Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
Profa. Dra. Andréa Zhouri, da UFMG: "Rompimento de barragens acontece por falha da governança ambiental." 26/1/2019 - Vídeo 1.
Em entrevista a frei Gilvander, da CPT, a professora Dra. Andréa Zhouri, do GESTA (Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que há, via de regra, negligências nas análises dos processos de licenciamento ambiental no Estado de Minas e no Brasil, “malabarismos” burocráticos para acelerar a concessão do licenciamento, além de total desrespeito com as questões socioambientais, com a vida para atender exclusivamente os interesses econômicos, os interesses do mercado, a fúria gananciosa das mineradoras, apoiadas, descaradamente pelo Estado.
Profa. Dra. Andréa Zhouri, do GESTA\UFMG, em entrevista a frei Gilvander
Aqui, o vídeo 1 gravado por frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI, com registro da 1a parte dessa entrevista. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 26/1/2019.
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“Licenciamento ambiental decente, baseado em estudo de qualidade, é necessário para o desenvolvimento, senão você cria o subdesenvolvimento.” É o que afirma o Professor Dr. Klemens, da UFMG, em entrevista a frei Gilvander. Vídeo 2 – 26/1/2019.
Descaso, irresponsabilidade, desrespeito e submissão às mineradoras marcaram a reunião do Conselho de Política Ambiental (Copam), da Secretaria de Meio Ambiente e Política Sustentável (Semad) de Minas, em 11 de dezembro de 2018. Entre os projetos apresentados para o licenciamento estava a ampliação da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, cujas barragens se romperam no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, ficando registrado como um dos maiores crimes e um dos maiores acidentes de trabalho da história da humanidade. A maioria dos conselheiros, convenientemente indiferentes à gravidade do que era discutido na reunião, simplesmente ali estava para dar o seu SIM aos interesses das mineradoras e aos interesses escusos do Estado. Com 8 votos a 1, a licença da mina do Córrego do Feijão, assim como as outras, foi aprovada. Entre os conselheiros e conselheiras, o único voto contrário à licença foi de Maria Teresa Corujo, a Teca, que justificou o seu voto com eloquente pronunciamento, questionando a falta de um estudo mais aprofundado para concessão das licenças, num verdadeiro clamor para que se fizesse uma análise rigorosa, com mais tempo, em relação aos riscos socioambientais implicados nessa permissão. O representante do IBAMA que, junto com o representante do CEFET, optou pela abstenção do voto, alertou na reunião que a barragem da mina do Córrego do Feijão não oferecia risco zero e qualquer negligência ou descuido poderia provocar o rompimento. Foram vencidos pela maioria que escolheu atender aos interesses do “deus mercado”, do capital, tornando-se, portanto, cúmplices desse crime hediondo da VALE e do Estado, que trouxe morte e devastação, cujas consequências gravíssimas em todo o ecossistema massacrado são imensuráveis. Em entrevista a frei Gilvander, da CPT, o geógrafo professor Dr. Klemens Laschefski, do GESTA (Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que acompanhou o trâmite do processo no Copam para assessorar famílias da região que faziam reivindicações por mais segurança, expõe sua avaliação da reunião. Para ele, houve negligência na análise do processo, “malabarismos” burocráticos para acelerar a concessão do licenciamento, além de total desrespeito com as questões socioambientais, com a vida para atender exclusivamente os interesses econômicos, os interesses do mercado, a fúria gananciosa das mineradoras, apoiadas, descaradamente pelo Estado.
Aqui, o vídeo 2, gravado por frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI, com registro da segunda parte dessa entrevista. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 26/1/2019.
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Arbitrariedade e estratégias do Estado de MG e aliados favorecem mineradoras nos licenciamentos e colocam em risco a vida. Entrevista com o prof. Dr. Klemens Laschefski, da UFMG. Vídeo 1 – 26/1/2019.
