Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
domingo, 16 de agosto de 2015
sábado, 15 de agosto de 2015
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Reunião cancelada no 13o BPM sobre despejos das Ocupações da Izidora. BH, 14/08/2015.
Reunião cancelada no 13o BPM sobre despejos das Ocupações da Izidora.
O coronel Domingues, comandante do 13o BPM, do Planalto, em Belo Horizonte, MG, acabou ligar agora, às 12:20h, dia 14/08/2015, para a Dra. Cláudia Amaral, promotora do Ministério Público da área dos Direitos Humanos, para falar do cancelamento da reunião de hoje na sua unidade, reunião que seria as 16:00h.
Disse que não há nada escrito , mas que recebeu mensagem do coronel Queiroz, comandante das tropas especializadas, dispensando o auditório em face do cancelamento da reunião. Significa que o despejo foi adiado e continuaremos aguardando se o governador Pimentel vai aceitar a última proposta de acordo ou se vai autorizar os despejos forçados das Ocupações da Izidora, o que causará um enorme derramento de sangue, massacre de proporções inimagináveis. Poderá morrer, além de muita gente, também o PT. Esperamos que o governador Pimentel e seus secretários tenha sensatez, ética e espírito de justiça. Enfim, o cancelamento da reunião do 13o BPM é uma conquista do povo que luta de forma organizada. Sigamos a luta, de cabeça erguida! Abraço na luta. Frei Gilvander Moreira
PM de MG reprime de forma cruel manifestação pacífica contra o aumento injusto e abusivo das passagens de ônibus em Belo Horizonte.
PM de MG reprime de forma cruel manifestação pacífica
contra o aumento injusto e abusivo das passagens de ônibus em Belo Horizonte.
Frei Gilvander
Moreira[1]
Não bastasse o
ocorrido no dia 19 de junho de 2015, na Linha Verde (MG 010), perto da Cidade
administrativa, quando a tropa de choque da Polícia Militar de Minas Gerais (PM
de MG) reprimiu de forma violenta uma Marcha pacífica de umas 3 mil pessoas das
Ocupações da Izidora – Rosa Leão, Esperança e Vitória -, de Belo Horizonte e
Santa Luzia, MG. Feriram umas 90 pessoas, prenderam umas 40. Muitas crianças,
idosas, gestantes, cadeirantes, pessoas com deficiência, junto com todo o povo,
receberam rajadas e mais rajadas de tiros de balas de borracha de policiais e
quase ficaram sufocados por tanto gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Uma
bomba de gás jogada, não sabemos se do helicóptero da PM ou dos policias em
terra, caiu no colo de Alice, uma criança de 8 meses de idade, que estava em um
carrinho de bebê. A mãe, Cleiciane, subitamente retirou a criança do carrinho,
o que fez a bomba cair no chão. Cleiciane ainda conseguiu correr com a criança
que chorava quase sufocada com a nuvem de gás lacrimogêneo. Por milagre, a PM
de MG não assassinou uma criança de 8 meses, que junto com sua mãe, seu pai e
sua irmãzinha, outra criança, lutavam por moradia digna. A PM de MG cometeu
mais uma barbaridade.
No ocorrido no
recente dia 19 de junho de 2015, como dito acima, não senti no meu corpo
diretamente essa truculência da PM de MG, porque a mamãe, Leontina, tinha
falecido naquela madrugada. Por isso tive que viajar às pressas para Brasília de
avião. Mas dia 12 de agosto de 2015, eu experimentei no meu próprio corpo a
crueldade da PM de MG, durante uma Manifestação pacífica dos Movimentos Sociais
Tarifa Zero e Pelo Passe Livre, no centro de Belo Horizonte e não posso me
calar diante do que vi, ouvi e senti.
A concentração se deu
na Praça Sete, coração de Belo Horizonte (BH), às 17:00h. Por volta das 18:00h,
saímos em marcha, cerca de 2 mil pessoas, jovens indignados com o 2º aumento,
ilegal e abusivo, em seis meses, dos preços dos ônibus em BH. Em Marcha pela
Av. Afonso Pena, após rodearmos o pirulito da Praça Sete, uns 100 metros à
frente, a tropa de choque já estava a posto para atacar e impedia a Marcha. Eu me
aproximei do tenente coronel Jean Carlo, comandante da tropa de choque, e,
junto com duas jovens, tentamos dialogar com o comandante que alegava que pelo
menos uma faixa deveria ser liberada. Mas a Marcha era sem carro de som e sem
megafone. Ponderei com o comandante: “Sem carro de som aqui, será difícil
dialogar com todos para liberar pelo menos uma faixa da avenida. Sugiro que você,
comandante, deixe a Marcha seguir pelo menos até à prefeitura de BH. Assim
chegaremos lá mais rápido e incomodará menos o trânsito.” Após refletir, o ten.
Cel. concordou. A tropa de choque recuou e se postou mais adiante.
