quarta-feira, 20 de março de 2019

Agrotóxico e câncer, não; agroecologia, sim.


Agrotóxico e câncer, não; agroecologia, sim.
Por Gilvander Moreira[1]

Foto: Divulgação / Redes Sociais


Já está acionada a luz vermelha sobre a relação da ‘epidemia’ de câncer com o uso e a aplicação de agrotóxicos nas lavouras de monoculturas do café, da cana, do eucalipto, do feijão, da soja e outras. Está comprovado pelo Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA -, da ANVISA[2]: a) a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos acima dos limites máximos “recomendados”; b) a presença em muitos alimentos de venenos não permitidos.  Afora isso, nas fiscalizações junto às empresas produtoras de agrotóxicos observa-se, recorrentemente, muitas irregularidades. “No Município de Lucas de Rio Verde, no Mato Grosso, constatou-se a contaminação do leite materno, das águas da chuva, do solo e até do ar” (MOREIRA, 2016b, p. 224). Estima-se que, a cada ano, 25 milhões de trabalhadores são contaminados por agrotóxicos apenas nos países empobrecidos.
Põe o dedo na ferida, de novembro de 2011, o Relatório do deputado federal Padre João Carlos (PT/MG), então relator da Subcomissão Especial sobre o Uso dos Agrotóxicos e suas Consequências à Saúde e integrante da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados: “A incidência de câncer em regiões produtoras de Minas Gerais, que usam intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das médias nacional e mundial, sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico. Neste estado, na cidade de Unaí, está sendo construído um Hospital do Câncer, em virtude da grande ocorrência desta doença na região. Segundo os dados apresentados na Ausculta Pública que realizamos nesse município, já estão ocorrendo cerca de 1260 casos/ano/100000 pessoas. A média mundial não ultrapassa 400 casos/ano/100000 pessoas” (Fonte: Relatório da Subcomissão do Uso de Agrotóxico, 2011, p. 30).
Há muitas pesquisas científicas, tais como as da Fio Cruz, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e da Universidade de Brasília (UNB), que apontam a estreita relação entre uso ou ingestão de agrotóxico e câncer, como atesta Eloísa Caldas, coordenadora do Laboratório de Toxicologia da UNB: “Existem mais de 400 pesticidas permitidos para uso e bactérias diferentes que causam efeitos diversos para a saúde. Podem causar problemas neurológicos, podem levar ao desenvolvimento de câncer e outras patologias” (Fonte: Relatório da Subcomissão do Uso de Agrotóxico, 2011, p. 54).

XX Romaria das Águas e da Terra do estado de Minas Gerais, em Unaí, dia 23/7/2017, durante a marcha que atravessou grande parte da cidade. Foto: frei Gilvander

