Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
quinta-feira, 11 de maio de 2017
quarta-feira, 10 de maio de 2017
Padre Josimo Tavares, outro Cristo no nosso meio: 31 anos de martírio (em 10/05/1986), na luta pela terra.
Padre
Josimo Tavares, outro Cristo no nosso meio: 31 anos de martírio (em 10/05/1986),
na luta pela terra.
Frei Gilvander Moreira[1]
“Feliz de um povo que não
esquece seus mártires” (Dom Pedro Casaldáliga).
Dia
10 de maio de 2017, dia que o ex-presidente Lula está depondo diante do juiz
Moro, em Curitiba, PR, celebramos 31 anos do martírio do padre Josimo Tavares.
Por isso o recordamos. Após tentativa de assassinato contra padre Josimo Moraes
Tavares, no dia 15 de abril de 1986, quando cinco tiros foram disparados contra
a Toyota em que ele viajava na defesa dos camponeses, profundamente ameaçado de
morte - e de ressurreição! -, incompreendido por colegas padres e agentes de
pastoral, inclusive, padre Josimo foi convocado a elaborar um relatório de suas
atividades e a esclarecer as circunstâncias que levaram a tantas ameaças de
morte contra ele.
Em
seu belíssimo Testamento Espiritual e profético, pronunciado durante a Assembleia
da Diocese de Tocantinópolis, MA, no dia 27 de abril de 1986, poucos dias antes
de seu assassinato, dizia Josimo que sua morte estava anunciada, encomendada e
prescrita nos anais das correntes que desejavam ardentemente eliminá-lo. Fazendeiros
e empresários do campo já o haviam condenado sumariamente à pena de morte. Mas
Josimo se encontrava firme, impulsionado pela força do Evangelho, pois havia
assumido sua missão pastoral de compromisso com a causa dos camponeses
oprimidos e injustiçados. Josimo declarou: “Pois é, gente, eu quero que vocês
entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou facção
teológica, nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade. Acredito que o
porquê de tudo isso se resume em três pontos principais: a) Por Deus ter me
chamado com o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido; b) Pelo senhor
bispo, dom Cornélio, ter me ordenado sacerdote; c) Pelo apoio do povo e do
vigário de Xambioá, então Padre João Caprioli, que me ajudaram a vencer nos
estudos. “O discípulo não é maior do que o Mestre. Se perseguirem a mim, hão de
perseguir vocês também.” Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela
causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos
latifúndios. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará a seu favor? Eu
pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer,
ninguém chorará por mim. Só tenho pena de uma pessoa: de minha mãe, que só tem
a mim e mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidarão dela.
Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero
que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma
conseqüência lógica resultante do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em
prol do Evangelho que me levou a assumir até as últimas conseqüências. A minha
vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados,
violentados e despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos
abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar. É hora de se levantar e fazer a
diferença! Morro por uma causa justa[2]”
Padre
Josimo Tavares sabia que ‘os filhos das trevas’ – latifundiários amantes do
deus capital – estavam na iminência de matá-lo. Ele não quis fugir. Como Jesus
subindo para Jerusalém, Josimo, enquanto coordenador da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), continuou sem arredar um milímetro do seu compromisso com os
camponeses injustiçados. Dia 10 de maio de 1986, dia das mamães, padre Josimo
foi assassinado covardemente enquanto subia as escadas do prédio da Mitra
Diocesana de Imperatriz, MA, onde funcionava a sede da CPT Araguaia-Tocantins.
Ainda teve forças para entrar no hospital andando. Isso foi o presente que
fazendeiros e jagunços deram a dona Olinda, mãe do padre Josimo, no dia das
mães.
Padre
Josimo era coordenador da CPT, na região do Bico do Papagaio. O pistoleiro
Geraldo Rodrigues da Costa efetuou contra o corpo do padre Josimo dois tiros com
uma pistola de calibre 7,65. Outro jagunço que participou do assassinato de
Josimo foi Vilson Nunes Cardoso, que até hoje está foragido.
