Ocupação
urbana em Barão de Cocais, com dezenas de Famílias sem-casa, na iminência de
serem despejadas. Injustiça!!!
Prazo
de 10 dias: Sem-teto do Garcia são notificados
(Reportagem do Jornal Barão de Cocais, 09/05/2014, p. 3)
(Reportagem do Jornal Barão de Cocais, 09/05/2014, p. 3)
Um oficial de Justiça, acompanhado de três policiais militares, notificou, ontem de manhã, 64 sem-teto que invadiram terrenos no bairro Garcia, em Barão de Cocais, para deixarem o local em 10 dias. Após esse prazo, os barracos serão demolidos e as cercas de arame, removidas.
A ordem de
reintegração de posse foi expedida pelo juiz Felipe Alexandre Vieira Rodrigues,
a pedido do prefeito Armando Verdolin (PSDB). O terreno pertence à Prefeitura.
Os sem-teto se
reuniram com o oficial de Justiça na rotatória próxima à estação ferroviária da
Vale. Não houve tumulto e todos ouviram atentamente as orientações e discutiram
medidas que podem tomar para evitar o despejo.
O líder dos sem-teto,
Saulo Lopes, disse que o grupo vai recorrer da decisão judicial e já conseguiu
um advogado para isso. “Vamos recorrer dessa decisão porque aqui tem pessoas
honestas, que merecem o respeito e ter uma dignidade de vida melhor. Eu
acredito na Justiça e vamos lutar até o final. Tem pessoas que já estão com
casa pronta e se sair não tem para onde ir”, explicou ele.
Um dos casos citados
pelo líder dos sem-teto é o da desempregada Patrícia Alves de Jesus, 32 anos,
que construiu um barraco de três cômodos no local, com ajuda de amigos com e
tijolos doados até pela Igreja Católica. “Eu construí este barraco com ajuda
dos outros e dos pais dos meus filhos que ajudaram na mão de obra. Grande parte
aqui quem me deu foram os amigos e a Igreja, os católicos que ajudaram nos
blocos. Vivo de pensão no valor de R$ 350 e Bolsa Família. Estou desempregada e
lutando com meus três filhos, porque eu não tenho para onde ir. A Prefeitura me
prometeu uma casa neste bairro e não me deu. Grande parte de quem ganhou não
precisa. Eu só construí para morar com os meus filhos”, contou ela, emocionada.
Patrícia Alves
relatou, em depoimento gravado, que teria sido humilhada pelo prefeito quando
foi pedir a ele ajuda para conseguir ligar água em seu barraco. “Fui conversar
com Armando [Verdolin] para olhar uma água para o meu barraco, aí ele mandou eu
procurar o juiz [Felipe Rodrigues] porque ele disse que iria jogar meu barraco
no chão, porque eu sou uma ladrona [ladra]. Ele jogou na minha cara que eu
roubei o lote da Prefeitura. Só quero um lugar para morar. Eu peço para o juiz
não me tirar daqui com meus três filhos”, afirmou, chorando.
Quem também corre
risco de perder o pouco que tem é Alexandre Neris, 43. “Na época minha esposa
conseguiu este pedaço aqui da Prefeitura. Antes disso eu fui à Prefeitura para
conseguir uma casa no programa social mais lá só consegue quem não precisa. Tem
pessoas aqui que têm dinheiro e têm casa aqui neste bairro. Eu pago aluguel,
estou desempregado. Trabalho com mototáxi, mas é um bico. Peguei dinheiro
emprestado para começar a obra para agora acontecer isso?”, disse ele.
“O que me deixa
triste é porque a gente vai na Prefeitura conseguir um apoio e não consegue e
agora eles querem tirar a gente daqui. Agora, na hora de pedir voto vai na casa
da gente prometendo mundos e fundos”, desabafou Alexandre Neris.
Maria de Lourdes
Leal, 44, disse que vai morrer no local mas não sairá. “Eu estou muito
revoltada. Não consigo mais pagar aluguel porque não tenho mais condições.
Armando [Verdolin] não faz nada para ajudar a gente. Isso é um absurdo. Eu vou
lutar até o fim, mesmo que eles me matem, mas eu não saio. Eu preciso de uma
casa mesmo que seja um cômodo para morar, mas eu preciso”, afirmou, também
chorando.
Foto: Patrícia Alves
relatou, que teria sido humilhada pelo prefeito quando foi pedir a ele ajuda
para conseguir ligar água em seu barraco.
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