Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
Quilombo
Lapinha, município de Matias Cardoso, MG: A Voz dos Tambores grita e clama:
Esse território é nosso. Despejo, nunca! - Vídeo 3 - 24/7/2019.
As 170 famílias da
comunidade “Quilombo Lapinha”, localizada em Matias Cardoso, norte de Minas
Gerais, receberam a notícia de uma liminar de reintegração de posse, despejo,
para ser executada no inicio mês de agosto. Caso não seja revertida, 170
famílias em retomada de território ao lado do Rio São Francisco podem ser
despejadas. A situação está muito tensa, pois as Comunidades do Quilombo
Lapinha jamais aceitarão despejo. O Quilombo Lapinha possui reconhecimento pela
Fundação Cultural Palmares e possui também o Relatório Técnico de Identificação
e Delimitação (RTID), que delimita o território tradicional. Todos os
quilombolas já têm suas casas construídas e terra plantada que lhes dá o
sustento. No Quilombo tem energia elétrica, escola, serviço de saúde, entre
outros equipamentos públicos que lhes são de direito. Desde o século XVIII, as
famílias constroem no local sua história, reafirmam a sua cultura e perpetuam
os saberes e dinâmicas de cuidado com a mãe terra e com o irmão Rio São
Francisco. Apesar desse contexto histórico de vivência e de cuidado do
território de maneira sustentável, o Quilombo Lapinha está sob ameaça iminente
de despejo. Espera-se que o Governo de Minas Gerais reverta a decisão e cumpra
o direito constitucional de acesso dos quilombolas ao seu território
tradicional. Reivindicamos também que o Ministério Público Federal (MPF) e Defensorias
Públicas Estadual e da União, DPE/MG e DPU sigam firmes na defesa judicial dos
Quilombos Lapinha. É claro também que a competência jurídica sobre Comunidades
Quilombolas é da justiça Federal. E há também decreto do Governo do estado de
Minas Gerais pró permanência das Comunidades Quilombolas Lapinha mas áreas
retomadas. Logo, a decisão judicial do TJMG está recheada de
inconstitucionalidades, ilegalidades, irregularidades e injustiça que clama aos
céus. NEGOCIA, ZEMA. NEGOCIA, GOVERNO.
Território tradicional do Quilombo Lapinha é constituído por cinco comunidades em Matias Cardoso, MG. Foto: J. R. Ripper
*Filmagem de Zilah de
Mattos, agente de pastoral da CPT-MG. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da
CPT-MG. Matias Cardoso, norte de MG, 24/7/2019. Apoio e divulgação: Frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
*Inscreva-se no You Tube, no
Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
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Quilombo
Lapinha, em Matias Cardoso, no norte de MG: “Lutar e Resistir. Do Quilombo não
vamos sair.” Vídeo 2 – 24/7/2019.
As 170 famílias quilombolas
da comunidade “Quilombo Lapinha”, localizada em Matias Cardoso, norte de Minas
Gerais, receberam a notícia de uma liminar de reintegração de posse, despejo,
para ser executada no inicio mês de agosto. Caso não seja revertida, parte das
170 famílias em retomada de território ao lado do Rio São Francisco podem ser
despejadas. A situação está muito tensa, pois as 5 Comunidades do Quilombo
Lapinha jamais aceitarão despejo. O Quilombo Lapinha possui reconhecimento pela
Fundação Cultural Palmares e possui também o Relatório Técnico de Identificação
e Delimitação (RTID), que delimita o território tradicional. Todos os
quilombolas já têm suas casas construídas e terra plantada que lhes dá o
sustento. No Quilombo Lapinha tem rede de energia elétrica, escola, serviço de
saúde, entre outros equipamentos públicos que lhes são de direito. Desde o
século XVII, as famílias constroem no local sua história, reafirmam a sua
cultura e perpetuam os saberes e dinâmicas de cuidado com a mãe terra e com o
irmão Rio São Francisco. Apesar desse contexto histórico de vivência e de
cuidado do território de maneira sustentável, o Quilombo Lapinha está sob
ameaça iminente de despejo. Espera-se que o Governo de Minas Gerais se abra para
negociação, não insista em fazer o despejo e cumpra o direito constitucional de
acesso dos quilombolas ao seu território tradicional. Reivindicamos também que
o Ministério Público Federal (MPF) e Defensorias Públicas Estadual e da União,
DPE/MG e DPU sigam firmes na defesa judicial do Quilombo Lapinha. É claro
também que a competência jurídica sobre Comunidades Quilombolas é da justiça
Federal. E há também decreto do Governo do estado de Minas Gerais pró
permanência das Comunidades Quilombolas Lapinha nas áreas retomadas. Logo, a
decisão judicial do TJMG está recheada de inconstitucionalidades, ilegalidades,
irregularidades e injustiça que clama aos céus. Os quilombolas da Lapinha estão
determinados: “LUTAR E RESISTIR. DO QUILOMBO NÃO VAMOS SAIR.” NEGOCIA, ZEMA.