Em
1993, nova denúncia, apontou como mandantes do assassinato de padre Josimo: os
fazendeiros Geraldo Paulo Vieira, Adailson Vieira, Osmar Teodoro da Silva,
Guiomar Teodoro da Silva, Nazaré Teodoro da Silva, Osvaldino Teodoro da Silva e
João Teodoro da Silva. Em 1998 Adailson Vieira, Geraldo Paulo Vieira (pai do
Adailson) e Guiomar Teodoro da Silva foram julgados e condenados. Os dois primeiros
foram condenados a 19 anos de reclusão e Guiomar, a 14 anos e 3 meses. João
Teodoro da Silva faleceu antes de ser levado a julgamento. Geraldo morreu
alguns meses depois da sentença. Osmar Teodoro da Silva ficou foragido durante
anos, sendo capturado pela polícia somente em 2001, depois de ter sido alvo do
programa Linha Direta, na TV gLobo. Em setembro de 2003, ele foi condenado, por
unanimidade, a 19 anos de reclusão.
Geraldo
Rodrigues da Costa, o executor do crime, foi condenado, em 1988, a 18 anos e 6
meses de reclusão. Conseguiu fugir da penitenciária por três vezes, mas, depois
da última fuga, nunca mais fora encontrado. Há informações de que faleceu
durante fuga após um assalto na cidade de Guaraí, Tocantins.
Em
2006, Claudemiro Godoy do Nascimento, no artigo “20 anos com Josimo”,
recordava: “Há 20 anos atrás, o Brasil vivia momentos de transformações
políticas e econômicas que dinamizavam o cenário das relações políticas. Na
região do Bico do Papagaio a situação não se diferenciava. Com o anúncio do fim
do regime ditatorial havia uma rearticulação política das oligarquias rurais na
chamada Nova República. A luta social se encontrava diante de fortes momentos
de tensão e conflito por parte de fazendeiros e trabalhadores rurais que tinham
na Igreja, na CPT, nos sindicatos e nos novos movimentos sociais do campo uma
esperança em ver realmente a terra partilhada para todos e todas. Josimo é a
testemunha fiel e nos ensina de que vale a pena dar a vida pela causa do Reino,
das comunidades e do povo. Sua morte significou o compromisso assumido em
denunciar as estruturas de morte alimentadas pelas injustiças políticas de
mandos e desmandos de uma oligarquia rural que ousava (ou ainda ousa) se
estabelecer no poder da República. É neste sentido que Josimo se torna o padre
mártir da Comissão Pastoral da Terra ao selar com seu sangue uma opção, um
compromisso e um engajamento na defesa dos oprimidos, em especial, os
trabalhadores rurais. Poderíamos relembrar os versos de Pedro Tierra escritos
por ocasião do martírio de Padre Josimo em maio de 1986: “Quem é esse
menino negro / Que desafia limites? / Apenas um
homem. / Sandálias surradas. /Paciência e
indignação. / Riso alvo. / Mel noturno. / Sonho
irrecusável. / Lutou contra cercas. / Todas as
cercas./ As cercas do medo. / As cercas do ódio. / As
cercas da terra. / As cercas da fome. / As cercas do
corpo. / As cercas do latifúndio”.
Diante
de tanta fé e de uma teimosia do Reino inexplicável, Josimo sentia-se
fortalecido pela experiência de Deus, pois se encontrava dentro do próprio
Deus. Com certeza, Josimo fez a experiência de Deus que somente os grandes
místicos da humanidade fizeram. Um homem que chega a ponto de saber que terá
seu sangue derramado em defesa dos pobres e pela causa do Reino só pode ter
tido a experiência concreta do Deus que se fez gente entre os homens e
mulheres.
Para
Josimo ser padre significava sentir a vida brotando como serviço justo a Deus e
aos pobres, sobretudo. Para ele, o culto, a eucaristia, a teologia do
sacrifício significava o agrado que fazemos a Deus no serviço aos pobres, aos
doentes e marginalizados da sociedade. Percebemos nos escritos, nos poemas e
nos registros de Josimo uma profunda intimidade com sua opção primeira, a
saber: a Diakonia, ou seja, o
serviço profético emancipatório, o estar sempre servindo aos empobrecidos do
Bico do Papagaio, que eram os trabalhadores rurais expulsos e espoliados da
terra pelos grandes fazendeiros locais e pelos políticos ao estilo coronelista.
