Palavra Ética na TVC/BH sobre o XIV Intereclesial das CEBs, em Londrina, PR, de 23 a 27/5/2018.
Com apresentação de frei Gilvander Moreira, o programa Palavra Ética na TVC/BH - www.tvcbh.com.br - versou sobre o XIV Intereclesial das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), em Londrina, PR, que teve como tema: CEBs e desafios urbanos . O programa foi exibido na TVC/BH na semana de 20/2/2018. O programa é composto por entrevistas que frei Gilvander gravou durante o XIV Intereclesial das CEBs.
Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
sábado, 26 de maio de 2018
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Reocupação da Fazenda Canta Galo/Nova Serrana/MG: pelo rio Pará, por ter...
Reocupação da Fazenda Canta Galo, em Nova Serrana/MG: pelo rio Pará, pelo direito à terra e à moradia. 25/5/2018.
Pelo Rio Pará, e por terra e moradia para as mais de 100 famílias do Acampamento Nova Jerusalém, a FAZENDA CANTA GALO, situada no MUNICÍPIO DE NOVA SERRANA, MG, foi REOCUPADA ontem, dia 24/05/2018, quinta-feira, por volta das 19h, pelos moradores, trabalhadores e trabalhadoras do campo, que dela foram despejados, injustamente, inconstitucionalmente e covardemente. dia 26/4/2018, após morarem e trabalharem na Fazenda Canta Galo por 6 anos, terem construído mais de 80 casas de alvenaria e estarem cultivando mais de 60 hectares de plantações: quintais, hortas, legumes, mandioca etc., alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Apesar de encontrarem tudo praticamente destruído, as famílias, firmes na luta e resistência, vão se organizando novamente na Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém, e manifestam-se determinadas a permanecer na fazenda Canta Galo. Assista ao vídeo com depoimento de moradores.
*Filmagem feita por Luciana, da Ocupação-Comunidade Nova Jerusalém. Apoio: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Nova Serrana/MG, 25/5/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#freigilvander
No CEDEFES: INDÍGENAS EM BH/MG: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA. ...
NO
CEDEFES/BH: INDÍGENAS EM BELO HORIZONTE/MG: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E
VIOLÊNCIA. 1ª PARTE – 23/4/2018.
CEDEFES/BH: INDÍGENAS EM BELO HORIZONTE/MG: PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E
VIOLÊNCIA. 1ª PARTE – 23/4/2018.
Aconteceu no CEDEFES (Centro
de Documentação Eloy Ferreira da Silva - www.cedefes.org.br ), em Belo
Horizonte/MG, no dia 23/4/2018, uma Roda
de Conversa com o tema: “Direitos Indígenas e a questão ambiental: partilhando
reflexões para a luta”. Várias
lideranças indígenas participaram do evento, que contou também com a
participação da Professora Dra. Alenice Baeta, Historiadora e Arqueóloga, e
outros/as integrantes do CEDEFES, do Frei Gilvander Moreira, pela CPT-MG
(Comissão Pastoral da Terra), entre outros/as. Nesse vídeo, a 1ª parte do registro de graves denúncias de lideranças
indígenas: assassinatos de
indígenas, preconceito e violência que os indígenas têm sofrido na
região metropolitana de Belo Horizonte e
dificuldades que enfrentam para expor e vender seu artesanato e usar o
transporte público.
de Documentação Eloy Ferreira da Silva - www.cedefes.org.br ), em Belo
Horizonte/MG, no dia 23/4/2018, uma Roda
de Conversa com o tema: “Direitos Indígenas e a questão ambiental: partilhando
reflexões para a luta”. Várias
lideranças indígenas participaram do evento, que contou também com a
participação da Professora Dra. Alenice Baeta, Historiadora e Arqueóloga, e
outros/as integrantes do CEDEFES, do Frei Gilvander Moreira, pela CPT-MG
(Comissão Pastoral da Terra), entre outros/as. Nesse vídeo, a 1ª parte do registro de graves denúncias de lideranças
indígenas: assassinatos de
indígenas, preconceito e violência que os indígenas têm sofrido na
região metropolitana de Belo Horizonte e
dificuldades que enfrentam para expor e vender seu artesanato e usar o
transporte público.