Várias leis já foram criadas para tratar dos agrotóxicos: Lei nº 7.802/1989, Lei nº 9.974/2000, Lei nº 11.657/2008, instituíram o dia 18 de agosto como o Dia Nacional do Campo Limpo; Lei nº 6.938/81, referente à Política Nacional de Meio Ambiente e a Lei nº 12.305/10, referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essas leis são dribladas o tempo todo, além de serem generosas com a indústria dos agrotóxicos, o que fere mortalmente a dignidade humana e dignidade da mãe terra, da irmã água, do irmão ar e de todos os seres vivos.
Atualmente no Assentamento Primeiro do Sul, do MST, em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, há o acompanhamento e a orientação de agrônomos das cooperativas de café que determinam os tipos de agrotóxicos a serem usados na lavoura e as quantidades. Eles fixam os limites, conforme diz o assentado Wadilsom Manoel da Silva: “O limite é o que o agrônomo determina. Se ele determina usar 200 ml, não adianta usar 300 ml, pois será jogar fora dinheiro e contaminar mais ainda a terra, o ar e a plantação. Temos que seguir a dosagem certa, a que é definida pelo agrônomo. Se não será burrice”. Os assentados seguem os agrônomos que não são da EMATER, mas das quatro cooperativas existentes na região com as quais os assentados têm contratos: a COOXUPÉ, a COPERCAM, a CAFÉ e a CAMPONESA. Os camponeses assentados pagam uma quota para poderem se filiar à cooperativa.
Em média, para se produzir uma saca de café – de sessenta quilos –, em preços de fevereiro de 2015, o custo estava em torno de 280 a 300 reais e se podia vender por 400 reais por saca quando o café era muito bom, nível 6. O preço depende de uma série de fatores. “A qualificação do café vai do número 6 ao número 10. O número 6 é o melhor e 10 é o pior. A maior parte do café que enviamos para a cooperativa é classificado como número 7, o que reduz muito o preço”, informa Wadilsom Manoel. Mas, outro Sem Terra, com olhar crítico, alerta: “O nosso café é avaliado de acordo com o que está rolando na bolsa de valores”.
Dentro da proposta de Reforma Agrária Popular, definida no 6º Congresso do MST, em janeiro de 2014, a autonomia na gestão daquilo que os camponeses assentados produzem é fundamental. Aqui se insere a criação da Cooperativa Camponesa, que é imprescindível para emancipar os assentados das teias das cooperativas do agronegócio. É o que diz Sílvio Neto, da coordenação nacional do MST: “Não terá nenhum assentado que aceitará converter toda sua produção para o modelo agroecológico se não tiver uma cooperativa para viabilizar a comercialização, pois se ele for produzir de forma agroecológica e entregar sua produção nas cooperativas convencionais, perderá muito economicamente, pois certamente sua produção será classificada como inferior. Não é uma questão de boa ou má vontade. Acontece que o fator econômico é preponderante. Não dá para defender o que economicamente implica prejuízo.
A produção de café só pode sair do terreno do produtor com a guia autorizando o transporte e com o seguro antirroubo, pois o café está muito visado. Não dá para correr o risco de andar com uma carreta de café procurando preço melhor e ser roubado antes de entregar o produto para o comprador. É o que analisa Sílvio Neto: “Teríamos que ter o controle de toda a cadeia produtiva, desde a produção até a venda final. Muitas famílias vendem o café antecipadamente, porque precisam de insumos, de botas e do sustento diário ou porque um filho adoeceu e é preciso dinheiro para realizar o tratamento. Precisamos romper com as empresas do agronegócio, as cooperativas, mas não dá para romper somente no tocante à comercialização. Temos que construir autonomia em toda a cadeia produtiva, senão é muito difícil implementar o modelo da agroecologia. O poder do agronegócio no campo não passa necessariamente pela propriedade da terra, mas muitas vezes, por uma lógica e engrenagem que aprisionam os pequenos produtores que acabam forçados a fazer o tal do agronegocinho. Ou seja, o modelo do agronegócio envolve matriz tecnológica, pacote de insumos, assistência técnica ditada pelo capital, financiamento etc. Enfim, controla de ponta a ponta a vida do campesinato. Nesse cenário, a agroecologia não é apenas um conjunto de práticas de cultivo com adubação orgânica e não uso de venenos. É outra lógica que exige outra engrenagem que possa estar sob o controle autônomo dos camponeses assentados. É outro modelo que garante cooperação popular, autonomia na produção, na venda, na compra etc.”.

Referências.
MOREIRA, Gilvander Luís. A luta por direitos no campo e na cidade. In: SOUZA, Miracy Barbosa de; MUNDINM, Fernanda de Lazari Cardoso; PEREIRA, Aline Rose Barbosa (Orgs.). CIDADE E ALTERIDADE: Convivência multicultural e justiça urbana. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, p. 211-228, 2016b.

Belo Horizonte, MG, 20/03/2019.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto discutido, acima.

1 - Do Agrotóxico para a Agroecologia/1ª Pré-Romaria da XXI Romaria/Águas e Terra/MG/Arcos/23/6/2018



2 - Comida saudável vem da luta-Inauguração do Armazém do Campo, do MST - BH/MG–3ª Parte- 26/11/ 2017



3 - Horta Comunitária na Ocupação Esperança - Região da Izidora - BH/MG - 1a Parte - 12/11/2017


4 - Comida saudável/Economia Solidária/Festival Reforma Agrária/MST-BH/MG-08/10/2017-2ª Parte



5 - Nazaré - Câncer na Família e agrotóxicos em Unaí: 20ª Romaria das Águas e da Terra/MG. 20/7/2017



6 - Na TV Assembleia, denúncia de exagero de agrotóxico no feijão em Unaí.



