quarta-feira, 10 de maio de 2017

Padre Josimo Tavares, outro Cristo no nosso meio: 31 anos de martírio (em 10/05/1986), na luta pela terra.

Padre Josimo Tavares, outro Cristo no nosso meio: 31 anos de martírio (em 10/05/1986), na luta pela terra.
Frei Gilvander Moreira[1]



“Feliz de um povo que não esquece seus mártires” (Dom Pedro Casaldáliga).

Dia 10 de maio de 2017, dia que o ex-presidente Lula está depondo diante do juiz Moro, em Curitiba, PR, celebramos 31 anos do martírio do padre Josimo Tavares. Por isso o recordamos. Após tentativa de assassinato contra padre Josimo Moraes Tavares, no dia 15 de abril de 1986, quando cinco tiros foram disparados contra a Toyota em que ele viajava na defesa dos camponeses, profundamente ameaçado de morte - e de ressurreição! -, incompreendido por colegas padres e agentes de pastoral, inclusive, padre Josimo foi convocado a elaborar um relatório de suas atividades e a esclarecer as circunstâncias que levaram a tantas ameaças de morte contra ele.
Em seu belíssimo Testamento Espiritual e profético, pronunciado durante a Assembleia da Diocese de Tocantinópolis, MA, no dia 27 de abril de 1986, poucos dias antes de seu assassinato, dizia Josimo que sua morte estava anunciada, encomendada e prescrita nos anais das correntes que desejavam ardentemente eliminá-lo. Fazendeiros e empresários do campo já o haviam condenado sumariamente à pena de morte. Mas Josimo se encontrava firme, impulsionado pela força do Evangelho, pois havia assumido sua missão pastoral de compromisso com a causa dos camponeses oprimidos e injustiçados. Josimo declarou: “Pois é, gente, eu quero que vocês entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou facção teológica, nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade. Acredito que o porquê de tudo isso se resume em três pontos principais: a) Por Deus ter me chamado com o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido; b) Pelo senhor bispo, dom Cornélio, ter me ordenado sacerdote; c) Pelo apoio do povo e do vigário de Xambioá, então Padre João Caprioli, que me ajudaram a vencer nos estudos. “O discípulo não é maior do que o Mestre. Se perseguirem a mim, hão de perseguir vocês também.” Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos latifúndios. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará a seu favor? Eu pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por mim. Só tenho pena de uma pessoa: de minha mãe, que só tem a mim e mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidarão dela. Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma conseqüência lógica resultante do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho que me levou a assumir até as últimas conseqüências. A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados e despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar. É hora de se levantar e fazer a diferença! Morro por uma causa justa[2]
Padre Josimo Tavares sabia que ‘os filhos das trevas’ – latifundiários amantes do deus capital – estavam na iminência de matá-lo. Ele não quis fugir. Como Jesus subindo para Jerusalém, Josimo, enquanto coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), continuou sem arredar um milímetro do seu compromisso com os camponeses injustiçados. Dia 10 de maio de 1986, dia das mamães, padre Josimo foi assassinado covardemente enquanto subia as escadas do prédio da Mitra Diocesana de Imperatriz, MA, onde funcionava a sede da CPT Araguaia-Tocantins. Ainda teve forças para entrar no hospital andando. Isso foi o presente que fazendeiros e jagunços deram a dona Olinda, mãe do padre Josimo, no dia das mães.
