quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Petição das Ocupações da Izidora à Presidenta Dilma e à Presidência da Caixa Econômica Federal. Revisão do contrato exigimos!

Petição das Ocupações da Izidora à Presidenta Dilma e à Presidência da Caixa Econômica Federal. Revisão do contrato exigimos!

EXCELENTÍSSIMA SRA. PRESIDENTA DA REPÚBLICA, DILMA ROUSSEFF
Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto, 70150-900, Brasília - DF.

URGENTE!

Assunto: PETIÇÃO DAS 8 MIL FAMÍLIAS QUE COMPÕEM AS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BELO HORIZONTE, MG, E DE SUA EXTENSA REDE DE APOIO – PELA REVISÃO DO CONTRATO COM  A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

Exma. Sra. Presidenta da República Federativa do Brasil,
Dilma Rousseff,

Sabemos que de outras maneiras o clamor das 8 mil famílias que compõem as Ocupações da Izidora – Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória -, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, e de sua grande Rede de Apoio, já chegou até a Senhora e ao seu Governo. Vimos, por meio desta petição, assinada pelas Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória – Região da Izidora, em Belo Horizonte, MG; demais Ocupações irmãs e pelos Movimentos Sociais, Entidades e Grupos Populares que a assina, representando a grande Rede de Apoio que atua junto a estas ocupações, como MEDIDA DE EXTREMA URGÊNCIA, informar e requerer o que segue:

    1. DOS FATOS
Está em curso em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, uma Mesa de Negociação do Governo de Minas Gerais com as Ocupações Urbanas da Izidora, com aproximadamente 8 mil famílias. Trata-se da busca por uma solução justa e ética, de forma pacífica, para um dos maiores e gravíssimo conflito fundiário e social do Brasil, que envolve milhares de famílias nas Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. A Proposta do Governo de MG, da Direcional e da Prefeitura de BH, que seria executada com financiamento da Caixa Econômica Federal, não assegura a primazia da dignidade humana, pois o contrato com a Caixa, além se ser eivado de ilegalidades, possui cláusulas inflexíveis e excludentes.
Sobre as ilegalidades do contrato, é preciso considerar que a Caixa Econômica Federal assinou contrato para construir Minha Casa Minha Vida na região da Izidora, seis meses após cerca de 8 mil famílias estarem ocupando a área. As famílias tomaram conhecimento do referido contrato através de um ofício da Caixa Econômica Federal ao Ministério Público Federal, de 14 de agosto de 2014, que informou que em 27 de dezembro de 2013, foi assinado Contrato de compra e venda de terreno de 500.294,23 m2 (pouco mais de 50 hectares), Matrícula 1202, da Granja Werneck S.A para construir empreendimento imobiliário denominado Granja Werneck. Construtora do empreendimento: Belo Cruz Empreendimentos Imobiliários Ltda. Comprador: Fundo de Arrendamento Residencial – FAR. Intervenientes/garantidores: Direcional Participações Ltda e Direcional Engenharia S.A. Contrato para produção de 8.896 apartamentos, na Fase 1, nos territórios das Ocupações Vitória e da Esperança. A cláusula 16ª do contrato, que trata das Condições Suspensivas, reza: “O referido contrato encontra-se com todos os seus efeitos suspensos até o cumprimento integral de todas as condições estabelecidas, que serão consideradas cumpridas com a manifestação expressa da CAIXA reconhecendo o seu cumprimento.
Após o povo das Ocupações da Izidora ter ocupado duas agências da Caixa em Belo Horizonte, tentando informações e denunciar as ilegalidades do contrato, a Caixa, em outro Ofício, de 25 de agosto de 2014, endereçado ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), afirmou: “As informações que nos foram repassadas até então era a de que uma possível realocação de moradores da área destinada ao empreendimento Granja Werneck, que o município deseja construir, era inferior a 160 famílias e que mesmo para essas o município estava negociando alternativas para uma desocupação pacífica. Com o objetivo de permitir que se pudesse ter uma finalização da negociação dessas menos de 160 famílias, foi demandado à CAIXA um prazo de até 31 de agosto de 2014 – seis meses de prazo. Diante do exposto, estamos prorrogando o contrato por prazo indeterminado e até o esclarecimento total dos fatos e regularização de todas as pendências nos sejam repassadas formalmente. A CAIXA esclareceu que não tem qualquer objeção, inclusive em relação ao cancelamento do Contrato.”
Portanto, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), MG, mentiu à Caixa Econômica ao dizer que tinha abaixo de 160 famílias ocupando a área das Ocupações Vitória e Esperança. Desde o início das Ocupações em julho de 2013, as coordenações e os movimentos sociais estão afirmando que nas três ocupações da Izidora – Rosa Leão, Esperança e Vitória - estima-se que existam cerca de 8 mil famílias.
Não se pode também desconsiderar o erro da Caixa ao assinar o contrato, pois a mesma é proibida de assinar contrato para construir moradias em áreas ocupadas e à época da assinatura do contrato, a visibilidade destas comunidades já era muito grande nas redes sociais, em manifestações na Capital mineira e até no Brasil, o que fica demonstrado, por parte da Caixa, no mínimo, desinteresse na confirmação das informações prestadas pela Prefeitura.