NEGOCIA, GOVERNO.
Quilombola do Quilombo Lapinha. Foto: acervo da CPT/MG.
*Filmagem de Zilah de
Mattos, agente de pastoral da CPT-MG. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da
CPT-MG. Matias Cardoso, norte de MG, 24/7/2019. Apoio e divulgação: Frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
*Inscreva-se no You Tube, no
Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
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Quilombo
histórico Lapinha, em Matias Cardoso, norte de MG: 170 famílias ameaçadas de
despejo. NEGOCIAÇÃO, JÁ! - Vídeo 1 - 24/7/2019.
170 famílias da comunidade
“Quilombo Lapinha”, localizada em Matias Cardoso, norte de Minas Gerais,
receberam a notícia de uma liminar de reintegração de posse, despejo, para ser
executada no inicio mês de agosto. Caso não seja revertida, 170 famílias em retomada
de território ao lado do Rio São Francisco podem ser despejadas. A situação
está muito tensa, pois as Comunidades do Quilombo Lapinha jamais aceitarão
despejo. O Quilombo Lapinha possui reconhecimento pela Fundação Cultural
Palmares e possui também o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação
(RTID), que delimita o território tradicional. Todos os quilombolas já têm suas
casas construídas e terra plantada que lhes dá o sustento. No Quilombo tem
energia elétrica, escola, serviço de saúde, entre outros equipamentos públicos
que lhes são de direito. Desde o século XVIII, as famílias constroem no local
sua história, reafirmam a sua cultura e perpetuam os saberes e dinâmicas de
cuidado com a mãe terra e com o irmão Rio São Francisco. Apesar desse contexto
histórico de vivência e de cuidado do território de maneira sustentável, o
Quilombo Lapinha está sob ameaça iminente de despejo. Espera-se que o Governo
de Minas Gerais reverta a decisão e cumpra o direito constitucional de acesso
dos quilombolas ao seu território tradicional. Reivindicamos também que o
Ministério Público Federal (MPF) e Defensorias Públicas Estadual e da União,
DPE/MG e DPU sigam firmes na defesa judicial dos Quilombos Lapinha. É claro
também que a competência jurídica sobre Comunidades Quilombolas é da justiça
Federal. E há também decreto do Governo do estado de Minas Gerais pró
permanência das Comunidades Quilombolas Lapinha mas áreas retomadas. Logo, a
decisão judicial do TJMG está recheada de inconstitucionalidades, ilegalidades,
irregularidades e injustiça que clama aos céus. DESPEJO, NÃO. NEGOCIAÇÃO, JÁ!
*Filmagem de Zilah de Mattos,
agente de pastoral da CPT-MG. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
Matias Cardoso, norte de MG, 24/7/2019.
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CEBs e Políticas Públicas: Vida e Dignidade no Campo e na Cidade
XIV Encontrão de CEBs de Taiobeiras, no norte de MG, Arquidiocese de Montes Claros, dia 28/7/2019. Fotos: Nilson, das CEBs de Taiobeiras.
XIV Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Taiobeiras, norte de Minas Gerais - Paróquia São Sebastião de Taiobeiras - Arquidiocese de Montes Claros.
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são na igreja e na sociedade sinal de fé cristã e libertação. Na sua caminhada profética e missionária, as CEBs defendem vida digna para todos/as, justiça e direitos iguais. Que o acesso à terra, à água, ao alimento, à saúde e à educação de qualidade seja para todos/as. Assim como o direito de ir e vir, trabalhar e se divertir, direito de conviver com a família, comunidade e sociedade.