Vendo que a tropa de
choque tinha montado bloqueio mais à frente, o povo da Marcha resolveu subir a Rua
da Bahia. Próximo à entrada da prefeitura pela Rua Goiás, o povo vaiou o
prefeito de BH e repudiou o novo aumento absurdo da tarifa dos ônibus. A tropa
de choque montou bloqueio na Rua da Bahia antes do cruzamento com a Av. Augusto
de Lima e não deixava ninguém ultrapassar. Tentamos mais uma vez dialogar com o
ten. Cel., mas, de longe, o comandante reagiu: “Não tem mais conversa.” Um
major falou: “Dois minutos para vocês liberarem a rua.” Um minuto após,
iniciou-se rajadas de tiros de balas de borracha e de bombas de gás
lacrimogêneo. Correria geral para tentar se salvar. Enquanto eu corria evitando
pisotear a multidão que estava na minha frente, tiros e mais tiros, bombas
explodindo, e uma nuvem de gás lacrimogêneo nos envolvia. Um jovem que corria
ao meu lado gritou: “Me balearam. Ai, ai, ai...” Puxando-o pela mão,
conseguimos entrar em um vão livre, que depois ficamos sabendo ser a entrada de
um hotel. Rajadas de tiros e bombas explodindo continuavam na Rua da Bahia.
Após poucos minutos, uma nuvem de gás lacrimogêneo invadiu a entrada do hotel,
onde nós, uns 200 jovens, buscávamos refúgio. Começamos todos a ficar sufocados.
Tosse e olhos lacrimejando e ardendo. Senti como se estivéssemos dentro da casa
de show em Santa Maria, RS, aquela onde 243 jovens morreram sufocados por gás carbônico
(fumaça). Quase não conseguindo mais respirar, gritei: “Vamos todos tentar sair
para a rua, se não vamos morrer aqui sem poder respirar.” Conseguimos abrir uma
porta e fugimos para a rua onde a PM ainda dava tiros. Soube depois que a PM
tinha encurralado e detido um grupo na entrada desse hotel. Corri tossindo,
enxergando mal, pois os olhos ardiam muito. Somente na segunda quadra encontrei
jovens que se amparavam uns aos outros. Um jovem borrifou leite de magnésio no
meu rosto, o que me causou um grande alívio.
No meio do sufoco, vi
companheiros feridos por tiros de bala de borracha e ensanguentados. Uma
pessoa, assustada, me disse que por questões cardiológicas, tomava AS todos os
dias, o que a mantém com o sangue ralo. Isso impede obstrução de artérias, mas
dificulta a coagulação. Percebi que se o tiro que acertou as nádegas de um
jovem ao meu lado, tivesse acertado essa pessoa, ela poderia morrer por
hemorragia antes de chegar ao Pronto Socorro.
Fiquei sabendo depois
que um ciclista tinha sido pisoteado e, mesmo caído, continuava recebendo
bombas da PM. Um motoqueiro que passava nas proximidades bateu a moto e levou
uma grande queda, por causa da correria da multidão. Uma jovem que passava pelo
local, se deitou no chão temendo levar tiros da polícia, mas, deitada no chão,
sentia várias bombas de gás explodindo ao seu lado. Outro jovem a levantou e saíram
correndo temendo o pior. Cerca de 60 jovens foram detidos e dezenas de jovens ficaram
feridos.
A PM alegava estar
ali para garantir o direito de ir e vir das pessoas em automóveis, mas agindo
assim, além de ferir dezenas de manifestantes, de prender dezenas, pisar no
direito constitucional de manifestação, a PM bloqueou o trânsito na Rua da
Bahia e no entorno durante cerca de 6 horas, até à meia noite.
Isso demonstra que
infelizmente não estamos em um Estado democrático de Direito, mais debaixo de
uma ditadura do capital. Direito de ir e vir? Sim, mas para todos e não apenas
para quem tem carro, pois se o preço da tarifa de ônibus sobe abusivamente,
milhares de pessoas terão o seu direito de ir e vir negado porque, não podendo
pagar, serão impedidas de viajar nos ônibus.
O direito de ir e
vir, direito individual da modernidade, não pode estar acima dos direitos
sociais, entre os quais está o direito ao transporte público de qualidade e
econômico. A ação da PM foi contra a Constituição. Não há escolha entre
liberdade de expressão e integridade física e moral. Isso não é crime de
responsabilidade? O ataque da PM não foi análogo à repressão aos professores em
Curitiba no Paraná?
Se a PM de MG
continuar com essa truculência, legado covarde da COPA de 2014, em breve, teremos
que velar e sepultar os que serão mortos pela PM de MG em manifestações. Feliz
quem lê os sinais dos tempos e dos lugares. Essa postura beligerante da PM só
aumentará a violência social que, infelizmente, está crescendo muito.
Com dom Oscar Romero,
martirizado em 24 de março de 1980, digo: "Se denuncio e condeno a
injustiça é porque é minha obrigação como pastor de um povo oprimido e
humilhado... O Evangelho me impulsiona a defender meu povo e em seu nome estou
disposto a ir aos tribunais, ao cárcere e à morte... Nenhum soldado está
obrigado a obedecer uma ordem contrária à lei de Deus que diz: “Não Matar.” Uma lei imoral não deve
ser cumprida por ninguém. Soldados, Governador Pimentel, em nome de Deus e no
nome deste povo sofrido, cujos clamores sobem até ao céu cada dia mais
tumultuosos, lhes suplico, lhes rogo, lhes ordeno em nome de Deus: cessem a repressão.”
Belo Horizonte, MG,
Brasil, 14 de agosto de 2015.
[1] Padre da Ordem dos Carmelitas, bacharel
e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia, mestre em Exegese
Bíblica/Ciências Bíblicas, doutorando em Educação na FAE/UFMG, assessor de
CEBs, CPT, CEBI e SAB; e-mail: gilvanderlm@gmail.com
– www.freigilvander.blogspot.com.br
- www.gilvander.org.br – no face:
Gilvander Moreira
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
De forma ilegal, PM de MG anuncia despejos das Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG. Governo de MG atropela negociação mesmo as Ocupações entregando mais uma Contraproposta de negociação. Massacre anunciado! Clamamos por justiça, paz e sensatez!
De forma ilegal, PM de MG anuncia despejos das
Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG. Governo de MG atropela negociação
mesmo as Ocupações entregando mais uma Contraproposta de negociação. Massacre
anunciado! Clamamos por justiça, paz e sensatez!
Nota Pública.
Belo Horizonte, MG, 13 de agosto
de 2015.
Ontem à tarde, dia 12/08/2015, coordenadoras das
Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória – Ocupações da Izidora -, em Belo
Horizonte e Santa Luzia, MG, receberam de policiais um Ofício assinado pelo
Ten. Cel Queiroz convidando para reunião no 13º Batalhão de Polícia Militar, no
Planalto, em BH, amanhã, sexta-feira, dia 14/08/2015, às 16:00h, onde será
anunciado que os despejos das Ocupações da Izidora poderão acontecer a partir
de segunda-feira, dia 17/08/2015. Isso é gravíssimo, por vários motivos: a) Já
afirmamos e reafiramos que despejos forçados podem causar massacre de
proporções inimagináveis; b) Está em curso um processo de negociação que
precisa ser levado a acordo para que de forma justa, ética e pacífica possamos
resolver um dos maiores conflitos agrários e sociais do Brasil.
Dia 29/07/2015 coordenadoras das Ocupações das
Izidora leram em reunião da Mesa de Negociação na Cidade Administrativa uma
série de Princípios que demonstram de forma inequívoca que e as coordenações,
as Brigadas Populares, o MLB e a Comissão Pastoral da Terra estão se esforçando
ao máximo para negociar e há, sim, espaço para celebrarmos um acordo que impeça
um derramamento de sangue e caos. Os Princípios são as condições mínimas para a
aceitação da proposta de negociação do Governo do Estado, Prefeitura e
Direcional garantindo minimamente a dignidade e o direito à moradia das
famílias que vivem na Izidora e que efetivamente precisam. Os seguintes
princípios mostram de forma inequívoca a abertura para negociação:
Princípio 1: Todas as famílias que efetivamente precisam e vivem nas Ocupações-comunidades da Izidora, em Belo
Horizonte e Santa Luzia, MG, serão incluídas na proposta negociada. Fundamentos
legais: Art. 6º, CRFB/88; Artigo XXV, Declaração Universal dos Direitos
Humanos, 1948; Art. 11 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, de 1966 - PIDESC (Ratificado pelo Brasil, Decreto nº 591/92);
Comentário Geral nº 04 e nº 7 ao PIDESC do Conselho de Direitos Humanos da ONU
sobre o direito à moradia; Portaria nº 317/2013 Ministério das Cidades; e Art.
2º, I, Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001).
Princípio 2: Todo reassentamento será em condições iguais ou superiores às
anteriores. O morador deverá poder escolher entre uma solução de moradia vertical
ou horizontal. Fundamentos legais: Portaria 317 do Ministério das
Cidades; Comentário Geral nº 7 ao PIDESC.
Princípio 3: Regularização e urbanização de todo o território das
Ocupações-comunidades da Izidora que está fora do Projeto MCMV (Minha Casa
Minha Vida). Fundamentos legais: Art. 2º, XIV, Estatuto da Cidade (Lei
10.257/2001); e Lei 11.977/2009, artigo 48.
Princípio 4: As famílias só sairão de suas casas com a certeza do local e das
condições exatas de reassentamento definitivo. Fundamento legal:
Comentário Geral nº 7 ao PIDESC.
Princípio 5: Participação dos movimentos e moradores e transparência em todo o
processo. Para isso deve-se construir um Comitê Gestor Popular e Plural de
construção e implementação dos acordos, com participação das coordenações
das comunidades, dos movimentos sociais, das universidades, Ministério Público,
Defensoria Pública de MG (DPE/MG), poder público Municipal e Estadual. Além
disso, todos os acordos estabelecidos devem ser homologados em juízo e
vinculados aos processos de reintegração de posse. Fundamentos legais:
Art. 2º, II e arts. 42 e 43 do Estatuto da Cidade (Lei 10257/2001) e Portaria
nº 317 do Ministério das Cidades.
Princípio 6: Intervenção no empreendimento habitacional: rediscussão de
modelo condominial, das áreas comerciais e dos equipamentos públicos.
