quinta-feira, 23 de março de 2017

NOTA SOBRE O CANCELAMENTO DA REUNIÃO ENTRE O GOVERNADOR DE MG, FERNANDO PIMENTEL, E REPRESENTAÇÕES DAS OCUPAÇÕES-COMUNIDADES DA IZIDORA.

NOTA SOBRE O CANCELAMENTO DA REUNIÃO ENTRE O GOVERNADOR DE MG, FERNANDO PIMENTEL, E REPRESENTAÇÕES DAS OCUPAÇÕES-COMUNIDADES DA IZIDORA.


Anteontem, dia 21/03/2017, às 17 horas, no Palácio da Liberdade, o Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, (PT), receberia uma Comissão das Ocupações da Izidora + Brigadas Populares + Comissão Pastoral da Terra (CPT) + Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) + Coletivo Margarida Alves e assessoria técnica. Depois de 2,3 anos sem receber nenhuma das lideranças das inúmeras ocupações urbanas de Minas Gerais (60.000 famílias em MG), o governo de Fernando Pimentel prometeu novamente nos receber (já que tinha cancelado seu compromisso de nos receber em janeiro desse ano), gerando grande expectativa de que enfim conseguiríamos chegar a um justo e idôneo fim do conflito sociofundiário da Izidora.
Infelizmente, mais uma vez não fomos recebidos. Os movimentos e coordenações das ocupações enviaram, via e-mail, na tarde do dia 21/03 uma lista com os nomes das e dos representantes. No entanto, quando chegamos para reunião, fomos surpreendidos na portaria do Palácio (entrada pela rua Tomé de Souza), com uma listagem do governo, que excluía um dos movimentos que acompanha as ocupações, o MLB, e reduzia para menos da metade a listagem dos que participariam da reunião (lista que seria praticamente idêntica aos representantes que foram recebidos pelo prefeito Kalil na semana passada, dia 14/03/2017, em diálogo que durou quase 4 horas).  Depois de muita discussão com os assessores do governo, aceitaram incluir o MLB, mas quando o movimento indicou como seu representante na reunião, o companheiro Leonardo Péricles (coordenador nacional do MLB e presidente nacional da Unidade Popular pelo Socialismo - UP), o governo de Minas o impediu de participar, sem alegações plausíveis, a não ser perseguição política e inclusive práticas de racismo. Impôs também o governo, que o Pastor Alberto, da coordenação da ocupação-comunidade Vitória, também não poderia participar, repetindo a mesma prática citada acima. Diante de tamanha intransigência, nós, movimentos e coordenações, tentamos pacientemente resolver o impasse e reafirmamos que quem decide os nomes de quem participa de uma reunião como essa, somos nós, movimentos e o povo que representamos, e não o governo do estado. Aceitar a posição de perseguição política em relação a lideranças do movimento é dar brecha para que mais à frente, outras lideranças e movimentos tenham seus direitos cassados.
Após cerca de uma hora e meia, não contente em impedir a participação das lideranças, de forma intransigente, o governo de MG cancelou a reunião sem também apresentar justificativa plausível. Nós duvidamos que o Governador Fernando Pimentel ofereça esse tratamento aos empresários e ricos desse Estado. Basta lembrarmos o hediondo e criminoso desastre da Samarco/BHP/Vale, em que o Governador, ao invés de ir primeiro visitar as famílias atingidas de Bento Rodrigues, visitou a sede das mineradoras opressoras e criminosas.
Como pode um governo que se elegeu com o slogan “ouvir para governar” fazer isso? A luta das ocupações urbanas é legítima e necessária. Ela engloba os trabalhadores e trabalhadoras pobres que mesmo trabalhando duro e produzindo tudo que a sociedade precisa, não tem salário para construir suas casas.  A sua maioria é formada de pessoas negras, assim como Leonardo Péricles e o pastor Alberto. Logo no dia de combate à discriminação racial, o governo de MG pratica tamanha injustiça!
Essa postura do governo de Minas nos indica que não quer negociar de verdade e se comprometer, assim como o prefeito Kalil, com as ocupações da Izidora. Mostra mais: que estamos vivendo um período de exceção, em que cidadãos e cidadãs estão sendo perseguidos por não se calarem diante das infindáveis injustiças produzidas pelo sistema capitalista e por lutarem pelos seus direitos, como no caso da luta das ocupações urbanas!
Esperamos que o governo de MG realmente tenha disposição para negociar, pois seria uma irresponsabilidade sem tamanho, um governo estadual, que é quem tem o comando da Polícia Militar, não negociar de forma justa e idônea. Diante dos conflitos sociofundiários advindos exatamente da omissão/cumplicidade do Estado em realizar sérias políticas públicas urbanas populares, a resposta não pode ser simplesmente enviar tropas fortemente armadas para auxiliar as operações de reintegração de posse que sempre resultam em violência contra os pobres!
Desse modo, reafirmamos a disposição dos movimentos e coordenações de negociar e buscar uma solução que priorize o direito humano de morar dignamente das famílias da Izidora. Esperamos que o Governador Fernando Pimentel remarque o mais breve possível a reunião com uma Comissão das Ocupações-comunidades da Izidora junto com representantes dos movimentos que as acompanham.