Inspirados pela palavra que nos convoca para o compromisso cristão e chamados a ser igreja em saída, as CEBs da Paróquia São Sebastião de Taiobeiras realizam domingo, dia 28 de julho de 2019, o 14º Encontrão com o tema: “CEBs e Políticas Públicas – Vida e Dignidade no Campo e na Cidade”. Participaram mais de 400 pessoas vindas das Comunidades Eclesiais de Base de Taiobeiras, Indaiabira, Salinas, São João do Paraíso, Novo Horizonte e Rio Pardo de Minas.
Celebramos os 30 anos de caminhada de nossas CEBs aqui do município de Taiobeiras, no norte de Minas Gerais, na Arquidiocese de Montes Claros. Foram recordadas a vida e a história de nossas comunidades e de tantas pessoas que participaram da construção desta história conduzindo a bandeira das CEBs e os Roteiros de Reflexão que motivaram e continuam motivando os Círculos Bíblicos e a organização das comunidades ao longo dos últimos 30 anos.
Celebramos também o dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural. Mulheres e Homens incansáveis, que, com carinho, cultivam a terra e produzem o alimento para o sustento das famílias do campo e da cidade. O encontro teve inicio na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Taiobeiras e seguimos em marcha passando pelos bairros Nossa senhora de Fátima e Santos Cruzeiro até o Centro de Formação São Sebastião, onde continuamos o 14º Encontrão das CEBs. Tivemos a alegria de contar com a assessoria de Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional dos Leigos do Brasil; do frei Gilvander Luís Moreira, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT); e do Artista Popular Sebastião Estevão, nosso querido Farinhada. Estiveram presente as Irmãs religiosas da Paróquia de Taiobeiras e da Paróquia Santo Antônio, de Salinas, também representantes do movimento sindical, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Geraizeiro, Escola Família Agrícola (EFA) Nova Esperança, associações e mandatos populares. Foi um marcante momento de celebração, formação e animação com apresentações culturais envolvendo os jovens e o grupo cultural “As Mineirinhas”, inclusive.
“Estamos muito felizes, com a presença de todos. Somos CEBs, povo corajoso. Hoje é um dia muito importante: 30 anos de Caminhada das CEBs na Paróquia de Taiobeiras e celebrando o dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Era para ser um dia de pura alegria, mas vivemos as tristezas pelas perdas de grandes conquistas sociais. Somos convidados a sermos como o Trem das CEBs que anda pra frente, lembrando que precisamos caminhar com um olho na Bíblia e outro na vida”, disse Geraldo Caldeira Barbosa, diretor do STR de Taiobeiras.
Nossa assessora Sônia refletiu conosco, entre tantas que coisas que “é com grande alegria que nos reunimos mais uma vez neste chão, neste turrão norte mineiro. Para refletir sobre Espiritualidade das CEBs. Poderíamos começar perguntando: O que é espiritualidade? Espiritualidade é o que estamos vivendo aqui hoje, que fala da vida, da realidade, embasadas na Palavra de Deus, no direito e na Justiça. Quando falamos de espiritualidade falamos de Deus que caminha conosco. A espiritualidade das CEBs tem Bíblia na mão e na vida. As músicas das CEBs falam da vida em comunidade. A espiritualidade das CEBs não deve se comparar a samambaia, nem ao abacaxi, nem ao abacate. Precisamos assumir em nossas vidas a espiritualidade modelo laranja, Igreja organizada com muitas comunidades, dentro do mundo como as sementes dentro da laranja. Tudo junto, gosto e sabor. Precisamos ter a espiritualidade de Jesus Cristo, que não fez distinção de ninguém, juntamente com o grande incentivador de uma Igreja em saída, o Papa Francisco. As celebrações de nossas igrejas nem sempre trabalham a realidade. A ausência de saúde, água e políticas públicas clamam, pois se não estava bom, agora se tornou pior. Devemos ter cuidado com a maneira em que usamos o nome de Deus. Concluiu com musica “ninguém solta a mão de ninguém.”
