Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
MP/MG, DPE/MG, MST e CPT repudiam exagero de PMs e viaturas na inspeção da Vara Agrária: Acampamentos Zequinha e Pátria Livre, do MST, em São Joaquim de Bicas, MG. Vídeo 3 – 21/01/2020.
Dia 21/01/2020, o juiz da Vara Agrária do TJMG, Walter Zwicker Esbaille Jr., fez inspeção nos Acampamentos Zequinha e Pátria Livre – acampamentos contíguos -, do MST, em São Joaquim de Bicas, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. São mais de 1.000 famílias Sem Terra que há quase 3 anos ocupam fazenda que era da mineradora MMX, do empresário Eike Batista. Era uma propriedade abandonada sem cumprir função social. Os Acampamentos Zequinha e Pátria Livre estão em franco desenvolvimento com grande produção de alimentos saudáveis na linha da agroecologia, em hortas comunitárias e nos quintais, além de áreas de plantação de milhão, feijão, mandioca etc. O Acampamento Pátria Livre já construiu uma Escola Estadual, Escola Elisabeth Teixeira já reconhecida pela Secretaria de Educação do Governo de Minas Gerais. Incrível constatar com a dignidade humana está sendo respeitada no acampamento. As pessoas vivem, conviver, trabalham com alegria e se tornam com mais saúde, inclusive. Dia 30/01/2020, haverá audiência de conciliação no Fórum Lafaiete, em Belo Horizonte, sob a presidência do juiz da Vara Agrária. O povo dos três Acampamentos inspecionados pelo juiz da Vara Agrária – Maria da Conceição, Zequinha e Pátria Livre - está determinado a não aceitar despejo. Esperamos que o poder judiciário seja sensato e que reconheça a constitucionalidade dessas lutas pela terra, por moradia e por dignidade humana e ambiental.
Dra. Ana Cláudia Storch, defensora pública da Defensoria Pública de MG da Área de Conflitos Agrários e Socioambientais, repudia exagero de PMs e viaturas durante visita de inspeção do juiz da Vara Agrária do TJMG nos Acampamentos Zequinha e Pátria Livre, do MST, em São Joaquim de Bicas, MG. Foto: frei Gilvander, 21/01/2020.
Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Filmagem e Edição: frei Gilvander, da CPT. São Joaquim de Bicas, MG, 21/01/2020.
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No final da penúltima
semana de janeiro de 2020, choveu significativamente em várias regiões de Minas
Gerais. Em 24 horas choveu 171,8 milímetros, chuva mansa, mas constante. Houve
uma enorme mobilização da grande imprensa e de poderes públicos municipais de
muitos municípios no sentido de alertar a população de que estava chegando uma grande
chuva que poderia causar inundações, deslizamentos e pôr em risco a vida das
pessoas. Em Belo Horizonte, a defesa civil anunciou alerta de risco geológico e
chegou-se a pedir insistentemente para as pessoas ficarem em casa dia 24 de
janeiro. Muitas avenidas foram interditadas. Segundo a Defesa Civil do Governo
de Minas Gerais, em Boletim de 28/01, com o título “Mortes
causadas pelas chuvas em MG”, em alguns dias de chuva: 28.893 pessoas foram
desalojadas, 4.397 desabrigadas, 65 feridas, 52 foram mortas e mais de 10 estão
desaparecidas, o que,
segundo o boletim, são óbitos a serem confirmados. Em Belo Horizonte, entre os
13 mortos, uma mãe e três crianças. Em Ibirité uma mãe foi encontrada morta e nos
seus braços um bebê também morto.
Diante dos deslizamentos de terra, das
inundações provocadas pelas chuvas, de quase 14 mil desalojados, de mais de 3
mil desabrigados, de 12 pessoas feridas e mais de 40 pessoas mortas – sem
contar 19 pessoas desaparecidas -, primeiro, expressamos nossa solidariedade e
conclamamos a quem puder se somar ao mutirão de apoio para ajudar as milhares
de famílias atingidas e muitas golpeadas a reconquistar o mínimo necessário para
erguer a cabeça e retomar a vida. Entretanto, para que a mentira não continue cobrindo
as causas mais profundas da ‘sexta-feira da paixão’ que se abate sobre o povo
cada vez mais com frequência, precisamos dizer em alto e bom som a verdade,
cientes de que a verdade dói, mas liberta.É mentira a manchete divulgada pela Defesa Civil – “Mortes causadas pelas chuvas em MG”. É nojento ouvir jornalistas na
grande imprensa dizerem: “a chuva está
castigando ...”. “A chuva está
causando estragos ...” Diante dos mortos, das vítimas e de milhares de
desabrigados aparentemente pelas chuvas, é imoral e covarde ouvir prefeitos
dando uma de Pilatos, tentando se eximir de suas responsabilidades, afirmando
que “foi uma tragédia ambiental natural”,
“Cada um deve cuidar da sua casa”, “Invadiram áreas de riscos. Eles são os
culpados”. Fazer esse tipo de afirmação é apunhalar quem já foi golpeado, é
transformar a vítima em algoz. É injustiça que clama aos céus.
