Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
sábado, 26 de setembro de 2015
A prisão de Jobert Fernando é ilegal, injusta e perseguição a quem luta contra injustiças.
A
prisão de Jobert Fernando de Paula é ilegal, injusta e perseguição a quem luta
contra injustiças.
Por frei Gilvander
Moreira, da CPT.
Dia 25 de setembro de
2015, ficamos indignados ao saber da prisão do companheiro lutador Jobert
Fernando de Paula, trabalhador da CEMIG, sindicalista do SINDIELETRO, militante
do Movimento Luta de Classes e do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e
Favelas). Jobert está preso no Ceresp de Nova Lima, região metropolitana de
Belo Horizonte, MG. Jobert foi preso como bode expiatório. Segundo o advogado
Thales Viote Augusto é uma clara criminalização das ocupações urbanas. Um pátio
de carros da prefeitura de Nova Lima, que fica ao lado de uma das ocupações
urbanas, pegou fogo e querem incriminar alguém, preferencialmente que seja das
ocupações. O caso tem um pano de fundo parecido com o que o juiz Sérgio Moro
tem feito. Jobert foi preso para “confessar” ou entregar quem provocou o
referido incêndio. Os advogados do Sindieletro estão atuando em prol de Jobert.
“A prisão dele é arbitrária, pois do ponto de vista legal ele já poderia ter
sido liberado”, afirma o advogado Thales Viote.
Em 2004, ano da
Campanha da Fraternidade sobre Água, fonte de vida, ao criarmos o Movimento
Capão Xavier Vivo, que lutou em defesa dos quatro mananciais de Capação Xavier
– 10% do abastecimento público de Belo Horizonte -, contra a abertura da mina
Capão Xavier, da Mineradora Vale, sofremos ameaças de morte e vimos de perto o
coronelismo ainda reinante em Nova Lima. Apenas o vereador Octávio de Freitas
teve a coragem de abraçar a luta contra a Mineração em Capão Xavier. Todos os
outros vereadores de Nova Lima, prefeito e etc vociferavam na defesa das
mineradoras MBR e Vale. Só a mineradora Vale se diz proprietária de 70% do
território de Nova Lima, uma injustiça que brada aos céus. As Mineradoras Anglo
Gold e outras vêm usando e abusando do território de Nova Lima e impondo seu
poderio. Em Nova Lima, milhares de trabalhadores são vítimas da silicose,
causada pelas mineradoras. Jobert, Anderson, o MLB, o Sindieletro, o povo das
Ocupações urbanas e outras forças vivas estão questionando um monte de
injustiças que continuam ocorrendo em Nova Lima. Por isso Jobert foi preso pela
segunda vez dentro de dois meses. Jobert
Fernando, preso político!
Em inúmeras lutas
coletivas do Sindieletro, do MLB, das Ocupações urbanas e do Campo, do MST, do
Movimento Quem Luta Educa e etc sempre Jobert estava presente. Eu conheço Jobert
e sou testemunho da idoneidade, da ética e do caráter humanista dele. Jobert,
um grande lutador, companheiro nosso de tantas lutas.
Estou indignado com a
prisão injusta de Jobert, mais um companheiro de luta preso arbitrariamente.
Bem dizia Jesus de Nazaré: “Feliz quem tem fome e sede de justiça, porque será
saciado” (Mt 5,6). Jobert tem fome e sede de justiça. “Felizes os que sofrem
perseguição por estarem lutando por justiça, pois o reino de Deus é deles.
Felizes vocês quando injuriarem e perseguirem vocês, e, mentindo, difamarem
vocês por minha causa” – a causa de Jesus Cristo e dos injustiçados que lutam
de cabeça erguida. (Mt 5,10-11).
Jobert, estamos com
você. Mexeu com você, mexeu conosco e com muita gente de luta. Conquistaremos
sua libertação e você será mais forte e aguerrido na luta ao lado dos
injustiçados.
Exigimos a libertação
de Jobert Fernando e o fim da criminalização dos movimentos sociais e de seus
militantes. Conclamamos todas as entidades de defesa dos Direitos Humanos,
Defensoria e Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público a intervirem
na defesa de Jobert e nesta luta contra a criminalização dos pobres e seus
defensores.