Descaso, irresponsabilidade, desrespeito e submissão às mineradoras marcaram a reunião do Conselho de Política Ambiental (Copam), da Secretaria de Meio Ambiente e Política Sustentável (Semad) de Minas, em 11 de dezembro de 2018. Entre os projetos apresentados para o licenciamento estava a ampliação da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, cujas barragens se romperam no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, ficando registrado como um dos maiores crimes e um dos maiores acidentes de trabalho da história da humanidade. A maioria dos conselheiros, convenientemente indiferentes à gravidade do que era discutido na reunião, simplesmente ali estava para dar o seu SIM aos interesses das mineradoras e aos interesses escusos do Estado. Com 8 votos a 1, a licença da mina do Córrego do Feijão, assim como as outras, foi aprovada. Entre os conselheiros e conselheiras, o único voto contrário à licença foi de Maria Teresa Corujo, a Teca, que justificou o seu voto com eloquente pronunciamento, questionando a falta de um estudo mais aprofundado para a concessão das licenças, num verdadeiro clamor para que se fizesse uma análise rigorosa, com mais tempo em relação aos riscos socioambientais implicados nessa permissão, O representante do Ibama que, junto com o representante do CEFET, optou pela abstenção do voto, alertou na reunião que a barragem da mina do Córrego do Feijão não oferecia risco zero e qualquer negligência ou descuido poderia provocar o rompimento. Foram vencidos pela maioria que escolheu atender aos interesses do “deus mercado”, do capital, tornando-se, portanto, cúmplices desse crime hediondo da VALE e do Estado, que trouxe morte e devastação, cujas consequências gravíssimas em todo o ecossistema massacrado são imensuráveis. Em entrevista a frei Gilvander, da CPT, o geógrafo, professor Dr. Klemens Laschefski, do GESTA (Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que acompanhou o trâmite do processo no Copam para assessorar famílias da região que faziam reivindicações por mais segurança, expõe sua avaliação da reunião. Para ele, houve negligência na análise do processo, “malabarismos” burocráticos para acelerar a concessão do licenciamento, além de total desrespeito com as questões socioambientais, com a vida para atender exclusivamente aos interesses econômicos, aos interesses do mercado, à fúria gananciosa das mineradoras, apoiadas, descaradamente pelo Estado.
Aqui, o vídeo 1, gravado por frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI, com registro da primeira parte dessa entrevista. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 26/1/2019.
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O gigante projeto de mineração em Minas
Gerais, no Pará e em outros estados do Brasil, chegou à exaustão e está
colocando em colapso as condições de vida de toda a população, da mãe terra, da
irmã água e os biomas. Se as classes trabalhadora e camponesa, e todas as
pessoas de boa vontade do campo e da cidade não acordarem, se não se organizarem
e partirem para lutas coletivas e massivas que joguem ‘areia na engrenagem de
morte da grande mineração’, ocorrerão cada vez mais tragédias e maiores do que
as que aconteceram e continuam a partir de Bento Rodrigues, em Mariana, e de Brumadinho,
na região metropolitana de Belo Horizonte.
Temos que honrar as centenas de pessoas
assassinadas pela Vale e pelo Estado e também os Rios Doce e Paraopeba e
respeitá-los. A mãe terra, a irmã água, a flora e a fauna e a classe
trabalhadora empurrada para aceitar trabalhar como terceirizados, em situação
análoga à de escravidão, estão gritando: BASTA DE MINERAÇÃO! CHEGA! EXIGIMOS
RISCO ZERO! Exceto os cúmplices ou mentores da máquina de guerra que se tornou
a mineração em grande escala, todos estão indignados até o último fio de
cabelo. Basta de sacrificar no altar do deus mercado/capital tantas vidas humanas
e de toda a biodiversidade. Mineração em grande escala com os processos de superexploração
se tornou algo satânico, diabólico e idolátrico, pois semeia devastação que se
multiplica em uma progressão geométrica.