Princípio 7: Todo acordo depende da realização de um cadastramento idôneo e
prévio de todos os moradores da Izidora pelo poder público, universidades,
movimentos e coordenações. Os critérios de
cadastro e de reassentamento deverão considerar a diversidade e as
especificidades das famílias. Todo processo de cadastro deve ser
discutido detalhadamente com todos os atores envolvidos e deve ser agendado com
antecedência. Deverá ficar claro antes do cadastro os critérios de seleção das
famílias nas diferentes soluções de reassentamento a serem construídas pela
mesa.
Esses Princípios demonstram que as Coordenações
e os Movimentos estão dispostos a liberar os terrenos onde, segundo a PBH, será
construído o Programa MCMV, mas exigem garantias de que todas as famílias que
estão morando nas ocupações e que de fato precisem sejam reassentadas e que os
terrenos que estão fora do Projeto do Minha Casa Minha Vida – Toda a Ocupação
Rosa Leão, e uma pequena parte de as Ocupações Esperança e da Vitória –
permaneçam e que seja regularizadas.
Por causa do sufoco pela pressão do Estado e do
capital ainda não tivemos tempo de dialogar com as famílias sobre essa nova
Contraproposta, mas se tivermos a anuência do Governo de MG, da Construtora
Direcional e da PBH, faremos uma mutirão de diálogo com todas as famílias para
encaminharmos uma solução justa, ética e pacífica sem precisar de uso de força
pela PM e nem de derramamento de sangue.
Os/as advogadas/os do Coletivo Margarida Alves,
em Nota, afirmam que é acintoso desrespeito à Liminar do STJ, do Ministro Og
Fernandes que proíbe os despejos enquanto não for julgado o mérito da liminar.
O contrato da caixa é ilegal e está suspenso. Não há ainda dinheiro para
iniciar o MCMV.
O despejo das três ocupações-comunidade da
Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) consolidadas há mais de dois anos, se
permitido, será o maior massacre contra o povo pobre de Belo Horizonte. A PM-MG
já revelou o seu despreparo na repressão da manifestação do povo da Izidora
durante a manifestação de 19/07, quando mais de 40 pessoas foram presas e mais
de 100 ficaram feridas entre as quais crianças, idosos e mulheres grávidas que
marchavam pela MG-10. E ontem, com o ataque violento que a PM de MG perpetrou
contra milhares de pessoas que se manifestavam ontem à tardezinha e início de
noite no centro de BH pela redução do preço da tarifa de transporte. Uma chuva
de tiros de balas de borracha e de bombas de gás lacrimogêneo deixou dezenas de
pessoas feridas e cerca de 50 presos.
Clamamos para que o Governo do Estado e o
Governo Federal reestabeleça a negociação com as ocupações urbanas e cumpra a
sua palavra diante de milhares de famílias pobres que tinham muita esperança de
que um novo ciclo de relações com o Estado se estabeleceria.
Imploramos por socorro a todas as pessoas da
grande Rede de Apoio do RESISTE IZIDORA e clamamos por apoio de todas as
pessoas de boa vontade e autoridades do judiciário, do legislativo e executivo
em níveis municipais, estaduais e federais.
Pedimos uma posição firme do arcebispo dom
Walmor e dos bispos da arquidiocese de BH.
Em nome do Deus da vida, dos milhares de
crianças, de idosos, de pessoas com deficiência e em nome da dignidade de todas
as pessoas das milhares de famílias das Ocupações da Izidora imploramos por
justiça, ética e abertura da continuidade do processo de negociação.
Não pode acontecer um grande massacre em terras
mineiras na Izidora.
Assinam essa Nota,
Brigadas Populares - Minas
Gerais;
Comissão Pastoral da Terra
(CPT);
Movimento de Luta nos Bairros,
Vilas e Favelas (MLB);
Coordenação das ocupações Rosa
Leão, Esperança e Vitória;
Rede de Apoio.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Betim, MG, com déficit habitacional de 65 mil moradias. As Ocupações de Betim não aceitam despejos sem alternativa digna prévia. Nota de esclarecimento.
Betim,
MG, com déficit habitacional de 65 mil moradias.
As Ocupações
de Betim não aceitam despejos sem alternativa digna prévia. Nota de
esclarecimento.
1 - Qual é a situação hoje dos integrantes das duas ocupações
(Dom Tomás Balduíno e Nova Canaã)? Onde eles estão alojados? Quantas famílias e
quantas pessoas estão em cada uma delas?
As famílias da Ocupação-comunidade
Dom Tomás Balduíno, de Betim, MG, estão atualmente tentando dar andamento no
acordo feito com o município de Betim, tal seja, de que o município doaria o
terreno a uma entidade cadastrada no MCMV Entidades de indicação das famílias,
o que já foi feito. As famílias Indicaram o Movimento de Lutas nos bairros,
Vilas e Favelas (MLB) entregando toda documentação ao município no prazo
acordado. Em razão de tal acordo o processo judicial encontra-se suspenso ate
abril de 2016 ou até que o acordo seja cumprindo. Hoje vive na ocupação cerca
de 120 famílias em casas de alvenaria.
Com Relação à Ocupação-comunidade
Nova Canaã a ordem de despejo pode ser cumprida a qualquer momento pela PMMG,
embora tenha uma Mesa de Negociação no Governo Estado de MG através da COHAB. As
negociações pouco avançaram ao passo que a proposta do Município não atende as
famílias. A prefeitura oferece apenas Aluguel social de R$350,00 e inclusão na
fila do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e a promessa de que as famílias
irão receber tal beneficio até o empreendimento ser entregue. Porém, tal
proposta não atende as famílias, pois tal: valor não é suficiente para
pagamento de aluguel na cidade; não há qualquer previsão de empreendimento do
MCMV para cidade; o cadastro realizado pela prefeitura serviu apenas para
desqualificar as famílias que atualmente moram na ocupação, pois segundo a
prefeitura apenas 15 famílias se enquadram nos critérios do aluguel social e
este seria fornecido apenas a estas famílias. Hoje se encontram na ocupação-comunidade
Nova Canaã cerca de 90 famílias em casas de alvenaria. Diante isso e da
situação econômica do município que seria onerado em cerca de 30 mil reais
mensais com tais pagamentos de aluguel social e ainda a não comprovação da
destinação do terreno (desocupar p terreno, demolir 90 casas, para deixar
novamente vazio?) as famílias apresentaram a seguinte proposta: Aceitam entrar no
cadastro no MCMV, mas até que o empreendimento seja entregue propõe permanecer
no local não causando nenhum prejuízo financeiro ao município ou ao estado.
2 - Ao pedir a reintegração de posse, o que alegou a
prefeitura e qual solução para o impasse (para onde a prefeitura de Betim direcionou
essas famílias?) foi sugerida pelo governo municipal?
A prefeitura alegou apenas
que é proprietária do terreno. Porém na mesa de negociação tem falado que o
terreno será destinado para uma Unidade Básica de Saúde (UBS), mas não
apresentou projeto, nem de onde vem recursos para construção da mesma. Vale
ressaltar que no início a alegação era a construção de uma creche e nas últimas
mesas passou a ser UBS. É nítida a falácia da construção de UBS, sendo essa uma
manobra midiática para colocar a sociedade contra os moradores da ocupação,
tendo em vista o péssimo quadro da saúde em Betim a construção de uma UBS
justificaria o despejo das famílias e não causaria o desgaste político de um
despejo forçado.
3 - A
prefeitura deu prazo para realizar o cadastro das famílias, cujo objetivo é
verificar se elas se enquadram nos critérios estabelecidos para receberem
benefícios sociais ofertados pelo município?
Foi realizado um
cadastro pela prefeitura apenas na Ocupação-comunidade Nova Canaã, porém de
forma muito questionável e apenas com o intuito de desqualificar o maior número
possível de famílias, alegou que apenas 15 famílias se enquadraram nos
critérios do aluguel social, mas em nenhum momento deixou a lideranças ter
acesso a tais cadastros.
4 -
Você sabe me dizer quantas ocupações a cidade tem hoje?
A cidade de Betim tem
cerca de 35 Ocupações de pequeno e médio porte. O déficit habitacional no
município de Betim, MG, hoje (segundo a própria Superintendência de Habitação)
é de 40.000 unidades (número este da fila no MCMV), segundo os movimentos
sociais este numero pode chegar a 65.000 unidades, pois muitas famílias não
acreditam mais no programa e sequer fazem o cadastro.
5 - Como
as duas ocupações avaliam os programas habitacionais existentes na cidade? Eles
contemplam as famílias que, de fato, precisam desse benefício?
Não existem programas
habitacionais na cidade que atenda a população empobrecida. O atual governo
ainda está entregando empreendimentos do MCMV que foram conquistas do governo
passado. Ademais a atual gestão municipal não busca outras alternativas para
política habitacional, apoiando-se apenas na muleta do programa do governo
federal MCMV, que é paliativo, injusto em seus critérios e um ótimo negócio
para os empresários da construção civil.
Lado outro, o Governo
federal suspendeu por tempo indeterminado o MCMV faixa 1, que é justamente o
que atente as famílias de baixa renda (Renda familiar de até R$1.600,00 apenas),
e a quase um ano vem adiando o lançamento do MCMV 3, sendo que este, se for
lançado, será minguado, e pode não contemplar a modalidade Entidades, que é a
única que atende as camadas mais pobres da população com efetiva dignidade
Há uma grande
contradição colocada no espaço urbano brasileiro: muita casa sem gente, muita gente sem casa! São 5,9 milhões de
domicílios vagos enquanto o déficit habitacional é estimado em 5,7 milhões. Logo,
não basta construir novas moradias. É preciso reforma urbana pra valer. Durante
o MCMV 1 o déficit habitacional aumentou em 1,7 milhão de moradias. Uma
política urbana efetiva deve atentar-se para isso e não apenas para a
construção de novas moradias.
Nos últimos dois
meses, tivemos cerca de um despejo por semana na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. O Governo do Estado claramente escolheu um lado: cumprir seus
compromissos com o capital imobiliário e rasgar o acordo que o Governador Pimentel
estabeleceu com as ocupações de Minas Gerais onde estava previsto que o novo
governo não faria despejos no campo ou na cidade sem alternativa de moradia
digna prévia.
