terça-feira, 17 de novembro de 2015

Marcha das Ocupações da Izidora (1a parte) até a Cidade Adm., em BH, dia...

QUE BELEZA MAIS UMA GRANDE LUTA DO POVO DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BH.

QUE BELEZA MAIS UMA GRANDE LUTA DO POVO DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BH.

O povo das ocupações da Izidora deu mais um sinal de que está com cabeça erguida, não aceitará despejos e está aberto a negociação, mas negociação justa e ética.

Hoje, terça-feira, dia 17/11/2015, cerca de 1500 pessoas das Ocupações-comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória, ocupações da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, levantaram de madrugada e marcharam cerca de 20 Km até a Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O povo faltou ao emprego para defender suas casas e as comunidades em franco processo de consolidação. Nas Ocupações da Izidora já foram construídas cerca de 5.000 moradias de alvenaria. Levamos um documento escrito durante vários meses com o apoio imprescindível de professores universitários e de advogados do Coletivo Margarida Alves com mais uma Contraproposta que colocamos na Mesa de Negociação na esperança de que a Prefeitura de BH, o Governo de MG e a construtora Direcional se abram de fato para uma Negociação justa e ética. O povo já deixou claro mil vezes que despejos forçados são inaceitáveis e que se o governador de MG, Fernando Pimentel, perder a cabeça e autorizar milhares de policiais a tentarem despejar das Ocupações da Izidora estará autorizando um massacre de proporções inimagináveis e caos muito grande em BH e RMBH. O único caminho sensato, justo e ético é negociar, todos cedendo de todos os lados.
Dia 11/11/2015 protocolamos um ofício junto ao Governo de MG comunicando que dia 17/11/2015 levaríamos uma Contraproposta para Negociação com as Ocupações da Izidora, um dos maiores conflitos sociofundiários do Brasil. No oficio pedimos reunião com o presidente da Mesa de Negociação, Cláudius Vinícius, com os secretários Odair Cunha e Elvécio Magalhães e Dr. Rômulo Ferraz, mas para a indignação das 1500 pessoas que marcharam debaixo de chuva cerca de 4 horas, obtivemos como resposta que os secretários Odair Cunha e Elvécio Magalhães não poderiam receber uma Comissão de lideranças das Ocupações, das Brigadas Populares, do MLB, da CPT e professores arquitetos e advogados que nos acompanham. Não fomos recebidos na Cidade Administrativa hoje. Decidimos que somente apresentaremos nossa Contraproposta com a presença em reunião dos secretários Odair Cunha e Elvécio Magalhães. Basta de negociar com 2º e 3º escalões. Odair Cunha e Elvécio Magalhães se reúnem com frequência com líderes do MST, o que é correto, mas por que não se reúnem com as lideranças das Ocupações urbanas se atualmente em MG há cerca de 50 mil famílias em ocupações urbanas? Essa injustiça não podemos tolerar.
Após pressão do povo, obtivemos por escrito que o secretário Odair Cunha nos receberá na próxima terça-feira, dia 24/11/2015, às 10:00h. Mas, atenção, pedimos e exigimos a presença também na reunião do secretário Elvécio Magalhães, pois foi ele que assumiu pessoalmente compromisso com as ocupações urbanas também.
Assina, p/CPT, frei Gilvander Moreira.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 17/11/2015, às 17:36h


Marcha das Ocupações da Izidora até a Cidade Administrativa dia 17/11/2015, 3f., em fotos.

Marcha das Ocupações da Izidora até a Cidade Administrativa dia 17/11/2015, 3f., em fotos.




























MARCHA DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA POR UMA NEGOCIAÇÃO EFETIVA E JUSTA. Nota Pública.