Portanto, ser padre segundo Josimo era ser Profeta da Justiça, Pastor na Caminhada
e Sacerdote humilde que procurava oferecer a Deus oferendas justas. Josimo é a
própria oferta. Tornou-se um ofertório vivo para nossas comunidades e para a
construção do Reino.
Com
certeza, a memória dos 31 anos do martírio de Padre Josimo nos traz à luz a
experiência das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Igreja Povo de Deus, enquanto
sinal do Reino de Deus no mundo. Outros Josimos surgiram e surgirão mais ainda quando
a Igreja novamente for sinal vivo do Reino de Deus, quando estiver ao lado dos pobres
e oprimidos e perseguidos; quando denunciar as injustiças e as opressões
cometidas contra o povo; quando anunciar a esperança, a fé, o amor e a alegria
aos pobres.
Padre
Josimo, em vida plena, continua vivo em nós na luta. Vivo nas memórias do povo,
nas experiências dos educadores populares, nos escritos da Teologia da
Libertação e no compromisso dos poucos agentes de pastorais que continuam
reafirmando o mesmo compromisso com o Reino, com a construção de um mundo com a
justiça social, ambiental, urbana e sustentabilidade ecológica. Padre Josimo está
vivo no martirológio latino-americano, alternativo por excelência, sem nenhuma
ligação e reconhecimento por parte da estrutura eclesial oficial. A história
não pode perder a figura de Josimo. Ele é importante na história porque
promoveu com o povo a história. Com Josimo, os dominados contam suas histórias.
Com Josimo, a história não é feita segundo a lógica da classe dominante. Com
Josimo, os dominados são os sujeitos históricos.
O
nome de Padre Josimo está hoje em centenas de Acampamentos de Sem Terra, de
Assentamentos de Reforma Agrária e de Comunidades Eclesiais de Base. Ele está
muito vivo e presente nos corações e nas mentes de milhões de pessoas que lutam
para que a Mãe terra seja libertada das garras do latifúndio e partilhada com
milhões de sem-terra através de uma reforma agrária popular, massiva e
democrática.
Algumas
pessoas perguntam: “Por que valorizar o martírio, o sofrimento…?” Devemos ser
criteriosos para não incentivarmos um martírio voluntário. É claro que existem
muitas pessoas que, de mil e uma formas, e não raro, de um jeito eficaz e
abrangente, dão testemunho, dinamizam a vida, atuam na cidadania e constroem o
bem comum. Não podemos também jamais esquecer a memória dos inúmeros mártires
da caminhada. Ai de um povo que esquece os seus mártires!
Zé
Vicente, compositor e cantor das CEBs, diz sobre padre Josimo: “Padre Josimo
sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro,
a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no
Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da
terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT”.
Como
cantor da Caminhada nas noites escuras da opressão, movido pelo testemunho de
Josimo, Zé Vicente compôs a música “Renascerá” em sua homenagem.
“Renascerá,
renascerá, o teu sonho, Josimo,
De
um novo destino renascerá!
E
chegará, e chegará tempo novo sagrado
Há
tanto esperado, pra nós chegará!”
Dona
Olinda, mãe de padre Josimo ainda vive e mora na região do Bico do Papagaio. Ao
contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a
camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: “morro por uma Causa
justa!”, o nosso coração arde de emoção. Quem conviveu com Josimo
diz: “Ele era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das
pessoas, tinha um jeito humilde de ser, gostava de usar aquelas chinelas
havaianas…”
Recordando
o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins, sob lua nova, a última estrofe
do Samba pra Josimo irrompe na
lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 31 anos.
“Cada
rio formoso lá do Tocantins
Levará
teu sonho a todos os confins
E
cada braço erguido, conquistando o chão
Terá
as energias do teu coração!”
Assim seja! Amém, Aleluia,
Auerê, Uai!
Belo Horizonte, MG, Brasil,
10 de maio de 2017, 31 anos com padre Josimo Tavares vivendo vida plena e muito
vivo em nós, na luta pela terra.
[1] Frei
e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica, doutor em Educação pela FAE/UFMG;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Movimentos urbanos de luta por moradia;
e-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.freigilvander.blogspot.com.br
- www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis –
facebook: Gilvander Moreira III
[2] LE
BRETON, Binka. Todos Sabiam, a morte
anunciada do Padre Josimo. São Paulo: Loyola, 2000, p. 129-130.
