sábado, 2 de junho de 2018

Povo que luta se liberta: Culto no Acampamento Nova Jerusalém/Nova Serra...

Povo em luta se liberta: culto Ecumênico no Acampamento Nova Jerusalém, em Nova Serrana, MG. 1ª Parte 11/5/2018.

A fé no Deus da Vida que está presente na luta e na vida do povo motivou a reunião das famílias do Acampamento Nova Jerusalém, em Nova Serrana, centro-oeste de MG, para uma Celebração Ecumênica no dia 11/5/2018, presidida por frei Gilvander Moreira, da CPT. As adversidades, as dificuldades e as necessidades por que passam as famílias nesses dias na beira do rio Pará, não lhes tirou a fé e não as fez  desanimar na caminhada, serviu, sim, para lhes fortalecer nessa luta por direitos. Sob a inspiração da encorajadora passagem bíblica em Ex 14,19-26, a Comunidade  manifestou sua fé no Deus Libertador e sua disposição para a luta necessária por sua libertação,  rumo à “Terra Prometida”, que é a terra de onde foram injustamente tirados, na fazenda Canta Galo. Nesse vídeo a primeira parte dessa bonita Celebração Ecumênica.

Obs.: O Governo de Minas prometeu às famílias que lhes daria uma resposta: se autorizaria as famílias retornar para a fazenda Canta Galo ou não. Depois de 3 semanas no Acampamento, sem nenhuma posição do Governo, no dia 24/5/2018, as famílias decidiram reocupar a Fazenda Canta Galo, determinadas a lutar por suas moradias (algumas já demolidas, outras arrombadas) e pela terra, que lhes pertence, por direito.

*Filmagem de Luciana, do Acampamento Nova Jerusalém, em Nova Serrana/MG. Apoio: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Nova Serrana/MG, 11/5/2018.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.



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Luta p/ sobreviver no Acampamento Nova Jerusalém/Nova Serrana/MG. 3a par...

A
luta pela sobrevivência no Acampamento Nova Jerusalém, em Nova Serrana, MG, por
causa da injustiça de um despejo. 3ª Parte. 11/5/2018.

O injusto e covarde despejo
a que foram submetidas as famílias do Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém, em
Nova Serrana, centro-oeste de MG, no dia 26/4/2018, depois de 6 anos de um
trabalho coletivo desenvolvendo agricultura familiar, cuidando com consciência
ecológica da Mãe terra e da Irmã água do rio Pará e das nascentes espalhadas pela
área da fazenda Canta Galo, as faz enfrentar uma difícil luta por sobrevivência
nas margens do rio Pará, onde montaram acampamento. As famílias sobrevivem de
doações e da sua organização nessa luta por sobrevivência. No despejo, seus
pertences lhes foram retirados, incluindo, além dos móveis, cobertores,
utensílios domésticos, roupas, medicamentos. As dificuldades e necessidades
fortalecem sua união e o espírito de luta, e as motivam nas ações para superar
as adversidades. Criaram um espaço para o artesanato, onde mulheres da
Comunidade confeccionam colchas que servirão de cobertores, e peças para serem
vendidas e, assim, gerar renda para ajudar nas necessidades diárias. O clamor
se volta para o Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, para que autorize
as famílias a retornarem para a Fazenda Canta Galo, que é de propriedade do
Estado de Minas Gerais e foi cedida ao município de Nova Serrana/MG, sob o
argumento de que ali seria instalado um Aterro Sanitário, mas na realidade,
conforme denúncias de moradores, está sendo usada para criação e engorda de
gado de aliados do prefeito de Pitangui, que faz parte do Consórcio
Intermunicipal do Aterro Sanitário. É inadmissível, é desumano, é imoral e
ilegal, fere o princípio da dignidade humana que famílias sejam despejadas de
uma área pública para dar mais espaço a bois e vacas de propriedade particular.

Obs.: O
Governo de Minas prometeu às famílias que lhes daria uma resposta, uma posição.
Depois de 3 semanas no Acampamento, sem nenhuma posição do Governo, no dia
24/5/2018 as famílias decidiram reocupar a Fazenda Canta Galo, determinadas a
lutar por suas moradias (algumas já demolidas, outras arrombadas) e pela terra,
que lhes pertence, por direito.

*Reportagem em vídeo de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da
Equipe de Comunicação do CPT-MG. Nova Serrana/MG, 11/5/2018.

* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander
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sexta-feira, 1 de junho de 2018

COMUNIDADE CIGANA DO SÃO PEDRO EM IBIRITÉ/MG RECEBE APOIO DE DIVERSOS MOVIMENTOS SOCIAIS E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS


COMUNIDADE CIGANA DO SÃO PEDRO EM IBIRITÉ/MG RECEBE APOIO DE DIVERSOS MOVIMENTOS SOCIAIS E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS


Sob ameaça de despejo, a comunidade de ciganos e ciganas do bairro São Pedro em Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, está ficando fortalecida na luta contra o despejo e a violação de seus direitos fundamentais que a Prefeitura de Ibirité, por meio de seu prefeito William Parreira (PTC) vem tentando promover com decisão judicial do Juízo da 1° Vara Cível de Ibirité e Polícia Militar de Minas Gerais.
A comunidade cigana do bairro São Pedro existe há mais de sete anos na cidade de Ibirité. Entretanto, a comunidade cigana está ameaçada de despejo em razão de decisão do Juízo da 1° Vara Cível de Ibirité, que a partir de pedido do Prefeito William Parreira, determinou a realização do despejo com o uso de força da PM-MG sem qualquer alternativa digna e prévia às famílias que há anos transformaram a área de um bota fora clandestino em uma bela comunidade tradicional.
Na última terça-feira, dia 29 de maio de 2018, por iniciativa do Ministério Público Federal (MPF) da área de Direitos Humanos, na pessoa do Dr. Edmundo Antônio Dias Netto Júnior, foi realizada Audiência Pública na Comunidade Cigana do bairro São Gabriel em Belo Horizonte, em razão do mês de maio ser considerado o mês dos ciganos e ciganas, por ocasião do Dia Nacional dos Ciganos e Ciganas: dia 24 de maio. A Comunidade Cigana de São Gabriel em BH é constituída por quase 40 famílias que já conquistaram seu território e, além de suas tendas, já construíram casas de alvenaria.
Na Audiência, movimentos sociais e instituições presentes manifestaram sua solidariedade e apoio à luta da Comunidade Cigana de São Pedro, prometendo cerrar braços na resistência ao despejo. Assim se manifestaram a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPE-MG), a Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal (MPF), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), representante do Conselho Tutelar de Belo Horizonte, antropólogos e antropólogas, doutorandas sobre os povos ciganos, Núcleo de Prática Jurídica do Instituto Isabela Hendrix e representação da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG-Unidade de Ibirité).
Dia 30 de maio, também pelo Maio Cigano, aconteceu na sede do CEDEFES uma tarde inteira de Roda de Conversa sobre a Luta dos Povos Ciganos com o Tema: "Direitos e visibilidade dos Povos Ciganos na Região Metropolitana de Belo Horizonte - um debate necessário". Além do CEDEFES, CPT e Dr. Edmundo Antônio Dias Netto, do Ministério Público Federal, participaram dessa Roda de Conversa um integrante do Programa Cidade e Alteridade, da Faculdade de Direito da UFMG; representação cigana da Comunidade Cigana do Bairro São Pedro em Ibirité, MG; Merong Mongoió, vice-cacique do Povo Indígenas Kamacã Mongoió e outros apoiadores e apoiadoras. Merong se comprometeu a apoiar a causa do Povo Cigano de Ibirité.
Cresce a rede de apoio à Comunidade Cigana de São Pedro na medida da justeza da luta por direitos dessa comunidade. Não se pode permitir que despejos sejam resposta dada pelo poder público ao problema de falta de moradia, sobretudo de um povo historicamente violado em seus direitos. Os povos ciganos resistem secularmente com cultura milenar e belíssima. Mais de 1 milhão de ciganos foram mortos nos campos de concentração do nazi-facismo durante da 2ª Grande Guerra europeia. No Brasil, estima-se a existência de 1 milhão de ciganos, cada vez mais encurralados. Entretanto, os povos ciganos estão fortalecendo as lutas pelos seus direitos. Uma expressiva Rede de Apoio está se irmanando na luta ao lado dos ciganos.

DESPEJO, NÃO; NEGOCIAÇÃO JUSTA E DIGNA, SIM!
RESISTE COMUNIDADE SÃO PEDRO!

Mexer com os ciganos é mexer com todas as forças vivas da sociedade.

Assinam essa Nota Pública:
Coordenação da Comunidade Cigana de São Pedro, em Ibirité, MG;
CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva);
CPT-RMBH (Comissão Pastoral da Terra);
MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas);
Núcleo de Prática Jurídica do Instituto Isabela Hendrix.