Padre Josimo era coordenador da CPT, na região do Bico do Papagaio. O pistoleiro Geraldo Rodrigues da Costa efetuou contra o corpo do padre Josimo dois tiros com uma pistola de calibre 7,65. Outro jagunço que participou do assassinato de Josimo foi Vilson Nunes Cardoso, que até hoje está foragido.
Em 1993, nova denúncia, apontou como mandantes do assassinato de padre Josimo: os fazendeiros Geraldo Paulo Vieira, Adailson Vieira, Osmar Teodoro da Silva, Guiomar Teodoro da Silva, Nazaré Teodoro da Silva, Osvaldino Teodoro da Silva e João Teodoro da Silva. Em 1998 Adailson Vieira, Geraldo Paulo Vieira (pai do Adailson) e Guiomar Teodoro da Silva foram julgados e condenados. Os dois primeiros foram condenados a 19 anos de reclusão e Guiomar, a 14 anos e 3 meses. João Teodoro da Silva faleceu antes de ser levado a julgamento. Geraldo morreu alguns meses depois da sentença. Osmar Teodoro da Silva ficou foragido durante anos, sendo capturado pela polícia somente em 2001, depois de ter sido alvo do programa Linha Direta, na TV gLobo. Em setembro de 2003, ele foi condenado, por unanimidade, a 19 anos de reclusão.
Geraldo Rodrigues da Costa, o executor do crime, foi condenado, em 1988, a 18 anos e 6 meses de reclusão. Conseguiu fugir da penitenciária por três vezes, mas, depois da última fuga, nunca mais fora encontrado. Há informações de que faleceu durante fuga após um assalto na cidade de Guaraí, Tocantins.
Em 2006, Claudemiro Godoy do Nascimento, no artigo “20 anos com Josimo”, recordava: “Há 20 anos atrás, o Brasil vivia momentos de transformações políticas e econômicas que dinamizavam o cenário das relações políticas. Na região do Bico do Papagaio a situação não se diferenciava. Com o anúncio do fim do regime ditatorial havia uma rearticulação política das oligarquias rurais na chamada Nova República. A luta social se encontrava diante de fortes momentos de tensão e conflito por parte de fazendeiros e trabalhadores rurais que tinham na Igreja, na CPT, nos sindicatos e nos novos movimentos sociais do campo uma esperança em ver realmente a terra partilhada para todos e todas. Josimo é a testemunha fiel e nos ensina de que vale a pena dar a vida pela causa do Reino, das comunidades e do povo. Sua morte significou o compromisso assumido em denunciar as estruturas de morte alimentadas pelas injustiças políticas de mandos e desmandos de uma oligarquia rural que ousava (ou ainda ousa) se estabelecer no poder da República. É neste sentido que Josimo se torna o padre mártir da Comissão Pastoral da Terra ao selar com seu sangue uma opção, um compromisso e um engajamento na defesa dos oprimidos, em especial, os trabalhadores rurais. Poderíamos relembrar os versos de Pedro Tierra escritos por ocasião do martírio de Padre Josimo em maio de 1986: “Quem é esse menino negro / Que desafia limites? / Apenas um homem. / Sandálias surradas. /Paciência e indignação. / Riso alvo. / Mel noturno. / Sonho irrecusável. / Lutou contra cercas. / Todas as cercas./ As cercas do medo. / As cercas do ódio. / As cercas da terra. / As cercas da fome. / As cercas do corpo. / As cercas do latifúndio”.
Diante de tanta fé e de uma teimosia do Reino inexplicável, Josimo sentia-se fortalecido pela experiência de Deus, pois se encontrava dentro do próprio Deus. Com certeza, Josimo fez a experiência de Deus que somente os grandes místicos da humanidade fizeram. Um homem que chega a ponto de saber que terá seu sangue derramado em defesa dos pobres e pela causa do Reino só pode ter tido a experiência concreta do Deus que se fez gente entre os homens e mulheres.