Frei Gilvander, outro assessor nosso, iniciou sua fala dizendo: “Dia é tempo de luz. Noite é tempo de trevas. As palavras dia e Deus parecem, são primas irmãs. Logo, dizer ‘bom dia’ é dizer ‘bom Deus”. Precisamos trabalhar uma sociedade que valorize a gratuidade. Destacou quatro pontos necessários para se ter Políticas Públicas: 1) Superar o medo e encher-nos de Coragem e Fé; 2) Honrar Jesus Cristo, mártir e preso político na sua época; honrar os antepassados; 3) Lutar por justiça, atacando o mal pela raiz. Não basta sermos pessoas solidárias; 4) Devemos ser parecidos com o Bom Pastor do Evangelho de João (Jo 10), que, por amor ao próximo convida o rebanho para sair do redil (curral) e ir para campo aberto em vida de pastagens abundantes, o que passa pela luta por direitos, por cidadania. Infelizmente, a maioria dos líderes religiosos, atualmente, sejam padres ou pastores, estão convidando o povo para ficar entocado dentro das igrejas. Assim, estão sendo falsos pastores. O correto é convidar o povo para ‘para fora’ para o espaço do público e lutar pelos direitos, associando as dimensões espiritual e social da fé cristã. Precisamos colocar em prática o Jesus da missão toda, primeira parte solidária, curas partilhas, misericórdia, compaixão; a segunda, luta por justiça e denúncia das injustiças. O Medo é o contrário de Fé. Sinônimo de fé é coragem. Ótimo remédio para vencer o medo é participar de lutas concretas. “Povo unido jamais será vencido. Povo organizado jamais será pisado.”
O momento da partilha dos alimentos, na hora do almoço, nos fez recordar a partilha dos pães, narrado no Evangelho de Lucas 9,10 -17 e também em Mateus, Marcos e Lucas. O alimento vindo das comunidades e trazido gratuitamente foi suficiente para alimentar mais de 400 pessoas e ainda sobrou “12 cestos”. O mesmo se deu na partilha dos 30 bolos que as comunidades trouxeram para a festa dos 30 anos de história e caminhada das CEBs na paróquia em Taiobeiras. A partilha não acontece somente no alimento, mas também na luta em defesa dos Direitos Humanos fundamentais. Neste sentido foi elabora, lida e aprovada uma carta em defesa do Quilombo Lapinha, município de Matias Cardoso, no norte de Minas Gerais, onde 170 famílias se encontram injustamente ameaçadas de despejo. A Carta propõe a suspensão do despejo até que seja encaminhada Negociação série e idônea na Mesa de Mediação de conflito do Estado de Minas Gerais.
O encontro teve o encerramento marcado pela celebração participativa da Eucaristia com muita animação com entrada dos vagões do Trem das CEBs, bandeiras de todas as comunidades, os bolos como oferta, fruto do trabalho e da mãe terra e a imagem da mãe Aparecida que nos inspira, protege e nos impulsiona para a luta em defesa dos empobrecidos – os preferidos do Deus da vida -, cumprindo a profecia do Magnificat: “Ele agiu com a força de seu braço, dispersou os arrogantes de coração; derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada” (Lc1,51-53).
Durante o Encontro foi homenageado o Padre Ernesto de Freitas Barcelos.
Na porta do céu / Tira esse avental / E entra logo Ernesto / Camarada justo e fiel /A casa é tua / Descansa / E não me leves a mal: Da voz rouca / Da pouca saúde da perna / Da viagem breve / Do peso (leve) / Do preço (caro) da coerência / E da licença pra partir.
(Poesia escrita pelo Padre Antônio Claret)
Taiobeiras, norte de MG, 28 de julho de 2019.
Obs.: Eis, abaixo, algumas fotografias do XIV Encontrão das CEBs de Taiobeiras, dia 28/7/2019.
Tributo ao Padre Ernesto: Um Profeta no meio do Povo - Versão melhor. 27/7/2019.