Em Betim é nítida a
opção que o governo municipal faz em governar para os ricos em detrimentos dos empobrecidos.
O desrespeito ao direito humano fundamental da moradia é apenas mais um exemplo
disso. Para os empresários, tudo o que permite um tratamento VIP, para os que
mais precisam o último lugar na fila das prioridades.
Em Betim, estão sendo
construídos mais três hospitais particulares luxuosos enquanto o povo amarga na
fila do SUS cada vez mais raquítico.
Assinam
essa Nota:
Fórum das Ocupações de Betim
Brigadas Populares
Comissão Pastoral da Terra
MLB - Movimento de Lutas nos bairros, Vilas e
Favelas
Os
contatos para as entrevistas são:
Renivaldo Baiano 31 7156-6815
Dalila 31 9121-1762
Betim, MG, Brasil, 11 de agosto de 2015.
Deus violeiro está na Cozinha da viola, nos violeiros ... Por frei Gilvander Moreira.
Deus violeiro está na
Cozinha da viola, nos violeiros ...
Gilvander Luís Moreira[1]
Dia e noite de 08 de agosto
de 2015 foi um momento histórico para as centenas de pessoas que participaram
da 12ª edição da Reza do Retiro Velho, projeto Cozinha da Viola,
na Comunidade Rural dos Pintos, no município de Resende Costa, cidade do
artesanato, de milhares de tecelãs. Doze violeiros, vários deles com filhos e
filhas cantores/ras, encantaram a todos nós que tivemos a graça de existir e
estar ali de coração aberto saboreando a beleza da arte dos violeiros e
desfrutando de uma convivência humanizadora.
Imagine o que vivenciamos.
Viagem de Belo Horizonte ao Retiro Velho, contemplando a beleza dos ipês
floridos, o ar gostoso da natureza, a natureza se recompondo na beira do
asfalto, chegando a formar uma floresta secundária. Mas também contemplando as
contradições de uma sociedade capitalista: excesso de monocultura do capim e do
eucalipto, e a devastação perpetrada pelas mineradoras que não movem montanhas,
mas as removem literalmente deixando crateras obscenas, após esfaquear as
entranhas da mãe terra e dizimar as nascentes e os lençóis freáticos.
Em Lagoa Dourada, terra do
rocambole, encher o tanque de gasolina a 3,70 reais o litro, pagando 190 reais,
o maior preço que já paguei na minha vida para encher o tanque de um gol. Ouvir
o comentário do dia em Lagoa Dourada: “Explodiram o Banco do Brasil daqui nessa
madrugada.” Cruzar toda a cidade de Resende Costa devagarinho observando a
infinidade de lojas de artesanato, feitos em teares, reaproveitando retalhos,
em uma profunda sintonia de cores: redes, tapetes etc. E doze quilômetros de
estrada de terra com muita poeira, curvas, subindo e descendo morros. Filhos da
mãe terra, sempre presente, os ipês floridos exuberantes até chegarmos a uma
Igreja que, no alto de um morro, anunciava que estávamos aproximando da Comunidade
dos Pintos, onde, na Venda do Roberto, encontramos dezenas de pessoas,
violeiros, familiares e amigos/as.
Na Venda do Roberto,
daquelas antigas da roça, os litros de cachaça na parede ao lado de pacotes de
arroz, de açúcar, trança de alho, uma balança antiga em cima do balcão daqueles
também antigos etc. Ambiente propício para rolar uma boa prosa, causos e muita
alegria. Depois, na Escola ao lado, um almoço comunitário delicioso: feijão
tropeiro, couve e mais um ipê amarelo florido, no terreiro, que com sua grande
copa nos acarinhava e dava as boas vindas.
Mais três quilômetros na
companhia do cantor e compositor Carlos Farias que, tão inebriado de poesia,
nos apresentava as belezas do projeto Cozinha da Viola, a criação das músicas
Retiro Velho e Riozinho (esta em parceria com o seu filho Samir Cauã),
acabou não percebendo a entrada para o Sítio Retiro Velho. “Foi bom errar o
caminho, pois, assim, posso mostrar esses morros e vales aqui”, ponderou Carlos
Farias. Voltamos e chegamos ao Retiro Velho, onde Guilherme e Ana, casal
anfitrião da festa há 12 anos, ao lado de Ana Paula, Mateus e Lucas – filhos - acolheram
a todos com um sorriso estampado no rosto e um abraço afetuoso. “Bem-vindo/a! O
Retiro Velho é sua casa. Sinta-se à vontade!”
A fachada da casa, melhor
dizendo, do Retiro Velho, parece uma casa da cidade de Tiradentes, com aquelas janelinhas
encantadas e encantadoras. Na sala de entrada, um banner anunciava como foram a
origem e a evolução do projeto Cozinha da Viola. Nascida de forma espontânea, fruto de inspiração de um encontro
descontraído de violeiros na grande cozinha da casa, enquanto tomavam café,
dedilhavam as cordas de violas e cantavam. Uma parede da cozinha virou mural
onde muitas pessoas escrevem uma mensagem. Fogão a lenha e, ao lado, uma bica
d’água jogando água 24 horas por dia e noite direto da fonte, em queda livre.