Para Josimo ser padre significava sentir a vida brotando como serviço justo a Deus e aos pobres, sobretudo. Para ele, o culto, a eucaristia, a teologia do sacrifício significava o agrado que fazemos a Deus no serviço aos pobres, aos doentes e marginalizados da sociedade. Percebemos nos escritos, nos poemas e nos registros de Josimo uma profunda intimidade com sua opção primeira, a saber: a Diakonia, ou seja, o serviço profético emancipatório, o estar sempre servindo aos empobrecidos do Bico do Papagaio, que eram os trabalhadores rurais expulsos e espoliados da terra pelos grandes fazendeiros locais e pelos políticos ao estilo coronelista. Portanto, ser padre segundo Josimo era ser Profeta da Justiça, Pastor na Caminhada e Sacerdote humilde que procurava oferecer a Deus oferendas justas. Josimo é a própria oferta. Tornou-se um ofertório vivo para nossas comunidades e para a construção do Reino.
Com certeza, a memória dos 31 anos do martírio de Padre Josimo nos traz à luz a experiência das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Igreja Povo de Deus, enquanto sinal do Reino de Deus no mundo. Outros Josimos surgiram e surgirão mais ainda quando a Igreja novamente for sinal vivo do Reino de Deus, quando estiver ao lado dos pobres e oprimidos e perseguidos; quando denunciar as injustiças e as opressões cometidas contra o povo; quando anunciar a esperança, a fé, o amor e a alegria aos pobres.
Padre Josimo, em vida plena, continua vivo em nós na luta. Vivo nas memórias do povo, nas experiências dos educadores populares, nos escritos da Teologia da Libertação e no compromisso dos poucos agentes de pastorais que continuam reafirmando o mesmo compromisso com o Reino, com a construção de um mundo com a justiça social, ambiental, urbana e sustentabilidade ecológica. Padre Josimo está vivo no martirológio latino-americano, alternativo por excelência, sem nenhuma ligação e reconhecimento por parte da estrutura eclesial oficial. A história não pode perder a figura de Josimo. Ele é importante na história porque promoveu com o povo a história. Com Josimo, os dominados contam suas histórias. Com Josimo, a história não é feita segundo a lógica da classe dominante. Com Josimo, os dominados são os sujeitos históricos.
O nome de Padre Josimo está hoje em centenas de Acampamentos de Sem Terra, de Assentamentos de Reforma Agrária e de Comunidades Eclesiais de Base. Ele está muito vivo e presente nos corações e nas mentes de milhões de pessoas que lutam para que a Mãe terra seja libertada das garras do latifúndio e partilhada com milhões de sem-terra através de uma reforma agrária popular, massiva e democrática.
Algumas pessoas perguntam: “Por que valorizar o martírio, o sofrimento…?” Devemos ser criteriosos para não incentivarmos um martírio voluntário. É claro que existem muitas pessoas que, de mil e uma formas, e não raro, de um jeito eficaz e abrangente, dão testemunho, dinamizam a vida, atuam na cidadania e constroem o bem comum. Não podemos também jamais esquecer a memória dos inúmeros mártires da caminhada. Ai de um povo que esquece os seus mártires!
Zé Vicente, compositor e cantor das CEBs, diz sobre padre Josimo: “Padre Josimo sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro, a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT”.
Como cantor da Caminhada nas noites escuras da opressão, movido pelo testemunho de Josimo, Zé Vicente compôs a música “Renascerá” em sua homenagem.
“Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo,
De um novo destino renascerá!
E chegará, e chegará tempo novo sagrado
Há tanto esperado, pra nós chegará!”

