quinta-feira, 5 de julho de 2018

A Mãe terra acolhe seus filhos em luta: Ocupação Nova Jerusalém/Nova Ser...

A Mãe terra acolhe seus filhos em luta: Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém, na Fazenda Canta Galo, em Nova Serrana, MG, dia 30/6/2018.


Após o covarde e injusto despejo da fazenda Canta Galo, em Nova Serrana, centro-oeste de MG, no dia 26/4/2018, e terem ficado três semanas acampadas à beira do rio Pará, expostas ao frio, a doenças, passando por sérias dificuldades e necessidades, as 100 famílias despejadas reocuparam a fazenda Canta Galo. A Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém já mostra sinais de vida que não se abate, de força de ressurreição na terra que, clamando por libertação, acolhe seus filhos e filhas e responde com seus frutos o cuidado que lhes dedicam. Muito lhes foi tirado e/ou destruído: seus pertences, suas lavouras, os animais que criavam. Até mesmo as casas dos moradores foram arrombadas. Isso foi truculência e ilegalidade, pois a juíza da Vara Agrária havia prescrito que as construções deveriam ser preservadas. Entretanto, nada nem ninguém pode lhes tirar a coragem e a fé que os animam nessa luta por terra e por direitos que lhes garantam o respeito à
sua dignidade humana. Uma área de preservação ambiental, muito próxima ao rio Pará, cheia de nascentes, não pode ser destinada a Aterro Sanitário, como foi argumentado pela Prefeitura de Nova Serrana para conseguir a reintegração de posse da área cedida ao município pelo Governo de Minas Gerais, muito menos ser destinada para atender a interesses particulares, de prefeitos e/ou pessoas a eles ligadas, que lá continuaram e continuam criando bois e vacas. As famílias cuidam da terra, das águas, plantando suas hortas e lavouras de forma agroecológica e convivem de forma harmoniosa com o meio ambiente e a comunidade se organiza e se fortalece no trabalho coletivo, solidário. Rede de Apoio e famílias da Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém, em Nova Serrana/MG, seguem juntas nessa luta pela terra e por direitos. Novos dias para uma “Nova Jerusalém”, terra que se renova e abraça seus filhos e filhas em luta por uma vida melhor, com justiça e fraternidade.

*Fotos e vídeos de Luciana, moradora da Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém. Apoio de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Nova Serrana/MG, 30/6/2018.

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Luta pelo direito de ser feliz: Ciganos em Pedro Leopoldo/MG. 5ª Parte...

Luta pelo direito de ser feliz: Ciganos  da Lagoa de Santo Antônio, em Pedro Leopoldo/MG: 5ª  Parte/14/6/2018.

Crianças Ciganas da Comunidade Cigana 
da Lagoa de Santo Antônio, em Pedro Leopoldo, 
MG. Foto: E. Almada, dia 14/6/2018.
Em Pedro Leopoldo, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG, vivem em torno de 200 famílias ciganas, em Acampamentos Ciganos e em diáspora forçada. Entre tantas que passam por grandes dificuldades e são vítimas do descaso, discriminação e preconceito do Poder Público, está a Comunidade Cigana que vive em torno da Lagoa de Santo
Antônio. São 14 famílias que clamam por garantia de direitos, respeito e
dignidade, o que passa, fundamentalmente, pela garantia de direito ao
território onde possam viver de acordo com sua cultura, seus costumes, sua
tradição; onde possam EXISTIR, de fato.
Nesse vídeo, 5ª e última parte da reportagem feita por frei Gilvander na Comunidade, as ciganas Adriana e Michele falam como os ciganos lidam com a morte, como sobrevivem e sobre valores da cultura cigana.  
Uma grande Rede de Apoio foi formada para fortalecer a luta das Comunidades Ciganas de Minas Gerais, em defesa do seu direito ao território, dos seus direitos fundamentais, em defesa da sua dignidade. Políticas Públicas específicas aos Povos Ciganos são necessárias urgentemente para que se cuide da vida e da qualidade de vida dessas Comunidades, para que crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham acesso aos equipamentos públicos que possam transformar sua realidade de forma positiva, libertadora.

*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.

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terça-feira, 3 de julho de 2018

Direito de existir: Comunidade Cigana da Lagoa de S. Antônio/Pedro Leopo...

O direito de existir: comunidade Cigana da Lagoa de S. Antônio em Pedro Leopoldo/MG. 4ª Parte. 14/6/2018.


Visita ao Acampamento Cigano São Padro, em Ibirité, MG. Presença
também do Procurador do MPF, Dr. Edmundo.
Em Pedro Leopoldo, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG, vivem em torno de 200 famílias ciganas, em Acampamentos Ciganos e em diáspora forçada. Entre tantas que passam por grandes dificuldades e são vítimas do descaso, discriminação e preconceito do Poder Público, está a Comunidade Cigana que vive em torno da Lagoa de Santo Antônio. São 14 famílias que clamam por garantia de direitos, respeito e dignidade, o que passa, fundamentalmente, pela garantia de direito ao território onde possam viver de acordo com sua cultura, seus costumes, sua
tradição; onde possam EXISTIR, de fato. Nesse vídeo, 4ª parte da reportagem feita por frei Gilvander na Comunidade, o depoimento do Professor Emmanuel Duarte Almada, Vice-Diretor da UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), Unidade Ibirité/MG, que fala da importância dessa luta em defesa dos direitos das Comunidades Ciganas. Frei Gilvander conversa também com as ciganas Adriana e Michele sobre os costumes, a tradição, a cultura do Povo Cigano.
Uma grande Rede de Apoio foi formada para fortalecer a luta das Comunidades Ciganas de Minas Gerais, em defesa do seu direito ao território, dos seus direitos fundamentais, em defesa da sua dignidade. Políticas Públicas específicas aos Povos Ciganos são necessárias urgentemente para que se cuide da vida e da qualidade de vida dessas Comunidades, para que crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham acesso aos equipamentos públicos que possam transformar sua realidade de forma positiva, libertadora.

*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.

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Deficiência da B12, câncer e o agrotóxico glifosato, quem diria?


Deficiência da B12, câncer e o agrotóxico glifosato, quem diria?
Por Dr. phil. Sônia T. Felipe.