7 - Frei Gilvander denuncia na TV Assembleia: exagero de agrotóxico causa câncer em Unaí/MG. 12/12/2012 








[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cf. www.anvisa.gov.br

quinta-feira, 14 de março de 2019

Povo Indígena Kiriri/Caldas/MG:Retrospectiva da luta pela terra/Cacique ...



Povo Indígena Kiriri em Caldas, sul de MG: A trajetória da luta pela terra, por Cacique Adenilson. Vídeo 5 – 27/1/2019.

Em Caldas, sul de Minas Gerais, 16 famílias do Povo Indígena Kiriri, vindas do oeste da Bahia, ocupam uma área situada no bairro rural Rio Verde, a 7 km da sede do município de Caldas. Na área, os Kiriri construíram suas casas de pau a pique e barro, plantam lavouras, árvores frutíferas e plantas medicinais de forma agroecológica, sem veneno e, mesmo sem a estrutura adequada, passando por dificuldades pela falta de atenção do Poder Público, as famílias lutam pelo sagrado direito à terra que lhes pertence, por direito legítimo, para que possam nela viver e conviver em paz e harmonia com a Mãe terra e toda a natureza, e uns com os outros e com comunidade entorno, conforme sua cultura, suas tradições, suas origens, em sintonia com todos os encantados, seus ancestrais. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a quinta parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri em Caldas, MG, com a retrospectiva dessa luta pela terra em Caldas, sul de MG, apresentada pelo Cacique Adenilson.

Povo indígena Kiriri sofreu ordem de despejo em 2017 / Foto: Ronaldo Eli/ASA 

*Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 5.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quarta-feira, 13 de março de 2019

“Esta terra (em Caldas, sul de MG) é Kiriri!” Despejo, não! – Vídeo 4. 2...




A luta dos povos indígenas é nossa também. “Esta terra (em Caldas, sul de MG) é Kiriri!” Despejo, não! – Vídeo 4 – 27/1/2019.

Na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, 16 famílias (43 pessoas) vindas do oeste da Bahia ocupam uma área de 30 hectares, em retomada, onde convivem em plena harmonia com a Mãe Terra, a Irmã Água e toda a Natureza. Essa harmonia se faz também presente na convivência uns com os outros e com a comunidade rural do Rio Verde, onde estão inseridos. Ali, além de dedicarem-se ao cultivo de lavouras, pomar e plantas medicinais de forma agroecológica, sem uso de veneno nas plantações, os indígenas cuidam também da preservação da mata do território e dedicam-se ao reflorestamento de áreas devastadas da mata. Para o Povo Indígena Kiriri, esta mata é templo sagrado, espaço de espiritualidade e fortalecimento de sua fé, de sua cultura e garantia de sobrevivência. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a quarta parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, quando a comunidade indígena e apoiadores reuniram-se para celebrar mais um passo nessa luta pela terra, com a fundação da Associação do Povo Indígena Kiriri de Caldas, sul de MG.

Cacique Adenilson, do Povo Indígena Kiriri, em Caldas no sul de Minas Gerais, e o Tenente da cidade de Caldas. Foto: Frei Gilvander

* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 4.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

terça-feira, 12 de março de 2019

MST no sul de MG e Agroecologia: que beleza!


