segunda-feira, 27 de abril de 2020

Frei Carlos Mesters: "A Eucaristia nos leva à partilha, à multiplicação dos pães"


Frei Carlos Mesters: "A Eucaristia nos leva à partilha, à multiplicação dos pães" – 24/4/2020.



Homilia na Missa da Sexta-Feira da Segunda Semana da Páscoa, na Igreja ao lado do Convento do Carmo, em Unaí, MG, Diocese de Paracatu.
Frei Carlos Mesters é holandês, nascido em 20/10/1931, carmelita da Província Carmelitana de Santo Elias. Missionário no Brasil desde 1949, sacerdote desde 1957, doutor em Teologia Bíblica, é biblista do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos) e um dos principais exegetas bíblicos do método histórico-crítico no Brasil.

Frei Carlos Mesters, frade e sacerdote carmelita e biblista do CEBI - www.cebi.org.br

* Vídeo original - Canal no Youtube: PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - UNAÍ - MG
*Divulgação: Canal no You Tube Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG

Salve a Serra da Piedade, em Caeté, ao lado de Belo Horizonte, MG, sendo devastada pela mineradora AVG e pelo Estado

Salve a Serra da Piedade, em Caeté, ao lado de Belo Horizonte, MG, sendo devastada pela mineradora AVG e pelo Estado – 25/4/2020.


No último sábado (25/4/2020), a Polícia Federal apreendeu e desarticulou uma quadrilha de garimpo clandestino de minério de ferro, que aos pés da Serra, praticava suas atividades de forma irregular, devastando o meio ambiente. A mineradora AVG está devastando a Serra da Piedade, local tombado como Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, local que deveria ser preservado, devido a diversidade de mananciais, da fauna e da flora ali presente e cada vez mais é devastado pelo "ideal minerador", cada vez mais é destruído pela ganância humana e ganância do lucro de empresas capitalistas. A Serra da Piedade, local que abriga o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, a menor basílica do mundo, casa da Padroeira de Minas Gerais, é patrimônio de todos os mineiros, local que deve ser preservado, cuidado, à luz da Ecologia Integral, em conexão com a Mãe Terra, evitando ao máximo sua exploração mineral imediatista que traz junto graves e grandes consequências irreversíveis. BASTA DE DEVASTAÇÃO! BASTA DE EXPLORAÇÃO! SALVE A SERRA DA PIEDADE! "O cuidado dos ecossistemas requer uma perspectiva que se estenda para além do imediato, porque, quando se busca apenas um ganho econômico rápido e fácil, já ninguém se importa realmente com a sua preservação. Mas o custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que o benefício econômico que se possa obter. No caso da perda ou dano grave de algumas espécies, fala-se de valores que excedem todo e qualquer cálculo. Por isso, podemos ser testemunhas mudas de gravíssimas desigualdades, quando se pretende obter benefícios significativos, fazendo pagar ao resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental", escreve o Papa Francisco (Laudato Si 36.).

Cratera deixada pela mineradora Brumafer na Serra da Piedade. O Governo de MG e representantes das mineradoras aprovaram licenciamento covarde, inconstitucional, ilegal, para a mineradora AVG continuar a devastação da Serra da Piedade, sob a desculpa esfarrapada de que irá recuperar a área. Como recuperar, se terá que minerar em 30 hectares? Cinismo e hipocrisia nesse licenciamento que precisa ser derrubado judicialmente.

Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais.
Fonte: Canal no You Tube do Santuário São Judas, de Belo Horizonte, MG.
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domingo, 26 de abril de 2020

2ª LIVE pela derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG. Por Patrimônio Hídrico e de Biodiversidade lutamos.


 2ª LIVE pela derrubada do veto do prefeito de Ibirité, MG. Por Patrimônio Hídrico e de Biodiversidade lutamos. 24/4/2020