Os níveis da vitamina B12 caem assustadoramente na maior parte das pessoas, aqui no Brasil, por volta de 50% da população, nos EUA, 40%. E a gente sempre desconfiando dos solos esterilizados pelos insumos sintetizados empregados como adubos para forçar a natureza a produzir em maior quantidade e tempo menor o que ela levaria um tempo maior e o faria em quantidade menor.
Trabalhando muito nos dois últimos meses, pesquisando meia centena de artigos científicos, técnicos e políticos sobre o cultivo de grãos, cereais e plantas geneticamente modificados. Chegamos ao glifosato, à base dos compostos biocidas fumigados nas plantações durante o cultivo, ou em plantações que nem são de transgênicos, mas onde aplicam “o coiso” para dessecar a planta imediatamente antes de a colher, diminuindo assim o volume do lixo a ser separado dos grãos ou das sementes, como é o caso do trigo, pasmem, que sequer transgênico é. Daí podemos entender o "surto" de intolerância ao glúten que não havia antes. Mas também o fazem nas plantações de cana, para se colher mais em menos horas de trabalho.
Glifosato, diz a Monsanto, segundo os cientistas, não é bioacumulativo, quer dizer, nos tecidos dos animais que o ingerem ele não fica acumulado. Fica. Foram encontrados em leitões deformados nascidos vivos, e mortos para dissecação, nos tecidos dos rins, do fígado e em vários outros, em menor concentração nos tecidos dos músculos. Foi encontrado em urina de vacas pesquisadas pela veterinária Monika Krüger, da Universidade de Leipzig, talvez a maior autoridade em glifosato no estudo de animais criados para comilança humana. Também foi encontrado no leite de mulheres aqui na América do Sul, que se submeteram à pesquisa realizada pela ONG Mães pela América.
Glifosato não só acumula em tecidos animais, como faz estragos nas células, além, é claro, de fazer a matança das plantas e micro-organismos que se atrevem a buscar alimentação nas plantações transgênicas. Como funciona? Ele é um antibiótico de largo espectro, sequestrador. Na linguagem técnica o termo é “quelador” ou “quelante”. Quelar é apreender e não soltar mais. Encapsular. Ligar e colar. Enfim, imobilizar.
O glifosato quela aminoácidos essenciais e também quase uma dezena de minerais. Algumas bactérias que produzem as enzimas que garantem a assimilação, a absorção e a fixação de vitaminas, minerais e aminoácidos às células, incluindo às neuronais, dependem do ferro, do zinco ou do manganês, minerais que o glifosato quela (sequestra e não deixa mais exercer sua função). Então, as enzimas que aquelas bactérias produziriam com ajuda do manganês, por exemplo, deixam de ser produzidas, conforme o explicam a cientista do MIT, Stephanie Seneff e outros. Este é o caso da enzima que processa o cobalto, outro mineral sequestrado pelo glifosato. Uma vez quelada, não há produção da cobalamina e, por conseguinte, da metilcobalamina, a forma pronta da B12 que segue do fígado para as células através da corrente sanguínea.
A deficiência da B12 pode estar ocorrendo por conta da ingestão de alimentos transgênicos e da presença do glifosato no sangue do comedor. O mesmo pode acontecer com os aminoácidos essenciais fenilalanina, tirosina e triptofano, precursores da serotonina, da melatonina, da dopamina, da adrenalina, dos hormônios da tireoide etc. E vários outros males ou disfunções podem estar associados à deficiência nas células dos minerais e metais ferro, cobalto, manganês, magnésio, zinco, cobre, níquel e cálcio, sequestrados pelo glifosato.
No espectro autista, várias dessas deficiências estão presentes, além da ansiedade, agitação e dificuldade para dormir. O glifosato afeta não apenas a tireoide, mas também a pineal (que responde por nosso ciclo circadiano, a regulação de atividades do organismo em função do horário de luz solar ou de escuridão) e a suprarrenal, afirma a cientista do MIT, especialista em Saúde, Nutrição e Meio ambiente. Se na década de 1970 havia 1 autista para 10.000 pessoas, agora o número é de 1 para cada 68 pessoas. O que os progenitores ingerem influencia na geração do bebê autista. Os níveis de glifosato na urina dos homens são mais elevados do que na das mulheres. Seus espermatozoides também estão ameaçados. O que a mulher come é servido diretamente ao bebê, primeiro como sangue vermelho, depois do nascimento, como sangue branco, leite.
Lembrem-se veganos: o glifosato e seus compostos estão nos alimentos transgênicos: soja, milho, alfafa, batata, berinjela, trigo e açúcar não orgânicos, ou mesmo dito orgânicos, mas colhidos com a aplicação do dessecador glifosato, e também no algodão Bt.
E, lembrem-se os que seguem a dieta animalizada: o glifosato está carregado nos laticínios, nas carnes e em tudo que derivar de animais que foram servidos com soja, milho e plantas transgênicas.
Duas leituras imprescindíveis: Todos os textos das testemunhas que depuseram no Tribunal Monsanto, médicos, biólogos moleculares, ativistas, fazendeiros, (revisei 19 depoimentos deles), julgamento realizado em Haia em Outubro de 2016, cujo relatório final está disponível online. Também revisei 26 artigos da coletânea editada ano passado pela física e ativista da Índia, Vandana Shiva: Seed Sovereignty, Food Security.

Obs.: Os vídeos, abaixo, confirmam o texto, acima.

1-   MONSANTO ESCONDEU 30 ANOS DE PESQUISA COM GLIFOSATO | SIM ELE CAUSA CÂNCER | feat. André Toledo



2 - AgrotóxicoHerbicidaVeneno: O GLIFOSATO e o CÂNCER



segunda-feira, 2 de julho de 2018

Terra e dignidade para o Povo Cigano da Lagoa de S. Antônio em Pedro Leo...

Para a Comunidade Cigana da Lagoa de S. Antônio em Pedro Leopoldo/MG: terra, cidadania, respeito, dignidade. 3ª Parte. 14/6/2018.


Em Pedro Leopoldo, Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, a Comunidade Cigana que vive em torno da Lagoa de Santo Antônio está em situação de extrema pobreza, vivendo em terreno sem saneamento básico, água potável e energia elétrica, sofrendo as consequências da falta de acesso às políticas públicas de saúde e assistência social, entre outras. Nesse vídeo, a cigana Valdinalva, da Comunidade Cigana do Bairro São Pedro, de Ibirité/MG, em visita à Comunidade Cigana da Lagoa de Santo Antônio em Pedro Leopoldo, RMBH, em nome da Associação Nacional das Etnias Ciganas (ANEC), manifesta-se com firmeza contra acusação de ONG de Pedro Leopoldo que os ciganos que vivem em torno da Lagoa de Santo Antônio estariam contaminando a Lagoa, já que o que se vê nesse espaço, é a falta de ações de preservação ambiental e de cuidado por parte da Prefeitura de Pedro Leopoldo. Ainda nesse vídeo, uma visão geral do terreno, das barracas e apresentação, pela cigana Michele, de dificuldades específicas encontradas pela Comunidade na área da saúde. Michele fala também da beleza da cultura do Povo Cigano e desmente estereótipos negativos criados sobre essa população. Tais estereótipos contribuem para a criminalização e discriminação das Comunidades Ciganas, o que evidencia a urgente necessidade do desenvolvimento de Políticas Públicas específicas aos Povos Ciganos, de cultura e tradição milenares, de forma a garantir-lhes o direito ao território, à cidadania, ao respeito, à dignidade. É nesse sentido que a Rede de Apoio que se formou em apoio aos Povos Ciganos de Minas Gerais e as Comunidades Ciganas mantêm-se firme na luta por terrenos adequados aos seus acampamentos e pelo respeito aos seus direitos fundamentais.

*Reportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.

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Veneno na comida: agrotóxicos fazem 365 vítimas em Minas Gerais por ano.


Veneno na comida: agrotóxicos fazem 365 vítimas em Minas Gerais por ano.
Por Gilvander Moreira[1]

Foto Divulgação do Jornal Brasil de Fato
No Brasil, de forma cada vez mais abusiva, o uso de agrotóxicos por latifundiários, empresários no campo e vassalos do agronegócio está causando mais de 600 mil pessoas com câncer no Brasil a cada ano, além de agredir gravemente o meio ambiente. Em 10 anos serão mais de seis milhões de pessoas com câncer no Brasil, vítimas de quem usa agrotóxicos na produção agrícola e do agronegócio. Pesquisas científicas confirmam isso. O Projeto de Lei 6.299/2002, Pacote do Veneno, da Bancada do Boi e da Bala, no Congresso Nacional, interessa às Agroquímicas e quer reduzir a população, com muito sofrimento para todo o povo (matar milhões de brasileiros por meio de câncer, Alzheimer etc.) e enriquecer também a indústria da quimioterapia e da radioterapia. Esse projeto é, portanto, de interesse de negócios que alimentam o sistema capitalista, sem se preocupar com a saúde, com a vida do povo brasileiro.
Reportagem do Jornal O Tempo, de 01/7/2018, mostra a gravidade do Pacote do Veneno, PL 6.299/2002: “O projeto é um “retrocesso” que vai na contramão do que vem sendo praticado na Europa e nos Estados Unidos, diz o membro da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Alan Tygel. “A aprovação do PL não tem legitimidade porque partiu de um processo extremamente autoritário e dominado pelos interesses de multinacionais que controlam o setor agroquímico”, opina. O professor, biólogo e pesquisador da Fiocruz, Fernando Carneiro, membro do grupo temático Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), também compartilha dessa visão. “Há quase 60 anos, a bióloga norte-americana Rachel Carson escreveu o livro ‘Primavera Silenciosa’, sobre os impactos dos agrotóxicos, e isso acabou regulamentando a questão e gerando a criação da Agência Ambiental nos EUA. Aqui é o contrário. A gente faz um dossiê, e eles não só fecham os olhos para as evidências, como fazem uma lei para piorar a situação”, afirma. Conforme dossiê da ABRASCO, a dieta dos brasileiros é rica em agrotóxicos, inclusive os mais tóxicos. O brasileiro consome mais de cinco litros dessas substâncias por ano, sendo 14 deles proibidos mundialmente. Exames realizados pela Proteste em 2016 também mostraram que mais de um terço das amostras de oito tipos de alimentos tinha agrotóxicos ilegais. Testes toxicológicos feitos pelo Greenpeace encontraram risco em 60% das amostras de alimentos. Com os pesticidas “temperando” a comida dos brasileiros, em 2017 o país registrou 3.859 casos de intoxicação, mais de dez por dia. Minas Gerais é o segundo Estado no ranking nacional de intoxicações por agrotóxico agrícola, com 491 casos, atrás de São Paulo, com 605. Pesquisadores estimam, porém, que, para cada caso registrado, outros 50 ocorrem sem notificação ou com notificação errônea.”
Caso aconteça, a aprovação do Pacote do Veneno, PL 6.299/2002, será execrável, crime e pecado que gritará aos céus será, pois liberará no Brasil 14 agrotóxicos que já são banidos na Europa e em muitas partes do mundo, além de flexibilizar o que já é muito flexível: a fiscalização e a punição para quem envenena a mãe terra, a irmã água, o irmão ar, os alimentos com agrotóxicos! Os empresários do agronegócio matam também por meio de agrotóxicos.

Cf. reportagem, abaixo.