MST no sul de MG e Agroecologia: que beleza!
Por Gilvander Moreira[1]

]Foto: Divulgação / MST

O Projeto de Assentamento (PA) Primeiro do Sul, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, foi formado, primeiro, para produzir alimentos com a finalidade de matar a fome e eliminar a miséria que reinava no seio das 48 famílias camponesas assentadas. Ainda não se tinha a consciência do paradigma agroecológico. Diferentemente, o PA Santo Dias, em Guapé, de 12 de maio de 2006, distante 70 quilômetros de Campo do Meio, nasceu dentro da concepção agroecológica e, por isso, sua produção é hoje, basicamente, agroecológica. É o que informa Sílvio Neto, da Direção Nacional do MST: “No PA Santo Dias, em Guapé, desde que os Sem Terra pisaram lá não jogaram nem uma gota de agrotóxico no assentamento. Lá tem 19 modelos agroecológicos sendo praticados. Temos, inclusive, homeopatia para o manejo do gado. Enfim, temos no PA Santo Dias um amplo processo agroecológico, coisa que não existe em nenhuma outra propriedade da região sul de Minas”.
O MST está se dedicando em aprofundar o debate, a consciência e as práticas agroecológicas nos assentamentos em todo o Brasil. Uma série de fatores influenciam os camponeses assentados para se desenvolverem como agroecológico ou não. É o que recorda o Sem Terra Sebastião Mélia, do PA Primeiro do Sul: “No PA Santo Dias, a questão geográfica influencia muito, pois lá é muito difícil de mecanizar por causa dos terrenos acidentados. Por outro lado, o PA Primeiro do Sul está ao lado da fazenda Ipanema, que, com 23 mil hectares, é a que mais produz café em toda a América Latina: cerca de 100 mil sacas por ano, 100% com agrotóxico”.
Essa condição material objetiva, que é estar ao lado de uma fazenda gigante do agronegócio do café, influencia sobremaneira a consciência e a postura dos assentados do PA Primeiro do Sul. Acresce-se a isso o fato da prática dos assentados que trabalharam por muitos anos como boias-frias nas fazendas de café da região, sem nenhuma experiência agroecológica. Assim, os camponeses Sem Terra, com a experiência da agricultura tradicional, ouvem o tempo todo o canto da sereia do agronegócio que acontece à base do agrotóxico. Mas o MST não está resignado diante disso e vem apresentando a proposta de mudança do jeito de produzir, de saída do agronegocinho e assimilação da perspectiva agroecológica. O MST não impõe às camponesas assentadas e aos camponeses assentados deixar as práticas de agricultura com uso de agrotóxico, o que geraria um ônus político muito grande para o MST internamente nos assentamentos. Em uma perspectiva emancipatória, militantes do MST vêm desenvolvendo um processo pedagógico[2] que acontece conforme o que é relatado por Sílvio Neto: “A partir de reuniões, estudos e visitas a comunidades com práticas agroecológicas, propusemos às famílias do PA Primeiro do Sul que elas apartassem 10% da lavoura para um lote de plantio na linha agroecológica. Propomos às famílias fazer a experiência de plantar sem uso de venenos e comparar a produção em termos quantitativos e qualitativos, os custos, a produtividade etc. Há vários anos estamos fazendo essa experiência. Há famílias que estão percebendo que caiu a produção, mas caiu também o custo. Muitos estão observando que a qualidade da produção agroecológica é infinitamente melhor. Uns estão contentes; outros, não. Isso tudo está na perspectiva de fazermos uma transição efetiva da produção de café com uso de agrotóxicos para a produção de café totalmente agroecológico. Esse é nosso sonho, difícil, mas não impossível, pois o contexto conspira a favor do agronegócio, que é produção totalmente com venenos”.
A transição da agricultura com agrotóxicos para a agricultura agroecológica é um processo difícil, mas necessário e questão de responsabilidade social, ambiental e geracional, sob a perspectiva de futuro. Se as famílias camponesas do PA Primeiro do Sul abandonassem abruptamente o uso de agrotóxico, poderia implicar em um primeiro momento na diminuição do poder econômico delas, o que reduziria seu nível de vida econômico, visto que a produção certamente diminuiria e também porque o mercado para a produção agroecológica ainda é pequeno e extremamente difícil. “As famílias no PA Primeiro do Sul têm vínculos - não amorosos, mas econômicos - com as cooperativas do agronegócio da região. Isso as obriga muitas vezes a venderem a safra antes de ela ser produzida. Tem contratos assinados que precisam ser honrados”, informa Sílvio Neto.
Além da produção de café com o uso de agrotóxico determinado pelo sistema de mercado, essas famílias acampadas ou assentadas do MST estão produzindo café ecológico com a marca Café Guaii, que está sendo produzido em proporção minoritária no PA Primeiro do Sul, mas em 100% da produção de café no PA Santo Dias, em Guapé, e em vários pré-assentamentos do MST nas terras da ex-usina Ariadnópolis. Essa transição do café convencional - o que segue os ditames do mercado e do agronegócio – para o café agroecológico tem gerado muita discussão entre as famílias. Além disso, estão se avolumando os problemas no plantio convencional, conforma relata o assentado Wadilsom Manoel do PA Primeiro do Sul: “Tem dado muitas discussões, mas é uma experiência muito interessante até porque a produção de café convencional nos últimos anos tem sido péssima. Em 2013, tivemos uma produção muito boa, mas o preço caiu lá embaixo e, assim, mal deu para cobrir os custos. Em 2014, o preço foi razoável, mas quase não tinha café.
Vários casos de câncer já aconteceram em pessoas que moravam e trabalhavam no PA Primeiro do Sul, conforme recorda Sebastião Mélia: “Várias pessoas morreram de câncer no Assentamento Primeiro do Sul, mas é bem provável que já chegaram ao Primeiro do Sul envenenados. Há relatos que enquanto trabalhavam nas fazendas de café da região, trabalhadores levavam água para beber nos galões de roundup, veneno à base de glifosato. Esse era o costume nas fazendas onde trabalhavam como boias-frias, de onde vieram grande parte dos trabalhadores para a luta pela terra. Quando eu era criança, cheguei a ver trabalhadores que passavam o inseticida BHC[3] no corpo para os carrapatos não subirem no corpo enquanto roçavam as pastagens. De primeiro, não se falava que BHC era veneno, mas remédio. Era como se fizesse um bem para a pessoa. Os que aqui morreram de câncer provavelmente vieram contaminados das fazendas de café da região. Mas hoje o povo está mais orientado, tem mais preocupação. Já seguem várias cautelas como usar os EPI, equipamentos de proteção individual”.
Enfim, a luta do MST para produzir alimentos saudáveis, na linha da agroecologia, aponta para a construção de uma sociedade do Bem Viver e Conviver, onde a preservação ambiental é condição para a convivência social e adquirir estilo de vida simples e austero será um caminho promissor.