Veja no link, abaixo,
Nota Pública do Movimento Luta de Classes.
Assina, frei Gilvander Moreira, da CPT.
Belo Horizonte, MG, 27/09/2015.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Prefeitura de BH criminaliza as Ocupações urbanas, segundo frei Gilvander Moreira
Prefeitura
de BH criminaliza as Ocupações urbanas.
Por frei Gilvander
Moreira.
A Prefeitura de Belo
Horizonte (PBH) mais destrói casas do que constrói e tenta jogar pobre contra
pobre para justificar sua insensibilidade e omissão com milhares de famílias
que estão debaixo da pesadíssima cruz do aluguel.
Hoje, dia 25/09/2015,
a PBH realizou mais uma reunião do Conselho Municipal de Habitação com o
objetivo de criminalizar as 8 mil famílias das Ocupações da Izidora (Ocupações
Rosa Leão, Esperança e Vitória) alegando que “as invasões estão impedindo a
construção de moradias em BH”. Mentira.
Com relação à
reportagem que saiu na TV Globo, MGTV, hoje, dia 25/09/2015, ao meio dia,
devemos esclarecer o que segue para restabelecer a verdade:
1.
A
PBH alega que a fila cresceu e que há hoje 17 mil famílias na Fila da moradia.
Há 7 anos exigimos a publicação dessa fila, mas essa fila, a
da habitação, é fila mentirosa, pois, se é que existe, não anda e cuja lista de
nomes nunca é apresentada. A PBH usa essa hipotética fila como desculpa para
perseguir as ocupações urbanas, o que é injustiça covarde.
2.
Cerca
de 25 mil famílias em Belo Horizonte tiveram que ir para ocupações nos últimos
anos, porque a “fila, se é que existe, não anda”. Pior, a PBH exclui as
ocupações do Conselho Municipal de Habitação. Essa é outra injustiça
inadmissível. Por que aceitar no Conselho quase só quem está “resignado”
esperando na fila? Por que não aceitar quem está lutando coletivamente por um
direito humano fundamental, o de morar com dignidade?
3.
Ter
um coronel aposentado como presidente da URBEL, coordenando a política
habitacional, é eloquente, pois revela a postura da PBH: não trata o gravíssimo
problema da habitação como caso de Política, mas como caso de polícia.
4.
Cumpre
recordar que as Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) e todas
as outras ocupações coletivas não são invasões, são ocupações, algo legítimo,
justo e inclusive já referendado por decisão do STF. Além disso, as Ocupações
cumprem a função social de uma propriedade, que estava abandonada, função
social esta, que é um princípio importantíssimo assegurado na Constituição
brasileira. Insistir em falar de ocupações chamando-as de invasões é injustiça,
é criminalização.
5.
A
PBH não tem contrato assinado para construir 13 mil apertamentos pelo Programa
Minha Casa Minha Vida. Isso é mentira. Tem apenas um Contrato com a Caixa
Econômica Federal, mas que está suspenso, contrato para construir 8.896 “apertamentos”,
em prédios, 90% de 7 a 8 andares, segundo o engenheiro da construtora
Direcional. O que se diz a mais é apenas promessa enganosa, pode ser que se
torne realidade daqui a uns 5 ou 10 anos.
6.
Por
que a PBH não revela o tamanho do lucro que a construtora Direcional terá ao
comprar por 63 milhões de reais 50 hectares de terra da Granja Werneck, terras
com sérios indícios de grilagem, e ter um lucro de mais de 400 milhões de
reais, podendo inclusive terceirizar toda a construção? E mais: deixando
milhares de famílias em “apertamentos” muito pequenos, sem elevadores, sem ser
moradia digna.
Enfim, esclarecemos
isso por respeito à dignidade humana que é pisada por interesses escusos não
confessados e também porque “a verdade liberta”, gostava de dizer Jesus de
Nazaré.
Veja no link, abaixo,
Reportagem da TV Globo no MGTV de 25/09/2015:
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