quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ocupação dos Carroceiros no Tirol/BH: Mães e técnicos clamam por justiça...




Ocupação dos Carroceiros no Tirol, em Belo Horizonte/MG: Mães e técnicos clamam por justiça no TJMG. Laudo confirma que não há risco geológico. Vídeo 1 - 24/1/2019.

Mães da Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte/MG, e técnicos clamam por justiça no TJMG. 24/1/2019. Vídeo 1. Sob ameaça de injusto despejo, as famílias da Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte/MG, há mais de sete anos inseridas no local, em nove casas de alvenaria, animaram-se na esperança ao serem comunicadas que representantes da Comunidade seriam recebidos pelo Juiz responsável pela Liminar de Reintegração de Posse, no TJMG, dia 24/1/2019. Acompanhadas pelo geólogo . Dr. Carlos von Sperling Gieseke, pelo cartógrafo Eduardo Gontijo de Oliveira e por frei Gilvander, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), mães da Ocupação se dirigiram ao TJMG na feliz expectativa de serem ouvidas pelo Juiz. Infelizmente, a reunião foi cancelada, quando a Comissão chegou ao TJMG. Nesse vídeo, o clamor de mães da Ocupação pela permanência no local e o depoimento do cartógrafo Eduardo Gontijo de Oliveira, com detalhes do relatório feito para ser apresentado ao juiz, com argumentos que comprovam que a Ocupação não está em área de risco geológico, já que esse é o argumento utilizado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Defesa Civil da PBH, para requerer o despejo das nove famílias da Ocupação dos Carroceiros. Esperamos que o vídeo chegue às autoridades competentes e as inspire a rever a decisão do despejo, que fere cruelmente o princípio da dignidade humana e o direito constitucional a moradia adequada.

Mães da Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte, MG,
no TJMG, clamando pelo direito a moradia e contra o despejo anunciado.
Foto: Frei Gilvander

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte,MG, 24/1/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Barrem a lama tóxica da mineradora Vale antes que o rio São Francisco seja morto!


Barrem a lama tóxica da mineradora Vale antes que o rio São Francisco seja morto!

Foto: Divulgação / Jornal
Estado de Minas

No Velho Chico, não! Barrem a lama tóxica da mineradora Vale! Não permitimos que este crime da mineradora VALE e de seus aliados no Estado devorem o rio São Francisco! Salvemos o Velho Chico antes que ele seja matado!
Solidários às milhares de famílias e às diversas formas de vida massacradas pelo crime trágico da mineradora VALE, com a licença do Estado, a partir do município de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, dia 25 de janeiro/2019, trazemos a público, mais uma vez, nossa indignação. Viemos gritar e exigir medidas imediatas para impedir que esta tragédia se alastre pelo rio São Francisco.
Não foi acidente, foi crime anunciado! Era previsível, como são previsíveis os rompimentos de dezenas de outras grandes barragens de lama tóxica de mineração em muitos estados do Brasil.
Na Ata da reunião do COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental), de 11 de dezembro de 2018, que aprovou a renovação da licença ambiental para a mineradora VALE continuar a exploração de minério no complexo minerário da Jangada e da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, consta os alertas que foram feitos. O prof. Klemens Laschefski, da UFMG, por exemplo, em entrevista a vários meios de comunicação alertou para os riscos de continuar a atividade minerária na área do Córrego do Feijão. Maria Teresa Corujo (Teca), representante do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH) também fez contundentes e fundamentadas críticas à renovação da licença pleiteada pela VALE. Teca foi a única conselheira que votou contra a renovação da licença. Nove barragens de rejeitos minerários já romperam nos últimos anos em Minas Gerais. Nenhuma é 100% segura. Só não sabemos o dia e a hora que poderão romper. Elas romperão, não há dúvida, se não forem corrigidas com urgência conforme exige as novas tecnologias de descomissionamento de barragens.
De vozes e cabeças erguidas, reivindicamos, EM CARÁTER DE EMERGÊNCIA, medidas eficazes e eficientes que impeçam a chegada dos dejetos tóxicos da Vale ao rio São Francisco!
Caso, a lama tóxica chegue no São Francisco, como varreu todo o Rio Doce, o Rio São Francisco receberá mais uma punhalada que o colocará, definitivamente, em estado de morte. Será um desastre ecológico sem precedentes para as populações ribeirinhas e para todos os seres vivos que compõem sua biodiversidade. O rio São Francisco atravessa sete estados, tem 15 milhões de pessoas vivendo na sua bacia. A EMBASA, COPASA da Bahia, já está orientando a população da bacia do Rio São Francisco em território baiano a estocar água.
Clamamos ao Ministério Público, Estadual e Federal, aos governos Federal e Estadual que, de IMEDIATO, usem todos os meios, sem poupar esforços, para que a Vale e os órgãos competentes empreendam medidas que impeçam a chegada da lama tóxica no Velho Chico. E que haja um trabalho continuado, efetivando soluções duradouras para a retirada dos rejeitos tóxicos ao longo do rio Paraopeba, um dos principais afluentes do Velho Chico morto pela VALE, com licença do Estado, sacrificado pela idolatria do mercado e do capital. Caso este “lixo” tóxico chegue à barragem de Três Marias, não teremos mais o que fazer! O Rio Doce hoje é um Rio morto. Paraopeba é um Rio morto. Vamos deixar matar o rio São Francisco, também?
Solicitamos, como medida de precaução, a paralisação de todas as atividades minerárias no estado de Mina Gerais, até que sejam garantidas a segurança e a sustentabilidade socioambiental do povo e da biodiversidade mineira!
NÃO VALE ENGANAR O POVO! A lama é tóxica, sim - afirmam vários técnicos especializados. Está público! A mortandade de peixes é sinal da toxidade da lama. Não é “tragédia de Brumadinho”, é mais um crime da VALE, com licença do Estado. Jamais esqueceremos o crime/tragédia da VALE/SAMARCO/BHP, com a licença do Estado, a partir do município de Mariana, dia 05 de novembro de 2015 - e os criminosos continuam impunes planejando e realizando crimes socioambientais de proporções gigantes.
No Velho Chico, não! Não permitimos que este crime da irresponsabilidade da mineradora VALE e de seus aliados devorem o rio São Francisco! Salvemos o Velho Chico!

