terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Luta pela terra e pelas necessidades básicas gera emancipação. Por frei Gilvander

 Luta pela terra e pelas necessidades básicas gera emancipação. Por frei Gilvander Moreira[1]

Os últimos raios de sol do dia 07/02/2020, ainda iluminavam o fim da tarde em União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas, quando em marcha, cerca de 200 jovens, de bandeiras nas mãos, cantando canções de liberdade, inauguravam o Bosque da Resistência Ana Primavesi. Lá, as mãos dos filhos e filhas da luta pela terra, plantaram mil mudas de árvores simbolizando a disposição na luta pela terra e pelos bens da natureza. Foto: Matheus Alves

Que tipo de utopia os camponeses e camponesas Sem Terra cultivam e se nutrem na luta pela terra enquanto pedagogia de emancipação humana? Não pode ser a simples estatização de todas as propriedades rurais. Também não pode ser qualquer tipo de socialização da terra. Há de se considerar as diversidades culturais, regionais, históricas e de identidades do campesinato. A autonomia dos Sem Terra, sujeitos sociais coletivos que lutam pela terra no campo, se torna impossível sem a autonomia dos sujeitos individuais, isto é, das camponesas e dos camponeses Sem Terra que se comprometem em tal luta. Logo, toda e qualquer posição pessoal ou dos movimentos sociais populares, relação interpessoal ou social, que cerceia o processo de autonomização obstaculariza a emancipação pessoal e social, que é um grande objetivo da luta pela terra como pedagogia de emancipação humana. Não nos referimos aqui à autonomia no sentido de poder fazer o que quiser, mas no sentido de fazer história com as próprias mãos desenvolvendo o infinito potencial de humanização existente em cada ser humano.

Ao explanar sobre as necessidades pessoais, Karl Marx estabeleceu a prioridade da satisfação das necessidades materiais objetivas em relação às necessidades espirituais, mas observamos que o povo tem tanta fome de pão - necessidade material (base da vida) - quanto fome de Deus – necessidade espiritual. Óbvio que Marx não se referia à necessidade espiritual no sentido religioso, mas no sentido de tudo o que é simbólico – sonhos, autoestima, desejos, aspirações etc. -, para além da base material da vida. Não dá para relegar as necessidades espirituais/simbólicas para segundo ou terceiro plano e muito menos ignorá-las. Não é inquestionável a afirmação segundo a qual ‘religião, futebol e política não se discutem’.  Muitas vezes, as pessoas brigam mais por questões religiosas do que por questões estritamente políticas, até porque toda questão religiosa é também uma questão política. Nesse sentido, o pensador Ovidio Hernández fez referência a Abraham Maslow, que elaborou uma teoria sobre as escalas de necessidades humanas, assim raciocinando: “Ele coloca, de forma geral, a prioridade da satisfação das necessidades de sobrevivência (alimentação, proteção física etc.); Num lugar intermediário, situa a satisfação das necessidades de autoestima (a importância da consideração, do respeito, da pertença e da identidade na esfera individual e social, e o amor aos outros e a si próprio) e considera que, nestas bases de sustentação, desenvolvem e satisfazem, entre outras, as necessidades superiores de autonomia e autorrealização” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 132).

Há uma íntima relação entre as necessidades materiais – necessidades de sobrevivência (alimentação e proteção física; aqui se coloca a moradia, acesso à terra, por exemplo) -, as necessidades de autoestima – consideração, respeito e cultivo da identidade pessoal e amor aos outros e a si mesmo – e as necessidades superiores de autonomia e de autorrealização. Concordamos com o pensador Jorge Acanda e com Abraham Maslow no sentido de que não há como realizar e desenvolver a autonomia pessoal e social e construir autorrealização sem atendimento às necessidades básicas elementares materiais e de autoestima. Aqui está um ponto central da luta pela terra, porque se trata de uma luta concreta que viabiliza o atendimento, primeiro, das necessidades básicas de alimentação, pelo plantio nas terras ocupadas; em seguida, a autoestima das camponesas e dos camponeses Sem Terra, nas ocupações em luta pela terra melhora gradativamente, porque as pessoas passam a ser consideradas, acolhidas e respeitadas na sua dignidade. Esse caminho se aproxima da conquista da necessidade mais ampla, que é a de emancipação e autorrealização.

Na madrugada do dia 21 de dezembro de 2003, no município de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, após três anos de acampamento ao lado de uma estrada, ao lado de uma fazenda improdutiva, vinte famílias ocuparam uma propriedade de 154 hectares, sendo 14 hectares de capim e o resto Mata Atlântica. Alugaram um trator de um camponês da região e araram a terra dos 14 hectares de capim. As vinte famílias trabalharam três dias e três noites ‘sem parar’ plantando os 14 hectares de terra com sementes de hortaliças, porque as crianças estavam anêmicas e tinham que obter alimento o mais rápido possível. “Nossos filhos estavam anêmicos, mas foi só começarem a comer os alimentos produzidos com adubação orgânica e agroecológica, graças a Deus, estão todos bem nutridos, o que é atestado pela Pastoral da Criança”, informou-nos, feliz da vida, dia 22 de setembro de 2007, a Sem Terra Valéria Antônia Silva Carneiro, assentada no Assentamento Pastorinhas desde 2006[2]. 

Na luta pela terra, pelo menos em parte, contempla-se o que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) enunciou, em 1995, como sendo as quatro aprendizagens básicas: aprender a conhecer, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a ser (DELORS, 2010, p. 31), mas, atenção! Aprender sempre tomando-se por base os sujeitos injustiçados, valorizando suas experiências, problematizando a realidade sempre desde a perspectiva dos Sem Terra, eliminando a hierarquia entre os saberes, incentivando a criatividade e a compreensão de que o outro que está na horizontalidade não é um inimigo, mas alguém sem o qual não posso me emancipar e nem autorrealizar.

A luta pela terra como pedagogia de emancipação humana realiza, em alguma medida, o que apregoou Giulio Girard: “É, essencialmente, quebrar a comunidade educativa que traduz a sociedade de dominação para criar uma que anuncie a sociedade da autogestão. A educação libertadora deve, portanto, superar primeiro a relação autoritária entre educadores e alunos. Não suprime a autoridade, mas transforma radicalmente seu significado. [...] substituirá as motivações tradicionais baseadas na competição, no individualismo e no egoísmo, motivações de outra ordem que se baseiam na generosidade, no espírito de equipe e na solidariedade com os oprimidos. [...] a educação libertadora é iluminada por essa busca de sentido” (GIRARDI, 1998, p. 54-55).