Não é a chuva e nem Deus que devem ser
condenados. Colocar a culpa na chuva e em Deus é encobrir o real
escamoteamento a verdade, é criar uma cortina de fumaça que ofusca a realidade
beneficiando somente os adoradores do capitalismo – grandes empresários da
cidade e do campo, políticos profissionais (uma corja) e ingênuos sustentadores
da engrenagem mortífera que continua a trucidar vidas em progressão geométrica
em uma sociedade cada vez mais desigual.
Na Bíblia se fala de chuva mais de cem
vezes. A chuva é benfazeja, cai sobre justos e injustos, diz o evangelho de
Mateus (Mateus 5,45). A chuva é reflexo da bondade de Deus, que é um mistério
de infinito amor. Deus rega com a chuva a terra que deu como herança ao seu
povo (I Reis 8,36). “Mandarei chuva no
tempo certo e será uma chuva abençoada” (Ezequiel 34,26), profetiza
Ezequiel consolando o povo em tempos de imperialismo e de exílio, em tempos de
escassez de chuva. A sabedoria do povo da Bíblia reconhece que Deus, solidário
e libertador, “por meio da chuva,
alimenta os povos, dando-lhes comida abundante” (Jó 36,31). Até no dilúvio,
a chuva é vista como purificadora (Cf. Gênesis 6 a 9). Sob o imperialismo dos
faraós no Egito, a chuva de granizo é vista como uma praga que fustiga os
opressores, ao mesmo tempo em que é uma dádiva de Deus que liberta da opressão
(Cf. Gênesis 9 e 10).
A chuva não castiga, não desaloja, não
desabriga e nem mata ninguém. Quem está em casa com boa estrutura, construída sobre
terra firme, pode dormir tranquilo, porque a casa não cairá com as chuvas.
Sempre recordo que 50 anos atrás, quando eu era criança, no noroeste de Minas
Gerais, “chovia invernado uma semana,
duas semanas, às vezes, até um mês sem parar”. Não morria praticamente
ninguém. Nas Décadas de 1970, a maior parte do povo vivia no campo e podia
construir as casas longe das margens dos rios que ficavam inundadas. Atualmente,
só em Belo Horizonte há mais de 200 rios e córregos sepultados com asfalto,
após serem envenenados com esgoto in
natura.
A irmã chuva apenas revela uma injustiça
socioeconômica e política existente. Quem desaloja, desabriga, fere e mata em
última instância é a tremenda injustiça agrária e socioambiental reinante na
sociedade capitalista. Dizer que “a chuva castiga” é mentira, é reducionismo
que esconde o maior responsável por tanta dor e tanto pranto: o sistema
capitalista e a classe dominante, que descartam as pessoas e as condenam a
sobreviverem em encostas e áreas de risco. Soma-se a tudo isto a falta de
planejamento urbano e social das prefeituras, que deveriam investir de forma
contundente na elaboração de Plano Diretor e de zoneamento para as cidades de
forma participativa e comunitária, buscando construir cidades justas
economicamente, solidária socialmente e sustentável ecologicamente. Sem uma
gestão socioambiental, os municípios continuarão destruindo as matas ciliares de rios e
desmatando as suas encostas, fragilizando o solo, causando deslizamentos e
assoreamentos, que tendem a ser cada vez mais trágicos.
Quem é atingido quando a chuva chega em um
volume maior, salvo exceções, são as famílias que tiveram seus direitos humanos
fundamentais – direito à terra, à moradia, ao trabalho, à educação, a um
salário justo, ao meio ambiente equilibrado e à dignidade – desrespeitados pelo
capitalismo neoliberal e por pessoas que adoram o deus capital, o maior ídolo
da atualidade.