Assinam esta Nota:

CPT/MG – Comissão Pastoral da Terra
MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil
CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores
ANP – Articulação Nacional das Pescadoras
Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI/MG

Belo Horizonte, MG, 29 de janeiro de 2019.

O crime da VALE exige justiça e não apenas medidas paliativas



O crime da VALE exige justiça e não apenas medidas paliativas
Por Gilvander Moreira[1]

Crime tragédia da VALE, com licença do Estado,
a partir de Brumadinho, MG, dia 25/01/2019.
 Foto: Divulgação / Rede Social

O crime/tragédia gigante causado pela mineradora VALE, com licença do Estado, exige de todas as pessoas de boa vontade compromisso ético para que não apenas ações paliativas e secundárias sejam postas em prática, mas é imprescindível que justiça no sentido mais profundo seja efetivada. Profundamente comovido e indignado, o coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em Minas Gerais, Fillipe Gibran, passou o dia de ontem, 28 de janeiro de 2019, em Brumadinho, MG, tentando ser solidário e contribuir para que mais esse crime tragédia não fique impune. Em um relato dramático que interpela nossa consciência, diz Gibran: “É terrível o crime socioambiental da VALE, com anuência do Estado, ocorrido a partir de Brumadinho, MG, dia 25 de janeiro de 2019. A recuperação dos bens naturais é impossível de se pensar e a perda dos seres humanos também é incalculável. Já é o maior crime socioambiental da história da humanidade em número de pessoas mortas. Depois de muita insistência, alguns atingidos me confidenciaram que foram orientados pela VALE, pelo IBAMA e pela polícia civil a não passarem nenhuma informação a ninguém, nem à imprensa, nem aos movimentos sociais e nem às pastorais sociais. “Falaram pra gente que nenhum movimento social vai pagar as indenizações; que quem paga é a VALE - pagará quando e quanto? Como pagar o impagável? -, então é melhor fazer o que a VALE quer”, disse um sobrevivente. Ouvi que muitos moradores retiraram vários  corpos de pessoas do leito dos rios e que inclusive  na região de São Joaquim de Bicas, um pouco abaixo, encontram corpos também soterrados. Muitos moradores estão inconformados, dizendo que o número de desaparecidos é muito maior do que a VALE e a imprensa estão divulgando. Ouvi muitos relatos de pessoas dizendo que seus parentes estavam no local do crime e que estão desaparecidos, porém não constam nas listas. E a VALE está se negando a inserir muitos nomes de desaparecidos na lista. Falaram de dois vilarejos com 50 casas que foram devastadas pela lama tóxica e que ninguém contabiliza eles. Pelo horário do rompimento das barragens não houve troca de turno. Por isso, estimam que só de funcionários da VALE no local, no momento do crime/tragédia gigante, seria um número próximo a 400 trabalhadores/as. Informaram que a pensão que foi soterrada tinha capacidade para 120 pessoas e que por ser férias e sexta-feira, existe a chance de estar com uma lotação razoável.  Próximo à pensão havia 17 casas de moradores. Todas essas informações elevam em muito a estimativa do número de desaparecidos. Muitos moradores com parentes desaparecidos não conseguem inserir os nomes dos parentes nas listas da VALE, que está fazendo blindagem das informações e das pessoas, fez um cerco para ninguém chegar perto das barragens e nem dos ribeirinhos. Os moradores estão enlutados e sem informações certas. Os voluntários de outros estados foram dispensados. Os funcionários da VALE estão pressionados e os bombeiros, extenuados.”
Diante deste cenário que transpassa de dor nosso coração, temos que alertar que a VALE está controlando e blindando as informações, os espaços, e o Estado não pode permanecer em uma posição secundária, preocupado apenas com ajuda emergencial. A transparência no trato com os milhares de famílias golpeadas é necessária e uma questão ética inarredável. Se não forem enfrentadas as questões de fundo com firmeza, em breve outros crimes tragédias ocorrerão. Ocultar informações é mentir e violentar mais uma vez quem já foi golpeado. As famílias violentadas têm direito a informações transparentes e imparciais. Nojento ver e ouvir a VALE fazendo propaganda sobre as migalhas de ajuda humanitária que está fazendo diante da sexta-feira da paixão que a mineradora, com licença do Estado, provocou. É inadmissível que o Ministério Público, Estadual e Federal, e o poder judiciário mandem prender apenas funcionários e autoridades secundárias. E os principais responsáveis por esse crime anunciado, que não é de Brumadinho, mas da VALE e dos seus aliados no Estado?
Com um povo trabalhador, Brumadinho era uma região rica em nascentes e cachoeiras, por isso, abastecia parte de Belo Horizonte e Região Metropolitana com farta produção de verduras e legumes. Além de ser uma cidade com inúmeros núcleos e sítios históricos, bens culturais tombados e comunidades tradicionais, entre elas, remanescentes de quilombos, como as de Marinhos, Sapé, Ribeirão e Rodrigues. Lamentavelmente, as mineradoras invadiram Brumadinho e região, e foram sacrificando os biomas e espalhando violência socioambiental sem fim.
É necessária a participação dos atingidos e atingidas, melhor dizendo, violentados e massacrados, no Comitê criado pelo Governo Federal para “Supervisão de Respostas a Desastre em decorrência da ruptura da barragem do Córrego do Feijão” (Decreto 9.691, de 25/1/2019).
Tornou-se um imperativo ético e uma necessidade de sobrevivência para o povo e para as próximas gerações paralisar já toda atividade de mineração no estado de Minas Gerais por meio da suspensão de todas as licenças de projetos de mineração no estado de MG por tempo indeterminado até que sejam feitos estudos técnicos idôneos por professores e técnicos independentes para se averiguar a segurança ambiental de todos. Se não for seguro, que não seja reaberto nunca, o processo de mineração. Essa medida é necessária, porque há inúmeras comunidades a jusante (abaixo) de barragens, como é o caso, por exemplo: a) de Congonhas, onde há 1,5 milhão de pessoas morando abaixo de uma megabarragem de rejeitos minerários; b) da cratera da Mina de Águas Claras, atrás do que resta da Serra do Curral, em Belo Horizonte, está acima dos bairros Mangabeira, Serra e, se romper, passará como um tsunami varrendo tudo o que encontrar pela frente, desde o bairro Mangabeiras até a Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte; c) da barragem do Doutor, na Mina de Timbopeba, que poderá atingir as comunidades de Antônio Pereira, no município de Ouro Preto; d) da barragem da mineradora Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, onde há várias comunidades abaixo da barragem que, como um dragão, está devastando tudo. No noroeste de Minas, em Paracatu, acima da cidade, como uma espada de Dâmocles, está uma das maiores barragens de rejeitos minerários do Brasil.

Nesse tempo em que de forma vergonhosa e escandalosa os interesses do capital e dos capitalistas se sobrepõem ao bem comum, aos direitos fundamentais, de forma institucionalizada, é fundamental a atenção e a mobilização de todas as forças vivas da sociedade para que a vida seja respeitada e preservada, e a justiça, de fato, se concretize, sem restrições.

Belo Horizonte, MG, 29 de janeiro de 2019.

Obs.: O vídeo, abaixo, ilustra o texto, acima.
1 - Rompimento de quatro barragens em Brumadinho/MG NÃO FOI ACIDENTE. FOI CRIME! 28/1/2019.






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III

sábado, 26 de janeiro de 2019

VALE DE MORTES! Mais um crime da mineradora VALE, com licença do Estado, em Minas Gerais!


VALE DE MORTES! Mais um crime da mineradora VALE, com licença do Estado, em Minas Gerais!

Foto: Divulgação / Imprensa

Nossa expressão de solidariedade a todas as famílias e todos os seres vivos golpeados por mais um crime anunciado e previsível da mineradora Vale com licença do Estado.
REPUDIAMOS... E NOS SOLIDARIZAMOS COM AS VÍTIMAS DO CRIME DA MINERADORA VALE, COM LICENÇA DO ESTADO, QUE SEGUE DEVORANDO VIDAS HUMANAS E DE TODA A BIODIVERSIDADE, E COMEMORANDO IMPUNIDADES!
A mineradora VALE, privatizada em 1997, é a terceira maior empresa do Brasil, está minerando em 30 países e é uma das maiores mineradoras do mundo. Três anos após cometer o crime trágico do dia 05 de novembro de 2015, em Mariana, MG, que ceifou vidas de 19 pessoas, peixes, animais, vegetação... envenenou a mãe terra e a irmã água do Rio Doce – cerca de outras 30 pessoas, nos últimos 3 anos, foram mortas como vítimas do crime que continua - a VALE prossegue a matança com a cumplicidade de seus aliados, incluindo autoridades e órgãos do Estado de Minas Gerais, Governo Federal e poder judiciário. Com maior perversidade, segue repetindo a mesma atrocidade anunciada. Ontem, dia 25 de janeiro de 2019, às 13h20, o terror recaiu a partir do município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, MG. O novo crime, iniciado ontem, cometido pela Vale, pode ser muito maior do que apontado pelos meios de comunicação até agora. A lama tóxica CHEGARÁ AO RIO SÃO FRANCISCO, RUMO AO MAR!
Ontem, o povo de Brumadinho (MG) e das bacias do Rio Paraopeba e do Rio São Francisco foi empurrado e “crucificado na cruz de 14 milhões de m3 de lamaçal tóxico –”, vítima de mais um crime anunciado da Vale, com autorização do Estado, com o rompimento de três barragens de rejeitos minerários – há risco de rompimento de uma 4ª barragem na área do Complexo da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho! Essas barragens tinham risco baixo, segundo o cadastro Nacional de Barragens. Quando romperão as centenas de barragens em Minas Gerais com risco médio e alto? Centenas de pessoas podem ter sido mortas, trabalhadores/as da VALE, de empresas terceirizadas, moradores da região e turistas que estavam em pousada. Os bombeiros estimam mais de 300 pessoas desaparecidas. A Vila Ferteco foi devastada e uma pousada foram totalmente devastadas. O Parque da Cachoeira, bairro de Brumadinho, foi fortemente afetado. Sítios, chácaras e famílias que vivem nas proximidades do Córrego do Feijão e do Rio Paraopeba e até do Rio São Francisco foram golpeadas pela lama tóxica das barragens do Córrego do Feijão. Repudiamos a declaração do presidente da VALE dizendo que era “inimaginável” e se referindo aos mortos como “acidentados”. Era previsível e não foi acidente, foi crime anunciado. Um dos principais afluentes do Rio São Francisco, o Rio Paraopeba oferece 45% da água do abastecimento de Belo Horizonte, Pedro Leopoldo, Vespasiano, Ribeirão das Neves, Lagoa Santa e abastece muitas outras cidades ao longo dos seus 510 quilômetros de extensão.
Os riscos da Mina Córrego do Feijão, como também de muitos outros projetos Minerários no Estado de Minas, que apresentam riscos, foram anunciados. Sem considerar os princípios da precaução e da prevenção, os órgãos ambientais e representantes de empresas aprovaram a continuidade da licença da Mina, com voto contrário da sociedade civil - que tem apenas 1 representante no Câmara Técnica Especializada de Atividades Minerárias (COPAM). No dia 11 de dezembro de 2018, na reunião da Câmara de Atividade Minerária (CMI) foi aprovada a licença que permitiu a continuidade e ampliação da Mina. O parecer da SUPRI (órgão da SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) foi favorável e oito entidades aprovaram a licença: 1) Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SEDECTES); 2) Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais do Governo de Minas Gerais (SECCRI); 3) Secretaria de Estado de Governo (SEGOV); 4) Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG); 5) Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM); 6) Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais  (SINDIEXTRA), 7) Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (FEDERAMINAS); e 8) Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG). Houve apenas um voto contrário: Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH). Absteve-se: IBAMA e CEFET. Todos os órgãos e autoridades que aprovaram a abertura da Mina de Córrego do Feijão e quem autorizou a continuidade da Mina de Córrego do Feijão são cúmplices desse hediondo crime e tragédia e por isso devem ser responsabilizados criminalmente e civilmente.
Repudiamos a irresponsabilidade dos governos anteriores que facilitaram a implantação das malditas obras de mineradoras que se alastram pelo Estado de Minas Gerais e pelo país inteiro, absolutizando a acumulação de capital e violentando a dignidade da pessoa humana e os clamores da mãe terra e da irmã água! Condenamos, também, as propostas anunciadas pelos governantes, recentemente eleitos, em nível Federal e Estadual que, em seus discursos, pré-anunciam ampliar a flexibilidade de licenças ambientais, inclusive para as mineradoras, aprofundando ainda mais a devastação socioambiental e a tragédia criminosa em curso! 
Os/as camponeses/as, pescadores e pescadoras tradicionais, vazanteiros e vazanteiras, Quilombolas e Indígenas, ao longo dos rios Paraopeba e São Francisco, lamentam o impacto que sofrerão, violentando ainda mais suas condições de vida e luta para garantir seu modo de vida e seu sustento vinculado às águas e às terras do rio Paraopeba e do Velho Chico! Mais uma vez fica claro quem realmente destrói a vida e a natureza nas Bacias dos rios Paraopeba e São Francisco. 
Exigimos, com toda a nossa força e nossas articulações que a empresa Vale e o Estado com seus respectivos órgãos, empreendam, de imediato, ações eficazes para impedir que a lama e seus impactos cheguem ao rio São Francisco. Que, em Três Marias, sejam tomadas as providências necessárias, para conter os dejetos, caso estes cheguem à barragem! Não admitimos, jamais, que tais providências não sejam tomadas! Exigimos apuração, julgamento e condenação exemplar para todos os responsáveis por mais esse crime tragédia anunciada. Inadmissível continuar a impunidade com relação ao crime continuada da SAMARCO/VALE/BHP  e esse agora.
Não nos dobraremos! Não nos renderemos... Não nos venderemos ao capital e aos capitalistas que reproduzem grandes projetos minerários satânicos e diabólicos!

NO RIO E NO MAR – PESCADORES NA LUTA!
NOS AÇUDES E BARRAGENS – PESCANDO LIBERDADE!
HIDRO NEGÓCIO – RESISTIR!
CERCAS NAS ÁGUAS – DERRUBAR!

Assinam esta Nota:
MPP – Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil
CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores
CPT – Comissão Pastoral da Terra
ANP – Articulação Nacional das Pescadoras
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI/MG
Cáritas Diocesana de Januária/MG
Povo Indígena Xacriabá
Povo Indígena Kaxixó
Povo Indígena Tuxá
Comunidades Pesqueiras e Vazanteiras do rio São Francisco

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Xamã Davi Kopenawa Yanomami no Seminário Ecoteologia e Mineração - Vídeo...





Xamã Davi Kopenawa Yanomami no Seminário Ecoteologia e Mineração - Vídeo 2 - 05/11/2017.

Em novembro de 2017, Davi Kopenawa, xamã, líder espiritual do povo indígena Yanomami, participou do Seminário "Igrejas e Mineração - Ecoteologia - em Mariana, MG, próximo a Bento Rodrigues, onde dia 05/11/2015 aconteceu o crime tragédia das mineradoras Samarco/Vale/BHP Billiton com a cumplicidade do Estado e a omissão da sociedade civil. Davi Kopenawa é liderança espiritual com respeitabilidade nacional e internacional. Ele é autor do livro de mais de 700 páginas: A Queda do Céu. Livro de leitura imprescindível. Aqui, nesse vídeo, o registro que frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, fez do pronunciamento de Davi Kopenawa no evento. Parte 2, vídeo 2.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira. Belo Horizonte/MG, 09/12/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

A Ocupação dos Carroceiros em BH/MG é segura! Despejo, não! - Vídeo 2 - ...



A Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte, MG, é segura! Despejo, não! Vídeo 2 - 13/1/2019.

A Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte, MG, está sob ameaça de despejo. Uma decisão injusta que não pode ser concretizada. Há mais de sete anos, nove famílias ocupam terreno antes totalmente abandonado, sem cumprir qualquer função social, tomado por imenso matagal e servindo de depósito de toda espécie de descarte e entulhos. Sem qualquer condição de pagar aluguel, vítimas da especulação imobiliária que se fortalece cada vez mais pelo poder do capital e dos capitalistas, essas famílias de carroceiros, por extrema necessidade, sem outra alternativa de moradia, decidiram pela Ocupação. Agora, com a Ocupação consolidada, bem organizada, já com todas as casas de alvenaria, com espaço adequado para os cavalos e éguas, com os quais convivem de forma respeitosa, afetiva, harmoniosa e tendo também criado entre si laços sólidos de afetividade, numa convivência fraterna, solidária, de luta coletiva, as famílias agora vivem a angústia da expectativa de um possível despejo que, podemos dizer, inadmissível sob o ponto de vista legal, ético e humano. Os argumentos apresentados não correspondem à realidade da Ocupação. A Prefeitura, por meio da Defesa Civil, alega que a área é de risco de desabamento, e alega ainda que, em função da passagem do trem em estrada de ferro próxima à Ocupação, as casas estariam ameaçadas. Acontece que laudo técnico e totalmente imparcial do geólogo e perito renomado, Dr. Carlos von Sperling Gieseke, confirmou, categoricamente, que a Ocupação é segura, que a área onde estão construídas as casas não é de risco, nem em relação ao terreno, nem em relação à passagem do trem. O MLB (Movimento de Luta nos bairros, vilas e favelas) e a CPT-MG (Comissão Pastoral da Terra) acompanham a luta das famílias da Ocupação dos Carroceiros e juntos vão continuar lutando pela permanência das famílias na área, para que lhes seja garantido o direito à moradia digna e o respeito a tudo que ali já foi construído. Além disso, a vida das famílias já está inserida nesse espaço: seus filhos frequentam escolas públicas da região, os moradores da Ocupação dos Carroceiros são usuários do serviço de saúde do Tirol e ali está construída com muito trabalho e suor uma verdadeira comunidade com nove casas de alvenaria. A Ocupação dos Carroceiros é segura! Despejo, não!

Foto montagem: N. A. S. Oliveira

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte,MG, 13/1/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


Ocupação dos Carroceiros/BH/MG: NÃO HÁ RISCO DE DESABAMENTO! DESPEJO, NÃ...



Ocupação dos Carroceiros/BH/MG: NÃO HÁ RISCO DE DESABAMENTO! DESPEJO, NÃO! - 13/1/2019 - Vídeo 1.

Há mais de sete anos, famílias de carroceiros formam a Ocupação dos Carroceiros, no bairro Tirol, em Belo Horizonte/MG. A área, antes um matagal usado como ponto de desmanche, descarte, criminalidade, transformou-se numa pequena comunidade, organizada por famílias que ali, livres da pesadíssima e cruel cruz do aluguel ou da humilhação da moradia de favor, conseguiram construir suas casas de alvenaria e garantir melhor qualidade de vida para seus filhos. Na Ocupação dos Carroceiros, a convivência é fraterna, criaram laços afetivos uns com os outros. Ali, na região do Tirol, as famílias da Ocupação são usuárias do serviço de saúde, seus filhos estudam em escolas próximas. As famílias da Ocupação dos Carroceiros convivem também de forma afetiva com seus cavalos e éguas, garantindo-lhes um espaço próprio para descanso e alimentação adequada. A Ocupação dos Carroceiros está sob ameaça de despejo. A justificativa que lhes foi dada pela Prefeitura de Belo Horizonte é que a Ocupação está em em área de risco de desabamento, o que não é verdade. Laudo técnico, imparcial, do perito Dr. Carlos von Sperling Gieseke, que esteve na Ocupação na manhã do dia 25 de dezembro de 2018, para vistoriar o terreno e as casas, afirma categoricamente, sem sombra de dúvidas, que a comunidade não está localizada em área de risco. Com apoio do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e da CPT-MG (Comissão Pastoral da Terra), as famílias estão determinadas a lutar contra esse despejo injusto. É que a Ocupação não aconteceu por acaso, foi a única alternativa que tinham de moradia. E agora, com a Ocupação consolidada, bem estruturada, sem ter para onde ir, sem a menor condição de pagar aluguel, as famílias da Ocupação dos Carroceiros esperam que o Prefeito Alexandre Kalil, de Belo Horizonte, cumpra com a promessa feita durante campanha eleitoral de que não realizaria despejo das Ocupações. Pelo sagrado direito à moradia, pelo respeito ao princípio da dignidade humana, todo apoio à Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte/MG. Despejo, não!

Na Ocupação dos Carroceiros, no Tirol, em Belo Horizonte, MG,
 dia 13/01/2019. Foto: G. L. Moreira

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 13/1/2019.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Xamã e líder Yanomami, Davi Kapenawa: Sabedoria que vem da Mãe terra/Víd...



Xamã e líder Yanomami, Davi Kapenawa: Sabedoria que ve da Mãe terra. Vídeo 1 – 05/11/2017.

Em novembro de 2017, Davi Kapenawa, xamã, líder espiritual do povo indígena Ianomami, participou do Seminário "Igrejas e Mineração - Ecoteologia - em Mariana, MG, próximo a Bento Rodrigues, onde dia 05/11/2015 aconteceu o crime tragédia das mineradoras Samarco/Vale/BHP Billiton com a cumplicidade do Estado e a omissão da sociedade civil. Davi Kapenawa é liderança espiritual com respeitabilidade nacional e internacional. Ele é autor do liro de mais de 700 páginas: A Queda do Céu. Livro de leitura imprescindível. Aqui nesse vídeo o registro que frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, fez do pronunciamento de Davi Kapenawa no evento. Aqui a parte I, vídeo 1.

Davi Kapenawa, xamã, líder espiritual Ianomami, no
Seminário Ecoteologia e Mineração, em 05/11/2017, em Mariana, MG.
Foto: G. L. Moreira

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira. Belo Horizonte/MG, 09/12/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Produzir de forma agroecológica?


Produzir de forma agroecológica?
Por Gilvander Moreira[1]

O MST mantém cerca de 20 cursos em nível
nacional para formar agentes em agroecologia /
Divulgação/MST