A luta pela terra constitui-se, portanto, como pedagogia de emancipação humana por vários aspectos. Primeiro: nela, a reflexão é feita sempre no sentido de compreender a sociedade existente como sendo uma construção histórica capitalista, de classes com interesses antagônicos, em que a classe trabalhadora e o campesinato são injustiçados. A dominação é questionada teoricamente e na prática. Segundo: a regra geral é cuidar para que posturas autoritárias não apareçam e se surgirem devem ser questionadas imediatamente. Isso anima o potencial humano existente em todas as pessoas. Terceiro: ciente de que disciplina e autoridade são necessárias na luta pela terra, sempre é alertado para que o exercício da autoridade não descambe para o autoritarismo, nem para o personalismo, nem para o messianismo, nem para o populismo. Quarto: deve-se cultivar o espírito de solidariedade e de ajuda mútua, o que é um antídoto ao individualismo apregoado pela ideologia dominante na sociedade. Assim, a luta pela terra compreende uma práxis social sendo uma unidade inseparável de reflexão e ação.

 

Referências

ACANDA, Jorge Luis. Luces y sombras, la apropiación de Gramsci en Cuba en el último decenio. In: Hablar de GramsciLa Habana: Centro Juan Marinello, 2003.

___. Sociedad civil y hegemonía. La Habana: Centro Juan Marinello, 2002.

DELORS, Jacques et alii. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília, UNESCO, 2010.

GIRARDI, Giulio. Por una pedagogía revolucionaria. In: Caminos, vol. I. La Habana, 1998.

HERNÁNDEZ, Ovidio S. D’Angelo. Autonomía integradora y transformación social: El desafío ético emancipatorio de la complejidadLa Habana: Publicaciones Acuario Centro Félix Varela, 2005.

14/02/2023

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Visão panorâmica da Mata do Jd. América em BH/MG. Lutamos por Preservação INTEGRAL da Mata. SOS MATA

2 - “Nossa Mãe, nós e nossos filhos e netos viverão aqui no nosso Quilombo Araújo, Betim, MG”. Vídeo 4

3 - Basta de sexta-feira da Paixão em Betim, MG! Construamos Domingos de Ressurreição. Araújo! Vídeo 3

4 - Ato Público e Culto na Comunidade Tradicional Quilombola Família Araújo, de Betim/MG. Início/Vídeo 1

5 - Culto de Resistência n Comunidade Tradicional Quilombola Família Araújo, de Betim/MG. Luta! Vídeo 2

6 - "Se Medioli não respeita pobres e derruba suas casas, não pode mais ser prefeito de Betim/MG": Zélia

7 - “Em Betim/MG, prefeito Medioli faz guerra contra os pobres e destrói casas” (Adv. Dr. Ailton Matias)

8 - Na ALMG: “Da nossa Comunidade Tradicional Quilombola Família Araújo, de Betim/MG, só saímos mortos”

9 - Frei Gilvander, na ALMG: “Despejo Zero não só até 30/6/22, mas para sempre! Cadê a função social?”


[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Vereadores/as de BH, EXIGIMOS Preservação integral da Mata do Jd. América em BH-MG. Fora, construtora Patrimar!

Exigimos a Preservação Integral da Mata do Jd. América, em BH/MG! Exigimos a anulação do Acordo injusto com a construtora Patrimar. Não aceitamos devastar a Mata para construir quase 400 apartamentos de luxo, em prédios de 17 andares. DEFENDEMOS A VIDA! – CMBH, 07/02/23



Filmagem, Edição e Divulgação: Frei Gilvander Moreira, da CPT, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares, em Minas Gerais. Acompanhe a luta pela terra e por Direitos também via www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com - www.cebimg.org.br  - www.cptmg.org.br  - www.cptminas.blogspot.com.br

Todos os vídeos, músicas e imagens utilizados no vídeo pertencem aos seus respectivos proprietários. O material é utilizado apenas para fins educacionais e se enquadra nas diretrizes de uso aceitável. Não se pretende infringir direitos autorais. Se você é o proprietário do conteúdo legal de qualquer vídeo, música e imagem aqui usados e gostaria que fossem removidos, por favor, entre em contato conosco (Frei Gilvander – gilvanderlm@gmail.com  ),

Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #ForaRodoanel #DespejoZero #PalavraÉticacomFreiGilvander #NaLutaPorDireitos #ÁguasParaaVida #BarragemNão #FreiGilvander #PalavrasDeFéComFreiGilvander 






Luta por direitos, ética e comunicação. Por frei Gilvander

 Luta por direitos, ética e comunicação. Por frei Gilvander Moreira[1]

Vive-se no Brasil a violação dos direitos fundamentais. Exemplos disso: o desmonte dos direitos trabalhistas. | Nivea Martins e Victor Oliveira/Mídia Ninja

Na era do celular e da internet (instagram, whatsapp, facebook, tiktok etc) está muito mais difícil o Estado e a classe dominante sustentarem sua hegemonia primando exclusivamente pelo emprego da força bruta militar. A classe dominante lança mão dos grandes meios de comunicação e da internet para colocar na pauta do cotidiano das pessoas o entretenimento, o economicismo e a violência (tríade que atualiza a política do “pão e circo”), tudo isso trombeteado aos quatro ventos. Assim, mais escondendo do que revelando, o poder midiático se tornou ‘o maior partido político’, pois constrói falsos consensos que ‘legitimam’ a ação repressora do Estado e da classe dominante. Por isso, atualmente é inconcebível a luta pela terra, por território e por moradia sem um intenso processo de comunicação a partir da microcomunicação. Não basta mais só lutar. É preciso lutar e comunicar permanentemente e de forma intensa as lutas que estão sendo travadas e os seus desdobramentos. Isso altera a correlação de forças e o ‘equilíbrio’ que o filósofo Antonio Gramsci alerta dever existir para a perpetuação da hegemonia da ordem estabelecidaAssim como o Estado não pode usar só a força para se impor, mas precisa buscar consensos, na luta pela terra, por território e por moradia, para que a luta por direitos seja de alguma forma pedagogia de emancipação humana, não basta os Sem Terra, os Sem Teto e os Povos Tradicionais se unirem, se organizarem e ocuparem os latifúndios que não cumprem sua função social e retomarem seus territórios que foram invadidos e grilados de muitas formas ao longo de 522 anos, mas é preciso, também, buscar consensos na sociedade disputando a opinião pública para apoiar a causa da democratização e da socialização da terra, dos territórios e dos direitos sociais, entre os quais está o morar de forma adequada. Se o movimento de luta pela terra, por território e moradia se isola, fica fácil ser aniquilado pelas forças do latifúndio, do agronegócio, da especulação imobiliária, do Estado, enfim, forças do capital.

