quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Indícios de Crime socioambiental no Parque Nacional da Serra do Cipó, em Santana do Riacho, MG. Representação ao Ministério Público Federal. BH, 24/02/2014.

Indícios de Crime socioambiental no Parque Nacional da Serra do Cipó, em Santana do Riacho, MG.
Representação ao Ministério Público Federal.

Procedimento preparatório n. 1.22.000.0022146/2013-08

Ata de reunião.
Aos 24 de fevereiro de 2014, às 15h00, na sede desta Procuradora da República em Minas Gerais, reuniram-se o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Edmundo Antônio Dias, a Professora da UFMG Delze dos Santos Laureano, Coordenadora do Grupo de Estudos em Questões Agrárias, GEQA/UFMG; Iná Aleixo, estudante de Direito da UFMG e Frei Gilvander Luís Moreira, representando a Comissão Pastoral da Terra – CPT -, ocasião em que declararam o seguinte: Que após serem convidados para participar de uma reunião com as famílias das comunidades tradicionais da Serra do Cipó, situado no município de Santana do Riacho, MG, juntamente com pesquisadores da FAFICH/UFMG e do NIISA/UNIMONTES, no dia 22/02/2014, tomaram conhecimento in loco de fatos graves que vêm ocorrendo na área do Parque da Serra do Cipó; Que na mencionada data, após terem se deslocado até o local, constaram que, diretamente ou por ordem do ICMBio, autarquia que administra o Parque da Serra do Cipó, máquinas pesadas derrubaram grande quantidade de árvores nativas, inclusive madeiras de lei e palmeiras macaúba; Que também foi removida grande quantidade de terra em uma área de declividade acima de 45 graus, situada a montante de curso d’água; Que agrava a situação o fato de no local viverem 6 (seis) famílias tradicionais, as quais têm o título de propriedade da área onde residem e sendo beneficiárias de um direito de manejo; estão sofrendo todo impacto negativo da obra, sem qualquer informação prévia por parte do ICMBio; Que uma das famílias atingidas, da qual faz parte o Sr. Antonio Carlos, conhecido como “Peixe”, está confinada dentro da sua casa, em razão da grande quantidade de terra e árvores depositadas na estada que lhe dá acesso à residência; Que as famílias beneficiárias pelo Plano de Manejo do Parque têm sido impedidas de exercitar seu modo de vida e ocupação tradicionais, estando desprovidas de renda por tal razão; Que aproximadamente 50(cinquenta) famílias foram expulsas do parque, sem terem recebido qualquer indenização pela área de sua propriedade; Que por tal razão, reivindicam o direito de voltarem a residir no local.

Edmundo Antonio Dias
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão

Renata da Costa Quinino
Analista Processual

Frei Gilvander Luís Moreira
Comissão Pastora da Terra – CPT

Delze dos Santos Laureano
Coordenadora do Grupo de Estudos em Questões Agrárias da UFMG

Iná Aleixo
Estudante de Direito da UFMG

Procedimento preparatório n. 1.22.000.0022146/2013-08

Despacho.
1.   Junte-se aos autos a anexa Ata de Reunião, para instrução do procedimento preparatório, que se limita ao direito, previsto no respectivo plano de manejo, de permanência no PARNA da Serra do Cipó das famílias que tradicionalmente o ocupavam quando de sua criação.
2.   No tocante às questões ambientais relatadas na reunião, extraia-se cópia, distribuindo-a, com urgência, ao Núcleo de Tutela do Meio Ambiente.
Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2014.

Edmundo Antonio Dias
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão



terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crime Ambiental cometido por órgão responsável pela conservação?! ICMBio cometendo crime socioambiental no Parque Nacional da Serra do Cipó, MG? BH, 25/02/2014.