Segundo o Comitê sobre os Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais da ONU em seu Comentário 4, todas as pessoas
têm o direito a uma moradia SEGURA E ADEQUADA, abaixo especificada:
a)Segurança da posse: a moradia não é adequada
se os seus ocupantes não têm um grau de segurança de posse que garanta a proteção
legal contra despejos forçados, perseguição e outras ameaças.
b)Disponibilidade de serviços, materiais,
instalações e infraestrutura: a moradia não é adequada, se os seus ocupantes
não têm água potável, saneamento básico, energia para cozinhar, aquecimento,
iluminação, armazenamento de alimentos ou coleta de lixo.
c)Economicidade: a moradia não é
adequada, se o seu custo ameaça ou compromete o exercício de outros direitos
humanos dos ocupantes.
d)Habitabilidade: a moradia não é adequada se
não garantir a segurança física e estrutural proporcionando um espaço adequado,
bem como proteção contra o frio, umidade, calor, chuva, vento, outras ameaças à
saúde.
e)Acessibilidade: a moradia não é adequada se as
necessidades específicas dos grupos desfavorecidos e marginalizados não são
levados em conta.
f)Localização:
a moradia não é adequada se for isolada de oportunidades de emprego, serviços
de saúde, escolas, creches e outras instalações sociais ou, se localizados em
áreas poluídas ou perigosas.
g)Adequação cultural: a moradia não é adequada
se não respeitar e levar em conta a expressão da identidade cultural
(UNITED NATIONS, 1991).
Portanto, quem desaloja, desabriga e
mata não é a chuva, não é Deus, mas é a injustiça social reproduzida
cotidianamente no Brasil, que gera uma tremenda desigualdade social e empurra
milhões para sobreviver em áreas de risco geológico. Quem construiu um barraco
em área de risco geológico antes foi empurrado para risco social.
Logo, gratidão eterna à irmã chuva que
gera vida e ao Deus da vida, mas ira santa e rebeldia diante do sistema
capitalista e seus executivos que de fato desabrigam, golpeiam e matam. É
hilariante ouvir um prefeito ‘lavar as mãos’ sujas de sangue e dizer que “cada
um deve cuidar de sua casa”. Autoridades políticas só podem dizer isso após
construírem moradia digna – SEGURA e ADEQUADA - para 7 milhões de famílias que
estão sem moradia no Brasil. Enfim, após fazerem reforma agrária e reforma
urbana. Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, onde mais vidas foram
ceifadas (13 em Belo Horizonte, 6 em Betim, 5 em Ibirité e 2 em Contagem) há um
déficit habitacional acima de 150 mil moradias. Além de fertilizar a terra e
recarregar as nascentes e mananciais, a irmã chuva está gritando por políticas
públicas sérias e idôneas, tais como política agrária e política de moradia
popular adequada para todos/as.
Belo
Horizonte, MG, 28/01/2020.
Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o
assunto apresentado acima.
1 – Viúva do Evangelho e o Juiz no Acampamento Maria
da Conceição, do MST, em Itatiaiuçu, MG. Vídeo 6 – 21/01/2020.
2 - Acampamento Maria da Conceição, MST, em
Itatiaiuçu, MG: inspeção do Juiz agrário. Vídeo 1 - 21/01/20
3 - Despejar 1.000 famílias do MST para repassar
terra para a Vale? Injustiça gravíssima. Bicas/Vídeo 5 – 21/01/2020.
4 - Inspeção do juiz da Vara Agrária no Acampamento
Pátria Livre, MST. Bicas, MG. DESPEJO, NÃO! Vídeo 4 – 21/01/2020.
5 - "Se me tirar daqui, eu morro, vou para o
caixão" (Sr. Sérgio). Acampamento Zequinha, do MST, Bicas, MG. Vídeo 1 –
21/01/2020.
6 - Déficit habitacional em BELO Horizonte, MG, é
matéria especial na TV Band Minas - 13/12/2019
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre
em Ciências Bíblicas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em
Teologia pelo ITESP/SP; assessor da
CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; professor de “Movimentos
Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
"Se me tirar daqui, eu morro, vou para o caixão" (Sr. Sérgio). Acampamento Zequinha, do MST, Bicas, MG. Vídeo 1 – 21/01/2020.