Não existem apenas riscos, já se matou
demais. Ao ouvir quem está morrendo aos poucos, um pouco a cada dia, debaixo de
lama tóxica de barragens de mineradoras, não nos resta dúvida: as grandes
mineradoras, lideradas pela Vale, em conluio com o Estado, tocadas pela classe
dominante, estão fazendo guerra contra o povo, contra a mãe terra, contra as
nascentes, os rios, os lençóis freáticos, os biomas, os animais, a flora e a
fauna. Júlio Grilo, superintendente do IBAMA[2]/MG,
desde janeiro de 2018, alertou em várias reuniões da Câmara de Atividades
Minerária do COPAM[3]:
“Todas as barragens de mineração têm risco e podem se romper. Só não sabemos o
dia e a hora.” Nos últimos 20 anos, dezenas de barragens de mineração já se romperam
em Minas Gerais e em outros estados. Dia 17 de fevereiro de 2018, por exemplo, houve
um vazamento de rejeitos do complexo da mineradora Hydro Alunorte, em
Barcarena, PA. O Rio Murucupi e diversos igarapés foram contaminados, e muitas
comunidades ribeirinhas e quilombolas tiveram o seu modo de vida profundamente
violentado.
Com licença renovada pelo Governo de Minas
Gerais em março de 2018 para mais dez anos de extração de ouro, as
megabarragens de Santo Antônio e Eustáquio, com 7 quilômetros de diâmetro, da
Mina Morro do Ouro – maior mina de ouro do mundo a céu aberto, da mineradora canadense
Kinross, em Paracatu, se romperem, parte da cidade de Paracatu e inúmeras
comunidades abaixo serão dizimadas, o Rio Paracatu e o Rio São Francisco
receberão a punhalada de misericórdia. Priscila Sueli Rezende, em pesquisa de
dissertação de mestrado na UFMG, em 2009, constatou que “as concentrações
mais altas de arsênio foram observadas no Córrego Rico – abaixo das
barragens da Kinross -, em Paracatu, correspondendo a uma concentração 190
vezes maior que a estipulada pela legislação ambiental”. Por isso,
principalmente, há uma elevadíssima incidência de câncer na população de
Paracatu e região. Se a grande barragem da mineradora Anglo Gold Ashanti,
em Sabará, se romper, passará por cima do bairro Pompéu e de vários outros
bairros, matará o Rio Sabará, o Rio das Velhas e o Rio São Francisco.
Otávio Freitas, de Nova Lima, coautor de Ação
Popular contra a Mina Capão Xavier[4],
da VALE, alerta: “Risco maior pode estar
na barragem de rejeito da antigamente chamada barragem de Tamanduá, hoje
chamada de Capão da Serra, barragem em atividade e que recebe os rejeitos das
minas de Tamanduá e Capitão do Mato, em Nova Lima. E/ou o risco pode ser também
a barragem de Gorduras, da mina da Mutuca. Se essas barragens se romperem, a
lama tóxica invadirá a bacia do córrego Macacos, que cai no Rio das Velhas e
depois no Rio São Francisco”. Além de reintegrações de posse em
propriedades que não cumprem função social, gerando o despejo de milhares de
famílias de suas casas em ocupações do campo e urbanas, as grandes mineradoras,
em uma gula sem fim, estão também despejando milhares de famílias de suas
moradias. Ou seja, despeja-se pela falta de reforma agrária e de reforma urbana
e, agora também, pela superexploração das mineradoras.
Belo Horizonte e região metropolitana não
estão apenas em um quadrilátero ferrífero, mas em um quadrilátero aquífero.
