sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Famílias das ocupações do Isidoro ocupam Caixa Econômica Federal em Belo Horizonte, Minas Gerais. BH, 22/08/2014


Famílias das ocupações do Isidoro ocupam Caixa Econômica Federal em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Comunicado à sociedade e à imprensa.

As famílias das comunidades Vitória, Rosa Leão e Esperança, que vivem desde o dia 06 de agosto o drama constante do despejo com a demolição das suas casas, ocuparam na manhã desta sexta feira, dia 22 de agosto, a agência da Caixa Econômica Federal da Av. do Contorno, 5809, Savassi, em Belo Horizonte. A Caixa Econômica Federal, gestora operacional dos recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida, é responsável direta pelo desalojamento das 8 mil famílias que construíram suas casas nas ocupações do Isidoro.
No dia 27 de dezembro de 2013, a Caixa Econômica Federal celebrou Contrato por Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel e de Produção de Empreendimento Habitacional no Programa Minha Casa Minha Vida, referente ao empreendimento Granja Werneck – Fase 1, com 8.896 unidades habitacionais (predinhos de 5 andares sem elevador com apertamentos de 40 e poucos metros quadrados só) a serem construídas no terreno onde atualmente se situa a ocupação Vitória. O contrato, firmado com as empresas Granja Werneck S/A, Bela Cruz Empreendimentos Imobiliários Ltda e Direcional Engenharia S/A, estabeleceu como condicionante para ser registrado em cartório e gerar seus efeitos a liberação do imóvel que à época já estava ocupado por famílias de baixa renda.
Ora, como é possível um banco público, controlado pelo Governo Federal, colocar como condicionante contratual para a construção de empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida o despejo de famílias pobres que legitimamente ocuparam e construíram suas casas em terreno abandonado há décadas, sem cumprir sua função social? O mesmo banco que financia a construção de habitação de interesse social com recursos públicos federais, é o que exige a destruição de casas auto-construídas com o trabalho e o suor de famílias pobres, excluídas de qualquer possibilidade de aquisição de uma moradia digna por outros meios.
Diante desse cenário complexo e tenebroso, fica claro porque o Governo Federal lavou suas mãos para o maior conflito fundiário urbano do Brasil atualmente, com 8 mil famílias sob risco iminente de despejo, sem qualquer alternativa de reassentamento definitivo e nem mesmo realocação provisória. São milhares de mulheres, crianças e idosos que vão ter suas casas demolidas e irem para as ruas. De alvenaria já são quase 3 mil casas já construídas ou em construção. O Governo Dilma, tanto quanto os Governos Estadual e Municipal, é co-responsável pela megaoperação policial montada para o despejo das ocupações do Isidoro: seja por exigir a retirada das famílias por meio do mencionado contrato firmado pela CAIXA com as construtoras, seja por se omitir e não buscar a mediação do conflito e a busca de uma saída justa, pacífica e negociada, perfeitamente possível, sobretudo considerando a existência de projeto habitacional para a área. Isso tudo, apesar da Presidenta Dilma ter se reunido com uma Comissão de moradores em 07 de abril deste ano e feito o compromisso de que o Governo Federal não iria economizar esforços para evitar o despejo dessas ocupações. (A reunião com Dilma foi registrada e está na internet no link https://www.youtube.com/watch?v=hMFyuCnxnM0 ) O que vemos, é justamente o contrário.
É um contra senso absurdo que milhares de famílias pobres sejam repentinamente desalojadas sob o pretexto de se construir habitação de interesse social via Programa Minha Casa Minha Vida. O argumento não se sustenta e o quadro é agravado pela disposição dessas famílias de lutarem por suas casas, o que prenuncia uma grande tragédia, de proporções jamais vistas no estado de Minas Gerais. Enquanto a política habitacional ficar sob a gestão de um banco, como a Caixa Econômica Federal, a moradia será tratada como mercadoria e não como direito.
Apesar de toda intransigência dos poderosos, da indisposição dos governos ao diálogo, da postura temerária, injusta e ilegal do poder judiciário, as famílias das ocupações do Isidoro e a ampla Rede de Apoio que assumiu a defesa dessa causa mantém a esperança de que a paz e a justiça irão prevalecer. Todos/as contra os despejos ! #resisteisidoro

Belo Horizonte, 22 de agosto de 2014.

Assinam essa Nota Pública:
Coordenações das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão
Brigadas Populares - Minas Gerais
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)

Contatos para maiores informações:
com Isabela (cel.: 31 8629 0189), Rafael Bittencourt (cel.: 31 9469 7400) ), com Charlene (cel.: 31 9338 1217 ou 31 8500 3489), com Edna (cel.: 31 9946 2317), com Elielma (cel.: 31 9343 9696), com Bruno Cardoso (cel.: 31 9250 1832).

Maiores informações também nos blogs das Ocupações, abaixo:

POVO das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na região do Isidoro, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, ouve APOIO Dom Walmor de Oliveira, Arcebispo da arquidiocese de BH, fica feliz e agradece. 17/08/2014.



POVO das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na região do Isidoro, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, ouve APOIO Dom Walmor de Oliveira, Arcebispo da arquidiocese de BH, fica feliz e agradece. 17/08/2014.



terça-feira, 19 de agosto de 2014

Anglogold, Judiciário e PM querem despejar 60 famílias em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.



Anglogold, Judiciário e PM querem despejar 60 famílias em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.

Nota do MLB, com apoio da Comissão Pastoral da Terra.
Nova Lima, MG, 19 de agosto de 2014

Cerca de 60 famílias que moram em casas de alvenaria na Ocupação Nova Canaã, no bairro nova Suíça, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, foram notificadas pela Policia Militar para comparecerem a uma reunião na 1ª CIA PM da cidade amanhã (20 de agosto) as 09h. A ocupação Nova Canaã tem famílias que moram a mais de 2 anos no terreno, mas a Juíza Myrna Souto concedeu Liminar de reintegração de posse a favor da mega-empresa Anglogold, mineradora que tem histórico de fazer dezenas de despejos na cidade.
As famílias e o Movimento de Luta nos Bairros, vilas e Favelas (MLB) estão em negociação direta com o Prefeito Cássio de Nova Lima, Magnani Júnior , que se comprometeu em resolver o problema através da compra do terreno via o Programa Minha Casa Minha Vida Entidades e as famílias já foram cadastradas pela prefeitura.
Em nome da verdade e por respeito à dignidade humana não aceitamos o despejo das famílias.
A falta de programas habitacionais é um problema que explode em todo Brasil e em especial em BH, região metropolitana e em MG. Assim como as 8 mil famílias das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, da Região do Isidoro, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, as famílias da Ocupação Nova Canaã estão firmes e unidas contra mais essa injustiça.
Detalhe: Canaã se refere à terra conquistada pelo povo da Bíblica após se libertar das garras do imperialismo dos faraós do Egito, atravessar o Mar Vermelho e marchar 40 anos pelo deserto. Canaã é Prometida por Deus aos Sem Terra e Sem Casa. Em Nova Lima não pode ser diferente!
A Ocupação Nova Canaã conta com o apoio das outras Ocupações de BH e região metropolitana.

Morar dignamente é um direito humano!
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB

Obs.: Essa Nota Pública do MLB foi publicada originalmente no link, abaixo:

Para mais informações, contato com Joubert, cel. 31 8402 6860 ou Leo, cel.: 31 9133 0983.