IRMÃ GERALDINHA, MISSIONÁRIA DA CONGREGAÇÃO DAS DOMINICANAS de São Romão E OUTROS TRABALHADORES RURAIS CORREM RISCO DE MORTE NA CIDADE DE SALTO DA DIVISA, MG.
IRMÃ
GERALDINHA, MISSIONÁRIA DA CONGREGAÇÃO DAS DOMINICANAS de São Romão E OUTROS
TRABALHADORES RURAIS CORREM RISCO DE MORTE NA CIDADE DE SALTO DA DIVISA, MG.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG vem
denunciar que FAMÍLIAS CAMPONESAS DA CABECEIRA DO PIABANHA, NO PARQUE ESTADUAL ALTO
CARIRI, NO MUNICÍPIO DE SALTO DA DIVISA, NO BAIXO JEQUITINHONHA, MG, ESTÃO
SOFRENDO AÇÕES DE VIOLÊNCIA FÍSICA, AMEAÇAS DE MORTE, INTIMIDAÇÕES E DESTRUIÇÃO
DE PLANTAÇÕES por parte de fazendeiros da região.
A organização e a resistência das famílias camponesas
tradicionais, que residem e trabalham na CABECEIRA DO PIABANHA, em Salto da
Divisa, MG, representadas por: IRMÃ GERALDINHA, NIVALDO MORAIS NASCIMENTO,
MARINEZ ALVES DA SILVA, LUZENI FERREIRA DA SILVA E JUAREZ FERREIRA DO
NASCIMENTO, estão sendo respondida por meio de assédios e intimidações, sendo
coagidos a fazerem acordos individuais extrajudiciais com o intuito de quebrar
a organização comunitária.
Moradores relatam invasão de domicílio,
obrigando-os a negociarem a sua saída numa clara demonstração de poder e força
ao estilo do coronelismo das décadas de 1970. Placas foram colocadas na entrada
da Comunidade Camponesa da Cabeceira do Piabanha com dizeres agressivos como
“propriedade privada. Proibida a entrada!”, notificação extrajudicial de
proibição da entrada de técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural de Minas Gerais (EMATER) que presta assistência técnica à Comunidade. Destruição
de bananeiras a mando dos fazendeiros Renato José Luar Pimenta e Olinto
Herculano Pimenta, ação realizada pelos trabalhadores Renato Pereira de
Almeida, Luciano André Ferreira e Reinaldo Longuinho de Araújo. Numa
atitude de demonstração de força e desrespeito, os fazendeiros Olinto Herculano
Pimenta e Renato José Luar Pimenta invadiram o domicílio do Sr. Agnaldo
Teixeira dos Reis, morador da comunidade. Na ocasião entregou um boletim de
ocorrência contra o Sr. Agnaldo fazendo acusações infundadas, dizendo que o
mesmo havia estendido as cercas e realizado plantações em área de sua
propriedade. Sendo que a Comunidade Camponesa está dentro de um parque
estadual. Cadê o Estado para coordenar o parque e não deixar fazendeiro invadir
o parque? Tudo, em razão de um processo judicial de Reintegração de Posse de
número 0020421-44.2016.8.13.0347, na Comarca de Jacinto, MG, proposto por
AFONSINA MARIA PIMENTA (esposa do fazendeiro Olinto Herculano Pimenta) e
ESPOLIO DE SYLVIO ANTONIO PIMENTO, que alegam serem proprietários do imóvel
ocupado pelas famílias, cujo processo está sendo acompanhado, em defesa dos
membros da comunidade, pelo Advogado e Membro da Comissão de Direitos Humanos
da OAB/MG, Dr. Ronaldo Moreira de Araújo, CPT/MG, Programa de Proteção de
Defensores de Direitos Humanos ameaçados, dentre outras entidades.