Ibirité, MG, 01 de junho de 2018.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

A verdade sobre o despejo do Acampamento Nova Jerusalém/Fazenda Canta Ga...

A verdade sobre o despejo do Acampamento Nova Jerusalém/Nova Serrana/MG da Fazenda Canta Galo: Desrespeito à dignidade humana. 2ª Parte.  11/5/2018.

Depoimentos indignados e comoventes de acampados no Acampamento Nova Jerusalém, município de Nova Serrana, centro-oeste de MG, e graves denúncias de morador de Nova Serrana confirmam o que já se suspeitava ser os verdadeiros motivos do despejo das mais de 100 famílias da Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém, da Fazenda Canta Galo, em Nova Serrana, no dia 26/4/2018. Com o despejo, a área, até então ocupada pelas famílias, há 6 anos, com plantações e moradias,  foi totalmente entregue ao gado de aliados dos Prefeitos envolvidos na ação de reintegração de posse da fazenda, que é de propriedade  do Governo de Minas Gerais, cedida ao município de Nova Serrana, com o argumento de que ali seria construída um Aterro Sanitário.  O terreno é cheio de nascentes,  ao lado do rio Pará, que é afluente do rio São Francisco. A Área é de Preservação Ambiental e, logicamente, não pode ser destinada a “Lixão”, aterro sanitário.  Vivendo há 3 semanas no Acampamento na beira do rio Pará, as famílias estavam expostas a doenças, ao frio, às mais diversas necessidades e dificuldades. Além do despejo covarde e injusto que sofreram, tiveram retirados seus pertences, como colchões, mantimentos, roupas, utensílios, móveis, medicamentos, entre outros e nada até agora lhes foi devolvido.  Uma grande violência contra essas famílias! Uma injustiça que clama ao céu!

Obs.: O Governo de Minas prometeu às famílias que lhes daria uma resposta, uma posição. Depois de 3 semanas no Acampamento, sem nenhuma posição do Governo, no dia 24/5/2018 as famílias decidiram reocupar  Fazenda Canta Galo, determinadas a lutar por suas moradias (algumas já demolidas, outras arrombadas) e pela terra, que lhes pertence, por direito.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação do CPT-MG. Nova Serrana/MG, 11/5/2018.

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Camponeses na luta por terra, teto e pão, em Nova Serrana, MG. Acamp. N...

Camponeses na luta por terra, teto e pão, no Acampamento Nova Jerusalém, em Nova Serrana/MG:  11/5/2018.

Acampadas na beira do rio Pará, passando pelas mais diversas necessidades e dificuldades, expostas ao frio e a doenças, as famílias do Acampamento Nova Jerusalém, trazem no semblante e na voz, as marcas da indignação pela covardia e pela injustiça do despejo a que foram submetidas, depois de mais de seis anos vivendo na fazenda Canta Galo, de propriedade do Governo Estadual, mas cedida à prefeitura de Nova Serrana.  Não só foram expulsas da terra que lhes garantia moradia, sustento e dignidade, como também tiveram retirados seus pertences, suas criações, deixando-lhes totalmente desprovidos do básico necessário para sua sobrevivência diária. Nesse vídeo, o depoimento de moradores e a manifestação de sua indignação contra o Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel,  e os Prefeitos de Nova Serrana e Pitangui, responsáveis diretos pela situação em que se encontram, tanto pela ação judicial impetrada pedindo a reintegração de posse do terreno, como pela omissão na assistência a que têm direito.  O TJMG também desrespeitou a Constituição, a dignidade humana, o direito a terra e a função social da propriedade, ao mandar despejar 120 famílias sem alternativa digna prévia.

Obs.: Acampadas na beira do Rio Pará, depois de 3 semanas aguardando uma posição do Governo de Minas Gerais, que não se dignou ainda em autorizar as famílias a retornar para a fazenda Canta Galo, as famílias decidiram reocupar a Fazenda Canta Galo e pra lá retornaram no dia 24/5/2018, determinadas a lutar por suas moradias e pela terra que, por direito, lhes pertence.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação do CPT-MG. Nova Serrana/MG, 11/5/2018.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.



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terça-feira, 29 de maio de 2018

Programa Brasil das Gerais sobre a Luta pela Reforma Agrária, com frei Gilvander Moreira e Gue Oliveira, dia 16-3-2018.

Programa Brasil das Gerais sobre a Luta pela Reforma Agrária, com frei Gilvander Moreira e Gue Oliveira, dia 16-3-2018.




Autonomia energética e alimentar é o caminho


Autonomia energética e alimentar é o caminho
Por Gilvander Moreira[1]


Durante toda a greve dos caminhoneiros, a partir do dia 21 de maio de 2018 no Brasil, que levou ao desabastecimento dos CEASAs, de muitos supermercados e impôs a paralisação da maioria dos automóveis nas garagens, recordei-me o tempo todo, com saudade, de Marcelo Guimarães Mello. Além de ter tido a alegria de conhecê-lo e me tornar seu amigo, aprendi com ele o caminho para a superação da dependência energética e alimentícia imposta ao povo brasileiro pelo Estado Brasileiro acumpliciado ao capital internacional, primordialmente especulativo. De forma apaixonada, com grande competência técnica e com a sabedoria dos camponeses, Marcelo Guimarães, ao longo de 20 anos, pesquisou muito e colocou em prática um protótipo que viabiliza a autonomia energética e alimentar com tecnologia social e preservação ambiental, gerando energia, produção de alimentos saudáveis sem agrotóxicos e construindo autonomia energética. Marcelo dizia com alegria: “Há mais de 25 anos, eu, minha família e alguns amigos andamos de automóvel sem ter que parar em nenhum posto de gasolina para abastecer. Eu mesmo produzo minha energia e os alimentos que chegam à cozinha da minha casa”.
Marcelo Guimarães era geólogo e entrou para a história como o criador de um projeto de autodesenvolvimento com soberania e autonomia do campesinato por meio de microdestilaria de álcool consorciado com a produção de alimentos em propriedade camponesa da terra. Junto com Bautista Vidal, Marcelo Guimarães foi fundador da Escola da Biomassa. Em 2007, Marcelo Guimarães concedeu entrevista ao Beto Almeida para a TV Educativa do Paraná, em sua pequena propriedade – fazenda Jardim - no município de Mateus Leme, distante 75 quilômetros de Belo Horizonte, MG. O principal projeto criado por ele trata-se do sistema de Unidade Geradora de Energia e Alimentos (UNIGEA), que qualifica pequenas propriedades rurais para a produção combinada de bioetanol, recursos florestais e alimentos orgânicos de origem animal e vegetal, conforme o modelo implantado na fazenda Jardim, pequena propriedade dele e de sua família.
Em síntese, na sua pequena propriedade, Marcelo Guimarães produzia, em um alambique (microdestilaria), etanol, álcool, pinga e rapadura, a partir de um pequeno canavial. Com o bagaço da cana ele alimentava dezenas de vacas que produziam leite, queijo, requeijão, manteiga, doce etc.. Com o esterco das vacas uma grande horta era adubada, garantindo, assim, uma significativa produção de verduras, legumes e frutas. Uma pequena área plantada de eucalipto garantia a lenha necessária para funcionar o forno da caldeira da microdestilaria. “Aqui não se perde nada. Com o bagaço eu alimento o gado ... O álcool brota da terra e do trabalho humano”, dizia Marcelo. Assim se cria um ciclo de autodesenvolvimento com autossustentabilidade.
O Sistema de Unidade Geradora de Energia e Alimentos (UNIGEA) é a implantação de MICROUSINAS de baixo custo e de alto valor agregado para que microdestilarias e pequenos alambiques produzam além da cachaça, álcool combustível, açúcar mascavo, a rapadura, o melado, o adubo orgânico, biodefensivos, sementes e mudas para agroreflorestamento, gerando alimentos, energia e alimentação do gado, sem poluição e nem degradação do meio ambiente.
A implantação do sistema UNIGEA poderá interferir de maneira positiva no campo brasileiro, pois viabilizará a geração de trabalho e renda nas pequenas propriedades que vivem da agricultura familiar. A operação de todo o sistema é muito simples, podendo ser efetuada por qualquer trabalhador rural, após simples treinamento.
Com seis hectares de cana, um produtor ou um grupo de pequenos agricultores, poderão produzir até 200 litros de álcool por dia, gerando emprego e renda para as famílias. Nesse sentido identificamos o desenvolvimento da referida proposta como de importância estratégica para o país, pois é preferível que muitos pequenos produtores produzam energia do que apenas alguns grandes produzam a mesma energia. Com muitos pequenos agricultores produzindo em pequenas áreas, o meio ambiente é contemplado no sentido de barrar as monoculturas da cana, do eucalipto, da soja e do capim, com utilização massiva de agrotóxicos e adubos nitrogenados, diminuir o desmatamento em função do consumo de lenha para uso doméstico e recuperação de áreas degradadas e implementação da agropecuária agroecológica pela utilização de adubos orgânicos. Esse ciclo desencadeia a melhoria da qualidade das terras e tende a aumentar a produtividade, pois uma propriedade que produzia apenas uma mercadoria no sistema de monocultura, pode produzir também o álcool e adubo orgânico de forma eficiente e econômica. Vale ressaltar também que o pequeno produtor, principalmente no norte de Minas Gerais, já está muito familiarizado com o setor de leite e cachaça, sendo a retirada de leite e os equipamentos de alambique como fornalha, dorna e moenda, de seu pleno conhecimento e utilização.
