Programa Palavra Ética com frei Cláudio
van Balen na TV Comunitária de Belo Horizonte, MG: Igreja é povo de Deus. BH,
23/02/2014.
Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Comunidades Tradicionais foram expulsas do Parque Nacional Serra do Cipó, MG. BH, 23/02/2014.
Comunidades Tradicionais foram expulsas do Parque
Nacional Serra do Cipó, MG. BH, 23/02/2014.
Crime socioambiental feito pelo ICMBio no Parque Nacional Serra do Cipó, em Santana do Riacho, MG? BH, 23/02/2014.
Crime socioambiental feito pelo ICMBio no Parque
Nacional Serra do Cipó, em Santana do Riacho, MG? BH, 23/02/2014.
Ocupação-comunidade Eliana Silva, no Barreiro, em Belo Horizonte, MG, inaugura Biblioteca: Luta por moradia e cultura. BH, 23/02/2014.
Ocupação-comunidade Eliana Silva, no Barreiro, em Belo
Horizonte, MG, inaugura Biblioteca: Luta por moradia e cultura. BH, 23/02/2014.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Movimentos e ativistas lutam contra a incineração de resíduos em Belo Horizonte, MG. BH, 20/02/2014.
Movimentos e ativistas lutam contra a
incineração de resíduos em Belo Horizonte, MG.
Entidades estiveram nos gabinetes dos
vereadores entregando uma carta aberta contra dois projetos de lei que poderão
permitir o uso da tecnologia de incineração na capital e criaram um
abaixo-assinado para divulgar à população.
Os participantes criaram um abaixo assinado
para ser entregue aos vereadores, assine e divulgue para toda a sua rede:
Na última quarta-feira (12) representantes da sociedade civil
estiveram presentes na Câmara Municipal de Belo Horizonte, com o objetivo de
alertar os vereadores dos riscos da aprovação de dois projetos de lei que
poderão permitir a tecnologia de incineração dos resíduos sólidos em Belo
Horizonte.
Ambos os projetos são de autoria do Presidente da Casa, Vereador
Léo Burguês, e se complementam. O projeto 043/13 autoriza a tecnologia de
Plasma para processamento do lixo, enquanto que o projeto 052/13 permite ao
município a realização de licenciamento de entidades ou empresas públicas ou
privadas para tratamento térmico de resíduos urbanos com geração de energia.
A incineração de resíduos sólidos vem sendo uma ameaça
enfrentada pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR)
e por diversas entidades que atuam na defesa dos trabalhadores da reciclagem e
suas organizações, na defesa do Meio Ambiente sustentável e da Saúde Pública.
Além de ser um método contestado por diversos especialistas,
pelos riscos à saúde pública por conta dos poluentes produzidos, a incineração
afeta gravemente o meio ambiente e ainda prejudica a reciclagem, que além de
ser uma opção sustentável deve ser priorizada no país, conforme as diretrizes
da lei federal nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS).
Tramita também na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um
projeto de lei (4.051/2013) que dispõe sobre a utilização da tecnologia da
incineração no processo de destino final dos resíduos sólidos urbanos em Minas
Gerais, mas ao contrário dos projetos que estão tramitando na Câmara Municipal
de Belo Horizonte, se aprovado em segundo turno a tecnologia será proibida em
todo o Estado.
Neli Medeiros, Secretária Executiva do Fórum Municipal Lixo e
Cidadania de BH e uma das lideranças dos catadores em Minas Gerais, reflete
sobre os prejuízos socioambientais e a necessidade de cautela e mais diálogo do
poder público com a sociedade. Medeiros adverte que “empresas estão oferecendo
aos prefeitos soluções “mágicas” para o problema do lixo, como a incineração em
suas diversas formas” (plasma, pirólise, etc). Somando-se a isto, a secretária
executiva do FMLC sinaliza a existência de “falsas promessas para a geração de
energia “limpa””. Avaliando os sérios riscos, prejuízos e perdas, ela contesta:
“na verdade o que estas usinas fazem é queimar um material riquíssimo, fonte de
trabalho, renda, inclusão social, participação popular! e proteção ambiental
através da redução, reutilização e reciclagem dos materiais.