2. DO DIREITO: MORADIA DIGNA: CORRESPONSABILIDADE ENTRE UNIÃO ESTADOS E MUNICÍPPIOS.
A atividade administrativa urbanística é de natureza essencialmente pública, e decorre de disposição constitucional, sendo de competência comum aos entes federados, conforme dispõe o art. 23, inciso IX da C.R.: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
IX - promover programas de construção de moradias  e  a  melhoria  das condições habitacionais e de saneamento básico.
A República Federativa Brasileira se estabelece como um Estado Social Democrático de Direito, que se fundamenta na dignidade da pessoa humana e possui em seus objetivos a erradicação da pobreza e a marginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e regionais.       
No Brasil, a Constituição de 1988 adotou a sistemática preconizada pelo federalismo cooperativo, em que o Estado Democrático de Direito, permeado pelos compromissos com o bem-estar social, deve buscar a isonomia material pela erradicação das grandes desigualdades sociais e econômicas, entre pessoas, grupos e regiões. Foi enfatizada a distribuição de receitas pelo produto arrecadado e ampliou-se a participação de Estados e Municípios na renda tributária, a partir da mudança dos percentuais e fortalecimento da descentralização financeira. Na realidade, a autonomia cedeu lugar ao princípio cooperativo a partir do momento em que se permitiu que as competências materiais de determinado ente federativo fossem executadas pela aplicação de recursos provenientes de outros entes.

    3. DA MUDANÇA E FLEXIBILIZAÇÃO DE CLÁUSULAS DO CONTRATO COM A CAIXA E DA POSSIBILIDADE DE SOLUÇÃO JUSTA E PACÍFICA PARA O GRAVE CONFLITO SOCIAL.
O ordenamento jurídico brasileiro, Sra. Presidenta, não permite, o que seria uma grave violação, as regras de um contrato se sobreporem à Constituição. Além das ilegalidades, acima mencionadas, no contrato firmado entre a Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Belo Horizonte e Construtora Direcional, as regras do referido Contrato desconsideram a realidade vivida pelas milhares de famílias das três Ocupações e inviabiliza qualquer acordo para a solução do conflito como se busca para ocaso.
Por haver financiamento da Caixa Econômica Federal e contrato firmado com esta, tem a RESPONSABILIDADE DO GOVERNO FEDERAL e é também por este motivo que, com urgência, lhe enviamos esta petição. No atual cenário político de crises em que vive o Governo Federal e o PT, no Brasil e em Minas Gerais, manter o referido contrato, da forma como foi assinado, para executar seu objeto na região da Izidora, onde milhares de famílias, incluindo idosos, crianças e deficientes vivem, seria a grande possibilidade de aumentar em muito a crise atual e o descrédito, além das responsabilidades civis e penais delas decorrentes.
Chegou-se a conclusão, depois de inúmeras reuniões e conversas acerca do conflito, com as assessorias das Ocupações-comunidades, de advogados(as), arquitetos(as), Universidades, engenheiros(as), igrejas, movimentos sociais e em muitas delas, com a participação do governo, que só será possível a realização de um acordo, de uma solução justa e pacífica, com a revisão do contrato celebrado com a Caixa Econômica Federal e, consequentemente, a mudança de suas cláusulas, atendendo o seguinte:
1)       Da Caixa Econômica Federal exigimos mudança e alteração no Contrato do Minha Casa Minha Vida para a região da Izidora, em Belo Horizonte, MG, pois é um contrato ilegal e não contempla as justas reivindicações dos milhares de famílias que hoje ocupam a área.
2)       Na revisão do contrato reivindicamos que a Caixa dialogue com os Movimentos Sociais e com as coordenações das Ocupações da Izidora sobre vários assuntos do Projeto MCMV: a) número de etapas do projeto adequado a um plano de reassentamento; b) As áreas comerciais devem ser construídas de acordo com os interesses das famílias e não de acordo com o mercado; c) O tamanho dos apartamentos e número de andares por prédio; d) Os critérios de seleção do cadastro socioeconômico a ser feito de forma que não exclua famílias que já estão morando nas ocupações e que precisam de fato; e) Os equipamentos públicos devem ser construídos também de acordo com o que reivindicam as famílias e não a partir de uma visão tecnocrática.

4.   DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, e com a MÁXIMA urgência, pedimos à Presidenta Dilma a intermediação para a realização de uma reunião com os principais responsáveis pela Caixa Econômica Federal e com a participação do Governo Federal, para que nesta seja feita a revisão do referido contrato, nos termos acima apresentados.
Belo Horizonte, 06 de agosto de 2015.

Assinam a presente Petição:
Ocupação-comunidade Vitória
Ocupação-comunidade Esperança
Ocupação-comunidade Rosa Leão
Brigadas Populares
MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas)
CPT (Comissão Pastoral da Terra)
Associação dos Arquitetos Sem Fronteira Brasil
Programa polos de Cidadania
E Rede de Apoio.


ATO NACIONAL DA RESISTÊNCIA URBANA - PAUTA DE MINAS GERAIS. Nota Pública.