Em defesa do patrimônio hídrico, histórico, paisagístico e de toda biodiversidade presente na Serra do Rola Moça, que o projeto de lei 058/2019 foi construído e aprovado na Câmara de Vereadores de Ibirité, MG. O projeto é fruto de muita luta coletiva da população, que só foi possível juntamente com legislativo da cidade, porém, foi vetado pelo prefeito de Ibirité (MG).
A Luta contra o VETO do prefeito de Ibirité-MG, William Parreira (do AVANTE), em relação ao projeto de Lei que transforma em Patrimônio Hídrico e da Biodiversidade área importante para preservação da Serra do Rola Moça, continua. Agora queremos que a Câmara de Vereadores que havia aprovado em unanimidade o projeto reafirme mais uma vez seu compromisso com o meio ambiente e derrube o veto do prefeito!
Quem já caminhou pelas bandas da Serra do Rola Moça já deve ter observado a quantidade de hortas que ficam aos pés da Serra, na certa deve ter observado que elas são ambiente de trabalho para centenas de pessoas, além de ajudarem na contenção dos impactos da expansão urbana sobre o Parque Estadual da Serra do Rola Moça
Para tratar desses e outros assunto convidamos para a nossa próxima LIVE o agricultor familiar Bruno Freitas, da comunidade rural Capão da Serra e atualmente diretor da ASPRUS (Associação dos Produtores Rurais de Sarzedo), além disso, Bruno é conselheiro do CODEMA de Sarzedo e secretário estadual de Juventude da FETAEMG.
E também Frei Gilvander Moreira, padre da Ordem dos carmelitas. Gilvander é doutor em educação, faz parte da Comissão Pastoral da Terra e é um incessante guerreiro em prol dos direitos humanos e na luta pela vida.
Participe da luta pela derrubada do veto injusto do prefeito William Parreira, de Ibirité, MG. Sugestão: Grave pequenos vídeos e divulgue pressionando os vereadores de Ibirité e a vereadora a derrubar o veto do prefeito William Parreira.

Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais.
*Filmagem: LIVE do Facebook: Serra Sempre Viva. Edição: frei Gilvander. Ibirité, MG, 24/04/2020.
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sábado, 25 de abril de 2020

Frei Gilvander: “Sem Quarentena, quem vai morrer?” - 1ª Parte - Na luta por direitos

Frei Gilvander: “Sem Quarentena, quem vai morrer?” - 1ª Parte - Na luta por direitos - 23/4/2020.



 Uma espada de dor está transpassando o coração de milhões de pessoas pelo mundo afora, em tempos de pandemia do novo coronavírus. Em todo o mundo, mais de 170 mil pessoas já morreram por COVID-19. No Brasil, o povo está no meio de um fogo cruzado: de um lado, autoridades sensatas recomendando o que orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS): quarentena que tem salvado muitas vidas, ficar em casa, lavar as mãos com frequência, usar máscara se tiver que sair de casa. Por outro lado, o desgoverno do antipresidente e uma elite que está desesperada, ao ver seus lucros diminuindo com os trabalhadores ficando em casa, seguem desdenhando das orientações da OMS, da ciência e, em postura genocida, empurrado para o matadouro o povo, ao incitar a retomada da normalidade que nos levou à pandemia. Retomar “mais do mesmo” será a morte de milhões de pessoas e galopar rumo a outras pandemias mais brutais. Como diz o biblista frei Carlos Mesters, “parede rachada não se conserta pondo reboco por cima, mas reconstruindo a casa”.

Frei Gilvander Moreira

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Sociais. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 23/4/2020.
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sexta-feira, 24 de abril de 2020

CPT: Lançamento do “Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2019”, com Paulo César, Antônio Canuto e Profa. Maria Cristina. Live

CPT: Lançamento do “Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2019”, com  Paulo César, Antônio Canuto e Profa. Maria Cristina. Live - 17/4/2020.



Dia 17/4/2020, dia internacional de lutas camponesas, 24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17/4/1996, e 4 anos do golpe de estado no governo da primeira Presidente Mulher do nosso país – Dilma Rousseff (17/4/2016), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou - online - a 34ª edição do Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2019. Todos os dados da publicação anual da #CPT já estão disponíveis. Você pode, também, acessar a publicação em PDF da CPT. Confira: https://bit.ly/3ahLv2w De modo geral os números da violência no campo no Brasil em 2019 foram: 32 assassinatos, maior número nos últimos dez anos; 1.254 conflitos por terra; 489 conflitos por água; 1.301 manifestações e 745 pessoas libertadas do trabalho escravo. Com profundo respeito pelas pessoas que estão por traz destes números, com as palavras da Pastora Nancy Cardoso, afirmamos: é tarefa da Comissão Pastoral da Terra fazer memória dos conflitos, não deixar que nenhuma história se perca, que os nomes das pessoas e lugares não sejam esquecidas. Nenhum conflito é pequeno demais, nenhum lugar é indiferente. Por isso fazer a memória, documentar, publicar, socializar é tarefa teológica e pastoral importante. É tarefa pastoral também denunciar os violentos, nomear os governos, polícias, milícias, juízes, latifundiários e agiotas do agronegócio, da mineração, das barragens assassinas,... as ofertas de vocês não são aceitas por Deus.


 Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, CEBs, CEBI, SAB e assessoria de Movimentos Sociais.
*Filmagem: Equipe de comunicação da CPT nacional. Edição: frei Gilvander. Goiânia, GO, 17/04/2020.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos. #FreiGilvander #NaLutaPorDireitos #PalavrasDeFéComFreiGilvander #XXIIIRomariaDasÁguasEdaTerraDeMG #ConflitosNoCampo

terça-feira, 21 de abril de 2020

Sacrifício de Cavernas em prol de uma economia macabra e aniquiladora. Chega! - Por Alenice Baeta

Sacrifício de Cavernas em prol de uma economia macabra e aniquiladora. Chega!   
Por Alenice Baeta[1]

Líder Indígena Emílio Xakriabá visitando uma caverna na região de Matozinhos, próximo à capital mineira, Belo Horizonte, MG, mencionando a importância de proteger as cavernas, pois os espíritos ancestrais protegem estes ambientes. Foto: Alenice Baeta, 2007.
A Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) fez importante alerta e denúncia por meio de uma petição (Cf. Link abaixo, em nota[2]), que está sendo organizada nos bastidores do Ministério das Minas e Energia uma alteração na legislação nacional de proteção às cavernas, de forma a permitir impactos irreversíveis em cavernas consideradas de “máxima relevância”, ou seja, irá possibilitar que as mais espetaculares e únicas cavernas do Brasil sejam também destruídas. São inúmeras! Oportunamente, esta mudança na legislação está sendo preparada e orquestrada em um momento onde as atenções estão voltadas para o combate à pandemia global do novo coronavírus/COVID-19, que já está contaminando e matando parte de nossa população.
Até o momento, a legislação que rege o licenciamento ambiental nas áreas contendo cavernas se baseia nos decretos 99556/1990 e 6640/2008, que determinam que nenhuma caverna de “máxima relevância” pode sofrer impactos negativos, devem ser preservadas integralmente. Veja a maravilha das cavernas, segundo texto da petição:
“São as mais especiais cavernas brasileiras: aquelas com grandes dimensões; frágeis ecossistemas com espécies únicas adaptadas ao mundo subterrâneo; formações cristalinas extraordinárias e raras; rios subterrâneos cujas águas são importantes mananciais para os sistemas naturais e o consumo humano. Muitas delas guardam vestígios de nossos antepassados e da megafauna extinta, e contam a história cultural e ambiental do planeta. Elas também são fonte de milhares de empregos através do turismo, e muitas vezes abrigam templos religiosos de grande valor cultural e social.”  
Importante mencionar que os decretos supracitados que determinam critérios de relevância de cavernas já eram para lá de polêmicos e sempre foram pontos de debate entre grupos de espeleologia, universidades, organizações não governamentais, pesquisadores/as, sobretudo, das áreas de ciências humanas e biológicas, dentre eles, arqueólogos/as, antropólogos/as e ambientalistas, que sempre alertaram sobre os aspectos imateriais e ambientais de cavidades que poderiam ser “classificadas”, muitas vezes, como de relevância média ou baixa, por não apresentarem determinados elementos, como espeleotemas ou animais raros. No mais, trata-se em geral de ambientes necessários para o equilíbrio da biodiversidade como um todo, além de aspectos imateriais ou intangíveis, que, por muitas vezes, podem passar despercebidos pelos “avalistas”. “Dar nota” a algo desta envergadura e grandeza pode parecer um contrassenso. Afinal, teria sentido definir qual caverna pode ou não ser sacrificada? Ou melhor, destruída. Talvez, exatamente no momento da pandemia da COVID-19, que nos assola, após tantos crimes tragédias socioambientais em nosso país, e em especial em Minas Gerais, seja mesmo momento ideal para repensar e refletir sobre a necropolítica que vem se instalando em nosso país a passos largos, e que já não ia mesmo para o rumo certo, atendendo, sobretudo, aos interesses de mineradoras, com a complacência dos poderes públicos e do judiciário. Tal política abriu brechas perigosas para mais esta investida inaceitável, que pretende agora destruir até mesmo cavernas consideradas de “alta relevância”.  É preciso reação.
Relembrando, de acordo com o Artigo 216 da Constituição brasileira, as cavernas são Patrimônio Cultural Brasileiro, pois são sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico ou científico.
Caso esse novo decreto que se anuncia seja assinado, esse patrimônio de valor inestimável poderá também ser irremediavelmente perdido. Pela proteção de nossas cavernas participe e assine a petição da SBE. Não permita que mais este passo errado seja dado.