Belo Horizonte, MG, 12/03/2019.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto discutido, acima.

1 - Reflorestamento e Produção no Quilombo Campo Grande, do MST/MG - Vídeo 4 - 25/11/2018



2 - Trabalho e Produção Sustentável: Acampamentos/MST/Campo do Meio/sul de MG. Vídeo 2. 25/11/18



3 - Quilombo Campo Grande/MST/MG: A terra produz e reergue Campo do Meio/Vídeo 3. 22/11/18





[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Como fruto da luta do MST no sul de Minas, o Reitor e Presidente do Conselho Superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Professor Marcelo Bregagnoli, assinou em 23 de março de 2016 a Resolução n. 010/2016, aprovando o Projeto Pedagógico e criando o Curso Técnico em Agropecuária Subsequente: ênfase Agroecologia para Educandos da Reforma Agrária do Sul de Minas Gerais no IFSULDEMINAS, Campus Machado.
[3]  BHC é um inseticida fitossanitário organoclorado persistente. A sigla advém do nome na língua inglesa - Benzene Hexachloride. Trata-se de um produto que combate pragas na lavoura e ao entrar em contato com a pele tem efeito cumulativo, causando danos irreversíveis ao sistema nervoso central. A absorção pelo organismo pode ocorrer por via oral, respiratória ou simples contato com a pele. Entre os sintomas estão convulsões, dores de cabeça, tremores, arritmia e até óbito em casos mais graves. O BHC está proibido no Brasil desde 1985.

Na luta dos indígenas pela terra, em Caldas/MG, SOMOS TODOS KIRIRI/Vídeo...




Na luta do Povo Indígena pela terra, em Caldas, sul de MG, SOMOS TODOS KIRIRI. Vídeo 3. 27/1/2019.