*Filmagem de frei Gilvander
Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de
Comunicação da CPT/MG. Belo Horizonte/MG, 23/4/2018.
Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de
Comunicação da CPT/MG. Belo Horizonte/MG, 23/4/2018.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link:
https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por
direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link:
https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por
direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#freigilvander
Famílias despejadas da Comunidade Nova Jerusalém REOCUPAM a fazenda Canta Galo, em Nova Serrana, MG. A tensão é grande no local.
Famílias
despejadas da Comunidade Nova Jerusalém REOCUPAM a fazenda Canta Galo, em Nova
Serrana, MG. A tensão é grande no local.
Pelo Rio Pará, e por terra e moradia para as mais de 100
famílias do Acampamento Nova Jerusalém, a FAZENDA CANTA GALO, situada no
MUNICIPIO DE NOVA SERRANA, MG, foi REOCUPADA ontem, dia 24/05/2018, quinta-feira, por volta das 19h, pelos
moradores, trabalhadores e trabalhadoras do campo, que dela foram despejados,
injustamente, inconstitucionalmente e covardemente. dia 26 de abril de 2018,
após morarem e trabalharem na Fazenda Canta Gala por 6 anos, terem construído
mais de 80 casas de alvenaria e estarem cultivando mais de 60 hectares de
plantações: quintais, hortas, legumes, mandioca etc., alimentos saudáveis, sem
agrotóxicos.
A reocupação acontece após os TRÊS despejos realizados de
forma ARBITRÁRIA, com uma TROPA DE MAIS DE 300 policiais da Polícia Militar de
Minas Gerais. Mesmo com a FORMA PACÍFICA dos/as TRABALHADORES/RAS, a Comunidade
Nova Jerusalém passou nos dias 26 e 27 de abril ÚLTIMO, por TRÊS HUMILHANTES
DESPEJOS, os dois últimos sem decisão judicial; além de injustos, ilegais. A
Fazenda Canta Galo é de propriedade do Estado de Minas Gerais e foi cedida pelo
Estado de MG ao município de Nova Serrana, para construção de um Aterro
Sanitário, onde nunca houve investimentos dos municípios da região. Até o
momento o que a sociedade presencia são irregularidades, tais como:
ARRENDAMENTO da Fazenda Canta Galo, do Estado de Minas Gerais, frisamos, PARA
ENGORDAR GADO DE AUTORIDADES DO MUNICÍPIO, segundo vizinhos da fazenda Canta
Galo. O Elias e Egídio são os ganham com a engorda de gado na fazenda Canta
Galo e o Prefeito do município de Pitangui, Marcílio Valadares (do PSDB) é
conivente.
A SEDE da Fazenda Canta Galo está sendo UTILIZADA PELA
SRA.TEREZINHA, vizinha da FAZENDA. Cumpre recordar que ao ser ocupada por mais
de 120 famílias há seis anos, a fazenda Canta Galo estava totalmente
abandonada, ociosa, sem cumprir a função social. Frisamos também que a fazenda
Canta Galo é banhada pelo Rio Pará, um dos grandes afluentes do rio Francisco,
que irriga 15 municípios antes de desaguar suas águas no Velho Chico. Construir
um aterro Sanitário em área ambiental, ao lado do Rio Pará é um crime
ambiental, uma injustiça que clama aos céus. O rio Pará clama para ser
preservado e não pode ser contaminado com chorume e resíduos químicos.
Por estas INJUSTICAS E IRREGULARIDADES JÁ DENUNCIADAS, as famílias
REOCUPAM A FAZENDA CANTA GALO, pois NAO ACHAM JUSTO serem despejadas de SUAS
CASAS E DA TERRA ONDE VIVIAM DIGNAMENTE E PERMANECEREM JOGADAS ÀS MARGENS DO
RIO PARÁ, DORMINDO EM BARRACAS DE LONAS, ao RELENTO, SOB O FRIO, INTEMPÉRIES E
AMEAÇAS DE JAGUNÇOS, enquanto EMPRESÁRIOS E AUTORIDADES LOCAIS USUFRUEM da
fazenda Canta Galo, do Estado, para acumularem capitais, se enriquecerem e
destruírem os POUCOS PERTENCECES das famílias construídos na Fazenda Canta
Galo: casas, quintais, cercas, eletrificação etc. Tudo isso feito com muito
suor e luta. A LUTA É LEGITIMA e NECESSÁRIA! SEGUIREMOS EM LUTA!