Dona Olinda, mãe de padre Josimo ainda vive e mora na região do Bico do Papagaio. Ao contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: “morro por uma Causa justa!”, o nosso coração arde de emoção. Quem conviveu com Josimo diz: “Ele era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito humilde de ser, gostava de usar aquelas chinelas havaianas…”
Recordando o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins, sob lua nova, a última estrofe do Samba pra Josimo irrompe na lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 31 anos.
“Cada rio formoso lá do Tocantins
Levará teu sonho a todos os confins
E cada braço erguido, conquistando o chão
Terá as energias do teu coração!”

Assim seja! Amém, Aleluia, Auerê, Uai!
Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de maio de 2017, 31 anos com padre Josimo Tavares vivendo vida plena e muito vivo em nós, na luta pela terra.



[1] Frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica, doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Movimentos urbanos de luta por moradia; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.freigilvander.blogspot.com.br - www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis – facebook: Gilvander Moreira III

[2] LE BRETON, Binka. Todos Sabiam, a morte anunciada do Padre Josimo. São Paulo: Loyola, 2000, p. 129-130.

IRMÃ GERALDINHA, MISSIONÁRIA DA CONGREGAÇÃO DAS DOMINICANAS de São Romão E OUTROS TRABALHADORES RURAIS CORREM RISCO DE MORTE NA CIDADE DE SALTO DA DIVISA, MG.

IRMÃ GERALDINHA, MISSIONÁRIA DA CONGREGAÇÃO DAS DOMINICANAS de São Romão E OUTROS TRABALHADORES RURAIS CORREM RISCO DE MORTE NA CIDADE DE SALTO DA DIVISA, MG.

A Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG vem denunciar que FAMÍLIAS CAMPONESAS DA CABECEIRA DO PIABANHA, NO PARQUE ESTADUAL ALTO CARIRI, NO MUNICÍPIO DE SALTO DA DIVISA, NO BAIXO JEQUITINHONHA, MG, ESTÃO SOFRENDO AÇÕES DE VIOLÊNCIA FÍSICA, AMEAÇAS DE MORTE, INTIMIDAÇÕES E DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES por parte de fazendeiros da região.
A organização e a resistência das famílias camponesas tradicionais, que residem e trabalham na CABECEIRA DO PIABANHA, em Salto da Divisa, MG, representadas por: IRMÃ GERALDINHA, NIVALDO MORAIS NASCIMENTO, MARINEZ ALVES DA SILVA, LUZENI FERREIRA DA SILVA E JUAREZ FERREIRA DO NASCIMENTO, estão sendo respondida por meio de assédios e intimidações, sendo coagidos a fazerem acordos individuais extrajudiciais com o intuito de quebrar a organização comunitária.
Moradores relatam invasão de domicílio, obrigando-os a negociarem a sua saída numa clara demonstração de poder e força ao estilo do coronelismo das décadas de 1970. Placas foram colocadas na entrada da Comunidade Camponesa da Cabeceira do Piabanha com dizeres agressivos como “propriedade privada. Proibida a entrada!”, notificação extrajudicial de proibição da entrada de técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER) que presta assistência técnica à Comunidade. Destruição de bananeiras a mando dos fazendeiros Renato José Luar Pimenta e Olinto Herculano Pimenta, ação realizada pelos trabalhadores Renato Pereira de Almeida, Luciano André Ferreira e Reinaldo Longuinho de Araújo. Numa atitude de demonstração de força e desrespeito, os fazendeiros Olinto Herculano Pimenta e Renato José Luar Pimenta invadiram o domicílio do Sr. Agnaldo Teixeira dos Reis, morador da comunidade. Na ocasião entregou um boletim de ocorrência contra o Sr. Agnaldo fazendo acusações infundadas, dizendo que o mesmo havia estendido as cercas e realizado plantações em área de sua propriedade. Sendo que a Comunidade Camponesa está dentro de um parque estadual. Cadê o Estado para coordenar o parque e não deixar fazendeiro invadir o parque? Tudo, em razão de um processo judicial de Reintegração de Posse de número 0020421-44.2016.8.13.0347, na Comarca de Jacinto, MG, proposto por AFONSINA MARIA PIMENTA (esposa do fazendeiro Olinto Herculano Pimenta) e ESPOLIO DE SYLVIO ANTONIO PIMENTO, que alegam serem proprietários do imóvel ocupado pelas famílias, cujo processo está sendo acompanhado, em defesa dos membros da comunidade, pelo Advogado e Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, Dr. Ronaldo Moreira de Araújo, CPT/MG, Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos ameaçados, dentre outras entidades.
A mineradora Nacional do Grafite está minerando ao lado do Parque Estadual Alto Cariri e já fez prospecção mineraria no Parque e tem planos de minerar dentro do parque também. Para viabilizar isso o deputado Carlos Pimenta apresentou Projeto de Lei na ALMG para alterar os limites do Parque estadual Alto Cariri. E fazendeiros estão ameaçando e pressionando e ameaçando a Comunidade para abocanhar aquelas terras. A continuidade da Comunidade camponesa da cabeceira do Piabanha é condição para manter a preservação ambiental lá, que é um santuário ecológico com muitas nascentes.
Irmã Geraldinha é referência no Brasil e reconhecida na luta em favor do povo pobre e dos oprimidos, tendo sido agraciada com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal e pelas ameaças sofridas por sua luta em defesa dos direitos humanos e luta pela terra, encontra-se sob proteção do Programa de Proteção dos Defensores em Direitos Humanos do Governo Federal (PPDFH).
As Comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e da Câmara Federal, em Brasília, farão Audiência Pública sobre este gravíssimo conflito agrário na cidade de Salto da Divisa, dia 19 de maio próximo (2017).
Irmã Geraldinha participou de Coletiva à Imprensa hoje, dia 10/05/2017, na Sede da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG para relatar seu caso e torná-lo público na CDH da OAB MG, à Rua Guajajaras, 2287, Bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, MG.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de maio de 2017.

Nota Pública da Comissão dos Direitos Humanos da OAB/MG e da COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT)
Assina essa Nota: Dr. William Santos. Presidente da CDH da OAB/MG.

Obs.: Assista a partir do link, abaixo, a Gravação da Entrevista Coletiva com vários advogados, CPT, etc, com a presença da Irmã Geraldinha, dia 10/05/2017, em Belo Horizonte, na sede da CDH da OAB/MG.

CONFLITO AGRÁRIO, COM AMEAÇAS DE MORTE, em SALTO DA DIVISA, MG, na COMUNIDADE CAMPONESA DA CABECEIRA DO PIABANHA, NO PARQUE ESTADUAL CARIRI. Os ameaçadores não passarão!
Reunião na Comissão dos Direitos Humanos da OAB/MG, em Belo Horizonte, dia 10/05/2017: denúncia de gravíssimo conflito agrário, com ameaças de morte, na Comunidade Camponesa da Cabeceira do Piabanha, no Parque Estadual Alto Cariri, em Salto da Divisa, Baixo Jequitinhonha, MG. Assista e compartilhe.

Assista também Reportagem da TV Futura sobre UMA IRMÃ, UM RIO E MUITAS TERRAS
Assista também no link, abaixo: Palavra Ética com Irmã Geraldinha e Edivaldo Ferreira sobre Emboscada que sofreram de fazendeiro de Salto da Divisa.

E Conheça a Comunidade Cabeceira do Piabanha em Reportagem de frei Gilvander, no link, abaixo:

Assista também vídeo de Audiência na ALMG denunciando violação de direitos humanos na Comunidade Camponesa da Cabeceira do Piabanha, em Salto da Divisa, MG. No link, abaixo:



domingo, 7 de maio de 2017

Em Buritis, MG, pré-Romaria da 20a Romaria das águas/da terra/MG: denúncia da devastação das águas e Juramento.

Em Buritis, MG, pré-Romaria da 20a Romaria das águas/da terra/MG: denúncia da devastação das águas e Juramento.

Em Buritis, no noroeste de Minas Gerais, hoje, sábado, dia 06/05/2017, aconteceu a 2ª pré-Romaria da 20ª Romaria das águas e da terra de Minas Gerais, com o tema: Povos da cidade e do sertão, clamando por água, terra e pão! A Celebração Final da 20ª Romaria das águas e da terra de MG será dia 23 de julho de 2017, em Unaí, noroeste de MG (Diocese de Paracatu), das 06h00 às 17h00.
Em Buritis, a 2ª pré-Romaria aconteceu das 09h00 às 14h30, com centenas de pessoas dos 23 Assentamentos do município de Buritis e com participação de romeiros e romeiras das águas e da terra de Brasília, de Cabeceira Grande, de Arinos, de Guarapuava, de Unaí, de Paracatu, de Belo Horizonte, etc. Fomos fraternalmente acolhidos com um café da manhã saboroso feito em mutirão por várias mulheres camponesas. Padre Antônio, a vereadora Camila, Maria d’Abadia e toda a Comissão Organizadora coordenaram, com apoio da CPT, da Cáritas, da ARPA, etc., momentos históricos da pré-Romaria de Buritis: a) Acolhida inicial, com as boas vindas; “Nossos direitos vêm...”; b) Marcha/caminhada da CASEMG até a beira do rio Urucuía, onde a COPASA capta água para abastecer a população da cidade de Buritis e mais acima um empresário do agronegócio está captando uma grande quantidade de água para irrigação de agronegócio, “está apunhalando o rio ao retirar tanta água”; c) Ao lado do rio Urucuía, minguado e na UTI por causa dos líderes do agronegócio e de um Estado que, por cumplicidade, deixa o rio ser esgotado para gerar lucro e acumulação do capital. Ouvimos uma série de testemunhos de camponeses que denunciaram a devastação socioambiental no município de Buritis. Fizemos um juramento ao lado das poucas águas do rio Urucuía: sermos firmes na luta coletiva na defesa das águas, da mãe terra e dos direitos sociais. Após a caminha de volta à CASEMG, sempre com muita animação e com a presença de bonecos de São Francisco de Assis e de vários animais em processo de extinção do cerrado, fizemos uma Fila do Povo, momento em que várias denúncias foram feitas e compromissos assumidos. Tudo mesclado com músicas de luta e animação.
Comunidades da zona rural, que sofrem com a falta d’água, devido a construção de barragens para irrigação com pivôs centrais, denunciaram a morte de nascentes, córregos, cascatas. Teve representação das comunidades que dependem dos córregos Confins, Barriguda, Palmeira, Taquaril, Formosinha, rio Urucuía, dentre outros. Todos esses córregos estão barrados – barragens para captação de água para os pivôs - em suas nascentes prejudicando várias comunidades rurais e o rio Urucuía – um dos 36 maiores afluentes do rio São Francisco - sente os efeitos da seca e do agronegócio e hidronegócio na região. A maioria dessas barragens é construída com liminares (decisão precária) judiciais, um esquema criminoso consentido pelo Estado. A vereadora Camila Almeida explicou sobre o projeto que pretende executar através da Câmara Municipal de vereadores de buritis, que é: fazer um Levantamento da Real situação do Rio Urucuía e de todos seus afluentes e das nascentes no município de Buritis. Com postos de GPS, imagens aéreas, levantamento na justiça de quantas liminares foram expedidas para construção dessas barragens, quantos pedidos de liminares ainda têm, quantas multas e embargos têm expedidos para os empreendimentos do agronegócio e hidronegócio em Buritis. Ao final desse levantamento a empresa a ser contratada deverá entregar um Relatório REAL de qual a situação do Rio Urucuía, de seus afluentes e nascentes. E um Relatório com ações de recuperação, além de um vídeo para aulas educativas. A execução desse diagnóstico do município é necessária porque a partir dele poderemos propor ações a nível municipal, estadual e federal para rever o uso das águas em buritis.
Todos os depoimentos demonstraram durante a pré-Romaria em Buritis que a devastação socioambiental no município está enorme e, pior, crescendo em uma progressão geométrica.
Terminamos a pré-Romaria de Buritis saboreando um gostoso almoço comunitário feito em mutirão com frutos da terra, das águas e do trabalho humano de quem está assentado nos 23 Assentamentos do município de Buritis, MG. Despedimo-nos com um abraço e com o convite para participarmos nas outras pré-Romarias - a próxima em Chapada Gaúcha, dia 27/05/2017 a partir das 15h00 – e irmos em caravanas para a Grande Celebração da 20ª Romaria das águas e da terra de MG, em Unaí, dia 23 de julho de 2017. A luta continua! “Romaria da terra faz o povo reunir, numa luta sem guerra lutaremos por ti ...” Grande parte da pré-Romaria de Buritis foi registrado em fotos e em vídeos, que em breve, serão disponibilizados na internet, etc.

Acompanhe e divulgue o Blog da 20ª Romaria das águas e da terra: