Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
ADAIR SILVA SANTOS, Diretor da EFA de Itinga - Vale do Jequitinhonha, MG: Vítima de atentado na luta pela Educação do Campo. 24/5/2018.
De 22 a 25 de maio/2018, aconteceu em Belo Horizonte, MG, o 2º Seminário Estadual de Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, com a realização de várias atividades. Participaram desse Seminário representantes de diversos segmentos da sociedade, entre eles, integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes e organizações da sociedade civil. Com o tema “Pelo direito de ter direitos”, foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos; mulheres e homens que, com coragem, lutam contra as injustiças, contra o poder do capital que oprime, explora e destrói vidas. Foram discutidas também estratégias de proteção. Nesse vídeo, frei Gilvander conversa com ADAIR SILVA SANTOS, Diretor da Escola Família Agrícola (EFA) da Comunidade do Jacaré, município de Itinga, Vale do Jequitinhonha/MG, vítima de atentado na luta pela Educação do Campo. Adair fala da importância da EFA e do seu compromisso com a transformação libertadora das famílias camponesas por meio da Educação que, sendo emancipadora, possibilita a construção e o fortalecimento de um espaço onde se possa fixar e viver com sustentabilidade e dignidade.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 24/5/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Foto: G. L. Moreira, dia 02/6/2018, em Ponte Nova, MG, na 3a Romaria das Águas e da Terra de MG.
Lutar coletivamente compreendendo
a concepção concreta da dialética é imprescindível para não se azedarem as
relações humanas entre os sujeitos que batalham na luta pela terra e por todos
os direitos humanos fundamentais. Quando, por exemplo, em uma reunião de um
movimento social popular, posições diferentes são postas a partir de um
determinado assunto levantado, o diferente, que muitas vezes soa como
contraditório, não deve ser eliminado, mas incorporado, pois contribuirá, sem
sombra de dúvida, para se chegar a um ponto melhor e fértil. Assim, divergir
quando se está avaliando a luta por direitos ou planejando-a é algo mais do que
benéfico, é necessário, para a superação dos limites e impasses que precisam
ser superados. A busca deve ser coletiva, o que implica passar por lógica
dialética e concreta. Regras prontas também podem sustentar lógicas formais
abstratas que em se mudando o contexto, tempos e espaços diferentes, podem mais
ofuscar o que é o real do que manifestá-lo.
Ao
escolhermos uma determinada linha metodológica, implicitamente escolhemos,
consciente ou inconscientemente, voluntária ou involuntariamente, determinados
pressupostos filosóficos, valorativos, morais e/ou políticos. Certas regras do
mundo universitário que regem vários tipos de pesquisa acadêmica têm pouca
incidência nos grupos pesquisados, são úteis principalmente para uma minoria
privilegiada obter títulos. Por outro lado, segundo um dos maiores expoentes
teóricos e praticantes da pesquisa-ação na América Latina, Michel Thiollent, “a
pesquisa-ação e também certas formas de pesquisa
participante seriam um meio de melhor adequar a pesquisa aos temas e
problemas encontráveis no seio do povo” (THIOLLENT, 1987, p. 87). Há diferentes
jeitos de participação na construção do conhecimento. “Os diferentes estilos
participativos na construção do conhecimento social envolvem tipos de
investigações e pesquisas que, ora mais próximos, ora mais distanciados,
transitam entre a academia e os movimentos sociais” (BRANDÃO; STRECK, 2006, p.
11).
Ninguém é
uma ilha. Pesquisar solitariamente é enveredar-se por um deserto estéril. Na
pesquisa, exige-se caminhar ao lado de muitos que são indispensáveis para o
êxito do trabalho. “O andar coletivo de quem descobre que todo o saber que não
se abre a ser uma vivência de partilha é um saber não confiável, porque suas
motivações podem ser pouco verdadeiras em um sentido humano, mesmo que suas
descobertas sejam corretas e inovadoras, desde um ponto de vista científico”
(BRANDÃO; STRECK, 2006, p. 12).
Apoiando-nos
em Carlos Rodrigues Brandão, afirmamos que não há um único jeito de fazer
pesquisa participante, mas há inúmeras modalidades de pesquisa participante que se refazem no movimento da história e da
sociedade. Nas metodologias tradicionais de pesquisa científica para se afirmar
o caráter científico se recai no cientificismo ao apregoar uma pretensa
neutralidade do/da pesquisador/a, escamoteando sua opção política. Para não se
recair em subjetivismo cai-se em outro extremo que é afirmar a pretensa
neutralidade dos métodos científicos. Assim, parte significativa de uma
metodologia científica adequada “serve para proteger o sujeito de si próprio,
de sua própria pessoa, ou seja: de sua subjetividade. Que entre quem pesquisa e
quem é pesquisado não exista senão uma proximidade policiada entre o método (o sujeito dissolvido em ciência)
e o objeto (o outro sujeito
dissolvido em dado)” (BRANDÃO, 1987, p. 7).
Nessa concepção de pesquisa científica se oculta cuidadosamente o nome
da comunidade pesquisada, sob a desculpa não confessada de se garantir o
anonimato para não colocar em “maus lençóis” o “objeto” investigado dependendo
do que for revelado[2] e
muitas vezes se faz a análise do resultado com base nos questionários que
induzem a pensar que quem pesquisa “possui todas as perguntas e, o outro, todas
as respostas” (BRANDÃO, 1987, p. 10).
A Escola
de Chicago não questiona fundamentalmente a tese da neutralidade científica,
mas insiste, de maneira incisiva, na necessidade de levar em conta o ponto de
vista dos sujeitos sociais que se pesquisa. Arriscamos a dizer que não basta
levar em conta, mas também é benéfico priorizar os pontos de vistas dos injustiçados,
pois são eles os sujeitos protagonistas da luta por direitos sociais. De pouco
adianta garimpar e refinar referências teóricas se não há sujeitos capazes de,
através da práxis – a atividade humana que interpreta e transforma o real -,
mover a realidade para potencializar a transformação.
A
experiência de muitos cientistas sociais comprometidos com a luta por justiça
social, contribuindo com pesquisas que despertam o poder da classe injustiçada
em luta, indica que “só se conhece em profundidade alguma coisa da vida da
sociedade ou da cultura, quando através de um envolvimento – em alguns casos,
um comprometimento – pessoal entre o pesquisador e aquilo, ou aquele, que ele
investiga” (BRANDÃO, 1987, p. 8). O outro
a ser pesquisado, considerado objeto,
não pode ser reduzido a um eu como eu,
um eu subalterno, mas precisa ser
compreendido como outro eu, na sua
alteridade. A existência do diferente precisa ser respeitada.
Como tudo
que é histórico, evolui ou encolhe, se transforma, os métodos de pesquisa
científica também mudaram a partir de quando o pesquisador polonês Malinowski
saiu da Inglaterra para pesquisar nas ilhas Trobriand[3].
“Quando Malinowski desembarcou sozinho nas ilhas de Trobriand, não era apenas
um método que ia ser reinventado ali: era uma atitude. Não mais reconstruir a
explicação da sociedade e da cultura do “outro” através de fragmentos de
relatos de viajantes e missionários. Ir conviver com o outro no seu mundo; aprender a sua língua; viver sua vida; pensar
através de sua lógica; sentir com ele” (BRANDÃO, 1987, p. 11).
Com essa
mudança de postura com relação à pesquisa, nasceu a técnica de observação participante como um meio
para se apreender a lógica interna da vida social, ancorada no princípio
segundo o qual “em todos os mundos sociais todas as instituições da vida estão
interligadas de tal sorte e de tal maneira se explicam através da posição que
ocupam e da função que exercem no interior da vida social total, que somente
uma apreensão pessoal e demorada de tudo possibilita a explicação científica
daquela sociedade” (BRANDÃO, 1987, p. 12).
Brandão
recorda que Marx, pesquisando na Inglaterra, descobriu a participação da pesquisa: “Não é necessário que o pesquisador se
faça operário ou como ele, para conhecê-lo. É necessário que o cientista e sua
ciência sejam, primeiro, um momento de compromisso e participação com o
trabalho histórico e os projetos de luta do outro,
a quem, mais do que conhecer para explicar, a pesquisa pretende compreender
para servir” (BRANDÃO, 1987, p. 12). Pelo exposto acima, concluímos que
pesquisa emancipatória exige ser feita de forma solidária e jamais solitária.
Referências.
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues; STRECK, Danilo R. (Org.). Pesquisa participante: o saber da partilha. 2ª edição.
Aparecida/SP: Ideias & Letras, 2006.
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a
pesquisa participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
THIOLLENT,
Michel. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. In: Carlos Rodrigues Brandão
(Org.). Repensando a pesquisa
participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
Belo Horizonte, MG, 07/8/2018.
Obs.: Os
vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.
1 - Daiane, Comunidade Quilombola Baú/MG -
Ameaças e violência por lutar pelo território/24/5/2018.
2 - Cristiano, do MTL, Santa Vitória/MG –
Ameaçado de morte por lutar pelo direito à terra. 24/5/2018.
3 - Aparecida Damasceno, de Uberlândia/MG:
Repressão e ameaças na luta por moradia. 24/5/2018.
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
[2]
Como exemplo, citamos uma pesquisa de uma médica em Belo Horizonte que
demonstrou que os pacientes de três hospitais da capital mineira, ao receberem
alta médica, estavam mais desnutridos do que ao darem entrada nos hospitais por
causa das péssimas condições da alimentação hospitalar. Quando lhe perguntei
qual eram os três hospitais, ela me respondeu: “São os hospitais A, B e C. Não
podemos revelar a identidade dos hospitais por uma exigência do código de ética
do COEP”.
[3]
Ilhas que compõe um arquipélago na costa oriental da Nova Guiné, no Pacífico
Ocidental.
Vem
aí a XXI Romaria das Águas e da Terra/MG, dia 16/9/2018, em Lagoa da Prata, MG.
8ª Reunião de Preparação, em Lagoa da Prata/Diocese de Luz/MG – 28/7/2018.
Na alegria da celebração do
centenário da Diocese de Luz, aconteceu, em Lagoa da Prata/MG, a 8ª reunião de
preparação à XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, que
acontecerá no dia 16/9/2018, em Lagoa da Prata. Nessa reunião, o cantor e
agente de pastoral das CEBs e da CPT-MG, João Bento, apresentou com alegria o
“Cancioneiro”, com as músicas que animarão as atividades preparatórias e as
ações e a celebração do dia da XXI Romaria das Águas e da Terra/MG. Dom José
Aristeu Vieira, bispo da Diocese de Luz, falou da importância dessa Romaria na
Diocese, considerando que ali estão as nascentes do rio São Francisco, que
clama por revitalização, por vida, e apresentou a Cartilha da XXI Romaria das
Águas e da Terra de Minas Gerais, com sete encontros – Roteiros de Reflexão -,
que serão realizados em preparação a essa Romaria. Foi lembrada também com
renovado ardor profético, por Rosarinha, a Semana Missionária que acontecerá de
08 a 15 de setembro de 2018, na Diocese de Luz. Com o tema “Das Nascentes do
São Francisco às Terras da Justiça” e o lema: “Cuidando da Mãe Terra e da Irmã
Água”, a XXI Romaria das Água e da Terra do Estado de Minas Gerais é um alerta
à destruição ambiental que vem acontecendo para atender a interesses
capitalistas, que, pela ambição do lucro, pela ganância de acumular cada vez
mais, poluem, desmatam, secam, matam... E é também e, sobretudo, um chamado ao
compromisso, à coragem de ações concretas em defesa da vida em toda sua
biodiversidade. * Participe você também da XXI Romaria das Águas e da Terra do
Estado de Minas Gerais. A presença deverá ser confirmada até dia 31/08/2018 pelo
telefone 0xx(37) 3421 9001 ou pelo e-mail pastoral@diocesedeluz.org.br
* Reportagem com Filmagem de
frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Edição de Nádia Oliveira, da
Equipe de Comunicação da CPT-MG.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander
e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
Perspectivas
geográficas e históricas não podem ser separadas, pois são imprescindíveis para
evidenciar as relações históricas que se constituíram no território. Por outro
lado, a história resgatada da perspectiva dos oprimidos exige trazer à tona as
relações com o território: os conflitos e as violências se dão sempre em cima
de um lugar, em um território. “A separação da geografia e da história e o
domínio do tempo sobre o espaço têm o efeito de produzir imagens de sociedades
separadas de seu ambiente material, como se surgissem do nada” (CORONIL, 1996,
p. 23). “Eu não confio na pesquisa
solitária, confio na pesquisa solidária”, dizia Jean Piaget. Nas últimas
décadas, houve e continua de pé um debate acalorado sobre os pressupostos
epistemológicos da pesquisa no qual as/os pesquisadoras/res, profissionais ou
aprendizes, nunca foram tão questionados em suas certezas. Perguntas
interpeladoras sobre epistemologia[2] –
ciência do conhecimento - e metodologia ainda continuam sem respostas
consistentes. “Antes do domínio de determinadas técnicas, pesquisar implica
capacidade de escutar, um escutar denso, intenso e (im)paciente” (STRECK, 2006,
p. 265). Sob o cansaço causado pela repetição da ciência de além-mar - esquemas
eurocêntricos, positivistas e funcionalistas - e vendo as desigualdades sociais
se reproduzirem em progressão quase geométrica, na América Latina irromperam
sujeitos reivindicando uma ciência que fosse “nossa”. José Martí, ainda em
1891, em Nossa América, apresenta sua
utopia de universidade: “Os povos se levantam e se cumprimentam. Como somos?
Perguntam-se. E uns e outros vão dizendo como são. Quando aparece um problema
em Cojimar[3] já
não vão buscar a solução em Dantzig[4]”
(MARTÍ, 1983, p. 199).
A ciência
não é neutra, - também ninguém é neutro e nem apolítico. Entretanto, se
construída dentro de parâmetros científicos, a ciência gera conhecimento que
pode ajudar a revelar o que é ocultado. “O desvelamento de um aspecto antes
velado vale mil vezes mais do que um belo discurso valorativo que mantenha
escondido, aos olhos de quem quer se libertar, um elo das correntes que o
oprimem” (IASI, 2011, p. 141). Ser objetivo é algo inatingível, pois muitas
vezes o pretenso rigor científico que pretende atestar objetividade escamoteia
o mais das vezes – mas não sempre – o direcionamento da pesquisa. “As técnicas
de pesquisa não somente recolhem os dizeres, mas também forçam a dizer” (LE
BOTERF, 1987, p. 76), consideram uns dizeres e desconsideram outros.
Necessário
se faz superarmos uma visão dicotômica da relação envolvimento-distanciamento
ao investigar, por entendermos que em uma pesquisa científica um devido
distanciamento é imprescindível, mas também o é certo nível de envolvimento. Buscar
distanciamento, sob certos aspectos, em um processo de vigilância
epistemológica, mas também se envolver, ciente de que todo conhecimento exerce
um poder imenso nas relações capital versus
trabalho, seja para emancipar, seja para legitimar a reprodução do capital com
toda sua (super)exploração. Impossível compreensão à distância e de forma
asséptica. “Há um engajamento em todo ato de compreensão” (GADAMER, 1997, p.
216).
Antes de ler referências teóricas imprescindíveis
para a pesquisa, experienciar que, muitas vezes, a sabedoria – saber com sabor
- pode estar mais nos indivíduos – nas suas práticas e conhecimentos - do que
nos livros, primeiro ouvir atentamente pessoas que estão militando na causa a
ser pesquisada. Buscar ouvir as falas das pessoas envolvidas nas linhas e nas
entrelinhas, suas posturas e seus compromissos. O tempo todo, no processo de
pesquisa participante, devemos estar antenados, buscando o que é e como
acontece, se é que acontece, a hipótese
pesquisada. Em um segundo momento, buscar as luzes de referências teóricas e as
adicionar ao processo de análise do objeto-sujeito em questão.