TERRA, TRABALHO e LIBERDADE!
Assinam essa Nota:
Coordenação do Acampamento Nova Jerusalém
Frente Nacional de Luta (FNL)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG).
Nova Serrana, centro-oeste de MG, 25/5/2018.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Na luta por direitos, desrespeitou um/a, desrespeitou todos/as.Resiste, ...
Na luta por direitos, desrespeitou um/a, desrespeitou todos/as. Resiste, Carolina!/4ª parte/09/5/2018.
Nesse tempo de usurpação crescente de direitos, resistir é a palavra-chave. Ainda mais quando se trata da luta por moradia digna. Enquanto morar for um privilégio, enquanto a especulação imobiliária tiver prioridade sobre política habitacional séria, que atenda aos trabalhadoras e trabalhadoras, ocupar é um direito e um dever. Ocupar e resistir. A Ocupação-Carolina Maria de Jesus, do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e Rede de Apoio mantêm-se firmes diante da notificação de iminente despejo e abertos à negociação. A Ocupação do prédio no centro de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, 2.300, além da luta pelo sagrado direito à moradia, trata também do direito ao centro da cidade com todos os equipamentos públicos disponibilizados, facilitando a vida dos que dele dependem. A organização e a estrutura coletiva da Ocupação fortalecem ainda mais essa resistência. O bem comum é possível. Resiste, Carolina! *
Filmagem feita por Stéfane, moradora da Ocupação Carolina Maria de Jesus.
Apoio de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 09/5/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
#freigilvander
terça-feira, 22 de maio de 2018
Deus também é cigano. Dia 24/5, Dia Nacional dos Ciganos. O que comemorar? Resistência e Luta na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Deus também é cigano. Dia
24 de maio, Dia Nacional dos Ciganos.
Por Gilvander Luís
Moreira[1]
Que beleza que o CEDEFES e a professora Dra. Alenice Baeta estão
comprometidos com a luta justa, legítima e necessária das Comunidades Ciganas
em Minas Gerais. Há alguns anos, entrevistei na TVC/BH Bernadete Lage, uma
lutadora em defesa da causa dos ciganos em Minas Gerais, e também o Carlos,
cigano da comunidade cigana do bairro São Gabriel, em Belo Horizonte, MG.
Inesquecível ver e ouvir a paixão e o encantamento com o qual Bernadete e
Carlos falavam das belezas da cultura cigana. Ao ouvir Carlos, um cigano, e
Bernadete, alguém que se apaixonou pela causa das Comunidades Ciganas, ouvi
dentro de mim uma voz que dizia: “Deus também é cigano!” Em Minas Gerais,
estima-se que existam mais de 100 mil ciganos, povo milenar oprimido e injustiçado,
povo que carrega e cultiva uma cultura linda. Logo, reforço aqui a reivindicação
para que a prefeitura de Ibirité arrume terreno com condições adequadas para
acolher a Comunidade Cigana do Acampamento São Pedro. Inadmissível violentar a
dignidade humana das pessoas ciganas, negando-lhes a terra que lhes é de
direito. E pior, negar terra para os ciganos para doar terreno para empresas que
irão acumular capital é um crime que clama aos céus. Em breve, visitarei a
Comunidade Cigana de São Pedro em Ibirité, MG. Espero não ter que fazer uma
reportagem em vídeo e escrever texto para denunciar o prefeito e todo o poder público
municipal de Ibirité. Em nome do Dia Internacional dos Ciganos, dia 24 de maio,
pedimos: Prefeito de Ibirité, atenda às justas e legítimas reivindicações da
Comunidade Cigana que está aí em Ibirité, e se torne um bom exemplo para todas
os municípios de MG, onde estão 100 mil ciganos, nossos irmãos que cultivam uma
cultura milenar linda, e esperam de quem não é cigano respeito pelo seu jeito
de ser e agir. A cultura cigana nos humaniza.