Diante da grande diversidade de frutas produzidas no Assentamento Primeiro do Sul, do MST[2], em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais - banana, goiaba, maracujá, laranja, mamão etc. - um grupo de mulheres assentadas organizou e está trabalhando em uma microindústria de doces para o consumo próprio e venda do excedente na Feira da Agricultura Camponesa na Praça da Caixa D’água na cidade de Campo do Meio. As 50 famílias Sem Terra assentadas, em trabalho cooperado, compraram um tanque coletivo com a capacidade para resfriar 1.500 litros de leite. O caminhão da cooperativa CAPEBE busca o leite dia sim, dia não. Segundo Sebastião Mélia Marques, assentado no PA[3] Primeiro do Sul: “A produção de leite está baixa, pois a prioridade nossa é a produção de café.”
Para além da produção agrícola e do leite, a base da produção no PA Primeiro do Sul é a produção de café. A produção de café no sul de Minas Gerais, próximo a São Paulo, evoca as fazendas cafeeiras que tiveram seu berço em São Paulo e foram alavancas do capitalismo agrário no Brasil. Produzia-se café basicamente para a exportação, porque o café era artigo de luxo. Os fazendeiros de meados do século XIX investiram na produção e na comercialização de café como instrumento de acumulação do capital. Não era alimento de subsistência como o feijão, o arroz e a mandioca. É o que José de Souza Martins, no livro O Cativeiro da Terra, recorda: “O café, na Europa e nos Estados Unidos, um artigo de sobremesa e foi historicamente um artigo de luxo. Luxo exibido pelo refinamento de bules e colheres de prata, bules e xícaras de porcelana finíssima, verdadeiras obras de arte. Foi a bebida da ostentação social e pública e do prazer da sociabilidade burguesa” (MARTINS, 2013, p. 157).
Entre várias outras peculiaridades, o sul de Minas Gerais se caracteriza por ser região cafeeira. As famílias camponesas do MST que ocuparam a fazenda Jatobá, que se tornou o PA Primeiro do Sul, vieram quase todas do trabalho assalariado nas fazendas de café da região. Culturalmente tinham a experiência e a tradição de plantar café. Por isso, já no primeiro ano, em 1997, várias famílias iniciaram o plantio de café. Mas somente após dois anos de plantio, o pé de café dá a primeira colheitinha. Sebastião Mélia complementa: “Apenas no terceiro ano, o café dá uma colheita que quita as dívidas que gastaram com ele e sobra um pouquinho.” Atualmente, a base econômica do PA Primeiro do Sul é a produção de café, representando 70% da produção do assentamento. Os outros 30% constituem-se de produção diversificada: milho, feijão, arroz, gado, hortaliças e pequenos animais. É o que informa Wadilsom Manoel, Sem Terra Assentado no PA Primeiro do Sul: “Aqui ninguém planta somente café. Eu, minha companheira e nossos dois filhos, por exemplo, plantamos 80% do lote em café, cerca de 30 mil pés de café, em oito hectares do nosso lote. Plantamos também 1.500 pés de eucalipto. Plantamos feijão no meio do café. No pasto, de forma consorciada, mexemos com gado e abelhas. Criamos peixes também. Nossa renda varia muito. O café produz uma boa safra em um ano e no ano seguinte só uma safrinha. Como diz o Tiãozinho, um ano o café faz o dono e no outro ele se refaz.”
Na cultura do café são feitos três cortes: o esqueletamento, o corte em cima e o corte embaixo para o pé de café se refazer. Os assentados fazem 70% do trabalho com auxílio de pequenas máquinas, mas a colheita ainda continua sendo quase toda manual. O cafezal precisa de muita chuva e está exigindo muito adubo químico e venenos. Segundo dados do IBGE, do Censo Agropecuário de 2017, divulgados em 26 de julho de 2018, o uso de agrotóxicos aumentou 21,2% nos últimos 11 anos no Brasil. A aplicação de agrotóxicos na agricultura do Brasil se elevou de 2,7 quilos por hectare em 2002 para 6,9 quilos por hectare em 2012, um aumento de 155% no período de dez anos. Segundo a Revista Problemas Brasileiros: “Não à toa, o Brasil continua a liderar o ranking mundial do