Assinam essa Nota Pública:
Coordenações das Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória),
Brigadas Populares,
MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas)
CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Coletivo Margarida Alves de Assessoria Popular (CMA)

Belo Horizonte, MG, Brasil, 23 de março de 2017


quarta-feira, 22 de março de 2017

Governador MG, Pimentel, pela 2a vez marca, mas não recebe Comissão das Ocupações da Izidora.

Governador MG, Pimentel, pela 2a vez marca, mas não recebe Comissão das Ocupações da Izidora.



Leonardo Péricles, da Coordenação Nacional do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), e o Pastor Alberto, da coordenação da Ocupação-comunidade Vitória, com 4.500 famílias, na região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, na foto, abaixo. O governador Pimentel não aceitou que esses dois - Leonardo Péricles e pastor Alberto - participassem da reunião de uma Comissão das Ocupações da Izidora + CPT + MLB + Brigadas Populares com o governador de Minas, Fernando Pimentel, ontem, dia 21/03/2017. Grande injustiça. Sem Leonardo Péricles e sem o pastor Alberto, com uma comissão muito restrita não podíamos entrar para a reunião. A reunião estava marcada pelo Pimentel para as 17h00 de ontem. Por volta das 19h00, o deputado Rogério Correia e as vereadoras Cida e Áurea - que intercediam pela Izidora - nos informaram que o Pimentel intransigente tinha cancelado a reunião. Perguntei a um secretário do Governo que apareceu na entrada dos fundos do Palácio da Liberdade (?): "Por que o Leonardo Péricles e o pastor Alberto não podem participar da reunião agendada com o governador Pimentel?" Ele me respondeu que os nomes deles não estavam na lista porque o pastor Alberto é contra a Direcional construir prédios de 8 a 9 andares em área ocupada pela Ocupação Vitória, tendo para isso que demolir cerca de 700 ou 800 casas já construídas. Pastor Alberto está sendo porta voz do povo do Vitória que não aceita a destruição das casas para construir prédios. O povo da ocupação-comunidade Vitória e das ocupações-comunidades Esperança e Rosa Leão exigem Direcional fora do território das 3 comunidades da Izidora. O secretário me disse que Leonardo Péricles não podia participar da reunião com o Governador Pimentel por causa de um protesto legítimo que ele fez na Assembleia Legislativa, dia 19/06/2015, após a Polícia Militar de MG reprimir de forma bárbara cerca de 3.000 pessoas das Ocupações-comunidades da Izidora na Linha Verde (MG-010) que marchavam pacificamente rumo à Cidade Administrativa, lutando contra a iminência de despejo e exigindo moradia digna, própria e adequada. Além de quase ter matado Alice, uma criança de 8 meses da Ocupação Vitória e ter semeado pânico e terror sobre o povo, a PM de MG, naquela oportunidade, feriu fisicamente com tiros e bombas mais de 90 pessoas e prendeu mais de 40 pessoas. Uai! Põe o dedo na consciência, meu irmão! Portanto, repudiamos com veemência essa tentativa de ignorar e desrespeitar o Leonardo Péricles do MLB, que é um grande lutador, extremamente ético, super-responsável, um militante querido, respeitado e admirado pelo povo injustiçado e pelas forças vivas da sociedade.
Eleito com o slogan "ouvir para governar", Pimentel em 2,3 anos de mandato não recebeu nenhuma liderança das Ocupações Urbanas de MG. Injusta e lamentável essa postura intransigente. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, está demonstrando sensibilidade e assumiu compromisso de regularizar e urbanizar 100% das ocupações da Izidora e não aceitar empreendimento do Minha Casa Minha Vida em território ocupado pelas comunidades da Izidora que já são três bairros irmãos em franco processo de consolidação. Continuaremos pedindo que o governador Pimentel receba uma Comissão das Ocupações da Izidora com os movimentos que as acompanham. Abraço na luta. Frei Gilvander Luís Moreira, pela coordenação da CPT/MG.

terça-feira, 21 de março de 2017

Reunião de lideranças das Ocupações da Izidora com Pimentel e Manifestação: convite.

Reunião de lideranças das Ocupações da Izidora com Pimentel e Manifestação: convite.