Além do Fórum Municipal Lixo e Cidadania de BH outras dezenove
organizações* assinam a carta, entre elas o Movimento das Associações de
Moradores de BH (MAMBH), o Movimento Nossa BH, o Fórum Mineiro de Direitos
Humanos, o Comitê dos Atingidos pela Copa de Belo Horizonte (COPAC), O Centro
Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e
Catadores de Materiais Recicláveis - CNDDH, e o Movimento Nacional de Catadores
de Materiais Recicláveis (MNCR).
Os participantes criaram um abaixo assinado para ser entregue
aos vereadores, assine e divulgue para toda a sua rede:
Acesse a carta aberta no
link: http://tinyurl.com/lcxxddh
Faça download da carta e mande um email
para os vereadores:
adrianoventura@cmbh.mg.gov.br
alexandregomes@cmbh.mg.gov.br
arnaldogodoy@cmbh.mg.gov.br
autairgomes@cmbh.mg.gov.br
ver.bimdaambulancia@cmbh.mg.gov.br
ver.bispofernando@cmbh.mg.gov.br
brunomiranda@cmbh.mg.gov.br
ver.coronelpiccinini@cmbh.mg.gov.br
ver.danielnepomuceno@cmbh.mg.gov.br
delegadoedsonmoreira@cmbh.mg.gov.br
drnilton@cmbh.mg.gov.br
doutorsandro@cmbh.mg.gov.br
elainematozinhos@cmbh.mg.gov.br
ver.elviscortes@cmbh.mg.gov.br
ver.gilsonreis@cmbh.mg.gov.br
gunda@cmbh.mg.gov.br
henriquebraga@cmbh.mg.gov.br
ver.iranbarbosa@cmbh.mg.gov.br
ver.joelmoreira@cmbh.mg.gov.br
ver.jorgesantos@cmbh.mg.gov.br
ver.julianolopes@cmbh.mg.gov.br
juninholoshermanos@cmbh.mg.gov.br
ver.juninhopaim@cmbh.mg.gov.br
leoburguesdecastro@cmbh.mg.gov.br
leonardomattos@cmbh.mg.gov.br
ver.marceloalvaroantonio@cmbh.mg.gov.br
ver.marceloaro@cmbh.mg.gov.br
ver.orlei@cmbh.mg.gov.br
pablito@cmbh.mg.gov.br
ver.pedropatrus@cmbh.mg.gov.br
peledovolei@cmbh.mg.gov.br
preto@cmbh.mg.gov.br
professorwendel@cmbh.mg.gov.br
ronaldogontijo@uai.com.br
sergiofernando@cmbh.mg.gov.br
silvinhorezende@cmbh.mg.gov.br
ver.tarcisiocaixeta@cmbh.mg.gov.br
valdivino@cmbh.mg.gov.br
ver.veredafarmacia@cmbh.mg.gov.br
ver.vilmogomes@cmbh.mg.gov.br
ver.wellingtonmagalhaes@cmbh.mg.gov.br
alexandregomes@cmbh.mg.gov.br
arnaldogodoy@cmbh.mg.gov.br
autairgomes@cmbh.mg.gov.br
ver.bimdaambulancia@cmbh.mg.gov.br
ver.bispofernando@cmbh.mg.gov.br
brunomiranda@cmbh.mg.gov.br
ver.coronelpiccinini@cmbh.mg.gov.br
ver.danielnepomuceno@cmbh.mg.gov.br
delegadoedsonmoreira@cmbh.mg.gov.br
drnilton@cmbh.mg.gov.br
doutorsandro@cmbh.mg.gov.br
elainematozinhos@cmbh.mg.gov.br
ver.elviscortes@cmbh.mg.gov.br
ver.gilsonreis@cmbh.mg.gov.br
gunda@cmbh.mg.gov.br
henriquebraga@cmbh.mg.gov.br
ver.iranbarbosa@cmbh.mg.gov.br
ver.joelmoreira@cmbh.mg.gov.br
ver.jorgesantos@cmbh.mg.gov.br
ver.julianolopes@cmbh.mg.gov.br
juninholoshermanos@cmbh.mg.gov.br
ver.juninhopaim@cmbh.mg.gov.br
leoburguesdecastro@cmbh.mg.gov.br
leonardomattos@cmbh.mg.gov.br
ver.marceloalvaroantonio@cmbh.mg.gov.br
ver.marceloaro@cmbh.mg.gov.br
ver.orlei@cmbh.mg.gov.br
pablito@cmbh.mg.gov.br
ver.pedropatrus@cmbh.mg.gov.br