consumo de agrotóxicos, indústria que movimenta mais de 2 bilhões de dólares ao ano. O povo brasileiro consome, em média, 7 litros per capita de veneno a cada ano, o que resulta em mais de 70 mil intoxicações agudas e crônicas em igual período, segundo dados do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)”. Cerca de 64,1% dos produtos utilizados na agricultura em 2012 foram considerados pelos indicadores como perigosos e 27,7% muito perigosos. A Região Sudeste é a que teve a maior aplicação de agrotóxicos, com 8,8 quilos por hectare, em 2012. Os três estados que mais aplicam agrotóxico na produção agrícola são Goiás, Minas Gerais e São Paulo, sendo que este bateu o recorde de consumo proporcional com 10,5 quilos por hectare.[4]
O MST está animando os Sem Terra, no processo produtivo a migrar de “Ocupar, resistir e produzir” para “Ocupar, resistir e produzir de forma agroecológica”. A luta do MST no sul de Minas iniciou-se em 1996, época em que o MST entendia a luta pela terra e pela reforma agrária basicamente como a partilha e a socialização da terra. Já se discutia reforma agrária para além da democratização da terra, mas era ainda incipiente a discussão sobre a necessidade e a pertinência da produção agroecológica. Diante da terra concentrada em poucas mãos, o contexto era de fome e de miséria avassaladoras. O que predominava era o latifúndio. A reforma agrária era vista como política pública que viabilizaria a superação do latifúndio.
Atualmente o que predomina na agricultura brasileira é o agronegócio, com uso indiscriminado de agrotóxico, em monoculturas nos latifúndios e utilização de tecnologia de ponta quase toda ela não nacional. Diante desse novo cenário, a agroecologia para o MST, para a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a para a Via Campesina como um todo se tornou um paradigma necessário para a superação do agronegócio, principal inimigo dos Sem Terra na atualidade. Sílvio Neto, do MST, ao fazer resgate histórico, reflete: “Com o massacre de Eldorado dos Carajás foi revelado que o latifúndio é o grande mal. Desmascaramos a crueldade do latifúndio. O que eles fizeram? Colocaram o agronegócio. O MST tinha se tornado o novo ao desmascarar o latifúndio como o atrasado, o que mata e oprime. Mas o agronegócio, se beneficiando do avanço técnico e tecnológico, é introduzido como algo novo, divulgado aos quatro ventos como algo que vai elevar a balança comercial, que vai produzir alimentos para toda a população. Com a chegada do agronegócio nos anos 90 do século XX, o MST passa a ser considerado como atrasado ao insistir na socialização da terra. Nesse novo contexto de apropriação da terra e de produção agropecuária, o paradigma da agroecologia se torna necessário, não apenas porque o MST ama a natureza, mas porque se torna uma necessidade política para o MST tentar se colocar novamente como algo novo diante do agronegócio, que é algo mais atrasado do que o latifúndio antigo. Nós temos sido classificados como atrasados, mas sabemos que não somos. Mas a sociedade ainda não nos reconhece como o novo que produz alimentação saudável. A avalanche do agronegócio é muito poderosa.”
Com os retrocessos aos direitos sociais e ambientais que estão sendo impostos pelo Governo Bolsonaro fortalecer a luta pela produção de alimentos agroecológicos se torna mais necessário, pois, por meio do Ministério da Agricultura, comandado pela ruralista Tereza Cristina, foi liberado quarenta novos produtos comerciais com agrotóxicos que deverão chegar ao Brasil nos próximos dias. Alguns, já conhecidos pelos empresários do agronegócio, mas que passam agora a ser utilizados também em outras culturas, entre elas a de alimentos. Publicação no Diário Oficial da União de 10 de janeiro de 2019 traz o Registro de 28 agrotóxicos e princípios ativos liberados. Isso é marcha rumo à guerra química. Por isso, produzir alimentos saudáveis de forma agroecológica se tornou uma necessidade imperiosa e uma questão ética imprescindível.