Atento a isso, nos últimos dez anos, gravamos no calor das lutas mais de quatro mil videorreportagens e disponibilizamos na internet (youtube, facebook, blogs, whatssap, instagram etc), os quais já têm mais de três milhões de visualizações no total. Alguns desses vídeos me renderam processos judiciais movidos por empresas, juiz, desembargadora e empresários, porque ficaram incomodados com as denúncias que fizemos. Todos alegam ‘calúnia, injúria e difamação’, mas estão todos dentro do direito à informação e da liberdade de expressão.

Participar de lutas por direitos é imprescindível. A essência da participação está em romper voluntária e conscientemente pela luta a relação assimétrica de submissão e de dependência existente no binômio sujeito-objeto, segundo a qual o sujeito seria o ativo e o objeto, o passivo. E, obviamente, desestabilizar as estruturas e instituições que sustentam assimetrias e desigualdades. Para isso é elementar não recairmos em uma espécie de esquizofrenia social, onde alguém luta por justiça sem ser justo; denuncia violação de direitos humanos, mas no comportamento pessoal é machista, racista, homofóbico, antiecológico e imoral. Isso corrói como vírus transmissível o tecido social de quem busca emancipação. Sem colocar em prática o melhor do ser humano pelo qual se luta não pode haver emancipação. A coerência pessoal e a integridade moral do militante da luta pela terra, por território e moradia é condição sine qua non para a lutar avançar em conquistas de direitos sociais e, assim, ser de alguma forma emancipatória.

Para analisarmos as relações entre a política, a subjetividade social e uma ética emancipatória com o objetivo de construirmos uma sociedade justa e solidária não basta considerarmos a concepção de poder da filosofia dialética marxista, mas precisamos também da ótica foucaultiana de análise do poder bem apresentada pelo pensador Jorge Acanda, assim: “O poder não é uma instituição, nem uma estrutura, nem uma certa força de que certas pessoas são investidas; é o nome dado a uma relação estratégica complexa em uma determinada sociedade. [...] Na realidade, o poder significa relações, uma rede mais ou menos organizada, hierárquica, coordenada. [...] O que faz com que o poder se sustente, que seja aceito, é simplesmente que ele não pesa apenas como um poder que diz não, mas realmente penetra, produz coisas, induz ao prazer, forma saberes, produz discursos; deve ser considerado como uma rede produtiva que perpassa todo o corpo social e não como uma instância negativa cuja função é reprimir”  (ACANDA, 2000, p. 91).

Entendemos ‘sociedade civil’ não como algo separado da sociedade política e do Estado, como assinalou Gramsci (Cf. ACANDA, 2002, p. 254), mas como “cenário legítimo de confronto de aspirações, desejos, objetivos, imagens, crenças, identidades, projetos, que expressam a diversidade constituinte do social” (ACANDA, 2002, p. 257).

Diante do esgotamento e das contradições do socialismo real centrado no Estado, para que a luta pela terra, por território e por moradia seja pedagogia de emancipação humana é imprescindível repensar o socialismo inclusive nas perspectivas ética, cultural e ecológica. Jorge Acanda pondera: “O esgotamento histórico do modelo de socialismo baseado na unicentricidade do Estado, e a necessidade de avançar para a organização de um socialismo pluricêntrico, acarreta a necessidade de interpretar o socialismo como tensão e de estruturar um projeto alternativo às receitas neoliberais que não seja apenas econômico e político, mas também – e sobretudo – moral, cultural e ecológico” (ACANDA, 2003, p. 131).

Enfim, lutar por direitos exige comunicação intensa que fure a bolha da ideologia dominante e dê visibilidade às reivindicações justas e legítimas dos grupos injustiçados. Participar é imprescindível, mas cultivando a ética do que pode haver de melhor na pessoa humana.

Referências

ACANDA, Jorge Luis. Luces y sombras, la apropiación de Gramsci en Cuba en el último decenio. In: Hablar de GramsciLa Habana: Centro Juan Marinello, 2003.

___. Sociedad civil y hegemonía. La Habana: Centro Juan Marinello, 2002.

08/02/2023 

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Frei Gilvander e CPT: Exigimos a Preservação integral da Mata do Jd. América, BH/MG! Natureza, SIM!

2 - Prédios de 17 andares com quase 500 aptos de luxo na Mata do Jd. América em BH/MG? Inadmissível!

3 - “Basta de propostas conciliatórias sobre a Mata do Jd. América, em BH/MG! Preservação 100%, JÁ!"

4 - Basta de especulação imobiliária na Mata do Jd. América, em BH/MG! O justo é preservação 100%, JÁ!

5 - SALVE a Mata do Jd. América, em BH/MG, com urgência! Anulação do acordo injusto e sob coação, JÁ

6 - Mata do Jd. América em BH/MG, único pulmão de 11 bairros de BH. Preservação INTEGRAL 100%, JÁ! v. 2

7 - MRS alega risco inexistente p expulsar famílias, demolir casas, se apropriar Jd. Ibirité, Ibirité/MG



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Participação e Autonomia na Luta por Direitos. Por frei Gilvander

Participação e Autonomia na Luta por Direitos. Por frei Gilvander Moreira[1]

8 de Março de 2018 em Feira de Santana, na Bahia: MULHERES NA LUTA POR DIREITOS, DEMOCRACIA E AUTONOMIA. Foto: Divulgação Redes Virtuais

Em uma sociedade capitalista com uma brutal desigualdade socioeconômica e política, compreendemos a luta pela terra, por território e por moradia como sendo uma pedagogia de emancipação humana que, sob certo sentido, desconstrói uma educação integradora no sistema do capital como “aquele cujo real objetivo, consciente ou inconscientemente, é integrar o indivíduo à sociedade, tornando-o um bom cidadão, isto é, uma pessoa de ordem, por meio da inculcação da ideologia dominante. Dessa forma, a educação inclusiva é fator fundamental para a reprodução da sociedade” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 48).

O tema da autonomia é central na psicologia, na filosofia e, em geral, nas ciências sociais. Se as/os trabalhadoras/res e as/os camponesas/ses não se tornam sujeitos autônomos de suas vidas e da sua existência não dá para construir emancipação. Segundo a psicologia humanista (C. Rogers, E. Fromm, por exemplo), a pessoa existe para ser autônoma. Sem autonomia, a pessoa não se realiza humanamente. “Para J. Piaget, o esquema do desenvolvimento da individuação suscita a transição do egocentrismo para o sociocentrismo, que passa pela aquisição de níveis crescentes de autonomia e que, ao tornar o indivíduo mais autônomo (e reflexivo) em relação à influência do ambiente permite que a pessoa opere com maior grau de autonomia; no campo dos valores (também para Piaget) seria sobre a transição do convencionalismo e da heteronomia (aceitação acrítica das influências de valor), para a autonomia da pessoa” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 63).