peledovolei@cmbh.mg.gov.br
preto@cmbh.mg.gov.br
professorwendel@cmbh.mg.gov.br
ronaldogontijo@uai.com.br
sergiofernando@cmbh.mg.gov.br
silvinhorezende@cmbh.mg.gov.br
ver.tarcisiocaixeta@cmbh.mg.gov.br
valdivino@cmbh.mg.gov.br
ver.veredafarmacia@cmbh.mg.gov.br
ver.vilmogomes@cmbh.mg.gov.br
ver.wellingtonmagalhaes@cmbh.mg.gov.br
* Organizações que assinam a carta aberta:
Fórum Municipal Lixo e Cidadania de BH (FMLC de BH).
Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH). Movimento Nossa BH (MNBH).
Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH). Movimento Nossa BH (MNBH).
Brigadas Populares de Minas Gerais.
Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária - ORIS.
Fórum Mineiro de Direitos Humanos - FMDH.
Comitê dos Atingidos pela Copa de Belo Horizonte - COPAC.
Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte, MG.
Movimento Nacional da População em Situação de Rua - MNPR.
Instituto de Direitos Humanos - IDH.
Movimento Nacional da População em Situação de Rua - MNPR.
Instituto de Direitos Humanos - IDH.
Pastoral Nacional do Povo da Rua da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil
CNBB - Leste II.
CNBB - Leste II.
Associação de Luta pela Moradia (ex-moradores do residencial
SAINT Martin).
Programa Polos de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
Programa Polos de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
Movimento das Associações de Moradores de BH - MAMBH.
CRESS - Conselho Regional de Serviço Social MG.
Fórum Político Interreligioso de BH.
Rádio Comunitária ELO FM BH.
Movimento Nacional de Direitos Humanos, Minas Gerais (MNDH -
MG).
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Quem de fato impede o direito de ir e vir. Texto de frei Gilvander. BH, 17/02/2014.
Quem de fato impede o direito de ir e vir.
Gilvander Luís Moreira[1]
Ficou
muito claro para todos os que tiveram acesso, no dia 04 de fevereiro de 2014,
ao perfil no facebook de uma pessoa que tem um alto cargo de confiança na
Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), MG, e que ainda por cima ocupa um cargo
público de magistério, o que pensa a Administração Municipal de Belo Horizonte,
e quem a apóia, sobre o direito das pessoas pobres na nossa cidade. Foi postado
o seguinte comentário: “Sem entrar no
mérito dessa ou daquela manifestação, mas fechar a avenida mais importante da
cidade pra mim é repugnante. E os direitos das outras pessoas, estejam em
ônibus ou carros? Ambulâncias que não andam, mães que precisam buscar seus
filhos e não conseguem chegar, bombeiros parados. O nome disso não é democracia.
Antes, é sua antítese.”
Ela
se referia ao fato de pessoas representantes das 8.000 famílias das Ocupações
Rosa Leão, Esperança e Vitória, da Região do Isidoro, em Belo Horizonte,
estarem acampadas na porta da Prefeitura de Belo Horizonte, na Av. Afonso Pena.