Referências.
MARTINS, José de Souza. O Cativeiro da Terra. 9ª edição. São Paulo: Contexto, 2013.

Belo Horizonte, MG, 22/01/2019.

Obs.: Veja, abaixo, vídeo sobre a Feira da Agricultura Camponesa de Campo do Meio, no sul de Minas Gerais.








[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – www.mst.org.br
[3] Sigla que designa Projeto de Assentamento.

Dever de OCUPAR pelo direito de MORAR/Ocupação Prof. Fábio Alves/Belo Ho...




O dever de OCUPAR pelo direito de MORAR: Ocupação Professor Fábio Alves, em Belo Horizonte, MG/Vídeo 2 - 09/12/2018.

Diante de tantas dificuldades por que passam os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, milhões em situação de subemprego, milhões de desempregados, excluídos dos programas de moradias populares e cada vez mais oprimidos pelo capital e pelos capitalistas também pela especulação imobiliária, torna-se impossível sobreviver tendo que suportar a cruel e pesadíssima cruz do aluguel. Ocupar passa a ser uma necessidade urgente. A bem da verdade, numa sociedade em que morar é privilégio, ocupar é um direito e um dever. E foi assim que nasceu a Ocupação Professor Fábio Alves, na divisa de Belo Horizonte com Ibirité, bairro Marilândia: em março de 2018, movidas pela necessidade de moradia e sobrevivência, algumas famílias decidiram ocupar um grande terreno até então abandonado, sem cumprir qualquer função social, servindo de despejo de entulhos, com matagal abrigando animais peçonhentos e todo tipo de lixo e descarte. A Ocupação Prof. Fábio Alves cresceu e hoje são 712 famílias cadastradas. Com as próprias mãos estão construindo uma comunidade. Centenas de crianças, jovens, gestantes, idosos, trabalhadores e trabalhadoras formam esta Ocupação. Em comum, a baixa renda, a luta por sobrevivência e o sonho da casa própria – sagrado direito de todos e todas – que lhes permitirá viver com dignidade e paz. A Ocupação Professor Fábio Alves é acompanhada pelo Movimento Luta Popular - LP -, com apoio da CPT-MG (Comissão Pastoral da Terra) e conta também com expressiva Rede de Apoio. A determinação de todas e todos é manterem-se firmes na luta e resistência pelo direito à permanência no terreno onde já estão construindo suas casas. Todos os esforços serão feitos para que seja respeitado o princípio da dignidade humana, contra qualquer ação de despejo.

Visão parcial da Ocupação Professor Fábio Alves,
no Barreiro, em Belo Horizonte, MG. Foto: G. L. Moreira

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira. Belo Horizonte/MG, 09/12/2018.
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