Para a condição humana social, cultural e historicamente circunstanciada, o estado de submissão, imposição e constrangimento das potencialidades da pessoa humana é tremendamente desemancipatório, pois abafa o potencial humano que poderia desabrochar, mas para isso exige ambiente acolhedor e respeitoso. A emancipação pessoal se constrói no exercício de diálogo crítico, reflexivo e criativo, aberto à problematização de tudo, no qual o sujeito é parte comprometida com a práxis social e com a produção de conhecimento emancipatório. Uma postura pessoal autônoma implica tomar decisões consequentes com esse modo de pensar.

Nos processos de emancipação o papel da cultura é imprescindível, pois “esta é a capacidade de abarcar as diversas expressões produtivas e espirituais da sociedade, de expressar os elementos essenciais que identificam os povos” (VÁZQUEZ; GONZÁLEZ, 2001, p. 24). Nessa perspectiva, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), O Movimento Indígena e Quilombola e outros valorizam muito as expressões culturais populares e a mística – ‘pulmão da luta’ -, sempre incentivando o máximo de criatividade nos inícios dos encontros, das lutas, durante e ao final, sempre com inserções plásticas – simbólicas – carregadas de vigor das causas que estão sendo defendidas.

Temos que reconhecer que estamos imersos em muitas crises, entre as quais uma crise ética sem precedentes na história. Uma revolução ética é urgente e necessária. O socialismo preconizado por Karl Marx, que se afirmou como uma utopia necessária e possível, infelizmente não foi implementado em toda sua plenitude durante o século XX em nenhum país. “A promessa de uma sociedade diferente, pós-capitalista, revolucionária e revolucionada, que encorajasse as capacidades humanas a partir de uma ordem equitativa e justa, não se tornou viável no século XX: o socialismo não se tornou um processo civilizatório e cultural diferente do capitalismo” (ALONSO, 1998, p. 16-17).

Por causa da violação de direitos humanos fundamentais pelo (des)governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não podemos cometer a injustiça histórica de condenar todo e qualquer tipo de socialismo. Necessário se faz fazer uma distinção que Marta Harnecker faz: “estabelecer as distinções entre projeto e modelo para falar de socialismo após o fracasso do socialismo real: ou seja, “o projeto ou proposta socialista e certo modelo de socialismo [...] o que foi efetivamente derrotado foi um modelo de socialismo: o soviete, e não o projeto socialista como tal” (HARNECKER, 1999, p. 125).

Construir uma sociedade justa economicamente, solidária socialmente, ecologicamente sustentável, ecumênica e politicamente democrática continua sendo um sonho não realizado (“Sonho bom!”), não apenas porque não foi viável ao longo da história, mas também, e talvez principalmente, porque não foram aproveitadas as brechas da história e nem cunhas suficientes foram colocadas para bloquear a engrenagem do sistema do capital que continua cada vez mais avassalador e brutalmente violentador de direitos humanos e de direitos da natureza.

A luta pela terra se torna efetiva pela participação dos sujeitos Sem Terra (da mesma forma para os Sem Teto e Povos Tradicionais) ao descobrir que tem poder econômico quem controla o capital e exerce o poder político quem comanda o aparelho repressor do Estado e faz as leis. No entanto, o poder dos Sem Terra, dos Sem Teto e dos Povos Tradicionais está na participação, no número. Quanto maior e melhor for a participação dos sujeitos que lutam pela terra, por território e por moradia, mais vitórias serão conquistadas. Portanto, o conceito de participação é fundamental, mas este é um conceito análogo, pois pode ser entendido de diversas formas. Ajuda-nos o conceito de participação, apresentado por Kisnerman, citado por Hernández, que afirma: “Participar é [...] estar em algo, fazer parte, decidir, é tomar decisões e não simplesmente ser o executor de algo, é estar sujeito a todo um processo, portanto participação é a estratégia essencial em toda promoção comunitária” (KISNERMAN, 1990 apud HERNÁNDES, 2005, p. 109). A participação se expressa de diversas formas em todo o processo de luta coletiva pela terra, por território, por moradia e por outros direitos sociais. “[...] não só como resposta à mobilização convocada de um centro, mas intervenção ativa em todo o processo social, desde a identificação de necessidades, a consequente definição de políticas, até à execução, passando pela implementação e controlo em torno dessas políticas (GUZÓN apud HERNÁNDEZ, 2005, p. 110).

Há diversos níveis de participação e não há como lidar com o conceito de participação sem colocar em baila a noção de sociedade civil cunhada por Antonio Gramsci, que interpretou a questão do poder através do conceito de hegemonia. Conforme Jorge Acanda: “A teoria da hegemonia teve que desenvolver a teoria marxista do Estado, indo além de sua interpretação inicial como um mero conjunto de instrumentos de coerção, para interpretá-lo também como um sistema de instrumentos para a produção de liderança intelectual e consenso” (ACANDA, 2002, p. 244-245). A esse respeito Ovidio Hernández cita Gramsci nos Cadernos do Cárcere, onde o filósofo italiano comunista, enquanto estava preso, afirma: “O exercício normal da hegemonia [...] é caracterizado por uma combinação de força e consenso, que se equilibram de maneiras diferentes, sem que a força predomine demais sobre o consenso, e tentando fazer a força parecer baseada na aprovação da maioria, expressa através dos chamados órgãos de opinião pública (GRAMSCI apud HERNÁNDEZ, 2005, p. 111).

Enfim, a luta por direitos pressupõe autonomia, participação, mística libertadora, utopia socialista, tudo conjugado para conquistarmos emancipação humana. Eis um caminho emancipatório. Bem-vindo/a à luta por direitos!

 

Referências

ACANDA, Jorge Luis. Sociedad civil y hegemonía. La Habana: Centro Juan Marinello, 2002.

HARNECKER, Marta. Democracia y socialismo. In: Temas, n. 16-17. La Habana, 1999.

HERNÁNDEZ, Ovidio S. D’Angelo. Autonomía integradora y transformación social: El desafío ético emancipatorio de la complejidad. La Habana: Publicaciones Acuario Centro Félix Varela, 2005.