Não
podemos apresentar uma análise fossilizada como se quiséssemos engessar e
paralisar o objeto-sujeito pesquisado. “Se o real está em movimento, então que
nosso pensamento também se ponha em movimento e seja pensamento desse
movimento. Se o real é contraditório, então que o pensamento seja pensamento
consciente da contradição” (LEFEBVRE, 1979, p. 174). A lógica dialética critica
com pertinência a lógica formal: “Tudo aquilo que é pode entrar na fórmula da
identidade abstrata: “a árvore é a árvore”, “o círculo é o círculo”, “o homem é
o homem”. E, não obstante, esse pensamento tautológico é vazio, precisamente
por ser geral. Não diz o que “é” concretamente a árvore, o círculo, o homem.
Precisamos por convir a tudo, “o ser” abstrato e geral não convém a nada”
(LEFEBVRE, 1979, p. 175).
O
pensamento metafísico abre caminho para dualismos abstratos que não encontram
concretude no real e, por isso, mais mistificam a realidade do que a
compreendem. Não há como, por exemplo, tentar compreender a luta pela terra sem
analisar o conflito entre sem-terra em uma grande diversidade camponesa e os
que detêm a propriedade capitalista da terra, sejam latifundiários ou empresas,
sempre ancorados pelo capital. Em uma pesquisa emancipatória é preciso
entabular análise do objeto-sujeito pelo pensamento concreto e dialético, que
implica contradição. Mas o que é contradição? ““Contradição” não significa
absurdo. “Ser” e “nada” não são misturados, ou infinitamente destruídos um pelo
outro. Descobrir um termo contraditório de outro não significa destruir o
primeiro, ou esquecê-lo, ou pô-lo de lado. Ao contrário, significa descobrir um
complemento de determinação. A relação entre dois termos contraditórios é
descoberta como algo preciso: cada um é aquele que nega o outro; e isso faz
parte dele mesmo. Essa é sua ação, sua realidade concreta” (LEFEBVRE, 1979, p.
178).Enfim, eis uma proposta de
caminho a trilhar e de como pesquisar.
Referências.
CORONIL, Fernando. Beyond Occidentalism: Toward Nonimperial Geohistorical
Categories. In: Cultural
Anthropology, Vol. 11, n. 1, 1996.
GADAMER, Hans Georg. Verdade e método. Petrópolis: Vozes, 1997.
IASI,
Mauro Luis. Ensaios sobre consciência e
emancipação. 2ª edição. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
LE BOTERF, Guy. Pesquisa participante: propostas e reflexões
metodológicas. In: BRANDÃO,
Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a
pesquisa participante. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
LEFEBVRE,
Henri. Lógica formal / lógica dialética.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
MARTÍ,
José. Nossa América: antologia. São
Paulo: HUCITEC, 1983.
STRECK,
Danilo R. Pesquisar é pronunciar o mundo. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues;
STRECK, Danilo R. (Org.). Pesquisa
participante: o saber da partilha. 2ª edição. Aparecida/SP: Ideias &
Letras, 2006.
Belo
Horizonte, MG, 31/7/2018.
Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o
texto, acima.
1
- Em Buritizeiro/MG, clamor de Cassimira, 7 filhos, despejada de Canabrava pela
PM/fazendeiros
2
- Ocupações da Izidora/Paulo Freire/Maria Vitória, ruas de BH, 02/07/15:
Wanderley clama por moradia.
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
[2]Episteme, na língua grega, significa
conhecimento, e logia, ciência.
Epistemologia investiga a natureza do conhecimento, seus fundamentos e
critérios que validam tal conhecimento como verdadeiro.
[3]
Pequeno vilarejo de pescadores próximo a havana, em Cuba.