Dia 21/01/2020, o juiz da Vara Agrária do TJMG, Walter Zwicker Esbaille Jr., fez inspeção nos Acampamentos Zequinha e Pátria Livre - acampamentos contíguos -, do MST, em São Joaquim de Bicas, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. São mais de 1.000 famílias Sem Terra que há quase 3 anos ocupam fazenda que era da mineradora MMX, do empresário Eike Batista. Era uma propriedade abandonada sem cumprir função social. Os Acampamentos Zequinha e Pátria Livre estão em franco desenvolvimento com grande produção de alimentos saudáveis na linha da agroecologia, em hortas comunitárias e nos quintais, além de áreas de plantação de milhão, feijão, mandioca etc. O Acampamento Pátria Livre já construiu uma Escola Estadual, Escola Elisabeth Teixeira já reconhecida pela Secretaria de Educação do Governo de Minas Gerais. Incrível constatar com a dignidade humana está sendo respeitada no acampamento. As pessoas vivem, conviver, trabalham com alegria e se tornam com mais saúde, inclusive. Dia 30/01/2020, haverá audiência de conciliação no Fórum Lafaiete, em Belo Horizonte, sob a presidência do juiz da Vara Agrária. O povo dos três Acampamentos inspecionados pelo juiz da Vara Agrária – Maria da Conceição, Zequinha e Pátria Livre - está determinado a não aceitar despejo. Esperamos que o poder judiciário seja sensato e que reconheça a constitucionalidade dessas lutas pela terra, por moradia e por dignidade humana e ambiental.
Sr. Sérgio e Erivelto, Sem Terra do Acampamento Zequinha do MST, em São Joaquim de Bicas, MG. Sr. Sérgio está resgatando a saúde por estar morando no acampamento e cuidando da horta comunitária. "Se me tirar daqui, eu morro, vou para o caixão", diz emocionando o Sr. Sérgio que é muito querido no Acampamento. Foto: frei Gilvander, 21/01/2020
Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Filmagem e Edição: frei Gilvander, da CPT. São Joaquim de Bicas, MG, 21/01/2020.
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Acampamento
Maria da Conceição, do MST, em Itatiaiuçu, MG: inspeção do Juiz da Vara
agrária. Vídeo 1 - 21/01/2020.
Dia 21/01/2020, o juiz da
Vara Agrária do TJMG, Walter Zwicker Esbaille Jr., fez inspeção no Acampamento
Maria da Conceição, do MST, em Itatiaiuçu, região metropolitana de Belo
Horizonte, MG. São 120 famílias Sem Terra que há quase 3 anos, desde
08/03/2017, ocupam fazenda que era da mineradora MMX, do empresário Eike
Batista. Era uma propriedade abandonada sem cumprir função social. O Acampamento
está em franco desenvolvimento com grande produção de alimentos saudáveis na
linha da agroecologia, em hortas comunitárias e nos quintais, além de área
grande de plantação de milhão, feijão, mandioca etc. O Acampamento também já
construiu uma grande escola estadual que está em fase de legalização pela
Secretaria de Educação do Governo de Minas Gerais. Incrível constatar com a
dignidade humana está sendo respeitada no acampamento. As pessoas vivem,
conviver, trabalham com alegria e se tornam com mais saúde, inclusive. Dia
30/01/2020, haverá audiência de conciliação no Fórum Lafaiete, em Belo
Horizonte, sob a presidência do juiz da Vara Agrária. O povo está determinado a
não aceitar despejo. Esperamos que o poder judiciário seja sensato e que
reconheça a constitucionalidade dessa luta pela terra, por moradia e por
dignidade humana e ambiental.
O juiz da Vara Agrária do TJMG, Walter Zwicker Esbaille Jr., fez inspeção no Acampamento Maria da Conceição, do MST, em Itatiaiuçu, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, dia 21/01/2020. Foto: Divulgação / www.brasildefato.com.br
Videorreportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Filmagem e Edição: frei
Gilvander, da CPT. Itatiaiuçu, MG, 21/01/2020.
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Outdoor na cidade de Brumadinho, MG, dia 21/01/2020, com a inscrição: "VALE destrói patrimônio histórico e invade terrenos particulares por meio de decretos estaduais em PONTE DAS ALMORREIMAS. Comunidade pede socorro e reparações justas". Foto: Cléria Nogueira.
Dia 25 de janeiro de 2020, às 12h28, completa exatamente um ano do crime tragédia da mineradora Vale, com autorização do Estado, em Brumadinho, MG. Em luto e luta, realizaremos a 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho, romaria de solidariedade e luta por justiça, em sintonia com as orientações do papa Francisco, com a Encíclica Laudato Si e com o Sínodo da Igreja para a Amazônia que conclama para a necessidade de vários tipos de conversão, entre as quais, conversão ecológica.“Tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e um compromisso constante pelos problemas da sociedade”, afirma o Papa Francisco, na Laudato Si, n. 91.
Dia 25 de janeiro de 2020, um sábado, das 8 horas às 21 horas, na cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, será um dia muito marcante para quem estiver lá, pois completará um ano do crime/tragédia que foi o rompimento da barragem da mineradora Vale com rejeitos minerários – lama tóxica -, em Córrego do Feijão, sepultando vivas 272 pessoas e matando o rio Paraopeba. Os corpos de 11 ‘jóias’, como são carinhosamente chamadas estas pessoas martirizadas, ainda continuam desaparecidos debaixo da lama tóxica. Além da Romaria organizada pela Arquidiocese de Belo Horizonte, Cáritas, CPT, CEBs e outras pastorais, haverá também, em profunda comunhão: a) Marcha do Movimento dos Atingidos por Barragens, de Pompéu a Brumadinho, de 20 a 25/01/2020, 300 quilômetros, passando por várias comunidades ribeirinhas do Paraopeba; b) Marcha do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Brumadinho, dia 25/01/2020, e Ato de Lançamento do Plano Nacional “Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis”; c) Dois Momentos Culturais com mais de 25 artistas se apresentando gratuitamente, por amor ao próximo. Será arte, poesia, música, teatro – cultura popular – fortalecendo a luta justa, necessária e urgente por Justiça Socioambiental; d) Lançamento do Livro Brumadinho – 25 é todo dia, de Dom Vicente Ferreira, Ed. Expressão Popular, um livro que dá voz aos atingidos pelo crime da Vale e do Estado, questiona com prosa e poesia o sistema minerário criminoso que causa tantos danos socioambientais, um grito que virou escrito e ecoará até que reparação integral aconteça. Livro de leitura atenta indispensável.
O crime/tragédia não aconteceu só no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, em uma sexta-feira que se tornou mais uma “sexta-feira da paixão”, mas é um crime continuado que está se reproduzindo de forma crescente. Melhor dizendo, iniciou na tarde do dia 05 de novembro de 2015, no município de Mariana, MG, pois a impunidade do crime/tragédia acontecido a partir do distrito de Bento Rodrigues alimentou a construção de outros crimes como o da Vale, a partir de Brumadinho. Com o passar do tempo, rastros de morte vão sendo percebidos e se avolumando em todo o município de Brumadinho, em Belo Horizonte, Região Metropolitana de Belo Horizonte e na bacia do Rio Paraopeba. O massacre de pessoas humanas – entre elas, trabalhadores e trabalhadoras – chegou a 272 vidas no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, mas várias outras pessoas morreram posteriormente afetadas dramaticamente por esse crime. O crime deu um tiro de misericórdia no rio Paraopeba, matando-o e, pior, envenenando-o. O tamanho do crime continua imensurável, pois se expande todos os dias. A bacia do rio Paraopeba representa 5,17% da bacia do Rio São Francisco, tem 510 quilômetros de extensão e bacia envolvendo 1.318.885 milhões de habitantes[2] em 13.643 Km. O Rio Paraopeba (do tupi, pará = rio grande, mar, e peba = aquilo que é plano, chato) é um dos principais afluentes do Rio São Francisco, irriga 48 municípiose deságua na barragem da hidrelétrica de Três Marias, MG, no município de Felixlândia.
No Acampamento Pátria Livre, do MST, com 700 famílias Sem Terra, em São Joaquim de Bicas, à margem esquerda do Rio Paraopeba, a jusante de Brumadinho e ao lado de Mário Campos, Manoel desabafa, com lágrimas escorrendo dos olhos: “O Rio Paraopeba era nosso pai. Mataram nosso pai. Todos os dias, uma infinidade de pássaros fazia revoada aqui no rio, em voos rasantes se banhavam no rio. Os pássaros sumiram e os urubus chegaram”. A agente de saúde Suely, Sem Terra do MST em São Joaquim de Bicas, lembra com tristeza: “Além de prestar os primeiros socorros e receitar medicina caseira e das plantas para as 700 famílias aqui do Acampamento Pátria Livre, eu propunha às pessoas depressivas que fossem banhar no Rio Paraopeba e meditar nas suas margens. Nosso rio já curou muitas pessoas. E agora com o rio morto? Até as pacas morreram, após ficarem com os corpos todo ferido.”
Em regime de agricultura familiar, milhares de pequenos/as produtores/as, que viviam e plantavam hortaliças e legumes na mãe terra banhada pelo Rio Paraopeba, ficaram aflitos, pois as hortas, antes irrigadas com água do Rio Paraopeba, morreram. Tentar irrigar com caminhões-pipas é paliativo. Buscar água onde? Além de palco de intenso processo de mineração, os municípios de Brumadinho, Mário Campos, Sarzedo, Ibirité e região eram regiões produtoras de alimentos para abastecer Belo Horizonte e região metropolitana.
Diante da exaustão da crise hídrica e de tanta mortandade que a mineração criminosa e devastadora vem perpetrando em Minas Gerais, no Pará e em outros estados, se torna imperativo ético conquistarmos outras formas de trabalho que interrompa a máquina mortífera das mineradoras que estão fazendo guerra contra os povos, contra a mãe natureza, contra todos os animais e toda espécie de ser vivo. De fato, a empresa transnacional mineradora Vale, atualmente, não tem apenas 70 mil funcionários atuando em 32 países, mas tem um exército de 70 mil soldados fazendo guerra em 32 países contra a mãe terra, a irmã água, os povos, todos os seres vivos e contra as próximas gerações, inclusive. É inadmissível que o Ministério Público, Estadual e Federal, e o Poder Judiciário ainda não tenham prendido todos os 21 apontados como culpados pelo crime, segundo as CPIs da Assembleia Legislativa de Minas e Câmara Federal. Ontem, dia 21/01/2020, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou criminalmente a Vale, a Tuv Sud e 16 pessoas por homicídio doloso (qualificado) e crimes ambientais.
BH, MG, 22/01/2020.
Obs.: Os filmes e vídeos nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado acima.
3 - Vale sacrificando o território de Ponte das Almorreimas, em Brumadinho, MG: violência! Vídeo 1 – 26/12/2019.
4 - "Vale comete crime e nós é que pagamos?" Ponte das Almorreimas, Brumadinho, MG. Vídeo 2 - 26/12/2019.
5 - "Vale pode tudo e compra todos?" (Cláudia). E Dom Vicente: Ponte das Almorreimas, Brumadinho/MG. Vídeo 3 – 26/12/2019.
6 - Dom Vicente: "Sistema minerário é criminoso". Vale na Ponte das Almorreimas, Brumadinho/MG. Vídeo 4 – 26/12/2019.
7 - Dom Vicente: "Não espere outra barragem romper". Vale na Ponte das Almorreimas/Brumadinho/MG Vídeo 5 – 26/12/2019.
[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br – www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III
"A
Vale só destrói, mata e devasta" em Ponte das Almorreimas, Brumadinho, MG.
Vídeo 21 - 17/01/2020.
A Comunidade rural de Ponte
das Almorreimas, em Brumadinho, MG, está sendo sacrificada pela mineradora
Vale. Com decreto de desapropriação do governador Romeu Zema e, sob ordem do
judiciário para a Vale construir uma nova captação de água para a COPASA, a
comunidade de Ponte das Almorreimas se tornou mais uma zona de sacrifício da
mineradora Vale. A desculpa é porque a captação de água no rio Paraopeba que o
Governo de MG e COPASA tinham inaugurado em 2015, com promessa de garantir
segurança hídrica para Belo Horizonte e Região Metropolitana (RMBH) por 25
anos, foi inviabilizada pelo crime/tragédia da Vale e do Estado a partir de
Brumadinho, dia 25/91/2019, às 12h28, com a contaminação do rio Paraopeba com
lama tóxica. O rio Paraopeba era responsável por 50% do abastecimento de BH e
RMBH. A Vale foi obrigada judicialmente a construir uma nova captação de água
ao lado do rio Paraopeba pouco acima de Córrego do Feijão, onde barragem de
rejeitos minerários estourou. O território escolhido para ser sacrificado foi
Ponte das Almorreimas, que era um paraíso terrestre com bioma de Mata Atlântica
e uma comunidade com mais de 200 famílias que viviam produzindo sob o regime de
agricultura familiar. É o crime/tragédia da Vale e do Estado gerando outros
crimes. As famílias de Ponte das Almorreimas estão indignadas e sofrendo muito.
Muitos direitos estão sendo violadas em Ponte das Almorreimas. Assista no vídeo
21 mais denúncias contra a mineradora Vale por estar devastando também a
Comunidade rural e o Território de Ponte das Almorreimas, em Brumadinho, MG.