Padre Ernesto de Freitas Barcelos nasceu aos 08 dias do mês de setembro de 1955. Padre Ernesto, das CEBs, da CPT, da Pastoral Carcerária, da Fraternidade Charles de Foucauld, do Cebi etc. Padre Ernesto, um Profeta no meio do Povo! Filho de Geraldo Luiz de Barcelos e Waldemira de Freitas, Padre Ernesto nasceu aos 08 dias do mês de setembro de 1955. Entrou para o Seminário em 1978; foi ordenado Diácono em setembro de 1984 na Paróquia Cristo Rei, em Ipatinga e sua ordenação presbiteral foi aos 13 de janeiro de 1985, por Dom Lelis Lara, na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Pitangui. Antes de ficar licenciado, era pároco da Paróquia Bom Jesus, em Bom Jesus do Amparo. Nesse último sábado de julho, dia 27/7/2019, fez sua Páscoa definitiva. Padre Ernesto, agora em vida plena, deixa-nos um imenso legado espiritual, ético e profético. Padre Ernesto continuará vivo em nós na luta ao lado dos injustiçados, por seus direitos. Saudade já e eterna gratidão pelo testemunho durante quase 64 anos do ensinamento e práxis de Jesus de Nazaré. PADRE ERNESTO DE FREITAS BARCELOS, PRESENTE NA VIDA PLENA E ENTRE NÓS NA LUTA...SEMPRE, na construção do Reino de Deus a partir do Aqui e do Agora. *Vídeos da XVIII e da XX Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais: frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
*Outros videos: Redes Sociais *Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. 27/7/2019
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Padre
Ernesto, presente e sempre vivo em nós na luta! O seu sonho não morreu. -
28/7/2019.
Padre Ernesto de Freitas Barcelos nasceu aos
08 dias do mês de setembro de 1955. Padre Ernesto, das CEBs, da CPT, da
Pastoral Carcerária, da Fraternidade Charles de Foucauld, do Cebi etc. Padre
Ernesto, um Profeta no meio do Povo! Filho de Geraldo Luiz de Barcelos e
Waldemira de Freitas, Padre Ernesto nasceu aos 08 dias do mês de setembro de
1955. Entrou para o Seminário em 1978; foi ordenado Diácono em setembro de 1984
na Paróquia Cristo Rei, em Ipatinga e sua ordenação presbiteral foi aos 13 de
janeiro de 1985, por Dom Lelis Lara, na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em
Pitangui. Antes de ficar licenciado, era pároco da Paróquia Bom Jesus, em Bom
Jesus do Amparo. Nesse último sábado de julho, dia 27/7/2019, fez sua Páscoa
definitiva. Padre Ernesto, agora em vida plena, deixa-nos um imenso legado
espiritual, ético e profético. Padre Ernesto continuará vivo em nós na luta ao
lado dos injustiçados, por seus direitos. Saudade já e eterna gratidão pelo
testemunho durante quase 64 anos do ensinamento e práxis de Jesus de Nazaré.
PADRE ERNESTO DE FREITAS BARCELOS, PRESENTE NA VIDA PLENA E ENTRE NÓS NA
LUTA...SEMPRE, na construção do Reino de Deus a partir do Aqui e do Agora.
Padre Ernesto de Freitas Barcelos. Foto: Maria José de Souza (Maju).
*Vídeos da XVIII e da XX
Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais: frei Gilvander Moreira,
da CPT, das CEBs e do CEBI. *Outros vídeos: Redes Sociais
*Edição de Nádia Oliveira,
colaboradora da CPT-MG. 27/7/2019 *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei
Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
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Padre Ernesto de Freitas Barcelos. Fotos: Maria José de Souza (Maju) e Maria Imaculada de Oliveira e Silva.
O sol brilhou mais dia 8 de setembro de 1955, porque estava nascendo Ernesto de Freitas Barcelos, que se tornou padre do clero da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, MG, e, acima de tudo, um profeta do Reino de Deus no meio do povo. Dia 27 de julho de 2019, às 8h30, iniciou-se mais uma linda festa no céu, pois com quase 64 anos “combatendo o bom combate”, sendo profeta do Reino de Deus no meio do povo, padre Ernesto fez sua travessia para a vida plena, vida terna e eterna. Em Pitangui, MG, padre Ernesto iniciou sua caminhada aqui no Planeta Terra e também nos deixou fisicamente.
Falar sobre o padre Ernesto é difícil, pois diante dele temos que tirar as sandálias, porque estamos diante de uma “terra sagrada”, pessoa sagrada que, como Jesus Cristo, conquistou pelo seu jeito de ser e agir uma santa autoridade. Padre Ernesto jamais se curvou diante dos poderosos. Em missão em Acaiaca, MG, fiquei profundamente comovido quando soube da passagem do padre Ernesto para a eternidade. Inesperadamente ele partiu... Penso que todas as pessoas que tiveram a alegria e a responsabilidade de conviver com padre Ernesto, de fazer pastoral e missão libertadoras ao lado dele têm o dever de escrever e/ou gravar áudio e/ou registrar em vídeo algo do muito que padre Ernesto fez e ensinou no meio do povo pelo Brasil afora. A Bíblia existe graças às milhares de pessoas que perceberam a importância e a necessidade de registrar os ensinamentos e a práxis das profetizas e dos profetas na caminhada do povo da opressão para a libertação. Arrisco escrever aqui um pouco do muito que vi, ouvi, senti e aprendi com padre Ernesto, tendo tido a alegria e a responsabilidade de lutar ao lado dele inúmeras vezes, desde 1994.
Padre Ernesto me marcou indelevelmente desde a 1ª vez que o vi. Foi em uma missa na igreja de Cristo Libertador, em Ipatinga, MG, onde ele conclamava a todas/os que lotaram a igreja e um grande número de padres presentes a repudiar as ameaças de morte que estava sofrendo o padre Ricardo Resende, da CPT de Rio Maria, no Pará. Padre Ernesto me ensinou que as ameaças de morte a quem está na luta contra as injustiças são também ameaças de ressurreição.
Padre Ernesto sempre nos interpelava para a vivência coerente com o ensinamento de Jesus Cristo e com o seu Evangelho; primeiro, por ter vivido sempre de forma simples e austera. Sempre calçando sandálias de dedo, com camiseta das CEBs, ou das Romarias da Terra e das Águas, ou de Pastorais Sociais, ou do Grito dos Excluídos – umas camisetas trazia a inscrição "Desobedeça!"; outra, "Luto pela democracia"; outra, "A causa indígena é de todos nós" - , embornal, no ombro, com balas de rapadura e gengibre que ele sempre levava para partilhar, e trajando calça surrada. Para proteger a cabeça do sol, Ernesto usava chapéu de palha ou bonés das romarias, da Pastoral Carcerária, do MST, das CEBs ... Símbolo da aliança com a causa dos injustiçados, o anel de tucum Ernesto sempre carregava em um dedo da mão. Com esse estilo de vida simples padre Ernesto testemunhava a única possibilidade de futuro na nossa única Casa Comum, o Planeta Terra: construirmos uma sociedade do Bem Viver e Conviver, freando o progresso e o desenvolvimento econômico de uma minoria, socializando os bens da criação e preservando ao máximo a mãe terra, as nascentes, revitalizando as bacias hidrográficas, reconstituindo os biomas e ecossistemas e, óbvio, vivendo com o mínimo de forma sóbria e austera. Padre Ernesto não apenas fez Opção pelos Pobres, mas viveu pobre.
Padre Ernesto sempre apontava o rumo certo e libertador das lutas populares, sempre com Opção de Classe Trabalhadora e de Classe Camponesa, Opção pelos Pobres. Padre Ernesto nunca fez média com a pequena burguesia e muito menos com a classe dominante. Ele estava sempre do lado dos empobrecidos e violentados por uma sociedade capitalista, máquina de moer vidas. Padre Ernesto sabia e ensinava que o Evangelho de Jesus Cristo é ótima notícia para os empobrecidos, mas péssima notícia para os opressores.
Padre Ernesto trabalhou em paróquias durante décadas, mas nunca se restringiu à burocracia das paróquias e nem ficou limitado aos limites geográficos das paróquias ou da sua Diocese. Com teimosia e garra, padre Ernesto participava sempre de todas as lutas do povo. Ele marcava presença em tudo que gera vida, fraternidade real e liberdade para o povo. Foi protagonista na Pastoral Carcerária, ciente de que todo preso é um preso político e devemos lutar para construirmos uma sociedade sem prisões, pois Jesus iniciou sua missão pública possuído por uma ira santa ao saber que o profeta João Batista tinha sido preso e, algemado, tinha sido empurrado para dentro de uma prisão de segurança máxima, conforme escreveu o historiador Flávio Josefo. Padre Ernesto alertava sempre que Jesus anunciou em seu discurso de abertura de sua missão pública um projeto de libertação integral: econômica, política, social e espiritual, onde consta a libertação dos presos, inclusive. Jesus foi prisioneiro político condenado injustamente pelos podres poderes da economia, da política e da religião.
Padre Ernesto sempre foi um animador das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), cônscio de que as CEBs são o jeito normal/antigo da igreja ser e agir, sendo fermento no meio da massa alienada e cegada, luz no meio das trevas das opressões e corrupções e sendo sal para impedir tantas deteriorações, entre as quais a desencarnação da fé cristã, a amputação da dimensão social da fé cristã, os espiritualismos, os intimismos e os fundamentalismos. Para participar dos Intereclesiais (Encontros Nacionais das CEBs), padre Ernesto sempre organizava uma caravana de romeiras e romeiros que, mesmo não sendo representantes das CEBs no Intereclesial, participavam de vários momentos dos Intereclesiais e bebiam na mesma fonte de espiritualidade libertadora.
Padre Ernesto foi sempre um agente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), pois sabia que sem a partilha, a socialização e a democratização da mãe terra não haverá justiça agrária, nem justiça urbana, nem justiça socioambiental e nem respeito aos direitos humanos fundamentais. Padre Ernesto foi um entusiasta animador, organizador e participante das Romarias das Águas e da Terra no estado de Minas Gerais e em outros estados. Inesquecível ver a paixão do padre Ernesto pela Bíblia lida e interpretada em uma linha libertadora. As homilias do padre Ernesto e suas falas nas Romarias, sempre inspiradas na Bíblia, brotavam de genuína inspiração bíblica. Padre Ernesto participou junto com uma caravana de 50 pessoas das CEBs do Vale do Aço das duas Romarias da Terra do noroeste de Minas Gerais, realizadas em Arinos em 25/7/1991 e 25/7/1993, romarias que levaram à prisão e condenação do assassino dos camponeses posseiros irmãos Januário e José Natal e à fuga do mandante do assassinato dos posseiros, o fazendeiro José Alfredo, que desapareceu. Interrompeu-se com essas duas romarias a matança sem nenhuma punição de camponeses no noroeste de Minas Gerais.
Padre Ernesto participava também do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), pois sabia que a Bíblia, se interpretada de forma sensata a partir dos empobrecidos, se torna um farol aceso e um motor possante na nossa caminhada e luta pela construção do Reino de Deus a partir do aqui e do agora. Padre Ernesto era essencialmente missionário, apóstolo do Reino de Deus, ungido e outro Cristo no nosso meio. Por isso, ele animava, organizava e realizava Missões Populares, não em uma linha só de devoção, mas em uma perspectiva de entrosamento da fé cristã com a realidade do povo. Padre Ernesto foi missionário em regiões assoladas por injustiças agrárias e sociais, tais como: Rio Maria no Pará, onde padre Ernesto lutou ao lado do padre Ricardo Resende fortalecendo a luta dos camponeses contra as violências perpetradas pelo latifúndio e pelos latifundiários. Padre Ernesto atuou pastoralmente também na Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, ao lado do profeta, místico e poeta Dom Pedro Casaldáliga e de sua Equipe missionária. Padre Ernesto foi missionário no norte de Minas Gerais, em Riacho dos Machado e região. Foi também missionário no Vale do Jequitinhonha em Fronteira dos Vales, em Bandeira etc.
Padre Ernesto não era neutro politicamente. Ele participava também do Movimento de Fé e Política, pois sabia que política não se reduz a política partidária e nem a politicagem, mas é luta pelo bem comum. Padre Ernesto, onde estava, era um ardoroso defensor dos Direitos Humanos fundamentais. Por isso foi muito incompreendido, perseguido e caluniado por pessoas integrantes da pequena burguesia e/ou da classe dominante.