A mineradora Nacional do Grafite está
minerando ao lado do Parque Estadual Alto Cariri e já fez prospecção mineraria no
Parque e tem planos de minerar dentro do parque também. Para viabilizar isso o
deputado Carlos Pimenta apresentou Projeto de Lei na ALMG para alterar os
limites do Parque estadual Alto Cariri. E fazendeiros estão ameaçando e
pressionando e ameaçando a Comunidade para abocanhar aquelas terras. A
continuidade da Comunidade camponesa da cabeceira do Piabanha é condição para
manter a preservação ambiental lá, que é um santuário ecológico com muitas
nascentes.
Irmã Geraldinha é referência no Brasil e
reconhecida na luta em favor do povo pobre e dos oprimidos, tendo sido
agraciada com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal e pelas ameaças
sofridas por sua luta em defesa dos direitos humanos e luta pela terra,
encontra-se sob proteção do Programa de Proteção dos Defensores em Direitos
Humanos do Governo Federal (PPDFH).
As Comissões de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais e da Câmara Federal, em Brasília, farão Audiência Pública
sobre este gravíssimo conflito agrário na cidade de Salto da Divisa, dia 19 de
maio próximo (2017).
Irmã Geraldinha participou de Coletiva à
Imprensa hoje, dia 10/05/2017, na Sede da Comissão de Direitos Humanos da
OAB/MG para relatar seu caso e torná-lo público na CDH da OAB MG, à Rua Guajajaras,
2287, Bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, MG.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de maio de
2017.
Nota Pública da Comissão dos Direitos Humanos
da OAB/MG e da COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT)
Assina essa Nota: Dr. William Santos. Presidente
da CDH da OAB/MG.
Obs.:
Assista a partir do link, abaixo, a Gravação da Entrevista Coletiva com vários
advogados, CPT, etc, com a presença da Irmã Geraldinha, dia 10/05/2017, em Belo
Horizonte, na sede da CDH da OAB/MG.
CONFLITO AGRÁRIO, COM AMEAÇAS DE MORTE, em
SALTO DA DIVISA, MG, na COMUNIDADE CAMPONESA DA CABECEIRA DO PIABANHA, NO
PARQUE ESTADUAL CARIRI. Os ameaçadores não passarão!
Reunião na Comissão dos Direitos Humanos da
OAB/MG, em Belo Horizonte, dia 10/05/2017: denúncia de gravíssimo conflito
agrário, com ameaças de morte, na Comunidade Camponesa da Cabeceira do
Piabanha, no Parque Estadual Alto Cariri, em Salto da Divisa, Baixo
Jequitinhonha, MG. Assista e compartilhe.
Assista também Reportagem da TV Futura sobre
UMA IRMÃ, UM RIO E MUITAS TERRAS
Assista também no link, abaixo: Palavra Ética
com Irmã Geraldinha e Edivaldo Ferreira sobre Emboscada que sofreram de
fazendeiro de Salto da Divisa.
E Conheça a Comunidade Cabeceira do Piabanha
em Reportagem de frei Gilvander, no link, abaixo:
Assista também vídeo de Audiência na ALMG
denunciando violação de direitos humanos na Comunidade Camponesa da Cabeceira
do Piabanha, em Salto da Divisa, MG. No link, abaixo:
domingo, 7 de maio de 2017
Em Buritis, MG, pré-Romaria da 20a Romaria das águas/da terra/MG: denúncia da devastação das águas e Juramento.
Em
Buritis, MG, pré-Romaria da 20a Romaria das águas/da terra/MG: denúncia da
devastação das águas e Juramento.
Em Buritis, no noroeste de
Minas Gerais, hoje, sábado, dia 06/05/2017, aconteceu a 2ª pré-Romaria da 20ª
Romaria das águas e da terra de Minas Gerais, com o tema: Povos da
cidade e do sertão, clamando por água, terra e pão! A Celebração Final da
20ª Romaria das águas e da terra de MG será dia 23 de julho de 2017, em Unaí,
noroeste de MG (Diocese de Paracatu), das 06h00 às 17h00.
