Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
domingo, 10 de abril de 2016
sexta-feira, 8 de abril de 2016
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Se impeachment, então quem? Artigo de Glen Greenwald na FSP, 06/04/2016.
Se
impeachment, então quem?
Artigo de Glen Greenwald na FSP,
06/04/2016.
O fato mais bizarro sobre a crise política no
Brasil é também o mais importante: quase todas as figuras políticas de
relevância que defendem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff –e aqueles
que poderiam assumir o país no caso de um eventual afastamento da mandatária–
enfrentam acusações de corrupção bem mais sérias do que as que são dirigidas a
ela.
De Michel Temer a Eduardo Cunha, passando
pelos tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin, os adversários mais influentes de
Dilma estão envolvidos em chocantes escândalos de corrupção que destruiriam a
carreira de qualquer um numa democracia minimamente saudável.
Na verdade, a grande ironia desta crise é que
enquanto os maiores partidos políticos do país, inclusive o PT, têm
envolvimento em casos de corrupção, a presidenta Dilma é um dos poucos atores
políticos com argumentos fortes para estar na Presidência da República e que
não está diretamente envolvido em casos de enriquecimento pessoal.
Esses fatos vitais têm alterado radicalmente
como a mídia internacional vê a crise política no Brasil. Durante meses,
jornalistas norte-americanos e europeus retrataram de forma positiva as
manifestações nas ruas, a investigação da Operação Lava Jato e as decisões do
juiz federal Sergio Moro.
Em razão desses fatos, agravados pelo
tratamento abertamente político de Moro com relação ao ex-presidente Lula e
pela cobertura midiática embaraçosamente sensacionalista feita pelo
"Jornal Nacional" e por outros programas da Rede Globo, agora muitos
estão reconhecendo que a realidade é bem menos inspiradora ou nobre.
A sociedade brasileira tem muitas razões
legítimas para se zangar com o governo. Mas para uma parte da elite midiática e
econômica do país, a corrupção é apenas uma desculpa, um pretexto para atingir
um fim antidemocrático.
O objetivo real é remover do poder um partido
político –o PT– que não conseguiu derrotar após quatro eleições democráticas
seguidas. Ninguém que realmente se importasse com o fim da corrupção iria
torcer por um processo que delegaria o poder a líderes de partidos como o PMDB,
o PSDB e o PP.
Pior, está se tornando claro que a esperança
dos líderes dos partidos da oposição é de que o impeachment de Dilma seria tão
catártico para o público, que permitiria o fim silencioso da Operação Lava Jato
ou, ao menos, fosse capaz de fazer com que tudo terminasse em pizza para os
políticos corruptos.
Em outras palavras, o impeachment de Dilma
Rousseff está designado para proteger a corrupção, não para puni-la ou até
acabar com ela – o retrato mais característico de uma plutocracia do que de uma
democracia madura.
Impeachment é uma ferramenta legítima em
todas as democracias, mas é uma medida extrema, que deve ser usada somente em
circunstâncias convincentes de que há crimes cometidos pelo presidente da
República e quando há provas concretas das ilegalidades. O caso do impedimento
de Dilma não responde a nenhum desses dois critérios.
Em uma democracia avançada, o Estado de
Direito, não o poder político, deve prevalecer. Se, apesar disso tudo, o país
estiver realmente determinado a apear Dilma do poder, a pior opção seria deixar
essa linha de sucessão corrupta ascender ao poder.
Os princípios da democracia exigem que Dilma
Rousseff termine o mandato. Se não houver opção, e ela for impedida, a melhor
alternativa é que sejam realizadas novas eleições e, assim, que a população
decida quem assumirá seu lugar, pois, como está na Constituição, todo poder
emana do povo.
P.S.: GLENN GREENWALD, 49, cofundador do site
especializado em reportagens sobre política nacional e externa The Intercept, é
vencedor do Prêmio Pulitzer de Jornalismo em 2014 e do Prêmio Esso de 2013.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Agravamento do conflito agrário na fazenda Marilândia, em Manga, Norte de MG: risco de mortes. Nota da CPT/MG em 06/04/2016.