VÁZQUEZ, Elvira; GONZÁLES, Andrés. Las políticas culturales, su papel en los procesos de desarrollo. In: Memorias Primer Taller Nacional Intersectorial Comunitario, La Habana, UNESCO, 2001.

31/01/2023

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Frei Gilvander e CPT: Exigimos a Preservação integral da Mata do Jd. América, BH/MG! Natureza, SIM!

2 - Prédios de 17 andares com quase 500 aptos de luxo na Mata do Jd. América em BH/MG? Inadmissível!

3 - “Basta de propostas conciliatórias sobre a Mata do Jd. América, em BH/MG! Preservação 100%, JÁ!"

4 - Basta de especulação imobiliária na Mata do Jd. América, em BH/MG! O justo é preservação 100%, JÁ!

5 - SALVE a Mata do Jd. América, em BH/MG, com urgência! Anulação do acordo injusto e sob coação, JÁ

6 - Mata do Jd. América em BH/MG, único pulmão de 11 bairros de BH. Preservação INTEGRAL 100%, JÁ! v. 2



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

  

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Complexidade: e a força das pequenas vitórias? Por frei Gilvander

 Complexidade: e a força das pequenas vitórias? Por frei Gilvander Moreira[1]


Em uma sociedade capitalista como a nossa, a interpretação da dinâmica social segundo a perspectiva do materialismo histórico-dialético é algo imprescindível na construção de emancipação humana e tem como características os seguintes traços: “a crítica da causalidade linear e a absolutização da causalidade que exclui a participação de elementos aleatórios, caos e perturbações na definição dos rumos de processos de diferentes naturezas; impossibilidade de eliminar a influência do objeto de medição no objeto medido; relevância das qualidades de auto-organização no funcionamento de diferentes sistemas; importância das situações de incerteza e imprevisibilidade” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 27).

Ao defender o princípio da complexidade, Edgar Morin (2004 e 2008) ensina que de toda parte surge a necessidade de um princípio de explicação mais rico do que o princípio de simplificação (separação/redução), princípio básico da ciência. Porém, ciente de que o paradigma da complexidade, proposto por Edgar Morin (2002) e outros, contribui para a superação de análises dualistas e dicotômicas, mas também ciente de que o paradigma da complexidade pode descambar para uma espécie de relativismo que ofusca a opressão de classe e a superexploração das classes trabalhadora e camponesa perpetrada pelo sistema do capital que, ao sequestrar os meios de produção e realizar o cativeiro da terra, superexplora a força de trabalho, gerando mais-valia e acumulando capital em uma progressão geométrica, não podemos ignorar o que há de bom no paradigma da complexidade. Segundo Ovidio Hernández, o paradigma da complexidade se sustenta em seis princípios: a) princípio dialógico, que é o elo entre os elementos antagônicos inseparáveis; b) princípio de recursividade organizacional, que afirma serem os efeitos eles mesmos produtores das causas; c) princípio hologramático, que afirma que não só a parte está no todo, mas que também o todo está na parte; d) princípio de adaptação e evolução conjunta, que diz que os processos de auto-organização de sistemas complexos se transformam em conjunto com o seu entorno; e) princípio da não proporcionalidade ou não linearidade da relação causa-efeito, que afirma que vitórias de caráter menor podem desenvolver processos de mudanças substanciais, “a força das pequenas vitórias”; f) princípio da sensibilidade às condições iniciais, o qual afirma que uma pequena mudança nas condições iniciais de surgimento e organização de um sistema complexo pode conduzir a resultados muito diferentes (Cf. HERNÁNDEZ, 2005, p. 28-29).

A luta pela terra, por território e por moradia se alimenta da força de pequenas vitórias. “São os pequenos tijolos que sustentam as grandes construções”, dizem muitos camponeses. Acreditar no pequeno, em si mesmo, no/a companheiro/a Sem Terra, Sem Teto, nos Povos Tradicionais e na luta: eis outro traço de emancipação humana presente nos Sem Terra que batalham na luta pela terra, nos Sem Teto que lutam pela moradia e nos Povos Originários que lutam pelo resgate de seus territórios. “O mistério da força e do crescimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está justamente nas pequenas coisas, que as velhas estruturas nunca valorizaram, assim destruindo-se por terem asfixiado a capacidade de criar de seus integrantes. Os inimigos procuram nossas virtudes nas grandes coisas. Na verdade, estas são apenas a expressão da dedicação que cada Sem Terra tem ao fazer pequenas coisas acontecerem” (BOGO, 1999, p. 152). De fato, nas lutas por direitos, o que à primeira vista parece ser impossível conquistar, com a perseverança na luta, torna-se possível. Com a luta coletiva perseverante o impossível se torna possível.

Como se forma, enquanto construção histórico-cultural, a subjetividade dos sujeitos Sem Terra na luta pela terra, dos Sem Teto na luta pela moradia e dos Parentes Originários na luta pelo resgate de seus territórios? De acordo com a concepção original marxista, Ovidio Hernández afirma: “a subjetividade dos indivíduos é elaborada e ativada no conjunto de condições de sua existência material, de suas relações sociais de grupo e classe, de suas práticas cotidianas e das produções culturais que compõem a subjetividade social, das quais não pode ser deduzida, por outro lado, uma linearidade de determinações” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 37).

A luta pela terra, pela moradia e por território em alguma medida tem a força de desencadear um processo revolucionário? Depende do que se entende por processo revolucionário, que para Ovidio Hernández trata-se de “um conjunto interativo de ações políticas coletivas que inclui ações populares, que impactam profundamente uma sociedade e nela introduzem mudanças em diversas áreas que estabelecem um antes e um depois, no que diz respeito à revolução, para indivíduos, grupos e sociedade como um todo” (HERNÁNDEZ, 2005, p. 37).

Na luta pela terra, os Sem Terra experimentam que o Estado não promove políticas para o bem comum, não apenas se omite ou é lento em realizar políticas públicas emancipatórias, mas, ao contrário, o Estado é violentador da dignidade humana, dos direitos sociais e, especificamente, do direito à terra. Em uma sociedade capitalista, o Estado se torna vassalo da reprodução do sistema e para isso mantém a terra em cativeiro, não se faz reforma agrária. Mas os Sem Terra na luta pela terra sabem que não basta tomar de assalto o poder político se apropriando do Estado, pois vale a análise feita por Michel Foucault sobre o Estado, o poder e caminho para a revolução, como segue: “Para evitar a experiência soviética e evitar que o processo revolucionário seja derrubado, uma das primeiras coisas a entender é que o poder não está localizado no aparato do Estado, e que nada na sociedade mudará se os mecanismos de poder não forem também transformados, os que funcionam fora, abaixo e nos aparelhos de Estado, ao nível da vida quotidiana, de cada minuto” (FOUCAULT, 1980, p. 60).