Água que alimenta a chaleira para se fazer o café. É só alguém descobrir que o
café está acabando que alguém espontaneamente faz um novo café, pois a água da
mina corre ao lado do fogão de lenha que também se mantém aceso. Biscoitos
caseiros não faltam. Causos, música de viola, criação de novas músicas como
Retiro Velho e Riozinho, fotos, vídeos etc.
Na hora da Ave Maria, na
Capelinha de São Sebastião, ao lado da sede do Retiro Velho, iniciamos a Missa
dos violeiros, com uma das folias da região, Folia de São Sebastião, com
foliões e foliãs. Com um raminho e um pouquinho de água na cuia, reconhecemos a
bênção humanizadora que é a capelinha, a Cozinha da Viola, o Retiro Velho, todos,
todas e tudo ... Em procissão, guiados pela Folia, dirigimo-nos para frente do
Retiro Velho, onde um palco tinha sido preparado com muito carinho.
Conclamamos a todos: Sejam
bem-vindos/as! Sintam-se em casa aqui na Cozinha da Viola, no Retiro Velho.
Respirem fundo. Observemos a beleza do ambiente que nos envolve: o Retiro Velho,
as fitas que ornamentam o ambiente, a capelinha de São Sebastião, a grande
fogueira. Ouçamos a sinfonia da orquestra dos sapos, dos grilos e de tantos
artistas da natureza! Ouçamos a eloquência do silêncio que nos traz a irmã
noite ...!
Há diversos tipos de missas:
missa tradicional que, por muitas vezes, apenas repetir roteiros, não agrada
mais a muita gente. Missa sertaneja, missa dos vaqueiros, missa da juventude,
missa das crianças. Oxalá as missas fossem todas celebrações da vida e da
realidade vivida pelas pessoas e suas comunidades. Hoje, celebraremos aqui uma Missa
dos Violeiros, contando com o protagonismo dos violeiros, embaixadores do Deus
que também é violeiro. Para invocarmos a santíssima Trindade, mistério de
infinito amor, convidamos o violeiro Pereira da Viola, que cantou – e todos acompanharam
– a música Louvação, do violeiro Levi Ramiro.
Em um momento de exercício
de perdão, recordamos a todos: somos uma beleza extraordinária. Somos imagem e
semelhança da trindade santa. O divino está em nós. Temos um infinito potencial
de humanização, mas somos humanos e, por isso, ambíguos, limitados,
contraditórios. Faz bem sermos humildes, não humilhados. Ser humilde é ser
húmus, terra fértil. Peçamos perdão saboreando a música "Deus
esteja", com o violeiro Gustavo Guimarães.
Que perdoados pelo Deus,
que, além de violeiro, é mistério de infinito amor, sejamos instrumentos de perdão
e de reconciliação onde vivemos e convivemos.
João, um irmão de rua,
catador de material reciclável, que participava intensamente da celebração, leu
como 1ª leitura bíblica, Isaías 65,17-24: “Eis um novo céu e uma nova terra
...” Após a Missa, João dançou o tempo todo diante do palco, durante a
apresentação dos violeiros. De vez em quando, com um grande saco, girava no
meio do povo recolhendo as latinhas de cerveja e refrigerante, sua fonte de
renda.
Recordamos que evangelho é
boa/ótima notícia, mas não boa notícia para opressores e oprimidos. Evangelho é
boa notícia, sim, para todos, mas a partir dos oprimidos e injustiçados. E para
aclamar ao Evangelho, Carlos Farias cantou a música Retiro Velho, “meu recanto
predileto, espaço aberto onde a luz se manifesta/ guarda em teu seio o calor da
amizade/ quando o chega o fim de tarde/ cada encontro é uma festa/ Retiro
Velho, cada amanhecer é lindo/no cantar da seriema gargalhada de menino/ Teu
fogo aceso alimenta a cantoria/ muita prosa e poesia/ Salve o dia que vem vindo”,
composição dele com Wilson Dias e Tau
Brasil.
Como evangelho, anunciamos a
mensagem de Mateus 5,13-16: “Sejam luz, sal e fermento no mundo ...” E na homilia,
que quer dizer diálogo, pontuamos: com os violeiros aqui no Retiro Velho, na
Cozinha da Viola, em uma festa beneficente em benefício da APAE de Resende
Costa, um novo céu e uma nova terra estão sendo construídos. O profeta, em Isaías
65,17-15, canta o que está em gestação: uma sociedade justa e solidária, onde as/os
trabalhadoras/res gozem dos frutos do seu trabalho. Onde quem constrói casas
nelas possam morar. “Tá vendo aquele edifício, moço. Ajudei a levantar ...”. Estamos
no meio de muitas crises, entre as quais a crise ecológica. Oxalá essa nossa
celebração aqui, esse encontro fraterno e humanizador, nos inspire a sermos a
cada dia luz, sal e fermento na sociedade, cientes de que a luz incomoda pra
caramba as trevas, o sal incomoda a comida e o fermento incomoda a massa. Não
dá para fazermos a diferença seguindo a política da boa vizinhança e nem sendo
omissos, cúmplices ou coniventes diante de tantas injustiças que campeiam por
aí. Ser luz, sal e fermento no mundo exige andarmos na contramão atrapalhando o
sistema capitalista, máquina de moer vidas.