A implantação do projeto UNIGEA melhora o processo de produção de álcool em microdestilarias instaladas em pequenas propriedades rurais; fixa a família camponesa em sua propriedade; gera renda para pequenas famílias que vivem da agricultura a partir da produção do álcool, cachaça, rapadura, melado, açúcar mascavo, adubo orgânico, biogás etc.; produz produtos caseiros, tais como, compotas, frutas desidratadas (calor do vaporizador), queijo etc.; melhora sua propriedade, na recuperação de áreas degradadas com o adubo orgânico ou o biofertilizante; melhora a alimentação utilizando o adubo orgânico ou o biofertilizante em sua própria horta e consequentemente melhorando a sua saúde e de sua família; melhora a qualidade de vida do campesinato, pois, adquire dignidade e segurança ao trabalhar e produzir vários produtos em sua propriedade.  Enfim, gera trabalho, alimento e energia, elementos fundamentais para o sustento e desenvolvimento da humanidade, mas também privilégio e responsabilidade de um país tropical como o Brasil. Por esse caminho o Brasil poderá crescer de baixo para cima. Para o projeto UNIGEA ser implementado é óbvio que se faz necessário realizar a reforma agrária e conquistarmos política agrícola que realmente fomente mais a agricultura familiar que o agronegócio. Avisados pela greve dos caminhoneiros, é vital seguirmos por outro caminho: não o de um Governo com Petrobrás vassala do capital internacional, mas o da reforma agrária com agricultura familiar com microdestilarias aos milhares, produzindo energia e alimentos saudáveis, o que nos traz autonomia e soberania.
As ideias do Marcelo Guimarães devem ser implementadas de baixo para cima”, alerta José Guilherme. O legado político emancipador de Marcelo Guimarães é imenso. Cito aqui algumas afirmações que ouvi dele e que são estrelas luzentes no nosso caminho: “Exportar matéria-prima nunca foi solução para o povo brasileiro”. “O grande problema do mundo tropical são as monoculturas. A pior delas é a pecuária, depois o eucalipto e a soja”. “Não adianta falar de cidadania se não se tem soberania”. “Se as plantations dominarem o país, acabou o Brasil”. “O dinheiro necessário para construir uma refinaria de petróleo, que gera 7 mil empregos, dá para construir 100 mil microdestilarias que geram 1 milhão de empregos e autonomia para milhões de pessoas”. “Enquanto os governos não fazem o que precisa ser feito, vamos de baixo para cima com o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e com os milhares de assentados do MST”. “Nós temos tudo – terra, clima e povo trabalhador – e vamos continuar escravos?” Muito mais está no livro dele: BIOMASSA - Energia dos Trópicos em Minas Gerais, Belo Horizonte: FAFICH, 2001.
A greve dos caminhoneiros demonstrou para o povo brasileiro que Marcelo Guimarães de Mello tinha, tem e terá sempre razão ao construir e mostrar na prática a pertinência e a viabilidade da Unidade Geradora de Energia e Alimentos (UNIGEA) (), caminho de autonomia energética e alimenta que respeita a natureza.

Belo Horizonte, MG, 29/5/2018.

Obs. 1: Mais informações sobre o sistema UNIGEA (unidade geradora de energia e alimentos) no blog, abaixo:

Obs. 2: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1)   Energia renovável 1/6 – Entrevista com Marcelo Guimarães Mello

2)   Energia renovável 2/6 - Entrevista com Marcelo Guimarães Mello

3)   Energia renovável 3/6 - Entrevista com Marcelo Guimarães Mello

4)   Energia renovável 4/6 – Entrevista com Marcelo Guimarães Mello

5)   Energia renovável 5/6 – Entrevista com Marcelo Guimarães Mello

6)   Energia renovável parte 6/6 com Marcello Guimarães

7)   Documentário Carta 7 - sinopse

8)   Mini destilaria de álcool – Reportagem do MGTV



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas. 
www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III