Nós, moradoras e moradores, movimentos sociais e rede de apoio das Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG, saímos às ruas hoje, terça-feira, dia 17 de novembro 2015, desde as Ocupações-comunidades Vitória, Esperança e Rosa Leão, com cerca de 1000 pessoas, entre jovens, mulheres, crianças e idosos, juntos, organizados e de forma sempre pacífica e dignamente rebelde, em direção à Cidade Administrativa, para reativar o processo de negociação, inexplicável e silenciosamente interrompido, entregando à COHAB, ao Governo de MG e ao TJMG nova proposta de acordo para o gravíssimo conflito social da Izidora.
 Estamos protegidos por decisão histórica do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de Brasília, que afirma a prioridade do direito à vida e à dignidade, com seus direitos básicos à moradia e à cidade, acima do exercício da propriedade privada e da realização dos grandes empreendimentos econômicos. Tal decisão constata que a Polícia Militar de Minas Gerais, sobretudo após as violações cometidas nesse ano, não está apta a realizar os despejos sem acarretar um massacre de proporções inimaginável. Mesmo assim seguimos firmes em nosso propósito de construir a negociação como única saída possível para esse gravíssimo conflito social.
Nesse sentido voltamos à Cidade Administrativa para deixar claro à opinião pública mineira que nossa postura tem sido a mais aberta possível durante a negociação, a mais transparente, a mais ética e a mais flexível. Mas os entraves e obstáculos para um acordo definitivo se encontram presentes na mesma direção dos que provocaram a tragédia de Mariana, Bento Rodrigues, e da bacia hidrográfica do Rio Doce: na lógica do grande capital que não realiza concessões quando se trata da máxima lucratividade de suas atividades econômicas.
Assim como a Samarco Minerações (empresa de propriedade da Vale S.A e da BHP Billiton) não abriu mão de seus lucros de cerca de 3 bilhões de reais anuais para mitigar ou contornar as causas que levaram ao rompimento das barragens, acarretando a maior tragédia socioambiental de MG, um crime hediondo, os interesses da Direcional Engenharia, Granja Werneck S.A. e seus representantes na PBH e no Governo de MG não querem abrir mão do lucro máximo em prol de uma proposta de negociação que contemple e proteja os direitos sociais das milhares de famílias atingidas da Izidora, minorando os impactos e violações de direitos com o deslocamento e remoção de mais de 4 mil famílias das ocupações Vitória e Esperança.
O impasse está posto da seguinte maneira: as coordenações das Ocupações da Izidora, os movimentos sociais e rede técnica e de apoio ACEITARAM há mais de 6 meses CEDER e sair das casas construídas nas ocupações Esperança e Vitória. Nesse sentido que deixamos claro que não somos contra o empreendimento do Minha Casa Minha Vida, mas que para ele acontecer é preciso garantir um conjunto de condições para continuar assegurando a dignidade e a qualidade de vida dos moradores que em mais de dois anos investiram tudo o que possuíam na autoconstrução de seus lares. Por isso estipulamos:
1)   Aceitamos sair das Ocupações Esperança e Vitória desde que:
2)   O cadastro socioeconômico seja realizado de forma idônea e prévia à assinatura da proposta de acordo. Por isso exigimos que PUCMINAS, UMA, MP/DF, DPE/DH e movimentos sociais acompanhem o cadastro. Não é possível negociar “no escuro”, sem saber quem serão as pessoas que sofrerão os benefícios e/ou prejuízos implicados na proposta. 
3)   O processo de remoção ocorra em 7 etapas, (hoje cedemos até 4) diminuindo o impacto social e econômico da remoção de um contingente muito grande de pessoas de uma única só vez e com reassentamento etapa após etapa, da 1ª à 4ª.
4)   Todas as famílias que EFETIVAMENTE MOREM E PRECISEM dentro das ocupações recebam uma moradia digna alternativa, seja no MCMV, seja em lotes horizontais em terreno dentro ou próximo à Izidora.
5)   Os critérios aplicados para cadastramento sejam aqueles estabelecidos em âmbito federal, pelo programa Minha Casa Minha Vida.
6)   Todas as áreas ocupadas não pertencentes à área de abrangência do projeto MCMV Granja Werneck sejam desapropriadas e regularizadas, isto é, deixem de estar sobre ameaça de reintegração de posse e recebam as obras e investimentos para urbanização.
7)   E algumas condições do projeto previsto para as 8896 unidades do MCMV fossem discutidas, como a distribuição das áreas residuais nos condomínios para maior edificação de espaços públicos e de lazer, a formatação das áreas comerciais para espaços menos elitizados e etc.
8)   O acordo seja homologado em juízo e, assim, as liminares de reintegração sobre as áreas fora do projeto sejam anulada para a efetivação do ponto 6.
     
Por isso as famílias organizadas retornam a Cidade Administrativa para voltar a pressionar por uma postura menos condizente com os interesses econômicos por parte da COHAB do Governo do Estado de MG e do CEJUS do Tribunal de Justiça, fazendo a Direcional Engenharia e Prefeitura de Belo Horizonte aceitarem os sete pontos, acima expostos,  e garantindo, definitivamente, a construção de um acordo democrático, equilibrado e justo para as famílias moradoras das ocupações e os demais envolvidos.
Atenção! Após mais de 10 propostas já discutidas e aprovadas em Assembleia pelo povo das ocupações-comunidades da Izidora e depois rejeitadas pelo poder público e pela Direcional, definimos que somente submeteremos ao povo das Ocupações da Izidora para a aprovação final a Contraproposta exposta, acima, após obtermos o OK do Governo de MG, da PBH e da Direcional. Enfim, o povo, em última instância é que decidirá sobre a proposta em baila. As lideranças não podem decidir pelo povo.
Obs.: Caso o Governo de MG, a PBH e a Direcional aceitem a Contraproposta, acima, precisamos também de demonstração por escrito e assinado de que há dinheiro para construir o Minha Casa Minha Vida na Izidora e quando as obras iniciarão e terminarão.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 17 de novembro de 2015

Assinam essa nota:
Brigadas Populares
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Coordenação das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória

Telefones para contato:
Com Poliana (cel. 31 99523 0701), ou Monah, cel. 31 99320 4024) ou Leonardo (cel.: 991330983), com Rafael Bittencourt (cel.: 31 99469 7400 ou 31 988120110 ); ou com Charlene (cel.: 31 985344911); ou com Edna (cel.: 31 9946 2317); ou com Elielma (cel.: 31 9343 9696), ou Eliene, cel. (31 98636 5712).

Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo: