terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O CASO DO HELICÓPTERO, por Antônio Pinheiro, de Belo Horizonte, 26/01/2016.

O CASO DO HELICÓPTERO

 Antônio Pinheiro, de Belo Horizonte, pai do Chico Pinheiro da TV Globo.

A liberdade de imprensa e o compromisso com a verdade são dois mitos que insistem em desafiar os profissionais que lidam diariamente com a informação.
Se por um lado, no caso brasileiro, os jornalistas ficaram livres daquela censura mais ostensiva, escancarada e torpe, própria dos regimes ditatoriais, de outro, eles continuam sofrendo cerceamento em sua liberdade de expressão por parte dos grupos econômicos e políticos que dão sustentação às empresas para as quais trabalham.
Assim, não são raras as ocasiões em que os jornalistas são simplesmente impedidos de abordar ou reportar determinados assuntos ou de noticiá-los de maneira mais clara ou isenta.
Ou eles se submetem à ordem estabelecida ou são demitidos.
Como leitor assíduo de jornais e, eventualmente procurado por jornalistas em função das posições políticas que adotei ao longo da minha vida pública, essa é uma questão que sempre me intrigou e despertou curiosidade.
Lembro-me de certa vez, quando exercia o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), ter recebido em meu gabinete um jornalista que havia feito a cobertura de um dos meus pronunciamentos no plenário daquela Casa.
Tratava-se de um profissional respeitado pelos seus pares e pelos colegas parlamentares, que foi até minha sala tentar justificar-se comigo pelo fato de não ter dado o devido destaque ao teor do que eu havia dito em sua reportagem que saiu publicada em um grande jornal da capital mineira.
De acordo com esse profissional, cuja identidade, por motivos óbvios, peço licença para manter em sigilo, o jornal para o qual trabalhava, lhe pagava um salário insuficiente para cobrir as suas despesas.
Assim, para compor o seu orçamento, teve que buscar um segundo emprego. Achou-o na Assembleia Legislativa, que, como uma mãe, lhe pagava duas vezes mais do que recebia pelo jornal.
Em função disso, ficou clara a razão pela qual a sua matéria saíra incompleta, pois, segundo me explicou, ela deveria seguir certos protocolos, ter um certo viés capaz de atender a determinados interesses políticos partidários.
Já desconfiava disso, e tal fato só veio confirmar a censura camuflada que vigora em nosso Estado e em nosso país.
Um flagrante desrespeito à opinião pública e ao cidadão que paga seus impostos (e, que, indiretamente, paga os salários daquele jornalista e dos deputados), mas que tem subtraído por interesses escusos, o seu sagrado direito à informação.
Menciono este caso para lembrar-lhes de outra notícia, bem mais importante que saiu publicada na imprensa em 26/11/2013.
Ganhou logo as páginas dos jornais e os telejornais como mais um grande escândalo político, mas que, não obstante o seu potencial escandaloso, acabou sendo esquecido (ou abafado) pela mídia, já que ninguém fala mais sobre ele.
Trata-se do caso do helicóptero pertencente a uma empresa da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG) que foi apreendido naquele dia transportando meia tonelada de cocaína.
Soube-se depois que a aeronave era pilotada por um funcionário da ALMG lotado no gabinete do filho do senador, o deputado Gustavo Perrella (SD), e que era abastecida com dinheiro público.
O helicóptero teria saído com a droga de São Paulo, fez escala em Divinópolis (MG), e depois seguiu rumo a uma fazenda em Afonso Cláudio (ES), onde foi preso pela Polícia Federal.
Ou seja: um helicóptero e pilotos pagos com dinheiro público para traficar 450 quilos de cocaína.
Estou enganado ou isso não é um escândalo? Um helicóptero transportando cocaína à custa do erário dos vazios cofres do Estado de Minas Gerais!
Diante disso, me vem à memória os recentes pronunciamentos feitos pelos deputados Sávio Souza Cruz quando denunciou da tribuna da ALMG que a Casa que nos representa é um “prostíbulo”, e  Sargento Rodrigues, que igualmente indignado, denunciou publicamente que há colegas seus que são “venais”.
Como a imprensa, conforme dito no início desse artigo, tem lá suas limitações para tratar determinados temas, indago então aos nossos caros parlamentares, se eles vão preferir vestir a carapuça ou dar um basta nessa situação escandalosa, investigando a fundo esse caso que associou a instituição ao tráfico de drogas e manchou vergonhosamente a sua imagem e história?
Quando darão uma satisfação à opinião pública? Quando esclarecerão a quem pertencia esta carga de desgraça, que é a cocaína? Qual será a punição que pretendem aplicar aos envolvidos? E como a ALMG será ressarcida pelo dinheiro que foi desviado?
Minas Gerais e o Brasil não merecem mais esse vexame moral, como bem disse o nobre jornalista Acílio Lara Resende, em artigo publicado no jornal “O Tempo” do dia 7 de janeiro de 2016. Nos diz ele que “além da inteligência, o Brasil perdeu a sua consciência moral.”
Volto a citar um provérbio bíblico: Se “um filho insensato é a desgraça dos pais”, não seriam um bando de políticos insensatos os responsáveis pela desgraça que hoje abate nosso povo?



Um comentário:

  1. Frei Gilvande pq o senhor apoia o PSOL sendo que ele é um partido que promove o aborto a promiscuidade,o homossexualismo e outras coisas que vão contra a doutrina católica??

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