Abraço terno na luta em defesa dos injustiçados.
Frei Gilvander Moreira.
[1] Frei
e padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR;
bacharel em Teologia pelo ITESP/SP;
mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália;
doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações
Urbanas.
O que comemorar no Dia Nacional do
Cigano? Resistência e Luta na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Por
Alenice Baeta
Apesar
do dia Nacional do Cigano, 24 de Maio, estar se aproximando, boa parte de suas
lideranças não conseguem pensar em organizar celebrações como gostariam, pois
se encontram mobilizadas temendo ordem de despejo em muitos de seus
acampamentos e ranchos em diversas localidades do estado.
Lamentavelmente
este é o caso do Acampamento São Pedro, situado no município de Ibirité, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte-RMBH, Minas Gerais. As lideranças
ciganas Valdinalva Caldas e Itamar Soares, contam que têm tentado, sem sucesso,
chegar a um acordo com a Prefeitura de Ibirité há meses. Segundo elas, já houve
encontros com o Prefeito Sr. William Parreiras e reuniões com o Procurador
Municipal Dr. Wagner Miguel, atual Secretário de Governo, Sr. Reinaldo Oliveira
e demais representantes do poder público municipal, que teriam prometido a
definição de uma área com infraestrutura adequada – água limpa, banheiro e
energia elétrica, pois há crianças, jovens e idosos no acampamento.
Atualmente
o acampamento está em um terreno público considerado oficialmente como “área
verde”, mas estranhamente, quando as primeiras famílias ciganas ali chegaram,
já encontram um terreno com lixo e entulho. O que mais chama a atenção é
que a Prefeitura parece pretender doar justo esta “área verde” para duas
empresas e por isto quer que as famílias ciganas desocupem este local, todavia,
não indicou um novo terreno adequado para elas se instalarem.
No
dia 21 de Maio houve uma audiência entre as lideranças supracitadas, que foram
acompanhadas por membro da ONG CEDEFES-Centro de Documentação Eloy Ferreira da
Silva, e representantes do município, que assustadoramente não apresentaram
nenhuma proposição ou solução oficial para as lideranças, contradizendo assim
todas as tratativas, negociações e promessas feitas até então. Não houve acordo
algum nessa audiência, exigindo que as lideranças tivessem que solicitar no
Fórum de Ibirité a nomeação de um advogado que as defenda em curtíssimo prazo.
Agora, o grande temor das famílias é uma futura ordem de despejo, o que seria
um grande desrespeito à dignidade humana deste milenar povo tradicional
itinerante e suas associações.
O
que leva um poder público e seus representantes a preferirem doar esse terreno
a empresas particulares, sem nenhuma alternativa ou proposta de usufruto de
outra área para o acampamento cigano aqui focalizado, ferindo frontalmente os
direitos constituídos em nível internacional e nacional de um grupo
tradicional?
Bom
lembrar às autoridades municipais e seu secretariado, em especial os que atuam
no âmbito do governo, cultura, desenvolvimento social e meio ambiente, que
desde o século XVI há registros de clãs ciganas no Brasil e que esta minoria
étnica é considerada uma das mais vulneráveis, de acordo com as agências
internacionais e a ONU, sendo que as suas tendas, acampamentos e ranchos
configuram-se como lar ou asilo inviolável. Os ciganos continuam sendo vítimas
de procedimentos racistas, discriminatórios, xenófobos e intolerantes, por
isto, espera-se que o poder público de Ibirité se comprometa, para além de
discursos e promessas, em romper de forma prática e eficaz as cruéis barreiras
do “Racismo Institucional” buscando soluções exemplares e alternativas
comprometidas com a inclusão social, diversidade cultural e a valorização das
tradições étnicas e culturais ciganas.
–
Destaque:
Líderes Ciganos do Acampamento São Pedro no município de Ibirité-RMBH. Foto: A.