Belo Horizonte, MG, Brasil, 02 de julho de 2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1-   Documentário 'O veneno está na mesa', do cineasta Sílvio Tendler



2 - O Veneno Está na Mesa II (2014), do cineasta Sílvio Tendler.






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. 
www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III


sábado, 30 de junho de 2018

A Comunidade Quilombola Braço Forte, em Salto da Divisa, MG não aceita despejo e lutará até o fim pela retomada de seu território.


A Comunidade Quilombola Braço Forte, em Salto da Divisa, MG não aceita despejo e lutará até o fim pela retomada de seu território.

Reunião no Salão da Comunidade Quilombola Braço Forte, em
 Salto da Divisa, MG, dia 30/3/2017. Foto de Edivaldo

A Comunidade Quilombola Braço Forte, no município de Salto da Divisa, baixo Jequitinhonha, MG, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, está com ordem de despejo (reintegração de posse) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e no dia 09 de agosto pode ser retirada à força pela Polícia Militar de seu território, caso não seja efetivado um justo processo de negociação. Tal decisão foi encaminhada, ontem, dia 28 de junho de 2018, em reunião com o Comando da Polícia Militar do 44º Batalhão de Almenara, MG, com presença do prefeito de Salto da Divisa, agentes de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), representantes do Espólio de Euler Cunha Peixoto, da Fazenda Talismã, e as famílias da Comunidade Quilombola Braço Forte. Nessa reunião se discutiu o despejo das famílias do território que está em processo de retomada. Depois de muitas discussões, foi encaminhado que a Comunidade tem até o dia 30 de julho próximo (2018) para sair da terra voluntariamente. Caso contrário, a Polícia Militar poderá fazer a retirada forçada das famílias no dia 09 de agosto de 2018.
Entretanto, com apoio jurídico da Defensoria Pública do estado de Minas Gerais da Área de Conflitos Agrários e Povos Tradicionais, do Ministério Público de Minas da área de Conflitos Agrários e do Ministério Público Federal, a Comunidade Quilombola Braço Forte, a CPT, o CEDEFES e a Federação dos Quilombolas do estado de Minas Gerais reafirmam que a decisão judicial que manda reintegrar na posse da fazenda Talismã o espólio do latifundiário Euler Cunha Peixoto e, consequentemente, despejar as dezenas de famílias quilombolas é uma decisão ilegal, inconstitucional, imoral – UMA INJUSTIÇA QUE CLAMA AOS CÉUS! - e que não pode ser executada pelo Governo de Minas Gerais e nem pela Polícia Militar de Minas pelos argumentos expostos na Nota Pública divulgada ontem, dia 28/6/2018, disponível no link  http://www.cptmg.org.br/portal/tjmg-manda-despejar-comunidade-quilombola-braco-forte-em-salto-da-divisa-mg-ilegalidade-e-injustica-gritantes/

