terça-feira, 23 de janeiro de 2018

14º Intereclesial das CEBs: realidade e perguntas que incomodam

14º Intereclesial das CEBs: realidade e perguntas que incomodam
Gilvander Moreira[1]


Com o Tema “CEBs e os desafios do mundo urbano” e o Lema: “Eu vi ..., eu ouvi o clamor do meu povo (os oprimidos) e desci para libertá-los” (Ex 3,7), de 23 a 27 de janeiro de 2018, acontece em Londrina, no Paraná, o 14º Intereclesial das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). “Lá vem o trem das CEBs ...” há 43 anos percorrendo o Brasil, desde 1975, em Vitória, no Espírito Santo, quando aconteceu o 1º Intereclesial das CEBs. 1975 é também o ano de nascimento da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Com 43 anos de caminhada, de marcha e história libertadora, o Trem das CEBs chega pela 1ª vez ao Paraná, em Londrina, no 14º Intereclesial das CEBs. Desde já agradecemos a todas/os que se empenharam na preparação durante os últimos 4 anos e a calorosa acolhida em Londrina.
O tema do 14º intereclesial é “CEBs e os desafios do mundo urbano”. A principal característica das cidades não é a pluralidade, mas a desigualdade: poucos com muito e a maior parte do povo com quase nada. As cidades capitalistas são constituídas por oásis de muito luxo, rodeados por povos empurrados para as periferias ocupadas, onde está a força de trabalho que constrói a cidade – a força de trabalho dos pobres é querida e necessária -, mas, discriminados e criminalizados, têm a dignidade humana violentada. Salvo raras exceções, não temos cidades justas e ecológicas, mas cidades com desigualdades socioterritoriais, onde 46% do povo constroem suas casas em regime de autoconstrução de forma improvisada e como joão-de-barro, um pouco a cada semana. “Cidades profundamente desiguais. O contraste entre os bairros nobres ou condomínios de luxo, e as favelas ou zonas deterioradas das periferias das metrópoles é o melhor exemplo disso: moradores de bairros nobres deslocam-se em ônibus exclusivos, automóveis blindados ou até helicópteros; já os moradores da periferia, por vezes, têm que andar a pé no barro para chegar à estação de trem ou ao ponto de ônibus que os levará ao local de trabalho” (Cf. Texto-Base do 14º Intereclesial da CEBs).
O arcebispo da arquidiocese de Londrina, Dom Geremias Steinmetz, em entrevista para o 14º Intereclesial das CEBs, dia 21/01/2018, afirmou que os desafios urbanos em Londrina também são graves. Disse Dom Geremias: “Em Londrina, cidade com quase 600 mil habitantes, há um déficit habitacional para além de 60 mil moradias, enquanto há muitos imóveis ociosos na cidade. Mais de 15 mil pessoas estão passando fome diariamente em Londrina, onde a violência também está muito alta”. Em Londrina, um empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida foi paralisado pela construtora e pelo Governo Federal. As casas e sobrados inacabados foram ocupados por famílias que não suportam mais a pesadíssima cruz do aluguel ou a humilhação que é sobreviver de favor. Próximo a Londrina, no município de Tamarana, (r)existe o povo indígena Kaingang em seu território conquistado com muita luta. Entretanto, desterrados, muitos indígenas Kaingang estão nas ruas de Londrina, principalmente na Via Expressa (Av. 10 de dezembro), pedindo ajuda para a sobrevivência.
Nas cidades brasileiras há mais de 30 tipos de famílias. Não dá mais para falar em “famílias estruturadas” e “famílias desestruturadas”. Essa classificação discrimina a imensa pluralidade de famílias existentes na atualidade. Segundo Dom Geremias, o papa Francisco “está jogando a bola lá na frente”, à esquerda, no meio dos oprimidos e injustiçados, acrescentamos. Feliz quem ouvir os clamores dos injustiçados no campo e na cidade e com eles se comprometer na luta por justiça social, agrária, urbana e socioambiental.
Muitas perguntas precisam incomodar a nossa consciência no 14º Intereclesial das CEBs e no pós-encontro. Em espírito de diálogo e para provocar a reflexão, ciente de que há uma imensa pluralidade entre as CEBs no Brasil, ousamos levantar 10 perguntas. Ei-las: 1) Nas décadas de 1970 e 1980, as CEBs foram sementeiras de movimentos populares. E agora, na segunda década do século XXI? 2) No Trem das CEBs, as CEBs deixaram de ser locomotiva para ser vagão? 3) Os movimentos populares e as Ocupações urbanas e do campo, atualmente, são na prática quem fazem o que as CEBs faziam no passado? 4) Quais os desafios espinhosos que não podem ser esquecidos, mas precisam ser encarados no - e a partir do - 14º Intereclesial das CEBs, tanto internamente na igreja quanto na sociedade? 5) Cadê o povo das CEBs participando das Ocupações urbanas e do campo? 6) As Ocupações, tanto na cidade quanto no campo, são na prática CEBs sem rótulo? 7) Será que se a maioria dos membros das CEBs e dos/as participantes das igrejas estivessem sendo fieis ao evangelho de Jesus Cristo, os capitalistas e golpistas estariam amputando tantos direitos sociais? 8) Quantos por cento do povo das igrejas votaram em parlamentares que compõem o atual congresso nacional golpista? 9) Qual a responsabilidade das igrejas e das CEBs diante do 7º golpe contra o povo brasileiro consumado em 31 de agosto de 2016 e dos golpes nos direitos sociais? 10) O/a bom pastor/a conduz seu rebanho do redil (curral) para campo aberto – reino de vida e liberdade - ou retira o povo das ruas e conduz para dentro das igrejas? Que a narrativa do bom pastor (Jo 10) nos inspire. Quais outras perguntas e apelos precisam ser respondidos?
A história das CEBs demonstra que o DNA das CEBs está na Opção pelos Pobres, na profecia, no compromisso com a luta dos explorados pelos seus direitos e em uma espiritualidade libertadora e ecumênica. CEBs é igreja na base. Se não for na base da sociedade e das igrejas, não é CEBs. Não basta construir e participar de Comunidades. É preciso que as Comunidades sejam Eclesiais e de Base. Não se pode esquecer o Eclesial e nem a Base, sob pena de traição ao evangelho de Jesus Cristo e das primeiras comunidades cristãs que eram inculturadas, proféticas, ecumênicas, com protagonismo das mulheres e dos leigos, com opção pelos pobres, eram de fato luz no mundo e fermento na massa. A luz incomoda as trevas e o fermento incomoda a massa. Só solidariedade não incomoda os opressores. A luta por justiça, sim, incomoda os podres poderes, mas é o que de fato supera corrupções e superexplorações. Os Bispos do Brasil reconhecem que “as CEBs são uma forma de vivência comunitária, de inserção na sociedade, de exercícios do profetismo e de compromisso com a transformação da realida­de, sob a luz do Evangelho” (cf. Doc. 105, nº 146).
A realidade de Londrina e do Brasil e as perguntas acima decorrem da certeza de que sem luta por justiça, só com solidariedade não se supera os gravíssimos desafios do mundo urbano. Paróquias hierarquizadas são um grande obstáculos à vida das CEBs. Atualmente muitas lideranças de CEBs estão exiladas, excluídas de paróquias onde padres, como sumo-sacerdotes, em tom arrogante e antievangélico, dizem: “aqui quem manda sou eu. Quem não gostar, pode sair”. Entretanto, mesmo no meio de tantas trevas – corrupção (10% da violência), opressão e superexploração/mais valia (90% da violência) – as CEBs e todas as outras forças vivas da sociedade estão construindo uma nova aurora de justiça e paz. O Espírito do Deus da vida, sempre profético, está soprando e sempre soprará. O 14º Intereclesial das CEBs entrará para a história como mais um pentecostes na vida da igreja e na sociedade brasileira. Felizes os que tiverem com corações acolhedores e ouvidos atentos, pois o Deus solidário e libertador vai falar no 14º Intereclesial. Que o 14º Intereclesial das CEBs seja uma beleza espiritual e profética! 
Participe e acompanhe o 14º Intereclesial das CEBs pelo site www.cebsdobrasil.com.br . E divulgue!