Baeta – Maio de 2018.
Sabedoria: “Os justos vivem para sempre”
Sabedoria: “Os justos vivem para sempre”
Por Gilvander Luís
Moreira[1]
No livro da Sabedoria, em Sab 3,1-12, pela primeira
vez na Bíblia, surge a ideia de imortalidade de forma assertiva e categórica e
não como apenas expressando um desejo de que o justo fosse salvo para sempre –
como nos outros livros sapienciais bíblicos. Mas o pensamento semítico e judaico,
desde séculos, buscava caminhos de transformar esse desejo em uma certeza de fé. A filosofia grega forneceu ao autor do
livro de Sabedoria conceitos que
expressassem de forma mais exata o desejo do justo: os conceitos de
imortalidade (athanasia) e
incorruptibilidade (aphtarsía), que
não existiam na língua hebraica. Escrevendo em grego, mas com cabeça hebraica,
o autor do livro da Sabedoria usou os termos da filosofia helênica para se
expressar mais exatamente.
Certamente houve influência da filosofia grega,
disseminada pela cultura helenista durante o período de glória do imperialismo
grego que, através de guerras e invasões anexou muitos territórios de outros
povos. Mais do que apenas defender a vida pós-morte, o sábio autor do Livro da Sabedoria enfatiza um tipo de
fé revolucionária que carrega a seguinte convicção: os justos viverão para
sempre e os injustos serão aniquilados. Em consonância com a defesa do estilo de
vida das pessoas justas, em Sabedoria 3,8 se afirma outra utopia
revolucionária: “Os justos governarão as
nações, (...) e Deus reinará para sempre sobre eles”. Esse tipo de fé é
imprescindível para sustentar a caminhada e luta de quem se dedica a viver na
contramão do sistema opressor, no nosso caso, o sistema do capital, pois mostra
que vale a pena ser pessoa justa e dedicar-se à construção de uma sociedade
justa, solidária, ecumênica e sustentável ecologicamente, o que passa
necessariamente pela superação do capitalismo, máquina de moer vidas humanas e
vidas de todos os seres vivos.
Isso é verdadeiro, libertador e, certamente, não
exclui a fé e a esperança na imortalidade pessoal de cada justo, que se
expressa em muitos Salmos e no próprio Livro de Jó: “Eu sei que o meu Redentor está vivo e que no fim se levantará acima do
pó. (...) Eu mesmo o verei e não outro; eu o verei com meus próprios olhos” (Jó
19,25.27). A fé em Deus, que nos ama e nos quer dar a imortalidade, é uma
aposta que vale a pena ser feita! Apoia-se na convicção de que Deus é justo, e
“criou a pessoa humana para ser
incorruptível e a fez à imagem da sua própria natureza.” (Sab 2,23).
Em Sab 3,13-4,6, o autor da Sabedoria dessacraliza
a concepção judaica segundo a qual a reprodução da família judaica se dava
através da produção de filhos, por meio dos quais continuaria a herança dos
pais. Em ambiente de intensa idolatria e exploração da dignidade humana, o sábio
alerta que é melhor ser estéril do que gerar filhos opressores, adeptos da
ideologia dominante. Casar com filho de família opressora pode corroer a fina
flor da experiência de fraternidade do povo. É o que atesta Sab 3,13. Em Sab
4,1 o sábio autor aponta a alternativa sensata a não ter filhos: “É melhor não ter filhos e possuir a virtude,
porque a memória da virtude é imortal...” (Sab 4,1). Aqui o livro da
Sabedoria faz uma “revolução copernicana”: não mais o simples reproduzir a
prole para se ter futuro, mas cultivar virtude, ou seja, ser pessoa justa
segundo um conhecimento que liberta - o que não é, logicamente, a ideologia
dominante, mas são saberes que envolvem as pessoas na luta pelo bem comum sem
discriminar ninguém e nada.