Portanto, deve-se usar o paradigma da complexidade para analisar as questões sociais, mas sem recair no complexíssimo paralisante e, acima de tudo, batalhar pelas pequenas mudanças que podem se tornar alavancas de grandes transformações.

Referência

BOGO, Ademar. Lições da luta pela terra. Salvador: Memorial das letras, 1999.

FOUCAULT, Michel. Power/Knowledge. New York: Pantheon Books, 1980.

HERNÁNDEZ, Ovidio S. D’Angelo. Autonomía integradora y transformación social: El desafío ético emancipatorio de la complejidad. La Habana: Publicaciones Acuario Centro Félix Varela, 2005.

MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Tradução: Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória. Rio de Janeiro, 2008.

______. Saberes globais e saberes locais: o olhar transdisciplinar.  Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

______. O problema epistemológico da complexidadePortugal: Biblioteca Universitária, 2002.

24/01/2023

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Esperar lutando por direitos humanos fundamentais: eis o caminho! Por frei Gilvander Moreira

2 - Preservação INTEGRAL da Mata do Jd. América, em BH/MG, JÁ! Abraço à Mata. Fora, construtora Patrimar

3 - MRS derrubou 47 casas em Ibirité/MG, INCLUSIVE a de uma mãe grávida de gêmeos, no Morada da Serra

4 - “MRS usou CITAÇÃO para nos pressionar, COAGIR, dizendo q tínhamos q sair em 15 dias. Acordo injusto"

5 - “MRS Logística S/A no Morada da Serra, em Ibirité/MG, infernalizou nossa vida, com pressão e coação"

6 - “21 casas não tinham necessidade de serem demolidas, no Jd. Ibirité/MG, pela MRS c acordos e coação"

7 - Educação para prática de libertação! - Por frei Gilvander Moreira


[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Como superar a fetichização e a coisificação? Por frei Gilvander

 Como superar a fetichização e a coisificação? Por frei Gilvander Moreira[1]


Muitas vezes, a realidade social é vista em termos simplistas, com generalizações, polarizações, dualismos e dicotomias, tais como: tradicional/moderno, rural/urbano, tradicional/racional, emocional/racional, pré-capitalista/capitalista etc., mas ao analisar a realidade social em esquemas dicotômicos acaba-se por pensar ser o mundo ambíguo, o que esconde a dominação de fundo, que é a dominação do trabalho e da terra pelo capital, algo que se constrói pela fetichização das mercadorias e coisificação do ser humano detentor de dignidade e de direitos. E, pior, a ambiguidade se sobrepõe ao antagonismo e à contradição constitutiva da sociedade capitalista, de modo que o que é construído nas teias das condições históricas e materiais aparece como simplesmente imperfeito.

A luta entre sem-terra – oprimidos - versus latifundiários – opressores - , sem-casa versus especuladores da cidade, negros versus racistas, mulheres versus homens machistas e patriarcais, homossexual versus homofóbicos, meio ambiente versus agronegócio e mineradoras, democratas versos bolsonaristas golpistas, não se trata apenas de um conflito entre o bem e o mal. Recair também no modo capitalista de pensar é embaçar e encobrir com uma ‘nuvem de fumaça’ a realidade complexa das relações sociais e históricas que determinam a exploração do trabalho pelo capital. A luta pela terra é travada dentro do capitalismo, onde “o modo de produção capitalista, na sua acepção clássica, é também modo capitalista de pensar e deste não se separa” (MARTINS, 1986, p. IX). Enquanto modo de produção de ideias, levado para todas as classes sociais a partir da classe dominante, o modo capitalista de pensar está introjetado no conhecimento científico tanto quanto no senso comum e diz respeito “ao modo de pensar necessário à reprodução do capitalismo, à reelaboração das suas bases de sustentação – ideológicas e sociais” (MARTINS, 1986, p. IX).

Karl Marx analisa o fetichismo da mercadoria, que gera a alienação na sociedade. Com a mercantilização de tudo na sociedade capitalista, todo sujeito é transformado em mercadoria, que se vende e se compra. O que predomina é “a razão que faz com que as coisas se relacionem umas com as outras como se fossem dotadas de condição humana e que faz com que as relações entre as pessoas pareçam relações entre coisas” (MARTINS, 1986, p. 17).

No livro Sobre o modo capitalista de pensar, o sociólogo José de Souza Martins (1986) nos alerta para a necessidade de uma sociologia crítica e fecunda. Ele denuncia a segmentação do conhecimento em disciplinas especiais como um artifício de abstração que torna múltiplo um objeto que resiste ao rompimento da sua unicidade, aponta a origem ambígua da sociologia como pensamento conservador necessário à constituição da sociedade capitalista e advoga pertinentemente a necessidade de se trabalhar teoricamente a partir de uma visão totalizadora e histórica das situações sociais (Cf. MARTINS, 1986, p. 26-27.51). A luta pela terra, por território e por moradia contribui para a superação desse esquartejamento da realidade em disciplinas especiais e aponta para a importância de se criar visão totalizadora e histórica das situações sociais.

Resgatar historicamente as origens de tudo o que se vai analisar é imprescindível para se compreenderem as condições históricas e materiais que geraram certos tipos de pensamento que são pensamentos capitalistas. O pensamento não é neutro, não parte de tábua raspada, mas “é produto de um estilo de pensamento. O pensamento traduz uma maneira de ver e de viver e, portanto, uma forma de querer generalizada sob ação dos mecanismos de alienação, isto é, de reprodução social” (MARTINS, 1986, p. 48).

Não há como haver emancipação sem criatividade – dimensão poética da vida -, pois a criatividade evita a adaptação, a adequação e o conformismo diante da ordem estabelecida vigente. A luta pela terra, por território e por moradia, ao envolver a participação de todos os Sem Terra, Sem Moradia e Povos Tradicionais distribuídos democraticamente em comissões e tarefas, cultiva e fomenta a criatividade entre os camponeses Sem Terra, os Sem Casa e os Povos desterritorializados, o que desenvolve aspectos emancipatórios. Por alimentar o trabalho poético – criativo – a luta pela terra, por território e por moradia dificulta os processos de fetichização e de coisificação. Por isso também, a luta pela terra, por território e por moradia tem algo de emancipatório. Pesquisando e acompanhando a luta pela terra em várias regiões do país, ainda em 1991, José de Souza Martins alertava: “Uma reforma agrária que não incorpore os projetos e formulações já revelados nas próprias lutas dos lavradores, que não combine as diferentes concepções e práticas alternativas de propriedade, e que ao mesmo tempo não abra a possibilidade de crescimento desses regimes alternativos sem a tutela do capital, poderia se transformar num mero exercício de ficção” (MARTINS, 1991, p. 59-60).