Aliás, a capital de Minas Gerais foi deslocada de Ouro Preto para Belo
Horizonte principalmente em função dos seus mananciais, um importante aquífero
situado nos arredores da Serra do Curral que conseguiria abastecer até 3
milhões de pessoas, mas a mineração e outras indústrias, como as de bebidas,
ali instaladas, estão exaurindo tudo e colocando em colapso as condições
objetivas de vida. Diante desse cenário, soluções moderadas apenas tentam
domesticar a voracidade do ‘escorpião que só sabe ferir e matar’. Não basta
trocar velhas tecnologias por novas tecnologias. Não basta proibir barragens a
montante (acima) e continuar fazendo barragens a jusante (abaixo), dois métodos
de barragens que oferecem sérios riscos de rompimento. Não basta criar territórios
livres da mineração. Não basta “mudar o modelo de mineração”. Não basta fazer
Termo de Ajuste de Conduta (TAC) e acordos que garantem apenas poucos direitos
– “o mínimo legal”, mas que, na prática, abrem mão de direitos fundamentais.
Não basta CPI da mineração e Projetos de Leis para abrandar a fúria das
mineradoras. Privilegiar ações na institucionalidade também é um erro grave,
pois, como efeito colateral, desmobiliza o povo para as grandes lutas
necessárias. Todas as soluções moderadas deixam intacta a coluna mestra das
grandes mineradoras que, como o dragão do Apocalipse, vão devastando tudo e
deixando só “terra arrasada”.
Necessário lembrar da densa obra intitulada COLAPSO
- como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso, do biogeógrafo e
filósofo Jared Diamond, editada no Brasil em 2013, que já alertava sobre
catástrofes, contaminação química e danos ambientais irreversíveis relacionados
à mineração em todo o mundo. Na obra Colapso, Jared Diamond alerta: “Outros problemas ambientais causados pela
mineração de metais compreendem poluição da água pelos próprios metais,
produtos químicos de processamento, vazamentos de ácidos e sedimentos.
Elementos metálicos e semelhantes ao metal no próprio minério - especialmente o
cobre, cádmio, chumbo, mercúrio, zinco, arsênio, antimônio e selênio - são
tóxicos e tendem a causar problemas ao acabarem em córregos e lençóis freáticos
como resultado das operações de mineração. [...] Muitos produtos químicos
usados na mineração como cianeto, mercúrio, ácido sulfúrico, bem como o nitrato
produzido pela dinamite, também são tóxicos. Mais recentemente foi descoberto
que, ao serem expostos à água e ao ar através da mineração, os minerais
contendo sulfeto vazam ácidos que causam séria poluição na água por si mesmo e
pelos metais lixiviados por eles. Os sedimentos transportados para fora das
minas pela água podem ser danosos à vida aquática cobrindo, por exemplo, as
superfícies de desova dos peixes. Além desses tipos de poluição, o mero consumo
de água de muitas minas é alto o bastante para ser significativo (DIAMOND,
2013, p. 541).”
O crime não é só da Vale, é também do Estado
cúmplice. É crime também dos governos anteriores e atuais, do poder legislativo
que, em Minas Gerais, cuspiu no rosto de todas as vítimas do crime tragédia da
VALE/BHP/SAMARCO/ESTADO ao aprovar, em regime de urgência, um projeto indecente,
flexibilizando ainda mais o licenciamento ambiental. Os Ministérios Públicos,
estadual e federal, também estão deixando muito a desejar, pois optaram por
fechar acordos questionáveis e promotores combativos foram retirados das
funções de investigação. O poder judiciário também está sendo cúmplice quando
decide atendendo a pedidos escusos das mineradoras, desrespeitando os
princípios constitucionais, tais como os da dignidade da pessoa humana e da
precaução, e violando o artigo 225 da Constituição que exige garantir um meio
ambiental saudável. O judiciário se coloca ao lado dos opressores quando é
lentíssimo para decidir quando os injustiçados batem à porta do tribunal, mas é
veloz em decidir quando é para garantir privilégios e interesses do capital.
