação, tributária e política. Sob fomento do governo federal, os capitalistas da cidade levaram todo o arsenal industrial de máquinas com pacotes químicos para a produção agropecuária. Assim, no livro Conflitos no Campo Brasil 2015, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Carlos Walter Porto Gonçalves e colegas pesquisadores apontam a construção de uma “agricultura sem agricultores” e produtora de sem-terra. Dizem eles: “ensejou um modelo agrário/agrícola que mereceu a fina caracterização de “uma agricultura sem agricultores”, pelo economista argentino Miguel Teubal, conformando com muita violência. [...] não é só grande produtora de madeira (eucalipto), de grãos e de carnes, mas também de muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra ao concentrar muita terra em poucas mãos” (PORTO-GONÇALVES; CUIN; LEAL; NUNES SILVA, 2015, p. 90). Além de concentrar a terra em poucas mãos, fortalecendo a latifundiarização do país, a ditadura militar-civil-empresarial promoveu um imenso êxodo rural, empurrando o povo para sobreviver nas novas senzalas, que são as favelas, nas periferias das grandes cidades. Criaram-se as condições objetivas para se instaurar e amplificar a violência no tecido social. Alastraram-se as monoculturas e impiedosamente se implantou um modelo econômico no campo marcado pela devastação socioambiental em progressão geométrica, submetendo o povo, por exemplo, a uma epidemia de câncer, por causa do exagero no uso de agrotóxicos  para atender à exigência do agronegócio de produzir mais e mais  a qualquer custo.
Dia 17 de abril último – lembrando os 24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará -, a CPT lançou seu 34º livro “Conflitos no Campo Brasil”. Na edição de 2019, em 252 páginas, a CPT demonstrou o crescimento assustador da violência no campo e do ódio contra os pobres: aconteceram no Brasil 1833 conflitos no campo em lutas por Terra, Água e Direitos. Maior número em 15 anos, com um aumento de 23% em relação a 2018, o que representa 5 conflitos por dia, em média. Esses conflitos envolveram 859.023 pessoas, a grande maioria, em conflitos relacionados à luta pela terra (1.284 conflitos), seguido de lutas pela água (489 casos). Os números da violência no campo, no Brasil, em 2019, demonstram uma tremenda violência se abatendo sobre o campesinato: 32 assassinatos de lideranças camponesas, entre os quais, 9 indígenas (30%) -  maior número nos últimos dez anos; 1.254 conflitos de luta por terra; 489 conflitos por água, o maior índice já registrado pela CPT, sendo 61% ocorridos em Minas Gerais, Bahia e Sergipe. Em relação a 2018, os conflitos por água cresceram 77% em um ano. 39% dos conflitos por água no Brasil foram causados por mineradoras. 82% dos conflitos por água aconteceram em territórios de Povos e Comunidades Tradicionais, tendo, obviamente, o despresidente como promotor e “autorizador” dos mesmos.  Em 2019, houve 1.301 manifestações de luta pela Terra, pela Água e por Direitos (142% a mais em relação a 2018, 3,5 por dia, o maior número já registrado pela CPT em 34 anos). Esse dado demonstra que o povo não está resignado, continua na luta por direitos, atuando de diversas formas. 745 trabalhadores foram libertados de situações análogas a trabalho escravo, número muito menor do que nos últimos 17 anos, quando eram libertadas um número muito maior, o que demonstra o desmonte da fiscalização que o desgoverno federal vem promovendo.
Exceto as áreas violentadas pelas mineradoras e pelo trabalho escravo, a região que mais sofreu com os conflitos em 2019, foi a Amazônia, onde se concentraram 60% das disputas por terra, 71% das famílias envolvidas, 51% das despejadas, 84% das famílias que sofreram invasão de suas terras ou casas, 84% dos assassinatos, 73% das tentativas de assassinato, e 79% dos ameaçados de morte. Enfim, esse diagnóstico da CPT, de 2019, demonstra a necropolítica em exercício, ou seja, o uso do poder para matar as parcelas mais vulneráveis da população usando estratégias diversas de aniquilamento sem qualquer preocupação com o bem comum.
Em Minas Gerais, em 2019, a CPT registrou: a) 128 conflitos na luta por água, sendo 54 (41,2%) na região metropolitana, o que demonstra porque Belo Horizonte e a região metropolitana já estão em crise e em processo de colapso hídrico iminente; b) 32 conflitos na luta pela terra, sendo 11 (28,5%) no norte do estado, o que demonstra o avanço do latifúndio armado sob fomento do despresidente e de empresários bolsonaristas; c) 346 trabalhadores foram libertados de situações análogas à escravidão, sendo 171 (49,4%) no norte do estado, o que demonstra que, onde há maior poderio do latifúndio e dos latifundiários criam-se as condições objetivas para submeter trabalhadores a situações análogas às de escravidão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fome atingirá mais de 600 milhões de pessoas no mundo com a crise desencadeada pela pandemia do Covid-19. Estão ameaçados por projetos de mineração os territórios que produzem alimentos e podem ajudar a superar a fome. Se o desgoverno federal não for derrubado, podemos ter no Brasil mais 30 mil áreas concedidas às mineradoras, o que violentará mais ainda comunidades camponesas, indígenas, ribeirinhas e quilombolas que abastecem 70% da produção de alimentos no país. O povo das cidades também sofrerá cada vez mais, haja vista a continuidade do antipresidente nas atitudes de descompromisso com a preservação da vida em suas várias formas.
Em tempo: A Câmara de Vereadores de Nova Lima, MG, dia 24/4/2020, aprovou lei que reduz em 50% os salários dos vereadores, do prefeito, do vice e dos secretários do executivo municipal, durante a pandemia do coronavírus. Esse tipo de lei deve ser aprovada, com urgência, em todas as Câmaras Municipais, em todas as Assembleias Legislativas, no Congresso Nacional e também no judiciário, de 1ª instância até o STF. Reduzir os salários de 50% de todos os políticos eleitos, não só durante a pandemia, mas para sempre, eis a meu ver uma das exigências éticas mais marcantes deste tempo![6]

Referência.
PORTO GONÇALVES, Carlos Walter; CUIN, Danilo Pereira; LEAL, Leandro Teixeira; NUNES SILVA, Marlon. Bye bye Brasil, aqui estamos: a reinvenção da questão agrária no Brasil. In: Conflitos no Campo Brasil 2015. Goiânia: CPT Nacional, p. 86-99, 2015.

28/4/2020

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.
1 - Padre José Ailton: Faz carreata contra a "Quarentena" quem se preocupa com lucros e não com a vida dos/as trabalhadores/as - 14/4/2020


2 - No Roda Viva, a jornalista Vera Magalhães recebe o biólogo Atila Iamarino.



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[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Sistema Único de Saúde.
[3] Proposta de Emenda Constitucional que congelou por 20 anos os investimentos em saúde pública.
[4] Supremo Tribunal Federal.
[5] Ato Institucional da ditadura militar-civil-empresarial que fechou o Congresso Nacional e implementou “anos de chumbo” com repressão, exílio e perseguição impiedosa a todas as pessoas que questionassem a ditadura. De 13/10/1968, o AI-5 foi golpe dentro do golpe. Cf. os livros “Brasil Tortura Nunca Mais”, de Dom Paulo Evaristo Arns (Org.) e “Batismo de Sangue”, de Frei Betto.
[6] Gratidão à Carmem Imaculada de Brito, doutora em Sociologia Política pela UENF, que fez a revisão deste texto.