Entendemos que o justo e ético é a abertura de autêntico processo de negociação, sob coordenação da Mesa de Negociação do Governo de Minas Gerais com as Ocupações e Comunidades Tradicionais envolvidas em conflitos fundiários. Não é justo que a Comunidade Quilombola Braço Forte tenha seus direitos territoriais desrespeitados, pois os direitos territoriais das comunidades quilombolas estão garantidos no Artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988. Neste artigo, a Constituição reconhece os direitos territoriais das Comunidades Quilombolas e diz que o Estado Brasileiro é responsável pela titulação das terras das comunidades quilombolas, mesmo que estas terras estejam sob o poder de terceiros. Tal direito foi regulamentado pelo Decreto Presidencial nº 4.887/2003. Neste sentido, o Governo Federal é responsável por meios de seus órgãos Federais - Ministério Público Federal, Fundação Cultural Palmares, INCRA e a Justiça Federal – por garantir os direitos da Comunidade Quilombola Braço Forte.
Caso ocorra o despejo, o Governo Federal será responsabilizado pela injustiça causada e não nos resta dúvida que será por cumplicidade do mesmo. Mas ainda dá tempo de agir, não deixando a comunidade ser despejada. Para tanto, é necessário que os órgãos governamentais, principalmente do Governo Federal, façam sua parte e suspendam o despejo transferindo o processo para a Justiça Federal, que é competente para julgar processos que envolvam comunidades quilombolas e encaminhe ações que garantam o Território da Comunidade Quilombola Braço Forte.
A justiça estadual (TJMG) decidir sobre assunto de competência da justiça federal é um absurdo jurídico e ético repugnante. Frisamos que a competência jurídica pelas comunidades quilombolas é da Justiça Federal e, assim sendo, não compete ao TJMG mandar ou não despejar a Comunidade Quilombola Braço Forte. Esperamos que o TJMG reconheça sua incompetência para julgar esse caso e acolha petição do Ministério Público estadual nesse sentido.
É necessário garantir o alcance do referido aparato jurídico, que tem por prerrogativa identificar e assegurar os direitos territoriais dessas comunidades, buscando combater arraigadas práticas de exclusão que, historicamente, incidem no dia a dia das comunidades quilombolas que em seus processos de lutas históricas vêm buscando o direito à dignidade humana.
A identificação das terras públicas devolutas em poder de latifundiários no município de Salto da Divisa poderá abrir caminho para a solução justa e pacífica desse conflito agrário e fundiário sem precisar de uso da força policial. Alertamos que “72,2% das terras do município de Salto da Divisa são presumivelmente terras públicas devolutas” (Tese de Doutorado na UFMG, MOREIRA, 2017). Há sérios indícios de grilagem de terra na região. Apenas duas famílias - Cunha e Peixoto - controlam a quase totalidade das terras do município.
A história mostra que jamais polícia resolve problema social. Problema social se resolve de forma justa e pacífica com Política e jamais com polícia. É inadmissível cumprir uma decisão judicial sem base jurídica e constitucional. Os direitos territoriais e todos os outros direitos das Comunidades Quilombolas precisam ser assegurados.
Alertamos também que a prefeitura de Salto, a assistência social de Salto e a EMATER têm missão de cuidar de todos os seus munícipes e não devem se curvar diante de decisões judiciais injustas oferecendo paliativos para a realização de despejo de Comunidade Quilombola.
Ressaltamos que a região do Vale do Jequitinhonha é a 2ª região em maior número de comunidades quilombolas do Brasil.
Repudiamos a forma tendenciosa do major Walter Aparecido, do 44º BPM, que demonstra postura pró latifúndio e pressiona pelo cumprimento de uma decisão judicial que, sabemos, é ilegal e inconstitucional, pois não é competência do TJMG decidir sobre conflitos que envolvem comunidades quilombolas. Repugnante ler na Ata da reunião com a PM, de ontem, 28/6/2018, que a prefeitura de Salto da Divisa se compromete a oferecer auxílio moradia, caso aconteça o despejo, para apenas cinco famílias, sendo 200,00 por famílias e por apenas 3 meses, prorrogáveis por mais 3 meses. Isso é migalha da migalha. Os quilombolas têm direito ao seu território e a todos os direitos constitucionais e não apenas a migalhas. Uma quilombola perguntou ao prefeito se ele arrumaria casa e emprego de forma definitiva para todas as famílias. O prefeito de Salto da Divisa disse que pode auxiliar apenas de forma humanitária, ou seja, com paliativos que provocam morte lenta, mas jamais respeitarão a dignidade humana.
Reiteramos a solicitação ao Ministério Público Federal (MPF) para manifestar judicialmente sua competência técnica e jurídica para atuar nesse conflito agrário e solicitar a transferência do Processo para a Justiça Federal, cumprindo, assim, sua missão que é a de defender todas as Comunidades Quilombolas.
Solicitamos ao Coordenador da Mesa de Negociação do Governo de MG com as Ocupações e Comunidades Tradicionais, Tadeu Davi, que convoque COM URGÊNCIA reunião da Mesa de Negociação para tratar do Conflito Agrário e fundiário que envolve a Comunidade Quilombola Braço Forte.
Solicitamos também ao Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que por meio da SEDA (Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Agrário) analise a cadeia dominial da fazenda Talismã e da Fazenda Pratinha, fazenda contígua à área em processo de retomada pela Comunidade Quilombola Braço Forte, e identifique as terras devolutas existentes nas duas fazendas.

DESPEJO, NÃO; NEGOCIAÇÃO, SIM! Pelos direitos dos quilombolas, lutaremos sempre!

Assinam essa Nota Pública:
Coordenação da Comunidade Quilombola Braço Forte;
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG);
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES);
Federação das Comunidades Quilombolas do estado de Minas Gerais.

Belo Horizonte, MG, 29 de junho de 2018.

Obs.: O vídeo, abaixo, ilustra a Nota, acima.

Comunidade Quilombola Braço Forte, em Retomada/Salto da Divisa, MG/A luta pela terra/09/6/2016.