Nos últimos dias de maio de 2015, nasceu mais uma ocupação urbana em Belo Horizonte, MG!!!
Nos últimos dias de maio de 2015, nasceu mais uma ocupação
urbana em Belo Horizonte, MG, com mais de 300 famílias (entre mulheres, crianças
e idosos) organizadas pelo MLB (Movimento de luta nos Bairros, Vilas e Favelas)
que se encontravam sem moradia, vivendo de favor nas costas de parentes ou sob a
escravidão do aluguel. O terreno ocupado, que agora cumpre sua função social,
está localizado na região do barreiro, em Belo Horizonte, próximo a Av. Perimetral,
próximo das Ocupações Camilo Torres e Irmã Dorothy Stang e próximo à Rua Serra
d’água Quente! Todo apoio é necessário e bem-vindo nesse momento!
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Nasce
uma nova ocupação urbana em Belo Horizonte – Nota pública -
Nos
últimos dias de maio de 2015, cerca de 300 famílias, organizadas pelo Movimento
de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), ocuparam pacificamente um terreno
na região do Barreiro, em Belo Horizonte, determinadas a conquistar o direito
de moradia digna. Nasce mais uma ocupação urbana.
As
famílias que realizaram essa ação sofriam com a falta de um lar para
constituírem suas vidas. Essas pessoas são vítimas do déficit habitacional, que já ultrapassa os 5,7 milhões de unidades em todo o
país. Apesar de o direito a moradia estar previsto na legislação brasileira e
tratados internacionais de direitos humanos, esse dado mostra que grande parte
da população sofre com a falta de acesso a residências dignas e a necessidade
habitacional das famílias de baixa renda (que vai muito além dos números
apresentados pelos governos).
Segundo
a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXIII, toda propriedade deve ter
uma função social, seja habitacional, ambiental, cultural ou econômica.
Terrenos vazios não cumprem sua função social. Ao contrário, incentivam o processo de especulação imobiliária, que eleva o preço
dos terrenos, gerando mais lucro para seus proprietários. A ocupação surge como
resposta para fazer valer os direitos de acesso ao solo urbano, uma vez que o
terreno estava abandonado há muitas décadas e não cumpria sua função social.
O
governo do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que está no poder
desde 2008, não se mostra eficaz no cumprimento do direito constitucional à
moradia, ao privilegiar o interesse de grandes empreiteiras que buscam lucrar
com a produção das unidades habitacionais. Os últimos governos do estado de
Minas Gerais também não se comprometeram com o acesso à moradia em Minas Gerais
que, segundo dados da Fundação João Pinheiro, ainda tem um déficit de mais de
470 mil moradias.
A
alternativa do governo para o fim do déficit habitacional
é o programa “Minha Casa, Minha Vida”, repleto de contradições. Apesar de
representar um avanço na produção de moradias, o projeto não rompe com os
interesses das empreiteiras e dos grandes proprietários de terra e os privilegia,
uma vez que contrata empresas privadas para construir apartamentos a preços
muito acima dos custos, além de impor às famílias critérios de acesso que
excluem grande parte dessa população. Além disso, as unidades habitacionais são
construídas com materiais que impossibilitam a adequação do ambiente pelas
famílias, que apresentam necessidades habitacionais distintas. E mesmo na
modalidade mais avançada do programa, o “Minha Casa, Minha Vida Entidades”, 97%
do total aplicado é destinado às construtoras, e apenas 3% aos movimentos sociais
e entidades que são habilitados nessa modalidade. Além disso, é imposta uma
enorme burocracia para os últimos, tornando muito difícil sua realização.
Ademais,
os governos municipal, estadual e federal vêm a partir de 2015 cortando seus
orçamentos destinados à construção de moradias populares. O que já era pouco,
agora é praticamente nada.
A
despeito de todas essas questões, de uma cidade que não é pensada e organizada
para a sua população, mas sim para a manutenção do lucro de uma pequena parcela
de pessoas, a nova ocupação nasce forte e disposta a resistir. Pouco a pouco, o
espaço ganha novos contornos. Onde antes existia entulho, doenças e espaço
usado pelo tráfico de drogas, agora existem casas. Onde antes existia vazio,
agora existe esperança. Onde antes existia um terreno sem uso, sem vida e sem
nenhuma função social, agora existem centenas de famílias buscando o sonho de
um futuro melhor.
Morar
dignamente é um direito humano!
Reforma
urbana popular já!
Assina
essa Nota pública:
Movimento
de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB Minas Gerais.
Apoio:
Comissão Pastoral da Terra (CPT).