O momento de ofertório foi animado
pelos violeiros Quincas da Viola e Dito Rodrigues com a música Cio da terra.
Que beleza! Após a consagração do pão e do vinho, recordamos que Jesus,
profundamente ameaçado de morte pelos poderosos da política, da economia e da
religião, com seus companheiros/ras mais próximos, em um jantar numa Cozinha,
pegou o pão e o vinho em suas mãos e disse: “Comam e bebam todos, todas ...” Logo, ninguém tem
o direito de excluir ninguém da mesa eucarística. Eucaristia não é prêmio para
os puros, mas alimento espiritual para todos e todas. Ai de quem, por
moralismos, excluir mães solteiras, desquitados, divorciadas, homossexuais,
qualquer pessoa da eucaristia. Todos, quem quiser, podem e devem se sentir
convidados de honra para partilhar o pão e o vinho eucarístico. O Evangelho
recorda-nos “Façam isto em
memória de mim!” Isto, o quê? Fazer o que Jesus de Nazaré fez: viver se doando,
consolando os aflitos e incomodando os acomodados, os opressores. Os violeiros
são luz, fermento e sal na sociedade. Sigamos com os violeiros conspirando um
mundo onde o sentido do nosso viver esteja em ser ético, solidário, justo e
amoroso.
Enquanto socializávamos o
pão eucarístico, o violeiro Tau Brasil cantava a música "João e o
grão", de Wilson Dias, cuja letra diz: "Como Jesus multiplicou o pão,
João planta seu grão/Que deixa de ser grão, pra ver nascer seu filho, fruto do
milagre, da multiplicação/ Louvado seja João, bendito grão... / De onde vens, João?
Venho do chão/ Sei que sou pai mas também sou filho do grão."
Como bênção final, o
violeiro Wilson Dias cantou Deus é
violeiro (letra de João Evangelista Rodrigues): “um romeiro/cancioneiro/meu
parceiro/canoeiro diz: Deus é violeiro.”
Ao final, uma bonita
procissão com velas acesas seguiu a Folia, saudou a capelinha de São Sebastião,
levantou o mastro e acendeu a fogueira de uns 6 metros de altura. Foguetório fez
brilhar ainda mais o céu daquela noite com temperatura de uns cinco graus. A
palavra foi passada ao Emerson Bastos, que foi o apresentador da festa, regada
com música dos violeiros, cerveja, churrasco, caldo de feijão, tropeiro,
canjica etc. Toda a renda em benefício da APAE de Resende Costa. Para
apresentar os violeiros, Emerson contava um causo e convidava ao palco, um a
um, os violeiros. Três músicas para cada um para que todos pudessem nos
encantar.
Alguém resolveu, “ao final”,
convidar todos os violeiros ao palco. Wilson Dias, ao ser citado como um dos
promotores do Projeto Cozinha da Viola, logo pediu o microfone e disse: “Não
podemos exaltar ninguém aqui. O que acontece aqui na Reza do Retiro Velho é
tudo coletivo e comunitário. Não é obra só de um ou outro, é de todos nós e de
muitos que não puderam estar aqui hoje conosco.” Mas não resisto à vontade de
mencionar pelo menos alguns nomes de violeiros: Quincas da viola, Pereira da
Viola, Wilson Dias, Carlos Farias, Joaci Ornelas, Levi Ramiro, Tau Brasil, Gustavo
Guimarães, Ramon e Rosado. Participações especiais de Bartira (filha de Pereira
da Viola e Patrícia), a pequena Taila (filha de Dito Rodrigues e Marizete), o
percussionista Gladson Braga, o sanfoneiro Lucas Viotti, Augusto Cordeiro
(filho de Tau Brasil) Pedro Gomes, Wallace Gomes e Ana Teresa (filhos de Wilson
Dias e Nilce) etc.
Que beleza humanizadora!
Assim, a festa reinou até a madrugada, na certeza de que Deus é violeiro e está
ali na Cozinha da Viola, no Retiro Velho e nos Violeiros e, óbvio, em quem
segue os violeiros.
Em 2016, teremos a 13ª edição
da Reza do Retiro Velho, com o seu belo projeto "Cozinha da Viola".
Belo Horizonte, MG, Brasil, 11
de agosto de 2015.
Obs.: Sugiro a quem não pode estar lá que veja e ouça o que está nos links, abaixo,
no You Tube:
1) Retiro Velho – Cozinha
da Viola:
[1] Frei e padre
da Ordem dos Carmelitas, bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel
em Teologia, mestre em
Exegese Bíblica , doutorando em Educação na FAE/UFMG, assessor
de CEBs, CPT, CEBI e SAB; e-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.freigilvander.blogspot.com.br
- www.gilvander.org.br
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