Enfim, a humanidade só terá futuro se todas
as pessoas de boa vontade, do campo e da cidade, se comprometerem na luta pela
construção de uma sociedade do Bem Viver, com estilo de vida simples e austero,
e cerrar fileira nas lutas sociais e ambientais pela superação do capitalismo
que, como uma máquina de moer e corroer vidas, segue causando cada vez mais
devastação socioambiental por meio do agronegócio com uso indiscriminado de
agrotóxicos, pelas monoculturas que sacrificam os biomas e pelos megaprojetos
de mineração.
Referência
DIAMOND,
Jared.COLAPSO - como as sociedades
escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio de Janeiro: Record, 2013. (Original:
2005)
Belo
Horizonte, MG, 19 de fevereiro de 2019.
Obs.: Os vídeos, abaixo,
ilustram o texto, acima.
1
- Peregrinação ao lado do rio Paraopeba, morto, até o Velho Chico, em Minas
Gerais. 30/1 a 02/2/2019
2
- Prefeito de Brumadinho, MG, defende minério-dependência e quer só abrandar.
1º/2/2019
3
- Crime da VALE e do Estado/Brumadinho/MG: Silêncio, não. Luta, sim, pela vida!
-1º/2/2019
4
- Estado de MG a serviço das mineradoras/Prof. Dr. Klemens/UFMG. Vídeo 1 -
26/1/2019.
[1] Frei e padre da
Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel
em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e
Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos”
no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com
– www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Peregrinação ao lado do rio Paraopeba, morto, até o Velho Chico, em Minas Gerais. 29/1 a 02/2/2019
De 30 de janeiro a 02 de fevereiro de 2019, integrantes da CPT (Comissão Pastoral da Terra), do CPP (Conselho Pastoral de Pescadores), do MNPP (Movimento Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais) e da Cáritas Regional Minas Gerais percorreram o trajeto da lama tóxica do crime da mineradora Vale e do Estado, que matou o rio Paraopeba, até o Velho Chico, o rio São Francisco, já em agonia há algum tempo na UTI, para verem de perto os rastros de destruição do hediondo crime causado pela VALE, com autorização do Estado, a partir de Brumadinho, MG, dia 25/01/2019 às 12h28. Com seu percurso seguido pelos peregrinos, o rio Paraopeba faz ele também sua peregrinação... de agonia e morte. Suas águas que antes refletiam vida e esperança de dias melhores para tantas comunidades ribeirinhas que dele dependiam para sua sobrevivência, hoje seguem levando veneno, lixo tóxico, destruindo vidas... É inegável que essa contaminação já chegou ao rio São Francisco. As águas do Velho Chico já não são as mesmas, sua coloração já está mudada e, conforme depoimentos, seus peixes podem já estar contaminados. Nessa peregrinação, as marcas de um dos maiores crimes ambientais e um dos maiores acidentes de trabalho da história da humanidade. Os passos dos peregrinos testemunham sofrimento, angústia, incertezas, sonhos destruídos, esperanças perdidas... Exige-se justiça. É preciso que todos os responsáveis sejam punidos, quem autorizou a mina de Córrego do Feijão, quem renovou a licença, deputados e governadores, secretários de Estado, o presidente da Vale, diretores da VALE e todos técnicos que assinaram documentos falsos que criavam capa de legalidade. Punir somente "peixe pequeno" será deixar abertas as comportas para crimes maiores. Em qualquer outro lugar do mundo, o presidente da Vale, diretores da Vale, agentes públicos responsáveis pelas licenças já teriam sido presos. Exigem-se medidas urgentes de atendimento eficiente e responsável às famílias das vitimas e às comunidades massacradas. São urgentes e necessárias as ações de luta por direitos. Um grande mutirão, reunindo os movimentos sociais populares, as pessoas de boa vontade, as forças vivas da sociedade precisa ocupar todos os espaços da sociedade para, em lutas coletivas e massivas, frear o dragão da mineração que está pondo em colapso as condições objetivas de vida. Tantas vidas ceifadas não podem ser esquecidas. Da lama da morte é preciso brotar ressurreição. A peregrinação continua... em defesa da vida em toda sua biodiversidade, contra as mineradoras, contra toda opressão do poder do capital e dos capitalistas que, em detrimento da vida, seguem fazendo jorrar lama, jorrar morte!