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e os Movimentos Sociais Populares internamente enfrentam no cotidiano da luta por terra, território e outros direitos socioambientais uma tensão dialética desafiadora entre “agentes da CPT e trabalhadores/as”, outras vezes entre “cúpula de assessoria e base”. Mas, cultivando humildade, paixão pela causa das camponesa e dos camponeses, capacidade de ouvir e levar a sério o que dizem as trabalhadoras e os trabalhadores, dialogar – falar ‘com’ e não apenas falar ‘para’/‘ao’ ou ‘sobre’ - a CPT e os Movimentos Sociais Populares seguem empunhando a bandeira da agricultura camponesa, da luta pela terra, embasando-se nos últimos do campesinato. Lutar pela terra de forma emancipatória exige não recair em nível pessoal, nem em nível comunitário-coletivo no dogmatismo, nem no relativismo, nem no basismo, nem no idealismo e nem no romanticismo. Se a realidade atual é cruel e complexa, não haverá soluções simplistas, mas complexas, processuais e que exigem aprimoramento teórico e prático constante. A interpretação da dinâmica social segundo a perspectiva do materialismo histórico-dialético é algo imprescindível na construção de emancipação humana.

Em síntese, a dominação do capital sobre o trabalho ancorado no aprisionamento da terra está se reproduzindo cotidianamente. O caminho para a superação desta brutal violência social passa necessariamente pela luta pela terra, por território, por moradia e por todos os outros direitos socioambientais. Tudo isso feito articulando os saberes populares construídos no calor das lutas históricas e gerando condições objetivas materiais que viabilizem mudanças de consciência no rumo de emancipação humana.

Referência

MARTINS, José de Souza. Expropriação e violência: a questão política no campo. 3a edição. São Paulo: HUCITEC, 1991

______. Sobre o modo capitalista de pensar. 4ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1986.

17/01/2023

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Educação para prática de libertação! - Por frei Gilvander Moreira

2 - “Todo mundo aqui no Jd. Ibirité/MG foi coagido e forçado a sair das 21 casas. MRS está nos matando"

3 - Esperar lutando por direitos humanos fundamentais: eis o caminho! Por frei Gilvander Moreira


4 - Frei Carlos Mesters: CF/22 -Fraternidade e Educação. “Fala com sabedoria, ensina com amor”(Pr 31,26)


5 - “Arborizemos nosso ambiente! Educação ambiental e práxis ecológica” (Rosimeire Maria, de Arinos, MG)


6 - Frei Gilvander X Seguranças da Vale S/A e Educação Indígena Xukuru-Kariri, em Brumadinho/MG. Vídeo 7


7 - P.A Terra Prometida do MST em Felisburgo/MG produz alimentos saudáveis e Educação do Campo. Vídeo 3


8 - Frei Gilvander apoia greve dos trabalhadores e trabalhadoras em Educação de Betim, MG 12 2 2020




[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Terrorismo nas sedes dos Três Poderes em Brasília: sem punição não terá fim. Por Frei Gilvander

 Terrorismo nas sedes dos Três Poderes em Brasília: sem punição não terá fim. Por Frei Gilvander Moreira[1]

Ato Público e Marcha em Belo Horizonte, MG, em repúdio aos ataques terroristas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. Foto: Divulgação Revista Piauí - Praça da Estação, em Belo Horizonte.09/01/2023.

Estarrecido com os ataques terroristas, fascistas, golpistas, bolsonaristas, acontecidos em Brasília nas sedes dos Três Poderes da República Federativa do Brasil, patrimônio da humanidade, no domingo, dia 08 de janeiro de 2023, uma semana após Luiz Inácio Lula da Silva ter tomado posse pela terceira vez para ser presidente do Brasil nos próximos quatro anos. Ele governará para o bem do povo brasileiro para reconstruir o Brasil destruído sob todos os aspectos pelo desgoverno anterior. O vandalismo e a devastação perpetrada nas sedes dos Três Poderes foram imensos economicamente e simbolicamente incalculáveis. Na história do Brasil após a redemocratização não se tinha vista crimes tão horrendos.

Diante dos brutais crimes (são muitos!) cometidos pelos terroristas precisamos, primeiro, ter o melhor diagnóstico sobre o que aconteceu. Segundo, precisamos compreender como foram preparados os ataques, quem foram os criminosos, os mandantes, os financiadores, os mentores do terrorismo, os cúmplices, os coniventes, os omissos. Isso para tirarmos todas as lições destes ataques para que a democracia seja fortalecida e a barbárie contida. Deste mal é preciso tirar muitas boas lições.

Após chegarem a Brasília em mais de cem ônibus, em aviões e muitos em automóveis, com a cumplicidade das forças de segurança do Distrito Federal (Polícia Civil e Militar) que não organizaram a contenção dos golpistas e terroristas, mas “os escoltaram” até a Praça dos Três Poderes, onde invadiram o Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados), o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto sem encontrar quase nenhuma resistência das poucas forças de segurança presentes no momento da invasão, vandalizaram e depredaram tudo. Centenas de vidraças quebradas. Salas, salões e auditórios devastados com requintes de barbárie. Portas arrombadas. Urinaram e defecaram em várias salas. Destruíram um mural com fotos dos ex-presidentes do Brasil no Palácio do Planalto. Danificaram obras de arte de como “As Mulatas” de Di Cavalcanti (no valor de oito milhões de reais), de Portinari e outros/as artistas; destruíram bens históricos. Documentos, mobília, equipamentos eletrônicos, alimentos e até armas foram roubados. Roubaram até uma réplica do documento original da Constituição de 1988 do STF. Enfim, cuspiram ódio nos Três Poderes e em patrimônio histórico-cultural da humanidade.

Alguém já viu patriota destruir os símbolos da própria pátria? Travestidos de patriotas e de pessoas religiosas, não eram nem patriotas e nem religiosos, mas sim “sepulcros caiados” cheios de hipocrisia e violência. O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), órgão assessor da UNESCO, divulgou nota de repúdio à destruição de Patrimônio da Humanidade no Brasil nas sedes dos Três Poderes, na qual diz: “O ataque terrorista perpetrado pelas forças antidemocráticas contra o conjunto moderno de Brasília, inscrito pela UNESCO, representa não só uma agressão ao povo e ao patrimônio cultural brasileiro, mas um CRIME CONTRA A HUMANIDADE COMO UM TODO. Esses crimes são hoje passíveis de julgamento pelo Tribunal Pena Internacional (TPI), que em 2016, em um precedente marcante, condenou Ahmad al-Faqi Al Mahdi por crimes de guerra, pela destruição de importantes edifícios históricos na cidade de Timbuktu no Mali.