Acesse, assine e divulgue:


[1]Doutora em Arqueologia pelo MAE/USP; Pós-Doutorado Arqueologia e Antropologia-FAFICH/UFMG; Mestre em Educação pela FAE/UFMG; Historiadora.  E-mail: alenicebaeta@yahoo.com.br

Sem quarentena, quem vai morrer? Por Frei Gilvander


Sem quarentena, quem vai morrer?
Por Gilvander Moreira[1]


Uma espada de dor está transpassando o coração de milhões de pessoas pelo mundo afora, em tempos de pandemia do novo coronavírus. Em todo o mundo, mais de 170 mil pessoas já morreram por COVID-19. No Brasil, o povo está no meio de um fogo cruzado: de um lado, autoridades sensatas recomendando o que orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS): quarentena que tem salvado muitas vidas, ficar em casa, lavar as mãos com frequência, usar máscara se tiver que sair de casa. Por outro lado, o desgoverno do antipresidente e uma elite que está desesperada, ao ver seus lucros diminuindo com os trabalhadores ficando em casa, seguem desdenhando das orientações da OMS, da ciência e, em postura genocida, empurrado para o matadouro o povo, ao incitar a retomada da normalidade que nos levou à pandemia. Retomar “mais do mesmo” será a morte de milhões de pessoas e galopar rumo a outras pandemias mais brutais. Como diz o biblista frei Carlos Mesters, “parede rachada não se conserta pondo reboco por cima, mas reconstruindo a casa”.
 Com histórico de postura ao lado do agronegócio, golpista e defensor do sucateamento do SUS, pois votou a favor da PEC[2] 95, a que congela por 20 anos os investimentos em saúde pública, o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi demitido simplesmente porque estava cumprindo as recomendações da OMS – o que é necessário -, nada mais que a obrigação, pois isolamento ‘social’ – físico, melhor dizendo - e distanciamento físico são os meios mais eficazes e necessários para salvar vidas durante a pandemia do novo coronavírus, uma vez que, sem vacina e sem remédio que salvem as pessoas da morte e com colapso na capacidade de atendimento dos hospitais, quem for acometido pela COVID-19 com grave pneumonia, se for pobre, estará fadado à morte. Injusta a demissão do Mandetta, pois quem precisa ser “demitido” é o antipresidente.
O novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, assumiu dizendo que não mais exercia a medicina, que atualmente é empresário do ramo da saúde. No Ministério da Saúde, Teich aprofundará o descaminho do antipresidente em tempos de pandemia? Teich chegou ao absurdo de dizer que “os recursos da saúde são limitados e, por isso, deve fazer escolha sobre quem vai morrer.” Disse que os jovens devem ter preferência. Na realidade, sabemos que em uma sociedade capitalista a escolha será por salvar prioritariamente os ricos. Os pobres serão deixados para morrer sem socorro? Essa medida foi usada pelo nazismo de Hitler durante a Segunda Grande Guerra que envolveu muitos países entre 1939 e 1945.
Será que o antipresidente está querendo deixar morrer os idosos para diminuir o que o Governo Federal paga em aposentadorias? Deixar de fazer o possível e o impossível para salvar a vida de todas as pessoas, além de ser inadmissível, é uma atitude desumana e satânica. É preciso recordar que são os milhões de idosos no Brasil que sustentam a vida social em todos os municípios pequenos. Sem a aposentadoria dos idosos, mais da metade dos municípios brasileiros quebrarão.
 O novo Ministro da Saúde, em silêncio desde que assumiu o Ministério, deveria dizer para o povo brasileiro por que há poucos recursos para o SUS[3]. A verdade é que, em conluio com os empresários do sistema privado de saúde, o governo federal mantém o SUS à mingua para obrigar as pessoas a ‘gastar o que não tem’ para se manterem vivas. Se o SUS for fortalecido, as empresas do sistema de saúde privado não poderão lucrar muito. Ou seja, adoecido pelo agronegócio com o uso indiscriminado de agrotóxico na produção dos alimentos, o povo é jogado no colo dos mercadores de planos de saúde. Portanto, macabramente o SUS é deixado às traças, de propósito.