Padre Ernesto também lutou na defesa dos direitos dos povos indígenas. Eis um exemplo: a partir de 1986 é que a luta e visibilidade do Povo Indígena Kaxixó, que resiste nos municípios de Martinho Campos e Pompéu, no centro-oeste mineiro, teve início no cenário indigenista e indígena no país, considerados como povo ressurgido. O sindicato dos trabalhadores Rurais (STR) de Pompéu por meio de seu presidente, o Sr. Ivo Machado, foi a primeira entidade que acudiu e assessorou os Kaxixó quando as perseguições e conflitos perpetrados pelos fazendeiros locais se acirraram. De imediato, o sindicalista Ivo Machado (assassinado tempos depois) fez contato com o coordenador da CPT/MG, padre Jerônimo Nunes, que visitou junto com o padre Ernesto as Comunidades Kaxixó situadas à beira do rio Pará. Foram decisivas as colaborações iniciais da CPT/MG à luta Kaxixó, cuja equipe também contou com a participação de Geraldo Cristino de Assunção, conhecido carinhosamente como Tiago, agente de pastoral da CPT/MG, e do Padre Ernesto, grande conhecedor da região de Pitangui, sua terra natal. Padre Ernesto realizou inúmeras visitas ao Povo Indígena Kaxixó, inclusive quando da realização dos trabalhos de campo relativos ao projeto: “Kaxixó: Quem é este povo”, desenvolvidos pelas entidades CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) e ANAI (Associação Nacional de Ação Indigenista), quando visitou taperas antigas, grutas, sítios arqueológicos e cemitérios indígenas, ajudando na identificação do território ancestral Kaxixó.
Se tivesse tempo, poderíamos citar inúmeras frases anunciadas pelo padre Ernesto com muita paixão e amor ao próximo. Por exemplo, padre Ernesto, sempre bem-humorado e atencioso com todos/as dizia: “Jesus passou no nosso meio só fazendo o bem para todos, principalmente para os oprimidos e explorados. Eu gosto muito de uma frase do Gandhi que diz ‘Eu não conheço uma pessoa que mais fez bem para a humanidade do que Jesus, mas vocês que se dizem cristãos atrapalham a mensagem de Jesus’. ... As coisas partilhadas rendem. ... Quem calunia os que lutam por justiça não têm perdão. Caminhemos na justiça, no amor, pois justiça e paz se encontrarão.”
Realmente o Roberval, da Pastoral dos Migrantes, tem razão ao cantar que padre Ernesto foi – e continuará sendo - “um padre amigo, sem riqueza e sem poder”. Padre Ernesto não foi sepultado, mas semeado no coração da mãe terra. Padre Ernesto virou semente e se multiplicou.
Gratidão eterna, padre Ernesto, pelo imenso legado espiritual, ético, profético e revolucionário que você nos deixou. Perdemos sua presença física, mas você continuará sempre vivo em nós, na luta. Que o Deus da vida nos dê a coragem e a sabedoria necessária para honrarmos seu nome, seus ensinamentos, sua coragem e seu jeito destemido de lutar ao lado dos empobrecidos construindo o Reino de Deus aqui e agora também. Enfim, como padre Ernesto, que compartilha o nome com Ernesto Che Guevara, é sempre mais do que nossas visões parciais e localizadas nos permitem alcançar e também para o texto não ficar muito longo, termino com a eloquente poesia “Na porta do céu”, do Padre Antônio Claret, outro profeta do Reino de Deus no meio do povo, sobre Padre Ernesto de Freitas Barcelos:
Na porta do céu
Tira esse avental E entra logo Ernesto Camarada justo e fiel A casa é tua Descansa E não me leves a mal: Da voz rouca Da pouca saúde da perna Da viagem breve Do peso (leve) Do preço (caro) da coerência E da licença pra partir.
Belo Horizonte, MG, 30/7/2019.
Obs. 1: Eis, abaixo, além de vídeos, algumas fotografias do padre Ernesto de Freitas Barcelos.
Obs. 2: Os vídeos, abaixo, ilustram o tratado acima.
1 - Tributo ao Padre Ernesto: Um Profeta no meio do Povo - Versão melhor. 27/7/2019
2 - Padre Ernesto, presente em nós na luta! O seu sonho não morreu. - 28/7/2019
3 - Padre Ernesto faz denuncia crimes em Felisburgo, MG, no III Enc de CEBs de Almenara - 2 a 4 12/2011
4 - Parte 6: 20a Romaria das Águas e da Terra/MG. O Grito da Terra II. Padre Ernesto. Unaí, 23/7/17
5 - Padre Ernesto, Veio e Simão: XVIII Romaria da terra e das águas de MG (8a parte), Brejo.
6 - Marcha Profética - 20a Romaria das Águas e da Terra/MG "Nas Veredas da Fé"- 22/7/2017
7 - "Nas Veredas da Fé" e a 20a Romaria das Águas e da Terra/MG- 2a Parte - 22/ 7 /2017
[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Ocupações; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br – www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III