ATO NACIONAL DA RESISTÊNCIA URBANA - PAUTA DE MINAS GERAIS
Nota Pública.

     A Resistência Urbana, frente nacional de movimentos sociais, realiza hoje, dia 06 de agosto de 2015, quinta-feira, uma Jornada Nacional de Lutas em dez Estados da Federação (Rio Grande Sul /São Paulo/ Minas Gerais / Rio de Janeiro/ Goiás /Bahia / Pernambuco / Ceará / Pará / Roraima) mais o Distrito Federal pelo Lançamento imediato do Programa Minha Casa, Minha Vida - 3, pela Regularização e Urbanização de Ocupações Urbanas, contra qualquer remoção forçada (despejo) sem alternativa digna prévia e por uma Reforma Urbana efetiva, estrutural e popular. (ver link: http://www.mtst.org/index.php/noticias-do-site/1248-e-amanha-jornada-nacional-da-resistencia-urbana-6-10)

Em Belo Horizonte:
  • Ocupações da região da Izidora:
     As três ocupações da região da Izidora - Rosa Leão, Esperança e Vitória -, de Belo Horizonte e Santa Luzia, estão manifestando hoje, quinta-feira, dia 06/08/2015, na porta do prédio da Caixa Econômica Federal, localizado na Av. do Contorno, 5.809, na Savassi, em BH,   com o intuito de exigir, novamente, uma postura responsável, flexível e atinente aos interesses e direitos das milhares de famílias das três ocupações, por parte deste banco público. Está em curso um processo de negociação para o conflito agrário e social da Izidora, um dos maiores do Brasil, que pode produzir uma solução justa, pacífica e conciliada para o impasse, mas agora alguns obstáculos foram interpostos por parte do Banco que podem inviabilizar o acordo. As famílias da Izidora, as coordenações, os movimentos sociais e a Comissão Pastoral da Terra exigem uma postura justa por parte desta instituição e do Governo Federal. Nesta oportunidade, as famílias das três ocupações da Izidora também fazem coro ao apelo da Frente Nacional de Movimentos Resistência Urbana pelas pautas nacionais colocadas face ao Governo Federal!
  • Da Caixa Econômica Federal exigimos mudança e alteração no Contrato do Minha Casa Minha Vida para a região da Izidora, pois é um contrato ilegal e não contempla as justas reivindicações das milhares de famílias que hoje ocupam a área.
Contato para a imprensa: Isabella (031) 86290189 / Rafael (31) 88120110 / Elielma (31) 93439696 / Charlene: (031) 85344911.
  • Ocupações Maria Guerreira e Maria Vitória

     As duas ocupações Maria Guerreira e Maria Vitória, surgiram há cerca de quatro meses no bairro Copacabana, em Belo Horizonte, após obra de intervenção estrutural em Vilas e Favelas, realizada pela PBH, através da URBEL (Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte), que removeu grande parte das unidades habitacionais da antiga favela da área. Contudo, o reassentamento e indenização só foram viabilizados àqueles que eram proprietários dos barracos destruídos pelas obras, centenas de famílias que ali viviam de aluguel ou de favor ficaram a ver navios após a intervenção pública. Diante desse quadro, não restou outra alternativa que não a realização das duas ocupações em terrenos vazios e residuais no entorno da intervenção. As ocupações Maria Guerreira e Vitória são um testemunho do equivoco do planejamento das intervenções estruturais em favelas realizadas pela URBEL que mais se assemelham a instrumentos de higienização, com a expulsão de parte da pobreza para além dos limites da cidade de Belo Horizonte e o suposto embelezamento da cidade formal com o extermínio da paisagem dos barracos improvisados e auto-construídos das favelas da cidade.         

     À Prefeitura de Belo Horizonte e URBEL reivindicamos:
  • Abertura de um processo de negociação para apresentação de uma solução de moradia (reassentamento, indenização) das famílias das ocupações Maria Guerreira e Vitória que foram moradores da vila removida pela Intervenção Estrutural e não que foram contemplados pelos benefícios, configurando clara situação de violação do direito à moradia pelo poder público.  

Contato para a imprensa: Thaís: cel. 31 73158628

Belo Horizonte e Campo Florido, MG, Brasil, 06 de Agosto de 2015

Assinam essa Nota,
Brigadas Populares - Minas Gerais
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Coordenação das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória
Coordenação da Ocupação Vitória - Campo Florido  

Coordenação das Ocupações Maria Guerreira e Vitória









sexta-feira, 31 de julho de 2015

Mensagens finais - Memória, rebeldia e resistência - no término do IV Congresso da CPT, dia 17/07/2015.

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Envio para a Missão: "como ovelhas no meio de lobos", no IV Congresso da CPT. Dia 17/07/2015.

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Cantoria e Assessoria no IV Congresso da CPT: Recados finais e subversão. Dia 17/07/2015.

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Carta final do IV Congresso da CPT: a luta continua com rebeldia. Dia 17/07/2015.

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Semear radicalidade pra fazer reforma agrária, no IV Congresso da CPT, dia 17/07/2015.

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