“As pessoas
injustas se tornarão para sempre cadáveres desonrados e objetos de zombaria
entre os mortos (...) e a memória delas desaparecerá” (Sab 4,19). Ao
contrário, as pessoas justas, mesmo que tenham vida curta, “quando morrem, condenam os injustos que
continuam a viver” (Sab 4,16). Assim acontece com todos os/as oprimidos/as
da história: fazem história e permanecem na história os que são justos e
militam na defesa da justiça, no sentido da construção do bem comum para todos
sem nenhuma discriminação ou privilégio. “Os
justos vivem para sempre” (Sab 5,15), assevera o sábio autor da Sabedoria.
Possuído pela ira divina, o sábio antevê que nas contradições assumidas pelos
injustos e opressores “eles serão
devastados e a própria maldade deles derrubará o trono deles” (Sab 5,23),
pois o projeto dos opressores é um projeto de morte, assassino e suicida.
Em Sab 6,1-11 o sábio autor aponta que os
governantes devem governar com justiça, que é: defender os empobrecidos e
injustiçados diante daqueles que os exploram. A responsabilidade das
autoridades é muito grande, pois das decisões delas depende a vida do povo.
Todos serão julgados proporcionalmente, de acordo com a repercussão social das
suas ações. As autoridades terão julgamento divino implacável (Sab 6,5), pois
das decisões delas dependem a vida e a liberdade do povo. O Deus de Sabedoria
não é neutro, pelo contrário, coloca-se explicitamente ao lado dos
injustiçados: “Os pequenos serão
perdoados com misericórdia, mas os poderosos serão examinados com rigor” (Sab
6,6.8).
O autor demonstra que a Sabedoria não é acessível
apenas aos ricos e estudados, mas ela é democrática e acessível a todos, pois
nascemos e nos despedimos desse mundo de forma semelhante: nus, sem trazer e
sem levar nada (Cf. Sab 7,6). O sábio é aquele que prefere a sabedoria e não
cetros e tronos; é aquele que considera a acumulação capitalista como palha que
o vento leva e o fogo devora (Sab 7,8-9). Por essa perspectiva, em uma
linguagem atualizada, podemos afirmar que a pessoa sábia não se deixa conduzir
pelas seduções da sociedade capitalista, não dedica a vida a acumular riqueza e
gozar poder, mas vive e convive de forma simples e austera, sendo assim
coerente com o projeto do Deus da vida que quer vida e liberdade em abundância
para todos/as e tudo.
O autor do Livro
da Sabedoria compreende que o “senso comum” disseminado pelos injustos
domina a consciência da maioria das pessoas. Em uma linguagem atual, podemos
dizer que a ideologia dominante e hegemônica tem muito poder, conforme nos
ensina István Mészáros, falecido dia 02 de outubro de 2017: “A ideologia dominante tem uma capacidade
muito maior de estipular aquilo que pode ser considerado como critério legítimo
de avaliação do conflito, na medida em que controla efetivamente as
instituições culturais e políticas da sociedade.”[2]
Enfim, o sentido da vida está em ser pessoa justa
e, por isso, comprometida com as lutas libertárias dos povos injustiçados. Os
injustos como palha no fogo desaparecerão da história. Feliz quem não se deixa
seduzir pelo canto da sereia do sistema do capital que reduz tudo a mercadoria
e aniquila o humano que clama para ser cultivado em nós.
Referências Bibliográficas
MÉSZÁROS,
István. O Poder da Ideologia. São
Paulo: Ensaio, 1996.
Belo Horizonte, MG, 22/5/2018.
Obs.: Os vídeos, abaixo,
ilustram o texto, acima.
1) Palavra Ética na TVC/BH com Tio Maurício (Maurício Alves
Pereira), servidor dos pobres da rua. 05/12/2012.
2) Fila do Povo da Ocupação Eliana Silva, na ALEMG, em Belo
Horizonte: Mães e Crianças clamam por moradia. 06/09/2012.
3) Fila do Povo da Ocupação Eliana Silva na ALEMG, em Belo
Horizonte: Palavras de fogo. Quem ouvirá? 06/09/2012.
[1] Frei
e padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR;
bacharel em Teologia pelo ITESP/SP;
mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália;
doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações
Urbanas.
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