São inaceitáveis a loucura e a postura criminosa que será retornar à ‘normalidade’ que nos levou à pandemia. Feliz quem ouve os sinais dos tempos e dos lugares! O Deus da vida, em tempos de novo coronavírus, está nos dizendo que em primeiro lugar devem estar as políticas para salvar vidas. Um modelo econômico que mata as pessoas é diabólico. Preservar vidas humanas até que se descubra e produza vacina ou remédio que cure da COVID-19 passa necessariamente por isolamento ‘social’. Insisto, isolamento físico, pois mesmo em isolamento ‘social’, podemos continuar tecendo relações sociais via telefone, correio, internet etc.
Após a pandemia, o ético será resgatar outro modelo econômico: aquele que prioriza os setores essenciais para garantir a vida social: agricultura familiar agroecológica para a produção de alimentos saudáveis, o que implica frear o agronegócio e as monoculturas desertificadoras de territórios; realizar reforma agrária popular para que a terra seja socializada e democratizada, o que implica proibir a existência de latifúndio no país; identificar e demarcar todos os territórios indígenas, quilombolas e de todos os outros Povos e Comunidades Tradicionais, o que implica frear a grilagem de terra, o desmatamento e os projetos de mineração devastadores; implementar educação pública de qualidade e universal da infância à universidade, o que implica frear a privatização da educação; fortalecer o SUS, o que implica frear a ganância dos empresários do sistema de saúde privado, que lucram com um povo adoecido; implementar políticas de resgate ambiental e de preservação da natureza, o que implica tolerância zero diante de desmatadores e grileiros de terra; impulsionar a Economia Popular Solidária, o que implica frear a  agiotagem dos banqueiros; fazer reforma urbana política como massiva e popular de geração de moradia adequada para o povo, o que implica estrangular a especulação imobiliária, instituir IPTU[4] progressivo e taxar as grandes fortunas;  na produção econômica a prioridade deverá ser produzir o necessário para todo o povo viver com dignidade, o que implica proibir toda a produção ou importação de mercadorias de luxo ou supérfluas; adotar um estilo simples e austero de viver e conviver. A ostentação de riqueza e luxo deve se tornar algo execrável e repugnável. Investir em política cultural que dinamize a imensa pluralidade e criatividade da cultura popular brasileira, o que implica refrear a indústria cultural alienadora.
Há luz dentro do túnel, pois toda crise tem um lado fértil. A “greve geral” mundial imposta pelo novo coronavírus está sendo ocasião fértil para a humanidade repensar o jeito de viver e conviver no planeta Terra, nossa única Casa Comum. Repensar tudo, inclusive, a escolha de governantes. A quarentena está salvando milhares de vidas. Diminuiu muito o número de acidentes nas estradas, menos gente morrendo nas estradas, índice menor de roubo, redução no número de motoqueiros mortos, o que enchia 30% dos leitos nas UTIs; o meio ambiente está se revitalizando; muita gente está sentindo a necessidade e o valor de ser solidário com quem precisa; muitas pessoas passaram a viver com o mínimo necessário e, por isso, estão economizando; muitas pessoas estão se curando do estresse, do trânsito caótico nas cidades, do consumismo, do uso de luxo/supérfluo e do frenesi do cotidiano enlouquecido no mundo do capital ...
Que maravilha descobrir belezas que nos passavam despercebidas! Acordar cedo e ouvir os pássaros em nossa janela, sentir que estamos com saúde, que há oxigênio no ar para respirarmos e que nossos pulmões estão sadios, por enquanto; curtir a gostosura que é lavar o rosto com a irmã água, o que nos faz levantar a cabeça para mais um dia de vida, dádiva das dádivas; escovar os dentes, pentear o cabelo, quem tem; rezar, orar e meditar, pelo menos 30 minutos por dia, cultivando nossa dimensão mística e espiritual; fazer trabalhos manuais, preparar o café, fazer almoço, lavar as panelas, os pratos, limpar o chão; cuidar da horta, sentir o perfume das flores. Exercer solidariedade de mil formas com quem, mesmo distante fisicamente, está sofrendo.
Enfim, redescobrir as belezas do cotidiano e da simplicidade. Apesar das medidas do desgoverno do despresidente que está em Brasília e que estupidamente insiste em desdenhar e fazer chacota das orientações das organizações de saúde e contra a saúde pública do povo brasileiro, que este tempo de solidão povoada possa nos ajudar a redescobrir o valor do público, do coletivo, da vida simples e austera e dos direitos que devem ser para todos/as. A pandemia mostra que não é possível se salvar sozinho.