Devastação socioambiental que a mineradora Vale está fazendo na Comunidade rural de Ponte das Almorreimas, em Brumadinho, MG. Foto: Cléria Nogueira. 06/01/2020.
Videorreportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Filmagem: Anderson Souza e
outro morador. Edição: frei Gilvander, da CPT. Brumadinho, MG, 17/01/2020.
*Inscreva-se no You Tube, no
Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
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“A terra é de Deus”: Frei Gilvander às 220 famílias da Resistência Camponesa, em Cascavel, no oeste do Paraná.
Dia 17/01/2020, frei Gilvander Moreira, da CPT/MG, gravou 2ª mensagem de apoio à Resistência Camponesa no município de Cascavel, no oeste do Paraná, onde 220 famílias Camponesas Sem Terra, do MST, de três Acampamentos do Complexo Cajati: Acampamento Resistência Camponesa, Acampamento Dorcelina Folador e Acampamento 1º de Agosto, há 20 anos ocupando, plantando e resistindo na terra em propriedade que antes não cumpria a função social. Entretanto, essas 220 famílias, entre as quais mais de 200 crianças e muitos idosos, estão ameaçadas de despejo pelo Governador Ratinho Júnior. A luta dessas famílias camponesas é justa, legítima e necessária. O Deus da vida está conosco nessa luta.
220 famílias do MST de três Acampamentos estão em Vigília na beira da BR 277, no município de Cascavel, no oeste do Paraná, há 22 dias: luta contra ameaça de despejo, luta pela terra e por reforma agrária. Foto: Divulgação / Resistência Camponesa no oeste do Paraná.
Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Filmagem: Patrícia Magalhães.
Narração e Edição: frei Gilvander. Belo Horizonte, MG, 17/01/2020.
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Frei Carlos Mesters
fala sobre o Livro do Deuteronômio em entrevista a frei Gilvander - 15/01/2020.
Dia 15/01/2020, frei Gilvander, em Unaí, MG, entrevistou
o frei Carlos Mesters sobre o livro do Deuteronômio, que será o livro do mês da
Bíblia de 2020. Frei Carlos apresentou chaves de leitura para o Deuteronômio e
Sete pontos fundamentais do Deuteronômio.
Frei Carlos Mesters sendo entrevistado por frei Gilvander. Foto: Arquivo do CEBI - www.cebi.org.br
Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das
CEBs e do CEBI. Filmagem e edição: frei Gilvander. Unaí, MG, 15/01/2020.
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Diante das implicações das opções religiosas na política brasileira ninguém mais em sã consciência afirma simplesmente que qualquer tipo de religião liberta e emancipa. Estamos experimentando que religião, dependendo do tipo de convicções geradas, pode oprimir e escravizar. É preciso recorrer à história da Igreja Católica. Após ser escolhido pelos cardeais para suceder o papa Paulo VI, dia 26 de agosto de 1978, o papa João Paulo I, ao aparecer em uma das janelas do Vaticano, primeiro, sorriu; segundo, afirmou que ‘Deus é pai e mãe’, mas é mais mãe que pai. Assim, João Paulo I iniciou seu pontificado sinalizando que guiaria a Igreja Católica nos rumos do Concílio Vaticano II e sob a égide de uma igreja misericordiosa. Os direitistas do Vaticano não toleraram. Dia 28 de setembro de 1978, com apenas 33 dias de pontificado, João Paulo I morreu de forma muita estranha.
Dia 16 de outubro de 1978, a chegada de João Paulo II ao governo da Igreja católica parecia ser, à primeira vista, algo alvissareiro, pois era um papa não europeu, que tinha origem em um país periférico com muitas desigualdades sociais: a Polônia. Mas, marcado negativamente pelo socialismo real que erroneamente asfixiava as celebrações religiosas compreendendo a “religião como ópio do povo”, o papa João Paulo II fez um diagnóstico capitalista e liberal da realidade dos pobres no mundo e concluiu que o problema principal no mundo era o ateísmo. Passou a apoiar e a fomentar aos quatro ventos os movimentos religiosos ultraconservadores, espiritualistas, intimistas e desencarnadores da fé cristã, tais como Legionários de Cristo, Opus Dei, Neocatecumenato e Renovação Carismática, esta exportada dos Estados Unidos, do meio de igrejas evangélicas para a América Afrolatíndia como sendo também parte do processo de colonização que o imperialismo estadunidense insistia em reproduzir no Brasil. Ideólogos do Imperialismo dos Estados Unidos tinham alertado a elite estadunidense que caso a Teologia da Libertação, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e as Pastorais Sociais continuassem se difundindo pelo Brasil e América Latina, seria muito difícil continuar o processo de colonização do continente sul-americano. Portanto, a exportação da renovação carismática e outros movimentos espiritualistas para a América do Sul cumpriam o papel político de barrar o crescimento da Igreja Popular com Opção pelos Pobres, confirmada no Concílio Vaticano II (de 1962 a 1965). Esse projeto está muito bem analisado no livro Os Demônios descem do norte, de Délcio Monteiro de Lima.