Crime Ambiental cometido por órgão responsável pela conservação?!
ICMBio cometendo crime socioambiental no Parque Nacional da Serra do Cipó, MG?
Nota Pública à imprensa e à sociedade.
Às autoridades do meio ambiente e a todas as pessoas que compartilham o compromisso com a construção de uma sociedade justa e solidária, vêm os moradores e familiares da comunidade do Retiro – Comunidade Tradicional -, no Município de Santana do Riacho, MG, informar que convocaram e, posteriormente, em 22/02/2014, realizaram uma reunião para denunciar as ações que o ICMBio está executando  no Parque Nacional da Serra do Cipó, criado em 1975.
Ocorre que há famílias de comunidades tradicionais que resistem à remoção compulsória do local, dentre outras razões fundamentais porque têm o título de propriedade da terra e não foram indenizados. A esses se juntaram famílias ex-moradoras e parentes para denunciar que o ICMBio, mesmo não tendo a posse legal daquela área, iniciou no dia 17/02/2014 uma obra para calçamento e alargamento de via de servidão que passa ao largo dos seus terrenos. Alegam que os impactos ambientais e sociais negativos são imensos.
As famílias além de não terem sido consultadas sobre as obras, sequer conhecem o projeto, “conforme prescreve a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a Convenção sobre a Diversidade Biológica, entre outros instrumentos internacionais e a própria legislação brasileira”, adverte a professora Ana Beatriz Vianna Mendes, do GESTA-UFMG. Contrariamente, as famílias foram surpreendidas com o início da obra de grande magnitude. São trechos com cerca de 25 metros de largura, abertos na vegetação nativa, sendo que a servidão tradicionalmente utilizada tem apenas cerca de 5 metros. Tal ampliação resultou em grande retirada de diversas espécies da mata nativa, inclusive de coqueiros centenários de macaúba, aroeiras (madeira de lei, proibida de ser cortada), entre outras árvores que foram, durante mais de 100 anos, preservadas pelas famílias do Retiro. Além disso, a área que está sendo ampliada/desmatada encontra-se em uma encosta de morro com acentuada declividade. Segundo informações dos moradores, toda a terra revolvida será removida, e eles não sabem como, nem para onde, nem quando ela será retirada do local, o que os faz temer pelo assoreamento do curso d’água que fica abaixo, margeando toda a obra.
Há também o caso de uma família que está confinada em sua casa, pois o seu acesso está bloqueado pelas árvores e coqueiros derrubados. Ou seja, não bastasse a ilegalidade na condução, a obra está impedindo o direito de ir e vir de uma das famílias do Retiro.  
Segundo relataram os moradores, eles convidaram servidores do ICMBio a participarem dessa reunião, para apresentarem o projeto e ouvir suas sugestões, mas eles se recusaram a participar.
Todos os atingidos por essas obras expressaram, na reunião, profundo sofrimento e indignação pelo desmatamento que está ocorrendo nessa área conhecida como Retiro. O sofrimento decorre do fato de assistirem sem poder se opor à destruição de grande parte da área que, ao longo de toda a vida, foi o lugar onde moram e se relacionam com a biodiversidade.
 A indignação decorre do contrassenso de ser o próprio órgão ambiental, o ICMBio, o protagonista desse crime ambiental, somado ao fato de que é também o órgão que vem impedindo que os próprios moradores utilizem madeiras para fazer reformas nas suas casas, que precisam de intervenções urgentes sob o  risco de cair. É também o órgão ambiental que, em prol da preservação, ao longo dos últimos anos proibiu, expulsou e coibiu moradores e ex-moradores de toda a região da Serra do Cipó, impedindo-os de viver seu modo tradicional de vida e, portanto, violando direitos humanos fundamentais dessas comunidades.
Os moradores pedem todo o apoio para paralisar imediatamente a obra até que sejam cumpridas todas as determinações legais e os princípios da ética e da justiça, inclusive e principalmente devido à sua desproporcionalidade. Exigem que o  ICMBio  estabeleça diálogo com os proprietários e moradores do  lugar de modo a que  haja mais respeito para com as pessoas e com a natureza da Serra do Cipó.
Ontem, dia 25/02/2014, após reunião com o Procurador Ministério Público Federal – MPF -, Dr. Edmundo Antonio, fizemos Representação ao MPF, Núcleo de Meio Ambiente, para que conquiste com urgência a paralisação da obra que está sendo crime socioambiental.
Com a palavra o MPF, a Justiça, a ICMBio. Enfim, as autoridades implicadas na questão e as pessoas de boa vontade.

Assinam:
GEQA - Grupo de Estudos em Questões Agrária da FD/UFMG
CPT - Comissão Pastoral da Terra
Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG.


Belo Horizonte, MG, Brasil, 25 de fevereiro de 2014.

Marcha do VI Congresso do MST: Um grito: “Dilma, cadê a reforma agrária?” BH, 19/02/2014.

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Marcha do VI Congresso do MST: Lutar, construir Reforma Agrária Popular. BH, 19/02/2014.

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Marcha do VI Congresso do MST protesta diante da Embaixada dos Estados Unidos. Tensão com seguranças particulares e com a PM. BH, 19/02/2014.

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Marcha do VI Congresso do MST protesta diante da Embaixada dos Estados Unidos. BH, 19/02/2014.

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Marcha do VI Congresso do MST, ao lado do Congresso Nacional, denuncia a falta de reforma agrária. BH, 19/02/2014.

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