De fato, a manifestação dificulta ainda mais o trânsito da cidade que já é
horrível em boa parte do dia na região. Aquelas famílias estavam ali
reivindicando abertura de diálogo com o prefeito de Belo Horizonte, Sr. Márcio
Lacerda, e com a PBH para evitar os despejos de 8 mil famílias das três
ocupações, acima mencionadas, pois o Comando da Polícia Militar já tem em mãos
ordens para forçar o cumprimento da ordem judicial que quer expulsar aquelas
pessoas do lugar onde lutam para morar, demolindo as cerca de mil casas de
alvenaria e milhares de barracos de lona preta ou de madeirite.
Caso
não fossem a intransigência do prefeito de BH e o descaso das autoridades
públicas para o reconhecimento do direito fundamental à moradia não haveria acampamento
diante da PBH e nem bloqueio de trânsito. É indiscutível que todas as pessoas devem
ter no mínimo o direito de morar, o direito de descansar o corpo para poder trabalhar
no dia seguinte. Como bem explícito no comentário da “autoridade” muncipal o
que ela não quer é entrar no mérito da questão. Ou seja, a administração está
pouco se importando com a situação de penúria e de violência que cotidianamente
fustiga a população empobrecida e injustiçada. Acomodados em seus confortáveis lugares
sociais querem que nada perturbe os seus dias, em vários empregos para acumular
mais riqueza.
Contrariamente
ao comentário injusto, o que temos de exigir é que os detentores de cargos
públicos entrem sim no mérito da questão. É o mínimo que devem fazer para
honrar os seus cargos e os altos salários que recebem, pois são pagos com
dinheiro público. Todos temos responsabilidades diante dos graves problemas
sociais que infernizam a vida de todos na cidade, todavia de forma muito mais
violenta as das famílias pobres, abandonadas na periferia de tudo. Pior do que
comprometer o trânsito será desabrigar e jogar nas ruas 8 mil famílias só em
Belo Horizonte.
Passeando
pelo perfil da funcionária de confiança da PBH no facebook, podem-se ver fotos
de inúmeras viagens internacionais, em ambientes luxuosos. Não é mesmo de se
estranhar a falta de sensibilidade. Se perguntarmos a ela e a todos/as os/as
amigas dela que teceram comentários concordando com a postagem no seu perfil,
compreenderemos melhor a razão de tudo isso: 1) Quem foi que suou muito para
construir as casas e os apartamentos confortáveis onde vocês moram? 2) Quem
trabalhou muito ganhando salário injusto para fabricar os automóveis luxuosos que vocês andam? 3) Quem
faz a comida que vocês comem todos os dias? 4) Quem são as domésticas que
limpam as casas e cozinham para vocês? 5) Quem são e onde moram as babás que
cuidam (ou cuidaram) dos seus filhos? 6) Quem paga a maior parte dos impostos nunca
revertidos com justiça para as políticas sociais necessárias na cidade? Quem paga
os altos salários de vocês servidores públicos? O povo, inclusive e
principalmente os que menos recebem benefícios.
Entendemos
não ser preciso fazer outras perguntas, tais como: a) Se você com os seus
filhos estivessem sob o sufoco do aluguel, será que também não achariam justo
lutar por uma casa própria? Se vocês fossem tratados da forma como o prefeito
Márcio Lacerda e vocês estão tratando os pobres que ousam lutar pelos seus
direitos, será que estariam mostrando toda essa pompa no facebook, ou contrariamente
estaria mostrando indignação?
Ponham
o dedo na consciência e percebam que vocês estão tão distantes da realidade dos
pobres que, assim, só gostam da força de trabalho deles. Você, ainda por cima
professora de faculdade pública, desrespeita a dignidade humana, as belezas, os
dons, as criatividades e os talentos que existem em todas as pessoas que tentam
com luta justa mudar essa absurda injustiça na cidade.
Tristes
de nós se não fossem os outros na nossa vida! Deveriam aprender com o filme O Náufrago para ver como o outro nos dignifica.
Saibam que grande parte da classe trabalhadora que constrói a cidade e a faz funcionar
todos os dias são pessoas pobres que vivem sufocadas pelo preço do aluguel, ou
sob a humilhação de sobreviver de favor. Quanta humilhação e discriminação
sofrem!
Vocês
conseguiriam sobreviver uma semana debaixo da lona preta em um barraco de qualquer
uma dessas ocupações? Que democracia é essa que joga parte do povo à margem da
sociedade?
Olhem
mais profundamente e reconheçam que quem, em última instância, atrapalha o
trânsito e cria caos na cidade/sociedade é o prefeito Márcio Lacerda (Poder
executivo), porque não ouve, não dialoga e não negocia com os pobres e nem com
os movimentos sociais; é a juíza Luzia Divina (TJMG) e os juízes quando desrespeitam
os princípios constitucionais, tais como, respeito à dignidade humana, função
social da propriedade, que não exige reassentamento prévio antes de mandar
despejar; é a classe dominante e todos os que se beneficiam do sistema do
capital, porque geram e consomem o luxo, enquanto empurram para o lixo a
maioria da classe trabalhadora.
Enfim,
detentora de cargo de confiança e apoiadores do status quo injusto, pensando e agindo assim – com intransigência e
intolerância – vocês estão violentando os que trabalham duro para sustentar o
luxo de vocês. Bem dizia o grande Marx: “O
lugar social determina o lugar epistemológico.” Ou como disse uma pessoa em
situação de rua: “Nossos olhos estão nos nossos
pés.” Vemos o mundo a partir de onde pisamos. Ouçam um bom conselho: Parem
de pisar só nos tapetes vermelhos. Venham pisar na poeira das ocupações. Venham
fazer sauna debaixo dos barracos de lona preta das ocupações. Venham para o
meio dos pobres ouvi-los. Venham ver e contemplar os rostos sofridos. Venham conhecer a luta árdua de mães que fazem
o milagre de sobreviver com salário mínimo para dar mais braços para construir
as suas casas, fabricar os carros e produzir a boa comida que vocês comem. Assim,
talvez, vocês se converterão de fato em defensores da democracia.
Belo
Horizonte, MG, Brasil, 17 de fevereiro de 2014.
[1]
Frei e padre da Ordem dos
carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia
pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de
Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB
e Via Campesina; conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos de Minas
Gerais – CONEDH. E-mail: gilvanderlm@gmail.com
– www.gilvander.org.br
– www.freigilvander.blogspot.com.br
- http://www.twitter.com/gilvanderluis
- facebook: Gilvander Moreira
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Queremos uma sociedade de paz, mas paz como fruto da justiça e jamais paz de cemitério, a alardeada pela mídia.
Queremos
uma sociedade de paz, mas paz como fruto da justiça e jamais paz de cemitério,
a alardeada pela mídia.
Resposta
ao Editorial do Jornal Nacional da TV Lobo, dia 10/02/2014.
Por frei
Gilvander Moreira.
A
mídia brasileira está esbravejando contra o/s rapaz/es que jogou/jogaram o
rojão que matou o cinegrafista da TV Band Santiago Ilídio Andrade, na última
quinta-feira, dia 06/02/2014, em uma justa manifestação popular contra o
aumento do preço das passagens de ônibus no Rio de Janeiro. A mídia está tentando
vender a ideia de que a violência que levou Santiago à morte aos 49 anos é a
maior e pior violência que acontece no Brasil. Ledo engano. Mentira! Querem
continuar com uma cortina de fumaça que impeça o povo de ver muitas outras
violências execráveis.
Mas
... Primeiro, nossa solidariedade à esposa de Santiago, à filha, aos seus
parentes e amigos/as. Segundo, lamentável um trabalhador honesto, gente boa,
ter sido vitimado no exercício de sua profissão. Terceiro, alardear que “manifestação
é direito de todos, mas deve ser sempre pacífica” é, na prática, defender o status quo opressor. É sabido que “manifestação
pacífica” não faz nem cócegas nos detentores dos podres poderes da economia e
da política. Se “manifestação pacífica” bastasse, não seria necessária greve de
trabalhadores por melhores salários, nem ocupação de terra no campo e na
cidade. A reforma agrária já teria sido feita. Os salários seriam justos.
A
mídia criminaliza as atitudes que excedem ao “padrão pacífico” das
manifestações, condenando furiosamente os Black blockers. É preciso asseverar
que só conquistaremos uma sociedade de paz com justiça quando eliminarmos
muitos outros tipos de violência que arrebentam disfarçadamente com milhões de
pessoas brasileiras. Faremos referência a dez outros tipos de violência.
Poderíamos citar muitas outras, mas para a lista não ficar muito grande,
citaremos dez, abaixo.
1)
Violência
do latifúndio e dos latifundiários, que seqüestram a terra em poucas mãos
gananciosas, expulsam o povo camponês para as periferias das cidades.
2)
Violência
do agronegócio que, com uso indiscriminado de agrotóxico envenena a comida
do povo brasileiro, gera “epidemia” de câncer, submete milhares de
trabalhadores a situação análoga à de escravidão, devasta o ambiente, a
biodiversidade.
3)
Violência
da democracia representativa que, via de regra, elege e reelege os
representantes do poder econômico e privatizam os recursos públicos deixando na
miséria o povo submetido à via crucis
do SUS, a um salário mínimo injusto, à especulação imobiliária que expulsa
paulatinamente as famílias pobres para as periferias das periferias das regiões
metropolitanas.
4)
Violência
do poder religioso, que, de forma fundamentalista, proselitista, segundo os
ditames da Teologia da Prosperidade, usa e abusa do nome de Deus para lucrar,
lucrar.
5)
Violência
que tem jogado centenas de pessoas nas ruas de todo o Brasil, sem as
possibilidades mínimas de acesso a moradia e demais direitos fundamentais,
submetidas aos mais terríveis crimes.
6)
Violência
da Política econômica neoliberal (neocolonial) que desde Collor de Melo,
passando por FHC, Lula e agora com Dilma Rousseff suga da classe trabalhadora
grande fatia do orçamento do país e repassa para uns poucos banqueiros gigantes
para pagar os juros da dívida pública, asfixiando, assim, o SUS, a educação
pública e adiando indefinidamente a realização de uma Reforma Agrária Popular.
7)
Violência
da polícia que continua torturando milhares de jovens negros e empobrecidos
diariamente pelo Brasil afora.
8)
Violência
do sistema penal e carcerário brasileiro que, como campos de concentração,
subtraem muito mais do que o direito de ir e vir e impõe castigo os presos pela
superlotação dos presídios, pelas condições degradantes e desumanas das
prisões.
9)
Violência
escondida e subliminar das propagandas televisivas que seduzem de crianças
a idosos reduzindo o ser humano a mero consumidor de mercadorias, muitas delas
supérfluas e inúteis. É a idolatria do mercado e do capital.
10)
Violência
da injustiça social que sustenta um déficit habitacional acima de 7 milhões
de moradias, condenando, por isso, milhões de famílias à cruz do aluguel e à
humilhação que é sobreviver de favor.
Enfim, quem de fato e em
última instância gera violência no Brasil? Paulo Freire, na Pedagogia do Oprimido, diz que a classe
dominante adora chamar os violentados de violentos quando os oprimidos ousam
levantar a cabeça e, de forma organizada e coletiva, se rebelam contra o
sistema que os violenta. Colocar panos quentes em cima das feridas do povo
brasileiro não constrói uma sociedade de paz. Aliás, aprofunda a violência. Em
uma sociedade injusta estruturalmente só a luta por justiça pode trazer mudanças
reais a favor do povo. Luta que não incomoda os poderosos não é luta por
justiça.
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