[4]
Cidade semi-autônoma que existiu entre 1920 e 1939, habitada por alemães e
atualmente é Gdanski, na Polônia.
Cristiano, do MTL, de Santa Vitória, no Triângulo Mineiro, MG: ameaçado de morte por lutar pelo direito à terra. 24/5/2018.
É preocupante o que vemos no Brasil pós-golpe: retirada de direitos de trabalhadoras e trabalhadores, violência acirrada no campo e na cidade, aumento do número de pessoas em situação de miséria, desemprego crescente, o desrespeito à liberdade individual, intolerância... A violação dos direitos fundamentais que garantem a dignidade humana alcança índices assustadores. É a lógica da opressão do capital tentando se firmar. É preciso fortalecer a resistência e a unidade na luta por justiça social, justiça agrária, justiça ambiental, enfim por direitos. Várias ações nesse sentido foram desenvolvidas no 2º Seminário do Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos realizados em Belo Horizonte, MG, de 22 a 25 de maio de 2018. O Seminário contou com a participação de integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes de organizações da sociedade civil, entre outros. Com o tema “Pelo direito de ter direitos”, foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos; mulheres e homens que, com coragem, lutam contra as injustiças, contra o poder do capital que oprime, explora e destrói vidas. Foram discutidas também estratégias de proteção. Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, conversa com Cristiano Aparecido da Silva, do Acampamento Córrego do Tatu, do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), em Santa Vitória, Triângulo Mineiro, que fala da sua militância e das ameaças sofridas nessa luta pela terra e por direitos fundamentais.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 24/5/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Daiane, quilombola - Ameaças e violência contra a Comunidade Quilombola Baú, em Araçuaí, MG, que luta pelo direito ao território. 24/5/2018.
Nesse tempo de desdobramento do golpe instituído no Brasil em 31/8/2016, em que as forças opressoras do capital tentam se fortalecer com atitudes de retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, violência, perseguições, discriminação, preconceito, entre outras violações de direitos, mais que nunca tornam-se necessárias a mobilização popular e o fortalecimento de ações concretas de defesa aos direitos humanos e, em especial, de proteção aos que lutam contra as diversas formas de injustiça, defensores e defensoras dos direitos humanos. De 22 a 25 de maio de 2018, aconteceu em Belo Horizonte, MG, o 2º Seminário Estadual de Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos, com a realização de várias atividades. Participaram desse Seminário representantes de diversos segmentos da sociedade, entre eles, integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes e organizações da sociedade civil. Com o tema “Pelo direito de ter direitos”, foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos; mulheres e homens que, com coragem, lutam contra as injustiças, contra o poder do capital que oprime, explora e destrói vidas. Foram discutidas também estratégias de proteção. Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, conversa com Daiane Santos das Neves, quilombola da Comunidade Quilombola Baú, no município de Araçuaí, região do Médio Jequitinhonha, em Minas Gerais. A região é marcada por constantes ameaças e violências contra os quilombolas que vivem no território há centenas de anos e lutam pelo direito a esse território que lhes foi roubado.
Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.
Marlene, geraizeira do Vale das Cancelas, no Norte de Minas Gerais, defensora dos Direitos Humanos, ameaçada de morte, mas segue na luta. 23/5/2018.
Aconteceu em Belo Horizonte,
MG, de 22 a 25 de maio/2018, o 2º Seminário Estadual do Programa de Proteção
aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos ameaçados de morte
simplesmente por estarem lutando pela superação das injustiças sociais e
ambientais. O Seminário contou com a participação de um expressivo número de
pessoas, entre elas integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de
instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes e organizações
da sociedade civil. Com o tema “Pelo direito de ter direitos” foram discutidas
as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos
humanos e estratégias de proteção.
Nesse vídeo, reportagem em
vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, que conversa com
Marlene Ribeiro de Souza, geraizeira do Território Geraizeiro do Vale das
Cancelas, do norte de MG. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da
CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 23/5/2018.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link:
https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as
notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos
sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.