Agravamento
do conflito agrário na fazenda Marilândia, em Manga, Norte de MG: risco de
mortes.
Nota
da CPT/MG em 06/04/2016.
Dia
05 de abril de 2016, diante dos acontecimentos relatados, abaixo, por pouco,
não teria desencadeado maiores desentendimentos e violência física entre Sem Terra da reocupação
na fazenda Marilândia, no município de Manga, no norte de Minas Gerais, a PM e os
tratoristas da Rede de Supermercado BH, quem comprou a fazenda do Thales
Dias Chaves. 84 famílias reocuparam a fazenda, após serem despejados pela 12ª
vez dias 29 e 30/03/2016. As 84 famílias Sem Terra já ocupam a fazenda há 18
anos. Em 11 de abril de 2006, a Fundação Cultural Palmares publicou no
Diário oficial da união certificando que as comunidades da Justa I, Justa II e Bebedouro
são remanescente das comunidades dos quilombos. Em 2013 foi realizado estudos e
o Relatório Antropológico dessas comunidades, os quais, esclarecem que cerca de 80% da fazenda Marilândia é
território quilombola. Mesmo assim, o juiz da Vara Agrária de MG/TJMG, sendo
incompetente para julgar o processo de reintegração de posse, mandou despejar
pela 12ª vez. Pior, o Governo de MG mandou cerca de 100 policiais militares que
deu cobertura ao proprietário na derrubada de todas as casas, moradias do povo.
Mas, três dias depois o povo Sem Terra reocupou a área e está cuidando das mais
de 100 hectares de plantações. E se ajeitando para tentar reconstruir as
moradias derrubadas por 12 vezes. As famílias insistem no clamor que é expresso
sempre pelo Sr. Wilson, 73 anos: “Queremos terra, pão e água. Só isso. Não
vamos abrir mão dessa terra, que é de Deus e nossa.”
Dia 04/04/2016, as famílias
Sem Terra mandaram tratoristas voltar para trás quando chegaram com tratores na
fazenda ocupada. Mas no dia seguinte, 05/04/2016, o primeiro carro que chegou,
Placa GOW 4092, era da Policia Civil descaracterizado com 2 PMs à paisana. Segundo
o testemunham dos acampados e segundo fotos tiradas na hora estavam presentes o
cabo Ednei Oliveira e o soldado Lima. Assim que chegou a viatura da PM, eles foram
embora. Por que não permaneceram junto com a PM, se eram também policiais da
mesma corporação? Em uma foto, à direita, Sargento Herbeth Farias (Beto), à esquerda
Tenente Paiva. No meio, o trabalhador
Sem Terra Beato Salu. O Soldado Borges
andando em direção das pessoas sentadas na sombra do Umbuzeiro. O Sargento
Júnior fez perguntas e anotou informações. Por algum momento os policiais
escoltaram os tratoristas fazendo acero na fazenda Marilândia. Polícia militar
proteger latifúndio que não cumpre função social, que já foi inclusive
declarado pela Fundação Cultural Palmares como território quilombola é um
absurdo, é desvio de missão da PM. Após os policiais irem embora, as famílias permaneceram
no local e os tratoristas se retiraram com os tratores e grades.
Dia 05/04/2016, na cidade de
Manga, um desses policiais abordou um camponês
da
reocupação da fazenda Marilândia na rua questionando se ele estava no
momento em que as famílias impediram os tratores.
Enfim, a Comissão Pastoral
da Terra – CPT/MG – exige atuação urgente do INCRA, do Ministério Público da
área de Conflitos Agrários, da Defensoria Pública de Minas área de conflitos
agrários, e do poder judiciário para que se garanta indenização às famílias
pelos prejuízos que sofreram com o 12º despejo ilegal e inconstitucional, que
se garanta terra para as 84 famílias despejadas pela 12ª vez dias 29 e
30/03/2016 e que todo o território quilombola de três comunidades quilombolas
do município de Manga seja entregue aos quilombolas o mais rápido possível e
que os fazendeiros sejam retirados da área. Isso por justiça agrária e para
evitar mortes e massacre.
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Belo Horizonte, MG, Brasil,
06/04/2016.
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