Na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, 16 famílias (43 pessoas) vindas do oeste da Bahia ocupam uma área de 30 hectares, em retomada, onde convivem em plena harmonia com a Mãe Terra, a Irmã Água e toda a Natureza. Essa harmonia se faz também presente na convivência uns com os outros e com a comunidade rural do Rio Verde, onde estão inseridos. Ali, além de dedicarem-se ao cultivo de lavouras, pomar e plantas medicinais de forma agroecológica, sem uso de veneno nas plantações, os indígenas cuidam também da preservação da mata do território e dedicam-se ao reflorestamento de áreas devastadas da mata. Para o Povo Indígena Kiriri, esta mata é templo sagrado, espaço de espiritualidade e fortalecimento de sua fé, de sua cultura e garantia de sobrevivência. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a terceira parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, quando a comunidade indígena e apoiadores reuniram-se para celebrar mais um passo nessa luta pela terra, com a fundação da Associação do Povo Indígena Kiriri de Caldas, sul de MG.

Padre Fabiano, pároco da Paróquia de Caldas, sul de Minas Gerais, manifestando o Apoio da igreja católica de Caldas e da Arquidiocese de Pouso Alegre à permanência da Comunidade Indígena Kiriri na área ocupada na Comunidade rual do Rio Verde, em Caldas. Como sinal desse apoio, a Arquidiocese de Pouso Alegre contribuirá na construção de um Posto de Saúde na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas. Foto: frei Gilvander

* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 3.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


PM SE PREPARA PARA DESPEJAR A OCUPAÇÃO DOS CARROCEIROS, no Tirol, em Belo Horizonte, MG!


PM SE PREPARA PARA DESPEJAR A OCUPAÇÃO DOS CARROCEIROS, no Tirol, em Belo Horizonte, MG!

Mães e crianças da Ocupação dos Carroceiros que, angustiados, temem ser jogadas na rua com suas crianças, no Tirol, região do Barreiro, em Belo Horizonte, MG. Foto: Frei Gilvander
Ontem, dia 11 de março de 2019, na parte da manhã, na sede do 41ª Batalhão da PM/MG, região do Barreiro, em Belo Horizonte, MG, foi realizada reunião com representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, outros órgãos públicos e Polícia Militar para preparar o despejo da Ocupação dos Carroceiros, tendo as famílias sido barradas de participarem.
O Comandante do 41º Batalhão da PM, Tenente Coronel Cassio, impediu as famílias de participarem da reunião, mesmo sendo um direito de qualquer cidadão participar de atos públicos que envolvam seus direitos. Como no local encontrava-se presente o Desembargador Paulo Mendes Alvares, representando o Centro Judiciário de Solução de Conflitos (CEJUSC), presente à reunião de preparação do despejo representando o Poder Judiciário mineiro, que marcou uma reunião de tentativa de conciliação.
Mais um mar de injustiças inunda nosso povo sofrido sem teto do estado de Minas Gerais. Mesmo com inúmeras denúncias e alertas feitos pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Comissão Pastoral da Terra (CPT) e sua rede de apoio que conta com profissionais da geologia e arquitetura, o Poder Judiciário até o momento não reviu a injusta e sem lógica que mandar despejar as famílias com base em um laudo com informações falsas emitidas pela Defesa Civil do Município de Belo Horizonte.
Estamos vendo mais uma vez o problema da falta de moradia digna ser tratada como caso de polícia. Onde está o governo de Romeu Zema, que se diz NOVO, mas que está repetindo as mesmas injustiças e erros de seus antecessores? Onde está o prefeito Alexandre Kalil que repete aos quatros ventos que governa para quem realmente precisa?
Clamamos ao Poder Judiciário para que suspenda a injusta decisão determinou o despejo das famílias carroceiras, já que por um lado, não existe qualquer risco à permanência delas no local da ocupação (ao contrário do que alega de forma mentirosa a Defesa Civil Municipal de Belo Horizonte). Laudo de geólogos, topógrafos e arquitetos imparciais, com mais de 50 páginas, demonstram que as famílias da Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, no Barreiro, em BH, não estão em área de risco. além de que as famílias não tem para onde ir.
O Governador Romeu Zema, do partido NOVO, e o prefeito Alexandre Kalil têm o dever de solucionar esse grave conflito social por meio de política pública de moradia digna para estas famílias, que somente ocuparam o terreno onde vivem, por fazerem parte do gigante déficit habitacional que assola a cidade de Belo Horizonte e o Estado de Minas Gerais. Despejar sem alternativa justa, digna e prévia é inconstitucional, pois violenta a dignidade humana e pisoteia no direito constitucional à moradia.
Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!
Exigimos uma solução digna, prévia e pacífica para as nossas famílias.
NÃO AO DESPEJO DOS CARROCEIROS!

Resiste Carroceiros!

Assinam esta Nota:
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Belo Horizonte/MG, 11 de março de 2019.

Obs.: Os vídeos, abaixo, demonstram também que as famílias não estão em área de risco. Logo, despejá-las será injustiça que clamará aos céus!

1 - Ocupação dos Carroceiros no Tirol/BH: Mães e técnicos clamam por justiça no TJMG. Vídeo 1 - 24/1/19



2 - Geólogo: "Forçar desocupação na Ocupação dos Carroceiros/BH é arbitrariedade"/23/1/2019/Vídeo 2



3 - Ocupação dos Carroceiros/BH/MG: NÃO HÁ RISCO DE DESABAMENTO! DESPEJO, NÃO! - Vídeo 1 - 13/1/2019



4 - A Ocupação dos Carroceiros em BH/MG é segura! Despejo, não! - Vídeo 2 - 13/1/2019



5 - Ocupação dos Carroceiros/Bairro Tirol/BH/MG: Negociação, sim. Despejo, não. 23/9/2018.



6 - Ocupação dos Carroceiros/BH/MG:Respeito e Negociação, SIM. Despejo, NÃO. 30/12/2018



7 - Pelo direito à moradia, despejo na Ocupação dos Carroceiros em BH, não! Vídeo 2 - 30/12/18






segunda-feira, 11 de março de 2019

Povo Kiriri/ Caldas/MG: O direito à terra que lhes pertence. Despejo, nã...



Povo Indígena Kiriri, em Caldas, MG: O sagrado direito de viver na terra que lhes pertence. DESPEJO, NÃO! - Vídeo 1 - 27/1/2019.

Em Caldas, sul de Minas Gerais, 16 famílias do Povo Indígena Kiriri, vindas do oeste da Bahia, ocupam uma área situada no bairro rural Rio Verde, a 7 km da sede do município de Caldas. Na área, os Kiriri construíram suas casas de pau a pique e barro, plantam lavouras, árvores frutíferas e plantas medicinais de forma agroecológica, sem veneno e, mesmo sem a estrutura adequada, passando por dificuldades pela falta de atenção do Poder Público, as famílias lutam pelo sagrado direito à terra que lhes pertence, por direito legítimo, para que possam nela viver e conviver em paz e harmonia com a Mãe terra e toda a natureza, e uns com os outros e com comunidade entorno, conforme sua cultura, suas tradições, suas origens, em sintonia com todos os encantados, seus ancestrais. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo a primeira parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri em Caldas, MG, com a apresentação da Aldeia Indígena Kiriri pelo Cacique Adenilson e por Wellington, mostrando o trabalho ali desenvolvido na terra, suas construções e suas esperanças.

Reunião com a Reitoria da UEMG na Cidade Administrativa dia 06/02/2019. A Reitora Lavínia, o vice-reitor da UEMG e o procurador da UEMG tem posição a favor da manutenção da Comunidade Indígena Kiriri na terra ocupada em Caldas, no sul de Minas Gerais. Entretanto, parecer da Secretaria Estadual da Fazenda exige o despejo das 16 famílias Kiriri da área e dos não índios que também ocupam parte da área do Governo de MG em Caldas na Comunidade Rural do Rio Verde. Foto: Dilvulgação / site da UEMG. 


*Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 1.
 * Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.