Durante o pontificado de João Paulo II, tendo o cardeal Ratzinger como o braço de ferro no comando da Congregação da Doutrina da Fé, segundo Circular de dom Pedro Casaldáliga, mais de 500 teólogos em sintonia com a Teologia da Libertação foram censurados e calados em todo o mundo. A Arquidiocese de São Paulo foi esquartejada em quatro partes para retirar poder e influência do cardeal dom Paulo Evaristo Arns. O mesmo não aconteceu com a Arquidiocese de Rio de Janeiro, presidida pelo cardeal dom Eugênio Sales que tinha assento em dez dicastérios no Vaticano, enquanto dom Paulo Evaristo, apenas em um. Durante o pontificado de João Paulo II, via de regra, somente bispos conservadores foram nomeados fazendo a CNBB[2] perder muito do protagonismo profético que conquistou durante os pontificados dos papas João XXIII e Paulo VI. Com a disseminação de movimentos religiosos conservadores e piedosos, jovens desses movimentos religiosos foram entrando para os seminários e para as congregações e Ordens religiosas. Como efeito dominó, o estilo de João Paulo II foi se disseminando entre o clero, seminaristas e nas paróquias. Levar o povo para dentro das igrejas passou a ser a prioridade. Esquecia-se gradativamente da Opção pelos Pobres e da missão de ser sal que evita podridão/corrupção no mundo capitalista, luz que esconjura as trevas da opressão capitalista e fermento na massa alienada, anestesiada e colonizada pelo ‘espírito’ do capitalismo e por expressões religiosas que privatizam a fé cristã.
Assim, gradativamente, a Igreja foi se distanciando do povo oprimido e injustiçado. Com as agruras e violências crescentes perpetradas pelo capitalismo, o povo com pesadas cruzes nas costas – sem terra, sem moradia, sem emprego, sem salário justo, sufocado pela violência social crescente e pela especulação imobiliária etc -, e sem bons pastores, acabou caindo no colo dos falsos profetas e dos falsos pastores, dentro da Igreja Católica e em milhares de outras igrejas. Uma onda de (neo)pentecostalismo campeia desde os primeiros anos do pontificado de João Paulo II. Isso tem levado ao esquecimento da Opção pelos pobres e a um divórcio entre Fé e Política, entre Evangelho e questões sociais. O distanciamento da prática do Evangelho de Jesus Cristo chegou a tanto que tornou impossível o papa Bento XVI – pontificado de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013 - continuar guiando uma Igreja tão ensimesmada e enleada em escândalos de vários tipos. Ele acabou renunciando[3]. O choque foi tão grande entre os cardeais que eles acabaram tendo sensatez e elegeram o papa Francisco – pontificado desde 19 de março de 2013 -, que está resgatando os princípios originários do Concílio Vaticano II, entre os quais a Opção pelos Pobres, apesar do conservadorismo da Igreja que se mantém fechada e distante dos gestos proféticos de Francisco. Nesse contexto, uma questão está de pé: religião liberta e emancipa ou oprime e escraviza? Depende do tipo de religião.
Arinos, MG, 14/01/2020.
Obs.: Os filmes e vídeos nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado acima.
1 - CEBs na luta pela terra com o MTC, em Córrego Danta, MG: fé e luta por direitos. 16/8/2019 – Vídeo 3.
2 - Frei Gilvander: "Remédio para medo é ..." XIV Encontro de CEBs, Taiobeiras, MG. Vídeo 2. 28/7/2019
3 - Frei Gilvander no XIV Encontro de CEBs em Taiobeiras, MG: "Que fazer ...?" Vídeo 1. 28/7/2019
4 - Tributo a Dom Moacyr Grechi, homem imprescindível nas CEBs, CIMI, CPT ... 18/6/2019
5 - Palavra Ética TVC/BH: XIV Intereclesial das CEBs, em Londrina, PR. CEBs e desafios urbanos . 20/2/18
[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br – www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III