Divulgação / Cáritas Regional MG
* Filmagem: Vinícius Gomes, da Cáritas Regional MG. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
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Para
o crime hediondo da VALE, com autorização do Estado, a partir de Brumadinho/MG,
nem um minuto de silêncio, e sim toda uma vida de luta em defesa da vida!
1º/2/2019.
No dia 1º de fevereiro de
2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e membros da
Equipe Técnica do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos,
estiveram em Brumadinho, MG, e no Distrito do Córrego do Feijão, onde se
localizavam as barragens rompidas pela irresponsabilidade da VALE e do Estado,
conversaram com famílias de vítimas desse crime tragédia, com sobreviventes,
colheram depoimentos de moradores e estiveram também no local que se tornou um
verdadeiro cemitério, com muitos corpos sepultados pela lama tóxica, cujas
vidas foram espoliadas, massacradas pela ganância e pelo poder do capital. Lá,
bem no local desse crime anunciado, encontraram o prefeito de Brumadinho,
Avimar Barcelos – o Nenen da Asa – com quem tentaram conversar. O cenário de
dor e comoção por tantas vidas ceifadas antes do tempo, fomenta também grande
indignação diante da fala incoerente de um prefeito que diz lamentar as mortes,
mas defende as mineradoras, responsáveis por essas mortes. Um prefeito que fala
nas lições não aprendidas com o crime de Mariana, em 2015, mas concorda com a
minério-dependência do município e a defende, supervalorizando o capital, os
impostos pagos ao município pelas mineradoras, mesmo que isso signifique perda
drástica da qualidade de vida e risco permanente à vida em toda sua
biodiversidade. Ver hoje um município antes com grande vocação à agricultura
familiar, que convivia de forma harmoniosa com a natureza, com a água límpida
do rio Paraopeba a saciar tantas sedes, ser lembrado como local onde ocorreu um
dos maiores crimes ambientais da humanidade em número de vítimas, dói fundo na
alma e fortalece em nós a certeza de que esse sistema mortífero que é o
capitalismo precisa ser freado. O cenário é triste, é de dor, mas os corpos ali
sepultados não têm e não terão nenhum minuto de silêncio da nossa parte. Para
eles, toda uma vida de luta por direitos, em defesa da vida em toda sua
biodiversidade. Esses corpos sepultados na lama e pela lama tóxica do capital e
dos capitalistas, são para as pessoas de bem e para todas as forças vivas da
sociedade sementes a germinarem, florescerem e frutificarem ressurreição!
Foto: Divulgação/ www.uol.com.br
*Vídeorreportagem de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Distrito de Córrego do Feijão, 1º/2/2019.
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acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
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Na cena do crime, Prefeito de Brumadinho, MG, defende minério-independência e quer só abrandar. 1º/2/2019.
Dia 1º/02/2019, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e membros da Equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos visitaram o Distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, no local onde aconteceu o crime tragédia da mineradora Vale e do Estado, a partir das 12h28 do dia 25\01\2019, ocasião em que foi gravado esse vídeorreportagem. Na cena do crime da Vale e do Estado, encontraram o prefeito de Brumadinho, MG, e gravaram entrevista com ele, que defende a mineriodependência e propõe apenas abrandar o sistema de morte. Eis o que está aqui nesse vídeo reportagem.
Cenário do crime da mineradora Vale e do Estado, em Brumadinho, MG, dia 01\2\2019. Foto/ Divulgação / www.esmaelmorais.com.br
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ibirité/MG, 1º /02/2019.
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