Em Buritis, a 2ª pré-Romaria
aconteceu das 09h00 às 14h30, com centenas de pessoas dos 23 Assentamentos do
município de Buritis e com participação de romeiros e romeiras das águas e da
terra de Brasília, de Cabeceira Grande, de Arinos, de Guarapuava, de Unaí, de
Paracatu, de Belo Horizonte, etc. Fomos fraternalmente acolhidos com um café da
manhã saboroso feito em mutirão por várias mulheres camponesas. Padre Antônio,
a vereadora Camila, Maria d’Abadia e toda a Comissão Organizadora coordenaram,
com apoio da CPT, da Cáritas, da ARPA, etc., momentos históricos da pré-Romaria
de Buritis: a) Acolhida inicial, com as boas vindas; “Nossos direitos vêm...”;
b) Marcha/caminhada da CASEMG até a beira do rio Urucuía, onde a COPASA capta
água para abastecer a população da cidade de Buritis e mais acima um empresário
do agronegócio está captando uma grande quantidade de água para irrigação de
agronegócio, “está apunhalando o rio ao retirar tanta água”; c) Ao lado do rio
Urucuía, minguado e na UTI por causa dos líderes do agronegócio e de um Estado
que, por cumplicidade, deixa o rio ser esgotado para gerar lucro e acumulação
do capital. Ouvimos uma série de testemunhos de camponeses que denunciaram a
devastação socioambiental no município de Buritis. Fizemos um juramento ao lado
das poucas águas do rio Urucuía: sermos firmes na luta coletiva na defesa das
águas, da mãe terra e dos direitos sociais. Após a caminha de volta à CASEMG,
sempre com muita animação e com a presença de bonecos de São Francisco de Assis
e de vários animais em processo de extinção do cerrado, fizemos uma Fila do
Povo, momento em que várias denúncias foram feitas e compromissos assumidos.
Tudo mesclado com músicas de luta e animação.
Comunidades da zona rural,
que sofrem com a falta d’água, devido a construção de barragens para irrigação
com pivôs centrais, denunciaram a morte de nascentes, córregos, cascatas. Teve
representação das comunidades que dependem dos córregos Confins, Barriguda, Palmeira,
Taquaril, Formosinha, rio Urucuía, dentre outros. Todos esses córregos estão
barrados – barragens para captação de água para os pivôs - em suas nascentes
prejudicando várias comunidades rurais e o rio Urucuía – um dos 36 maiores
afluentes do rio São Francisco - sente os efeitos da seca e do agronegócio e
hidronegócio na região. A maioria dessas barragens é construída com liminares
(decisão precária) judiciais, um esquema criminoso consentido pelo Estado. A
vereadora Camila Almeida explicou sobre o projeto que pretende executar através
da Câmara Municipal de vereadores de buritis, que é: fazer um Levantamento da
Real situação do Rio Urucuía e de todos seus afluentes e das nascentes no
município de Buritis. Com postos de GPS, imagens aéreas, levantamento na
justiça de quantas liminares foram expedidas para construção dessas barragens,
quantos pedidos de liminares ainda têm, quantas multas e embargos têm expedidos
para os empreendimentos do agronegócio e hidronegócio em Buritis. Ao final
desse levantamento a empresa a ser contratada deverá entregar um Relatório REAL
de qual a situação do Rio Urucuía, de seus afluentes e nascentes. E um Relatório
com ações de recuperação, além de um vídeo para aulas educativas. A execução
desse diagnóstico do município é necessária porque a partir dele poderemos
propor ações a nível municipal, estadual e federal para rever o uso das águas
em buritis.
Todos os depoimentos
demonstraram durante a pré-Romaria em Buritis que a devastação socioambiental
no município está enorme e, pior, crescendo em uma progressão geométrica.
Terminamos a pré-Romaria de
Buritis saboreando um gostoso almoço comunitário feito em mutirão com frutos da
terra, das águas e do trabalho humano de quem está assentado nos 23
Assentamentos do município de Buritis, MG. Despedimo-nos com um abraço e com o
convite para participarmos nas outras pré-Romarias - a próxima em Chapada
Gaúcha, dia 27/05/2017 a partir das 15h00 – e irmos em caravanas para a Grande
Celebração da 20ª Romaria das águas e da terra de MG, em Unaí, dia 23 de julho
de 2017. A luta continua! “Romaria da terra faz o povo reunir, numa luta sem
guerra lutaremos por ti ...” Grande parte da pré-Romaria de Buritis foi
registrado em fotos e em vídeos, que em breve, serão disponibilizados na
internet, etc.
Acompanhe e divulgue o Blog
da 20ª Romaria das águas e da terra:
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