O número de criminosos é muito maior do que os 300 presos na contenção do vandalismo e os 1.200 detidos na manhã seguinte no acampamento ao lado do QG do Exército em Brasília. Na tentativa de invasão do Capitólio nos Estados Unidos 900 criminosos foram presos. Há vários tipos de criminosos terroristas envolvidos na execução, na preparação, na sustentação e no apoio ao gravíssimo atentado contra a Democracia brasileira. Há os que participaram dos ataques e que foram filmados por câmeras de drones da Polícia Federal e pelas Câmeras das sedes dos Três Poderes. Estes deixaram mais do que a digital nos crimes. Além destes, há as autoridades de forças de segurança que participaram, violando flagrantemente sua missão como agente do Estado brasileiro. Há autoridades políticas, civis e militares, cúmplices e coniventes, tais como o Governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, que foi afastado do cargo por 90 dias pelo ministro Alexandre de Moraes, por conduta “dolosamente omissiva”; o ex-secretário de segurança do DH, Anderson Torres, que, aliás, estava em Miami, onde está o ex-inominável, que precisa, com urgência, ser responsabilizado como autor intelectual e fomentador destes ataques terroristas, pois durante mais de quatro anos incentivou e alimentou os criminosos estilhaçando o regime democrático. Ameaçou o tempo todo que poderia dar golpe. E ao fugir “confessou” que não deu o golpe por falta de apoio. A todos criminosos recordamos o que diz o profeta Malaquias “Todos os que cometem injustiças serão como palha na fornalha acesa. E deles não sobrarão nem raízes e nem ramos” (Mal 3,19).

Há indícios seríssimos de que empresários do agronegócio financiaram estes atos terroristas. Os mandantes destes ataques terroristas precisam ser presos preventivamente e terem seus bens bloqueados para pagarem as reformas nas sedes dos Três Poderes. Não é justo que o povo brasileiro trabalhador arque com as despesas das reformas urgentes e necessárias.

Precisam ser responsabilizados também os corresponsáveis ideológicos e religiosos, vários deles identificados entre os participantes destes atos terroristas. Ideias e crenças movem as pessoas. Assistimos nos últimos anos um grande número de falsos pastores, padres bolsonaristas e outros líderes religiosos “assediando” muita gente que, ingenuamente ou cegado, acabou por acreditar no tsunami de mentiras que jorravam das bocas destes falsos pastores e profetas que conduzem o povo para o matadouro. Estes o profeta Miqueias desmascara: "vocês que têm horror ao direito e entortam tudo o que é reto" (Miq 3,9). Usaram e abusaram do nome de Deus, de Jesus e de textos bíblicos para fomentarem ódio, intolerância e uma série de discriminações na convivência social. Hipocritamente se diziam “defensores de Deus, da Família e da Pátria”, mas na prática são idólatras travestidos em vestes e discursos religiosos, são destruidores das famílias brasileiras, pois no fundo o que querem é continuar devastando a Amazônia, invadindo territórios indígenas, com garimpo e agronegócio desertificador dos territórios. E não são patriotas, mas patriotários, pois insistem em solapar a nossa Pátria, as instituições e valores democráticos. O profeta Miqueias não alivia com estes: “Os chefes de vocês proferem sentença a troco de suborno; seus sacerdotes ensinam a troco de dinheiro, e seus profetas são mercenários” (Miq 3,11).

Com o ex-ministro do STF Aires de Brito digo: “O terrorismo não acabará enquanto financiado, estimulado e aplaudido. E continuará matando a Democracia ... até que seja severamente punido." Aos golpistas terroristas dedicamos as palavras duras de Jesus Cristo no Evangelho de Mateus: "Ai de vocês que amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas vocês mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo" (Mt 23,4). De fato, esses golpistas apoiaram o desgoverno do inominável que condenou mais de 33 milhões de pessoas a passarem fome no Brasil. Mais de 400 mil mortos pela covid-19 poderiam estar vivos se o povo tivesse sido vacinado sem atraso de vários meses e se não tivesse sido implementada política negacionista da ciência. Os cortes brutais nas políticas públicas mataram muita gente. "Ai de vocês hipócritas! Vocês exploram as viúvas e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações. Por isso, vocês vão receber uma condenação severa” (Mt 23,14). Isso mesmo: o que não admitem, mas na prática querem é continuar roubando “as viúvas de hoje”, que são os Povos Indígenas, os quilombolas, o povo negro, periférico secularmente escravizado no nosso país. Querem mesmo é continuar saqueando os territórios (Amazônia e todos os outros biomas), com agronegócio desertificador de territórios e mineração que deixa terra arrasada onde se instala. Os terroristas sabem que o presidente Lula e a frente ampla que o elegeu têm compromisso com a implementação de políticas públicas que efetive justiça agrária, ambiental, urbana, trabalhista e previdenciária. No fundo, os terroristas são egoístas. Muitos deles faziam fila para comprar iates e helicópteros, sem pagar nem IPVA, enquanto o governo que eles sustentavam humilhava o povo na fila do osso, pela fome imposta.

Enfim, é hora de apuração urgente de todos os responsáveis e corresponsáveis pelos ataques terroristas. Punição, já, para que não voltem a tentar atentar contra a democracia. Ovo de serpente, se não for abortado, gera serpentes venenosas e letais. Sem punição não terão fim as ações antidemocráticas e violadoras de direitos humanos.

10/01/2023.

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - Ato Público/Marcha em BH/MG: repúdio aos ataques terroristas na sede dos Três Poderes. "SEM ANISTIA!"

2 - Presidente Lula fala sobre ataques terroristas em Brasília nas Sedes dos Três Poderes dia 08/01/2023

3 - Ministro da Justiça, Flávio Dino, e Ministro Alexandre Padilha sobre ataques terroristas em Brasília

4 - “SEM ANISTIA, SEM PERDÃO! PRISÃO PARA BOLSONARO E TERRORISTAS!" Ato Público/Marcha. BH/MG. Vídeo 2



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG; colunista dos sites www.domtotal.com , www.brasildefatomg.com.br , www.revistaconsciencia.com , www.racismoambiental.net.br e outros. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III