Londrina, PR, 22/01/2018.

Obs.: O vídeo, abaixo, ilustra o texto, acima.

Plenária “CEBs e os Desafios no Mundo Urbano”, com Celso Pinto Carias






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. 
www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Ocupação Vicentão/BH/MG: direito à moradia, ao trabalho e ao centro da c...

Ocupação
Vicentão, em Belo Horizonte, MG: pelo direito à moradia, ao trabalho e ao
centro da cidade. 1a parte. 14/1/2018
A
Ocupação Vicentão, no centro de Belo Horizonte, 
é fruto da organização de pessoas que não têm acesso a políticas
públicas de moradia digna e que lutam por uma cidade onde caibam todas e todos.
O imóvel, situado à Rua Espírito Santo, 461, no centro de Belo Horizonte, está
cheio de embaraços judiciais e estava abandonado há anos, sem cumprir função
social.
*Reportagem
de frei Gilvander Moreira, da CPT e do CEBI. Belo Horizonte/MG, 14/1/2018.


*
Inscreva-se no You tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por
Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros
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Ocupação Vicentão/BH/MG: direito à moradia, ao trabalho e ao centro da c...

Ocupação
Vicentão, em Belo Horizonte, MG: pelo direito à moradia, ao trabalho e ao
centro da cidade. 1a parte. 14/1/2018
A
Ocupação Vicentão, no centro de Belo Horizonte, 
é fruto da organização de pessoas que não têm acesso a políticas
públicas de moradia digna e que lutam por uma cidade onde caibam todas e todos.
O imóvel, situado à Rua Espírito Santo, 461, no centro de Belo Horizonte, está
cheio de embaraços judiciais e estava abandonado há anos, sem cumprir função
social.
*Reportagem
de frei Gilvander Moreira, da CPT e do CEBI. Belo Horizonte/MG, 14/1/2018.


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Ocupação
Vicentão, em Belo Horizonte, MG: pelo direito à moradia, ao trabalho e ao
centro da cidade. 1a parte. 14/1/2018
A
Ocupação Vicentão, no centro de Belo Horizonte, 
é fruto da organização de pessoas que não têm acesso a políticas
públicas de moradia digna e que lutam por uma cidade onde caibam todas e todos.
O imóvel, situado à Rua Espírito Santo, 461, no centro de Belo Horizonte, está
cheio de embaraços judiciais e estava abandonado há anos, sem cumprir função
social.
*Reportagem
de frei Gilvander Moreira, da CPT e do CEBI. Belo Horizonte/MG, 14/1/2018.


*
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domingo, 21 de janeiro de 2018

14º Intereclesial das CEBs, em Londrina, PR, de 23 a 27/01/2018: acompanhe pelo site www.cebsdobrasil.com.br

14º Intereclesial das CEBs, em Londrina, PR, de 23 a 27/01/2018: acompanhe pelo site www.cebsdobrasil.com.br



14º Intereclesial das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base)

Tema: CEBs e os Desafios do Mundo Urbano.

Lema: “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo (oprimido) e desci para libertá-lo” (Ex 3,7).

“Lá vem o trem das CEBs ...” há 43 anos percorrendo o Brasil, desde 1975, em Vitória, no Espírito Santo, quando aconteceu o 1º Intereclesial das CEBs. 1975 é também o ano de nascimento da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Com 43 anos de caminhada, de marcha e história libertadora, o Trem das CEBs chega pela 1ª vez no Paraná, em Londrina, no 14º Intereclesial das CEBs. Que beleza espiritual profética inspiradora!

Participe e acompanhe também pelo site www.cebsdobrasil.com.br . E divulgue!


Abraço terno. Frei Gilvander Moreira.

Luta que gera vida/Educação do Campo/FAE/UFMG/Maria da Conceição/MST/Ita...

Luta
que gera vida com qualidade. Acampamento Maria da Conceição, do MST, em
Itatiaiuçu, MG, apresenta aos estudantes de Licenciatura em Educação do Campo,
da FAE/UFMG, seu modo alternativo de viver. 3ª Parte – 13/1/2018.

Estudantes do curso de
Licenciatura em Educação do Campo da FAE/UFMG, em visita ao Acampamento Maria
da Conceição/MST, em Itatiaiuçu, dia 13/01/2018, conhecem o modo alternativo de
viver das famílias Sem Terra do Acampamento Maria da Conceição, em relação à
energia, ao consumo e utilização da água, aos cuidados com a saúde, e como essa
prática influencia na sua qualidade de vida.
*Reportagem em vídeo de frei
Glvander Moreira, da CPT e do CEBI. Itatiaiuçu/MG, 13/1/2018.


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sábado, 20 de janeiro de 2018

Palavra Ética-TVC-BH: Feira de cultura da Reforma Agrária, do MST, em BH...

Palavra
Ética na TVC/BH: Feira de cultura da Reforma Agrária, do MST, em BH, de 6 a
8/10/2017.
*Reportagem em vídeo de frei
Gilvander Moreira, da CPT e do CEBI. Belo Horizonte/MG, 11/11/2017.


* Inscreva-se no You tube,
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