quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ocupação urbana em Barão de Cocais, com dezenas de Famílias sem-casa, na iminência de serem despejadas. Injustiça!!!

Ocupação urbana em Barão de Cocais, com dezenas de Famílias sem-casa, na iminência de serem despejadas. Injustiça!!!

Prazo de 10 dias: Sem-teto do Garcia são notificados
(Reportagem do Jornal Barão de Cocais, 09/05/2014, p. 3)

      Um oficial de Justiça, acompanhado de três policiais militares, notificou, ontem de manhã, 64 sem-teto que invadiram terrenos no bairro Garcia, em Barão de Cocais, para deixarem o local em 10 dias. Após esse prazo, os barracos serão demolidos e as cercas de arame, removidas.
A ordem de reintegração de posse foi expedida pelo juiz Felipe Alexandre Vieira Rodrigues, a pedido do prefeito Armando Verdolin (PSDB). O terreno pertence à Prefeitura.
Os sem-teto se reuniram com o oficial de Justiça na rotatória próxima à estação ferroviária da Vale. Não houve tumulto e todos ouviram atentamente as orientações e discutiram medidas que podem tomar para evitar o despejo.
O líder dos sem-teto, Saulo Lopes, disse que o grupo vai recorrer da decisão judicial e já conseguiu um advogado para isso. “Vamos recorrer dessa decisão porque aqui tem pessoas honestas, que merecem o respeito e ter uma dignidade de vida melhor. Eu acredito na Justiça e vamos lutar até o final. Tem pessoas que já estão com casa pronta e se sair não tem para onde ir”, explicou ele.
Um dos casos citados pelo líder dos sem-teto é o da desempregada Patrícia Alves de Jesus, 32 anos, que construiu um barraco de três cômodos no local, com ajuda de amigos com e tijolos doados até pela Igreja Católica. “Eu construí este barraco com ajuda dos outros e dos pais dos meus filhos que ajudaram na mão de obra. Grande parte aqui quem me deu foram os amigos e a Igreja, os católicos que ajudaram nos blocos. Vivo de pensão no valor de R$ 350 e Bolsa Família. Estou desempregada e lutando com meus três filhos, porque eu não tenho para onde ir. A Prefeitura me prometeu uma casa neste bairro e não me deu. Grande parte de quem ganhou não precisa. Eu só construí para morar com os meus filhos”, contou ela, emocionada.
Patrícia Alves relatou, em depoimento gravado, que teria sido humilhada pelo prefeito quando foi pedir a ele ajuda para conseguir ligar água em seu barraco. “Fui conversar com Armando [Verdolin] para olhar uma água para o meu barraco, aí ele mandou eu procurar o juiz [Felipe Rodrigues] porque ele disse que iria jogar meu barraco no chão, porque eu sou uma ladrona [ladra]. Ele jogou na minha cara que eu roubei o lote da Prefeitura. Só quero um lugar para morar. Eu peço para o juiz não me tirar daqui com meus três filhos”, afirmou, chorando.
Quem também corre risco de perder o pouco que tem é Alexandre Neris, 43. “Na época minha esposa conseguiu este pedaço aqui da Prefeitura. Antes disso eu fui à Prefeitura para conseguir uma casa no programa social mais lá só consegue quem não precisa. Tem pessoas aqui que têm dinheiro e têm casa aqui neste bairro. Eu pago aluguel, estou desempregado. Trabalho com mototáxi, mas é um bico. Peguei dinheiro emprestado para começar a obra para agora acontecer isso?”, disse ele.
“O que me deixa triste é porque a gente vai na Prefeitura conseguir um apoio e não consegue e agora eles querem tirar a gente daqui. Agora, na hora de pedir voto vai na casa da gente prometendo mundos e fundos”, desabafou Alexandre Neris.
Maria de Lourdes Leal, 44, disse que vai morrer no local mas não sairá. “Eu estou muito revoltada. Não consigo mais pagar aluguel porque não tenho mais condições. Armando [Verdolin] não faz nada para ajudar a gente. Isso é um absurdo. Eu vou lutar até o fim, mesmo que eles me matem, mas eu não saio. Eu preciso de uma casa mesmo que seja um cômodo para morar, mas eu preciso”, afirmou, também chorando.

Foto: Patrícia Alves relatou, que teria sido humilhada pelo prefeito quando foi pedir a ele ajuda para conseguir ligar água em seu barraco.



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