Atenção! O momento no Brasil é muito grave. Todas as pessoas de boa vontade devem se posicionar na defesa da democracia, dos direitos de todos a partir dos pobres. Pior do que os algozes é o silêncio dos omissos e cúmplices! Repudio as posturas de prefeitos, tal como os de Ibirité e Betim, MG, de alguns governadores e de todas as autoridades públicas que estão se ajoelhando diante dos interesses dos empresários e minando a quarentena necessária para se salvar vidas. Meus aplausos às autoridades sensatas que estão orientando decisões para salvar vidas. Lideranças religiosas também não podem se omitir nesse momento crucial. Transcrevo aqui, com alegria, porque assino embaixo, a fala que define a postura do padre José Ailton Figueiredo, pároco da Paróquia São Pedro, em Piracicaba, SP, diocese de Piracicaba – SEM QUARENTENA, QUEM MORRERÁ? -, que assim se manifestou em vídeo:
“Olá, meu amigo, minha amiga, eu quero falar com você uma coisa muito importante. Mas eu não quero falar para você pequeno comerciante, que tem um comércio pequeno, um bar, um pequeno estabelecimento, que está sofrendo nesse momento para se manter, para manter a sua pequena empresa, o seu pequeno comércio. Tem gente inescrupulosa, com grandes empresas, aproveitando desse momento para fazer um momento de aproveitamento político. Estão fazendo carreatas por aí, pelo Brasil afora, e aqui em Piracicaba não é diferente. Essas pessoas são inescrupulosas, porque elas estão dizendo que é preciso voltar à normalidade, mas o momento não é de normalidade. Não estamos enfrentando uma gripezinha, um resfriadozinho. Esta covid-19  fechou aeroportos do mundo inteiro, fez cair  a bolsa de valores, acabou com os movimentos esportivos do mundo inteiro, fechou os Estados Unidos, fechou o Vaticano, cancelou uma olimpíada! Então não se trata de uma gripezinha. Centenas de milhares de pessoas estão morrendo, faltam leitos; pessoas estão morrendo por falta de leitos. E pessoas estão fazendo essas carreatas dizendo que  é preciso voltar à normalidade. Elas não estão preocupadas com a sua saúde, com a saúde da sua família. Estas pessoas estão preocupadas com o lucro delas, elas que sempre ganharam às suas custas e agora querem que você volte a trabalhar para continuar dando lucro a elas. Estão com os cofres cheios e  não querem nesse momento investir no maior patrimônio de suas empresas que é você , trabalhador, que é você, trabalhadora. Portanto, para eles, você pode ficar doente, você pode até morrer, desde que continue dando lucro a esses grandes empresários. Não  você, pequeno empresário, você que tem um pequeno comércio, um boteco, uma pequena pizzaria ou algo que se assemelha. Você está lutando, você está trabalhando e que Deus o abençoe. Eu falo  desses grandes empresários que estão usando  deste momento para aumentar a sua margem de lucro e vão às ruas com essa grande mentira, dizendo que é preciso voltar à normalidade. Eles não estão preocupados com você, não estão preocupados com a sua saúde. Eles querem continuar enriquecendo a custa do trabalhador. Portanto, não caia nesta mentira. Fique em casa. É hora de tomarmos consciência de que o momento é muito grave; não é gripezinha, não é resfriadozinho. Vamos ajudar o poder público do nosso município, do nosso estado a fazer com que possamos superar esse momento. Passado este momento, voltaremos com serenidade, com tranquilidade à normalidade das nossas vidas. Fique em casa!”

21/4/2020

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - Padre José Ailton: Faz carreata contra a "Quarentena" quem se preocupa com lucros e não com a vida dos/as trabalhadores/as - 14/4/2020



2 - Coronavírus no Amazonas: Faltam leitos, profissionais e equipamentos - Calamidade Pública! Brasil de amanhã será Amazonas hoje com mortos por todos os lugares? - 18/4/2020.



3 - COVID -19 Salva muito mais vidas por redução da poluição do ar e terra treme menos.




[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Proposta de Emenda Constitucional.
[3] Sistema Único de Saúde.
[4] Imposto Predial e Territorial Urbano.