O Governador Pimentel receberá uma Comissão das Ocupações da Izidora + Brigadas Populares + CPT + MLB + Coletivo Margarida Alves e assessoria técnica hoje, 3f., dia 21/03/2017, às 17h00, no Palácio da Liberdade, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, MG.
Atenção Povo das ocupações-comunidades Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) e Rede de Apoio, combinamos ontem que faremos uma Manifestação diante do Palácio da Liberdade, na Praça da Liberdade, a partir das 16h45, enquanto uma Comissão de lideranças estiver em reunião com o Governador Pimentel. A proposta é sair de ônibus das 3 comunidades da Izidora às 14h30 para chegar à Praça da Liberdade antes das 16h00. Quem estiver trabalhando que vá se juntar à Manifestação na porta do Palácio da Liberdade, na Praça da Liberdade. E vá também de ônibus coletivo, de moto, a pé, etc. Quanto mais gente na luta coletiva melhor! É a primeira vez que o Governador receberá lideranças dos movimentos populares urbanos. Esperamos que o Pimentel assuma o compromisso de regularizar fundiariamente e contribuir na urbanização das 3 comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) colocando rede de água, saneamento e energia, sem derrubar nenhuma das casas construídas com muito sacrifício e suor nesses 4 anos de luta do povo trabalhador da Izidora.
Quanto maior a nossa luta, maior será a nossa Vitoria. 
Só a luta muda a vida.

Chamada das Coordenações das ocupações-comunidades da Izidora + CPT + MLB + Brigadas Populares + Coletivo Margarida Alves.
BH, 21/03/2017.

quinta-feira, 16 de março de 2017

20a Romaria c/ Feira e Mostra Cultural da Reforma Agrária/MST/DF e Entor...

Acirramento do Conflito Agrário na Ocupação da Fazenda Marilândia, em Manga, no Norte de Minas. Grande tensão!

Acirramento do Conflito Agrário na Ocupação da Fazenda Marilândia, em Manga, no Norte de Minas. Grande tensão!

Nota da CPT/MG.

As mais de 100 famílias da reocupação da fazenda Marilândia, no município de Manga, no Norte de Minas Gerais, vem por meio da Associação Nossa Senhora de Fátima e Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) alertar, informar e denunciar os últimos acontecimentos e  solicitar da Mesa de Diálogo e Negociação do Governo de MG respostas dos encaminhamentos da última reunião da Mesa realizada em Novembro de 2016. Foi constituída uma comissão que daria início ao processo de levantamento e discriminatória do imóvel, o proprietário se comprometeu apresentar a comissão os documentos da área no prazo de 05 dias. Até o momento não recebemos nenhuma comunicação e nem mesmo a Ata da reunião. A Fazenda Marilândia tem sérios indícios de que se trata de terra devoluta. E a Fundação Palmares já declarou que a quase totalidade da fazenda Marilândia é território quilombola.

Estamos muito preocupados e apreensivos com o Acirramento do conflito agrário e fundiário na área. Passaram quatro meses da última tentativa de um acordo. As famílias reocuparam a fazenda em 02 de abril de 2016 após o 12° despejo, estão reerguendo os barracos, preparando as terras para o plantio, retornando com os animais e construindo cercas para proteção das roças.  Estamos vivendo momentos de terror e de muita tensão, ameaça de um novo despejo, intimidações, humilhação e muita insegurança. 

Vejam alguns fatos:

Conforme relato dos trabalhadores, por várias vezes, a Polícia Militar do destacamento de Manga adentrou na área juntamente com um suposto gerente da fazenda, o Givanildo, fazendo pressões e tentando intimidar as famílias. Entretanto, os camponeses não são bobos, sabem muito bem quais são seus direitos. Tanto é que já sofreram 12 despejos e reocupam a fazenda que não cumpria função social, além dos indícios de ser terra devoluta e agora já declarada como território quilombola. Repudiamos as ameaças e as intimidações.

Nos últimos dias o suposto gerente Givanildo vem ameaçando  as famílias dizendo que por esses dias haverá um novo despejo, que desta vez será derrubadas todos os barracos e destruídas as plantações. 

No dia 07 de fevereiro de 2017, fomos intimados na Delegacia da Polícia Civil, de Manga, para depor sobre investigação de um crime ambiental  (incêndio ) que ocorreu há muito  tempo atrás na fazenda Marilândia.
Além do suposto gerente Givanildo, surge um senhor de nome Danilo investigador da Polícia Civil de Januária, no momento encontra-se afastado de suas funções, o mesmo vem ameaçando colocar gado na área onde estão as famílias e também pressionando a aceitar a proposta do proprietário. 

Exigimos que a Mesa de Negociação do Governo cumpra com urgência os compromissos assumidos em reunião em novembro de 2016, antes que exploda a violência na fazenda ocupada em Manga.
“Nenhum camponês sem terra”, exige o papa Francisco e nós da CPT e da Associação.

Manga, Norte de MG, 16 de março de 2017.