Gilvander é frei e padre da Ordem dos carmelitas, Doutor em Educação pela FAE/UFMG; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas, em Minas Gerais.
"CRIME DA VALE E DO ESTADO É IMPERDOÁVEL.
ELA NÃO PODE FICAR EM NOSSO TERRITÓRIO. SEM A VALE NOSSO MUNICÍPIO PODE CRESCER
ECONOMICAMENTE COM BASE NO RESPEITO, NO BEM VIVER E NA DIGNIDADE DAS PESSOAS.”
– Carolina de Moura – Audiência Pública em Brumadinho – MG – Vídeo 6 –
15/3/2019.
No dia 15 de março de 2019, quando se completaram 50 dias do crime da
Vale e do Estado ocorrido a partir de Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019,
que matou mais de 300 pessoas e matou o Rio Paraopeba, além das gravíssimas
consequências socioambientais, foi realizada na Câmara Municipal de Brumadinho,
uma audiência pública para debater esse crime, um dos maiores crimes ambientais
e um dos maiores acidentes de trabalho da historia da humanidade e o maior do
Brasil. A Audiência Pública foi requerida pela Deputada Federal Áurea Carolina,
do PSOL/MG, e contou com a participação de centenas de pessoas, entre elas,
moradores de comunidades atingidas, vereadores, integrantes da Comissão Externa
Desastre de Brumadinho, da Câmara dos Deputados, defensorias públicas da União
e do Estado de Minas Gerais, Arquidiocese de Belo Horizonte e representantes de
entidades diversas. Todo o debate girou em torno da enorme devastação e da
destruição da vida, e das centenas de mortes humanas causadas pelo capitalismo
– que é desumano e predatório – e é o que sustenta e direciona as mineradoras e
a mineração. Nesse vídeo, a fala profética de Carolina de Moura, do Movimento
Águas e Serra de Casa Branca e representante do Gabinete de Crise da Sociedade
Civil.
Rompimento de barragem da mineradora em Córrego de Feijão, dia 25/01/2019, Vale matou mais de 300 pessoas em Brumadinho (MG), matou o Rio Paraopeba e apunhalou mais ainda o Rio São Francisco. Foto: Divulgação / Forbes uol
*Divulgação: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por
Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de
envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se
assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
O povo de Sarzedo, MG, na luta pelas vidas, clama: “Chega de Mineração! Retirem as barragens da nossa cabeça!” - 25/3/2019.
Dia 25/3/2019 aconteceu Audiência de conciliação no Fórum de Ibirité, sob a presidência do juiz Dr. André e com a presença da promotora Dra. Isabela de Carvalho e com dono e advogados da Mineradora Itaminas, que exigem a suspensão da proibição de continuar minerando e jogando rejeitos tóxicos de mineração nas barragens já com graves riscos de rompimento, em Sarzedo. A jusante das 3 barragens da Mineradora Itaminas estão 6.000 pessoas morando em vários bairros, entre os quais, o bairro Brasília. O medo de a qualquer hora acontecer o rompimento retirou a paz e o sossego do povo. Veja no vídeo aqui Entrevista coordenada pelo frei Gilvander Moreira, da CPT/MG, após a Audiência em Ibirité, dia 25/3/2019.
* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 8.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
MINERAÇÃO
EM MG É FAVORECIDA PELA FLEXIBIIZAÇÃO DAS LEIS – CUMPLICIDADE QUE FAVORECE O
CRIME E DESTRÓI A VIDA. BRUMADINHO/MG - Gustavo Gazzinelli – Vídeo 5 -
15/3/2019.
No dia 15 de março de 2019,
quando se completaram 50 dias de lama tóxica, com gravíssimas consequências
socioambientais do crime tragédia da VALE e do Estado, ocorrido a partir de
Brumadinho, MG, no dia 25 de janeiro de 2019, foi realizada na Câmara Municipal
de Brumadinho, uma audiência pública para debater esse crime, um dos maiores
crimes ambientais e um dos maiores acidentes de trabalho da historia da
humanidade e o maior do Brasil. A Audiência Pública foi requerida pela Deputada
Federal Áurea Carolina, do PSOL/MG, e contou com a participação de centenas de
pessoas, entre elas, moradores de comunidades atingidas, vereadores,
integrantes da Comissão Externa Desastre de Brumadinho, da Câmara dos Deputados
Federais, defensorias públicas da União e do Estado de Minas Gerais,
Arquidiocese de Belo Horizonte e representantes de entidades diversas. Todo o
debate girou em torno da enorme devastação e da destruição da vida, e das
centenas de mortes humanas, causadas pelo capitalismo – que é desumano e
predatório – e é o que sustenta e direciona as mineradoras e a mineração. Nesse
vídeo, a fala de Gustavo Gazzinelli do Movimento das Serras e Águas de Minas.
*Divulgação: Frei Gilvander
Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei
Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
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I Assembleia da Associação Indígena Kiriri, em Caldas, sul de Minas Gerais: Fé, coragem e esperança! Vídeo 8 - 27/1/2019.
O Povo Indígena Kiriri, em retomada de 39 hectares de terra, no Bairro Rural Rio Verde, município de Caldas, sul de Minas Gerais, deu mais um grande passo na luta pela permanência na terra, no dia 27 de janeiro de 2019, com a fundação da Associação Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, Minas Gerais. Um grande número de pessoas se reuniu na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, sul de Minas, para participar do evento: autoridades locais, apoiadores, moradores da Comunidade do Rio Verde, da cidade de Caldas e região. A área é ocupada por 16 famílias do Povo Kiriri (43 pessoas indígenas), vindas do oeste da Bahia, desde outubro de 2016. A área, até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam um local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em 2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Atualmente, a Aldeia Indígena Kiriri com 14 casas de taipa, criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a oitava parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, com registro da I Assembleia da Associação Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, sul de Minas Gerais, coordenada por Daniel Tygel, presidente da Aliança em prol da APA de Pedra Branca. Nessa I Assembleia foi escolhida a Coordenação Administrativa da Associação com seus respectivos Conselhos.
Na Aldeia do Povo Indígena Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais. Foto: Fernanda Borges
* Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 8.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
ASSOCIAÇÃO
INDÍGENA KIRIRI DO RIO VERDE, EM CALDAS, SUL DE MG: Mais um passo na luta pela
terra. Vídeo 7 - 27/1/2019.
No dia 27 de janeiro de
2019, o Povo Indígena Kiriri, em retomada de 39 hectares de terra, no Bairro
Rural Rio Verde, município de Caldas, sul de Minas Gerais, deu mais um grande
passo na luta pela permanência na terra, com a fundação da ASSOCIAÇÃO INDÍGENA
KIRIRI DO RIO VERDE, EM CALDAS, MG. O evento que marcou a fundação da
Associação foi realizado na Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, sul de MG, e
contou com a participação de autoridades locais, apoiadores, moradores da
Comunidade do Rio Verde, da cidade de Caldas e região. A cerimônia, programada
com antecedência, aconteceu dois dias depois do crime tragédia praticado em
Brumadinho, pela Vale, com licença do Estado, o que a fez ser marcada também
por luto, dor e indignação. Desde outubro de 2016, 16 famílias do Povo Indígena
Kiriri (43 pessoas indígenas), vindas do oeste da Bahia, ocupam, em retomada,
uma área de 39 hectares, no município de Caldas, sul de Minas Gerais. A área,
até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do
Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam um
local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em
2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo
orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo
de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente
abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a
distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de
moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham
construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo
Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de
Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas
Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda
a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de
Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares,
Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no
Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das
terras aos Kiriri. Atualmente, a Aldeia Indígena Kiriri com 14 casas de taipa,
criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de
venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por
justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário
decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer
na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O
justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os
direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no
território. Nesse vídeo, a sétima parte da videorreportagem feita por frei
Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo
Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais, com registro do momento específico
da fundação da Associação do Povo Indígena Kiriri do Rio Verde, em Caldas, sul
de MG, coordenado por Daniel Tygel, presidente da Aliança em prol da APA da
Pedra Branca.
Foto: Povo Indígena Kiriri nas Redes Sociais
* Videorreportagem de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 7.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
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Camponesas Sem Terra do MST em Assentamento da ex-usina Ariadnópolis, no município de Campo do Meio no sul de Minas Gerais, cultivando horta comunitária e horta de plantas medicinais. Foto: frei Gilvander, em 1º/3/2016.
Ao lado
do Assentamento Primeiro do Sul, do MST[2],
em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, e na fronteira com a maior fazenda de
monocultura do café da América Latina está o megalatifúndio da ex-usina
Ariadnópolis, que foi ocupado pelo MST pela primeira vez em 1998, um ano após a
conquista do Assentamento Primeiro do Sul. Na luta pela terra, os Sem Terra do
MST e o Movimento como tal sofrem diversas pressões. “Sofremos pressão do Estado, por meio da prefeitura, do INCRA, do
sistema de saúde, das forças policiais e do poder judiciário. Sofremos pressão
do latifúndio do entorno que vem buscar nossos jovens e famílias para
trabalharem para eles como boias-frias. A gente sofre com a pressão da cidade,
pois a cultura urbana vem para os acampamentos e assentamentos não só para se
instalarem, mas para arrancar o povo que está na luta pela terra e levar para
cidade. Um exemplo disso é o transporte escolar que tira as crianças do
Assentamento e dos Acampamentos e leva lá para cidade”, diz Sílvio Neto, da
coordenação nacional do MST.
Todos os
instrumentos do Estado, o latifúndio e os latifundiários, a cidade e todas as
suas seduções são obstáculos à luta pela terra, pois integram a engrenagem que
reproduz a estrutura latifundiária e fazem na prática uma contrarreforma
agrária. Entretanto, em 25 de setembro de 2015, o governador de Minas Gerais,
Fernando Pimentel, assinou decreto desapropriando três fazendas para centenas
de Sem Terra do MST acampados há mais de dez anos: a fazenda Nova Alegria, em
Felisburgo; a fazenda Gravatá, em Novo Cruzeiro, e o megalatifúndio da Ariadnópolis,
em Campo do Meio. Mas a área da CAPIA, que é a sede da ex-usina Ariadnópolis e
o parque industrial – 26 hectares -, ficou fora do decreto de desapropriação.
Um Mandado de Segurança movido pela CAPIA, que gerencia a massa falida,
suspendeu o decreto de desapropriação, o que acirrou mais ainda os ânimos no
maior conflito agrário de Minas Gerais e um dos maiores do Brasil. Um dos
coordenadores estaduais do MST alertou para isso na reunião com o governo de
Minas e com dois comandantes da polícia militar. “O barraco da Maria Baiana foi queimado. Quando nós chegamos aqui na
sede da ex-Usina Ariadnópolis, as casas aqui tinham se transformadas em curral
de gado. Diante das ameaças, ocupamos também a sede da Ariadnópolis. A reforma
agrária não é só terra, mas é também cooperativa, escola, crédito, área de
lazer. Por isso precisamos também da estrutura aqui da sede”, bradou Sílvio
Neto, em reunião com o Governo de Minas, dia 1º/03/2016.
Na luta
pela terra no megalatifúndio da Ariadnópolis, o MST abraçou há vários anos a
luta pela instalação de uma Escola do Campo no território. “Se a corda está esticada, não foi esticada
por nós. Nós nunca fomos intransigentes. Já sofremos 06 reintegrações de posse
aqui. Esperamos a desapropriação aqui há 18 anos. Até quando vamos ter que
esperar?”, perguntou outro Sem Terra, em reunião tensa dia 1º /03/2016.
Ocupando
as terras do latifúndio há Sem Terra oriundos de muitas regiões, famílias que
estão há 21 anos acampadas, outras com menos tempo; há também trabalhadores que
trabalhavam ali e que, lesados nos seus direitos trabalhistas após a falência
da usina, resolveram se engajar na luta pela terra; e há também trabalhadoras
camponesas e trabalhadores camponeses que nasceram naquelas terras e resistem
como posseiros na luta pela terra.
O MST
coordena a luta histórica e complexa para conquistar de uma vez por todas a
integralidade do megalatifúndio da Ariadnópolis. Além da resistência no
território ocupado, os assentados e acampados do MST de Campo do Meio têm
travado muitas lutas fora das terras da Ariadnópolis. Apenas em 2015, por
exemplo, o MST de Campo do Meio levou um caminhão de alimentos e doou para as nove
mil famílias das Ocupações Urbanas da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia,
MG, quando estavam sob seríssima ameaça de despejo; manifestou na portaria da
Petrobras, em Betim, MG, em apoio à greve dos funcionários da Petrobras;
marchou e bloqueou o trânsito na MG 010, diante da Cidade Administrativa, em
Belo Horizonte, reforçando a luta das professoras e dos professores da rede
estadual de educação; bloqueou um dos pedágios da BR 381 (Fernão Dias),
exigindo Luz para Todos nos Assentamentos Primeiro do Sul, Nova Conquista II e
Santo Dias; e ocupou prédios públicos, como a sede do INCRA em Belo Horizonte.
Oitocentos
hectares de terra ficaram fora do decreto do governador Pimentel, de 25 de
setembro de 2015. Mas em reunião dia 1º de março de 2015, representantes do
Governo de Minas asseguraram que o governador de Minas assinaria outro decreto
para destinar 100% das terras da Ariadnópolis para as mais de 500 famílias
acampadas há 19 anos. “É preciso ter
muito amor e muita paixão para poder estar na luta pela terra carregando a
bandeira do MST e sob essa bandeira viver. Nós podemos ter várias cores, várias
religiões, várias orientações sexuais, várias idades e ter vindo de diversos
estados do Brasil, mas o que nos unifica e nos dá unidade como povo camponês na
luta pela terra é a bandeira do MST”, afirmou Sílvio Neto, ao finalizar
Assembleia Geral no Acampamento Quilombo Grande, na Ariadnópolis, dia
1º/3/2016.
O
Acampamento Vitória da Conquista é o mais antigo nas terras da Ariadnópolis,
com 21 anos. Nele, 32 famílias estão acampadas, já em casas construídas de
tijolo ou de adobe, produzindo café, maracujá, mandioca, banana, feijão e
hortaliças. “Como aconteceram muitos
despejos aqui no Girassol, a gente organizou o acampamento Vitória da Conquista”,
diz Maria De Fátima Silva Meira, Sem Terra do Acampamento Vitória da Conquista.
Dezenas de famílias de posseiros estão resistindo nas terras da Ariadnópolis.
Muitos já moravam e trabalhavam na Usina. Outros trabalhadores com dívidas
trabalhistas acamparam na Ariadnópolis após a falência da usina. Os Sem Terra
ali acampados têm uma grande diversidade cultural e de origem. Há trabalhadores
camponeses oriundos dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Pernambuco e de
outros estados, além de Minas Gerais, obviamente. O sr. João Batista Pura, 63
anos, que trabalhou na usina por mais de 30 anos, afirma: “Trabalhei aqui na usina Ariadnópolis mais de 30 anos, cortando cana,
capinando café e batendo veneno. Meu pai era fiscal na usina. Tenho irmãos que
trabalharam na usina. Aqui se produzia açúcar e álcool. Nas partes altas se
plantava cafezal e nas baixadas era tudo cana-de-açúcar. Clóvis Azevedo era o
dono da usina. Um tanque de álcool pegou fogo aqui e causou um incêndio
medonho. Eu trabalhava sem ter carteira registrada desde os 14 anos. Quando os
Sem Terra vieram pra cá (em 1998), eu tinha direito a R$135.000,00 (cento e
trinta e cinco mil reais) de indenização trabalhista a receber, mas perdi a
esperança de receber isso. Hoje, deveriam me pagar acima de quinhentos mil
reais.”
Camponeses
assolados pela seca e pela cerca, expropriados pela cerca do latifúndio na
região Nordeste, também vieram engrossar a luta pela terra no sul de Minas, na
Ariadnópolis. José Nery Da Silva, Sem Terra pernambucano do Acampamento Betinho
(Herbert de Souza), nas terras da ex-usina Ariadnópolis recorda: “Há 13 anos abracei a luta pela terra para a
gente ter uma convivência melhor, porque onde a gente morava (estado de
Pernambuco) a vida era muito difícil. Aqui nas terras da Ariadnópolis, a gente
tem o que comer, tem uma roupinha melhor. Podemos calçar um sapato. Sapato eu
nem conhecia antes de chegar aqui. A gente planta milho, feijão, café e
verduras. A gente vive da roça. Nossa vida aqui melhorou 100%. Pulamos da
lamparina para a vela que dá menos fumaça. Nóis quer a terra pra nóis
trabalhar. Quem receber a terra e vender após mais de 13 anos de luta não tem
jeito, pode matar. Na cidade não tem jeito. O jeito é na roça mesmo. Se eu
soubesse que a luta pela terra fosse tão boa, eu teria vindo muito antes. Lá no
sertão brabo é muito difícil a sobrevivência. Aqui a gente planta, colhe,
guarda para comer e vende o bocado que sobra. Trabalhar para o fazendeiro ou na
cidade, a gente tem que cumprir horário, o que causa muita pressão e
preocupação. Mesmo doente tem que trabalhar, porque tem meta. Patrão não quer
nem saber se você está doente ou não. No campo, a gente tem liberdade e
trabalha para a gente mesmo, trabalha tranquilo e feliz. Depois que a gente vem
pra roça adquire saúde. Na roça tudo é do jeito que a gente quer.”
Belo
Horizonte, MG, 26/3/2019.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - MST luta pela terra em Campo do
Meio/MG desde 1998: Palavra Ética/TVC/BH c/ frei Gilvander. 17/11/18
2 - Sr. Mozar no Quilombo Campo
Grande/MST/MG: "Sem a terra ele não vive!" Vídeo 6 – 26/11/18
3 - Função social para a terra nos 11 Acampamentos
do MST/Campo do Meio/sul de MG. Vídeo 5 - 26/11/18
4 - Reflorestamento e Produção no
Quilombo Campo Grande, do MST/MG - Vídeo 4 - 25/11/2018
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
Carliusa do Povo Kiriri, mulher guerreira: “O nosso lugar é aqui!” (Em Caldas, sul de MG.) – Vídeo 6 – 27/1/2019.
Vindas do oeste da Bahia, 16 famílias do Povo Indígena Kiriri ocupam, em retomada, desde outubro de 2016, uma área de 30 hectares, no município de Caldas, sul de Minas Gerais. A área, até então abandonada há mais de uma década, pertence à UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e, com essa luta pela terra, as famílias buscam, um local permanente onde possam viver com dignidade e preservar sua cultura. Em 2017, os indígenas Kiriri atenderam a uma ordem de despejo e, seguindo orientações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), foram levadas, pelo Governo de Minas Gerais, para um terreno em Patos de Minas. Foram praticamente abandonados lá, à própria sorte, considerando a falta de estrutura do local e a distância da cidade. Com apoio da comunidade do Bairro Rural Rio Verde e de moradores de Caldas, os Kiriri retornaram à terra onde estavam e onde já tinham construído várias casas de barro e pau a pique. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi novamente notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Contudo, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. A aldeia conta atualmente, com 14 casas de taipa, criação de galinhas, porcos, hortas e lavouras agroecológicas, sem uso de venenos e há um projeto de extensão da UEMG para a comunidade. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, o depoimento comovente da Professora Carliusa Kiriri, liderança indígena, esposa do Cacique Adenilson Kiriri, que fala de injustiça, coragem, amizade, solidariedade, resistência... Carliusa fala, sobretudo, de luta pela terra que lhes pertence por direito.
Carliusa, do Povo Indígena Kiriri, foi homenageada na Câmara de Vereadores de Caldas no sul de Minas Gerais, dia 20/03/2019. Foto: Cacique Adenilson.
*Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 6.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Já está acionada a luz vermelha sobre a relação da
‘epidemia’ de câncer com o uso e a aplicação de agrotóxicos nas lavouras de monoculturas
do café, da cana, do eucalipto, do feijão, da soja e outras. Está comprovado
pelo Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA -, da
ANVISA[2]: a)
a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos acima dos limites máximos
“recomendados”; b) a presença em muitos alimentos de venenos não
permitidos.Afora isso, nas
fiscalizações junto às empresas produtoras de agrotóxicos observa-se,
recorrentemente, muitas irregularidades. “No Município de Lucas de Rio Verde,
no Mato Grosso, constatou-se a contaminação do leite materno, das águas da
chuva, do solo e até do ar” (MOREIRA, 2016b, p. 224). Estima-se que, a cada
ano, 25 milhões de trabalhadores são contaminados por agrotóxicos apenas nos
países empobrecidos.
Põe o dedo na ferida, de novembro de 2011, o
Relatório do deputado federal Padre João Carlos (PT/MG), então relator da
Subcomissão Especial sobre o Uso dos Agrotóxicos e suas Consequências à Saúde e
integrante da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados: “A
incidência de câncer em regiões produtoras de Minas Gerais, que usam
intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das médias nacional e mundial,
sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico.
Neste estado, na cidade de Unaí, está sendo construído um Hospital do Câncer,
em virtude da grande ocorrência desta doença na região. Segundo os dados
apresentados na Ausculta Pública que realizamos nesse município, já estão
ocorrendo cerca de 1260 casos/ano/100000 pessoas. A média mundial não
ultrapassa 400 casos/ano/100000 pessoas” (Fonte: Relatório da Subcomissão do
Uso de Agrotóxico, 2011, p. 30).
Há muitas pesquisas científicas, tais como as da
Fio Cruz, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), da Universidade
Federal do Ceará (UFCE) e da Universidade de Brasília (UNB), que apontam a
estreita relação entre uso ou ingestão de agrotóxico e câncer, como atesta
Eloísa Caldas, coordenadora do Laboratório de Toxicologia da UNB: “Existem mais
de 400 pesticidas permitidos para uso e bactérias diferentes que causam efeitos
diversos para a saúde. Podem causar problemas neurológicos, podem levar ao
desenvolvimento de câncer e outras patologias” (Fonte: Relatório da Subcomissão
do Uso de Agrotóxico, 2011, p. 54).
XX Romaria das Águas e da Terra do estado de Minas Gerais, em Unaí, dia 23/7/2017, durante a marcha que atravessou grande parte da cidade. Foto: frei Gilvander
Várias leis já foram criadas para tratar dos
agrotóxicos: Lei nº 7.802/1989, Lei nº 9.974/2000, Lei nº 11.657/2008,
instituíram o dia 18 de agosto como o Dia Nacional do Campo Limpo; Lei nº
6.938/81, referente à Política Nacional de Meio Ambiente e a Lei nº 12.305/10,
referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essas leis são dribladas o
tempo todo, além de serem generosas com a indústria dos agrotóxicos, o que fere
mortalmente a dignidade humana e dignidade da mãe terra, da irmã água, do irmão
ar e de todos os seres vivos.
Atualmente no Assentamento Primeiro do Sul, do MST,
em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, há o acompanhamento e a orientação de
agrônomos das cooperativas de café que determinam os tipos de agrotóxicos a
serem usados na lavoura e as quantidades. Eles fixam os limites, conforme diz o
assentado Wadilsom Manoel da Silva: “O limite é o que o agrônomo determina. Se
ele determina usar 200 ml, não adianta usar 300 ml, pois será jogar fora
dinheiro e contaminar mais ainda a terra, o ar e a plantação. Temos que seguir
a dosagem certa, a que é definida pelo agrônomo. Se não será burrice”. Os
assentados seguem os agrônomos que não são da EMATER, mas das quatro
cooperativas existentes na região com as quais os assentados têm contratos: a
COOXUPÉ, a COPERCAM, a CAFÉ e a CAMPONESA. Os camponeses assentados pagam uma
quota para poderem se filiar à cooperativa.
Em média,
para se produzir uma saca de café – de sessenta quilos –, em preços de
fevereiro de 2015, o custo estava em torno de 280 a 300 reais e se podia vender
por 400 reais por saca quando o café era muito bom, nível 6. O preço depende de
uma série de fatores. “A qualificação do café vai do número 6 ao número 10. O
número 6 é o melhor e 10 é o pior. A maior parte do café que enviamos para a
cooperativa é classificado como número 7, o que reduz muito o preço”, informa
Wadilsom Manoel. Mas, outro Sem Terra, com olhar crítico, alerta: “O nosso café
é avaliado de acordo com o que está rolando na bolsa de valores”.
Dentro da
proposta de Reforma Agrária Popular, definida no 6º Congresso do MST, em
janeiro de 2014, a autonomia na gestão daquilo que os camponeses assentados
produzem é fundamental. Aqui se insere a criação da Cooperativa Camponesa, que
é imprescindível para emancipar os assentados das teias das cooperativas do
agronegócio. É o que diz Sílvio Neto, da coordenação nacional do MST: “Não terá
nenhum assentado que aceitará converter toda sua produção para o modelo
agroecológico se não tiver uma cooperativa para viabilizar a comercialização,
pois se ele for produzir de forma agroecológica e entregar sua produção nas cooperativas
convencionais, perderá muito economicamente, pois certamente sua produção será
classificada como inferior. Não é uma questão de boa ou má vontade. Acontece
que o fator econômico é preponderante. Não dá para defender o que
economicamente implica prejuízo”.
A
produção de café só pode sair do terreno do produtor com a guia autorizando o
transporte e com o seguro antirroubo, pois o café está muito visado. Não dá
para correr o risco de andar com uma carreta de café procurando preço melhor e
ser roubado antes de entregar o produto para o comprador. É o que analisa
Sílvio Neto: “Teríamos que ter o controle de toda a cadeia produtiva, desde a
produção até a venda final. Muitas famílias vendem o café antecipadamente,
porque precisam de insumos, de botas e do sustento diário ou porque um filho
adoeceu e é preciso dinheiro para realizar o tratamento. Precisamos romper com
as empresas do agronegócio, as cooperativas, mas não dá para romper somente no
tocante à comercialização. Temos que construir autonomia em toda a cadeia
produtiva, senão é muito difícil implementar o modelo da agroecologia. O poder
do agronegócio no campo não passa necessariamente pela propriedade da terra,
mas muitas vezes, por uma lógica e engrenagem que aprisionam os pequenos
produtores que acabam forçados a fazer o tal do agronegocinho. Ou seja, o
modelo do agronegócio envolve matriz tecnológica, pacote de insumos,
assistência técnica ditada pelo capital, financiamento etc. Enfim, controla de
ponta a ponta a vida do campesinato. Nesse cenário, a agroecologia não é apenas
um conjunto de práticas de cultivo com adubação orgânica e não uso de venenos.
É outra lógica que exige outra engrenagem que possa estar sob o controle
autônomo dos camponeses assentados.É
outromodelo que garante cooperação
popular, autonomia na produção, na venda, na compra etc.”.
Referências.
MOREIRA,
Gilvander Luís. A luta por direitos no campo e na cidade. In: SOUZA, Miracy
Barbosa de; MUNDINM, Fernanda de Lazari Cardoso; PEREIRA, Aline Rose Barbosa
(Orgs.). CIDADE E ALTERIDADE:
Convivência multicultural e justiça urbana. Belo Horizonte: Editora
D’Plácido, p. 211-228, 2016b.
Belo
Horizonte, MG, 20/03/2019.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto discutido, acima.
1
- Do Agrotóxico para a Agroecologia/1ª Pré-Romaria da XXI Romaria/Águas e
Terra/MG/Arcos/23/6/2018
2
- Comida saudável vem da luta-Inauguração do Armazém do Campo, do MST - BH/MG–3ª
Parte- 26/11/ 2017
3
- Horta Comunitária na Ocupação Esperança - Região da Izidora - BH/MG - 1a
Parte - 12/11/2017
4
- Comida saudável/Economia Solidária/Festival Reforma
Agrária/MST-BH/MG-08/10/2017-2ª Parte
5
- Nazaré - Câncer na Família e agrotóxicos em Unaí: 20ª Romaria das Águas e da
Terra/MG. 20/7/2017
6
- Na TV Assembleia, denúncia de exagero de agrotóxico no feijão em Unaí.
7
- Frei Gilvander denuncia na TV Assembleia: exagero de agrotóxico causa câncer
em Unaí/MG. 12/12/2012
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
Povo Indígena Kiriri em Caldas, sul de MG: A trajetória da luta pela terra, por Cacique Adenilson. Vídeo 5 – 27/1/2019.
Em Caldas, sul de Minas Gerais, 16 famílias do Povo Indígena Kiriri, vindas do oeste da Bahia, ocupam uma área situada no bairro rural Rio Verde, a 7 km da sede do município de Caldas. Na área, os Kiriri construíram suas casas de pau a pique e barro, plantam lavouras, árvores frutíferas e plantas medicinais de forma agroecológica, sem veneno e, mesmo sem a estrutura adequada, passando por dificuldades pela falta de atenção do Poder Público, as famílias lutam pelo sagrado direito à terra que lhes pertence, por direito legítimo, para que possam nela viver e conviver em paz e harmonia com a Mãe terra e toda a natureza, e uns com os outros e com comunidade entorno, conforme sua cultura, suas tradições, suas origens, em sintonia com todos os encantados, seus ancestrais. Em outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares, Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a quinta parte da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de 2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri em Caldas, MG, com a retrospectiva dessa luta pela terra em Caldas, sul de MG, apresentada pelo Cacique Adenilson.
Povo indígena Kiriri sofreu ordem de despejo em 2017 / Foto: Ronaldo Eli/ASA
*Videorreportagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 5.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
A
luta dos povos indígenas é nossa também. “Esta terra (em Caldas, sul de MG) é
Kiriri!” Despejo, não! – Vídeo 4 – 27/1/2019.
Na Aldeia Indígena Kiriri,
em Caldas, no sul de Minas Gerais, 16 famílias (43 pessoas) vindas do oeste da
Bahia ocupam uma área de 30 hectares, em retomada, onde convivem em plena
harmonia com a Mãe Terra, a Irmã Água e toda a Natureza. Essa harmonia se faz
também presente na convivência uns com os outros e com a comunidade rural do
Rio Verde, onde estão inseridos. Ali, além de dedicarem-se ao cultivo de
lavouras, pomar e plantas medicinais de forma agroecológica, sem uso de veneno
nas plantações, os indígenas cuidam também da preservação da mata do território
e dedicam-se ao reflorestamento de áreas devastadas da mata. Para o Povo
Indígena Kiriri, esta mata é templo sagrado, espaço de espiritualidade e
fortalecimento de sua fé, de sua cultura e garantia de sobrevivência. Em
outubro de 2018, o Povo Kiriri, em Caldas/sul de MG, foi notificado da Liminar
de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de
Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Entretanto, graças à luta desse povo e
de toda a Rede de Apoio (Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), Associação da APA da Pedra Branca, Igreja católica de
Caldas, capoeiristas, professores/ras da UEMG, estudantes, advogados populares,
Ministério Público Federal (MPF) etc), em reunião realizada em Pouso Alegre, no
Ministério Público Federal, a UEMG posicionou-se com acordo de cessão das
terras aos Kiriri. Há um clamor por justiça na esperança de que o Governo de
Minas Gerais e o Poder Judiciário decidam pelo acolhimento do direito da
Comunidade Indígena Kiriri de permanecer na terra outrora habitada por seus
ancestrais e, portanto, legitimamente sua. O justo e ético é que o Governo de
Minas e o Poder Judiciário respeitem os direitos do Povo Indígena Kiriri e tudo
o que já foi e está sendo construído no território. Nesse vídeo, a quarta parte
da videorreportagem feita por frei Gilvander, da CPT, no dia 27 de janeiro de
2019, na Aldeia Indígena do Povo Kiriri, em Caldas, no sul de Minas Gerais,
quando a comunidade indígena e apoiadores reuniram-se para celebrar mais um
passo nessa luta pela terra, com a fundação da Associação do Povo Indígena
Kiriri de Caldas, sul de MG.
Cacique Adenilson, do Povo Indígena Kiriri, em Caldas no sul de Minas Gerais, e o Tenente da cidade de Caldas. Foto: Frei Gilvander
* Videorreportagem de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Caldas, sul de MG, 27/1/2019. Vídeo 4.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a
diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.
O Projeto
de Assentamento (PA) Primeiro do Sul, do MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, foi formado,
primeiro, para produzir alimentos com a finalidade de matar a fome e eliminar a
miséria que reinava no seio das 48 famílias camponesas assentadas. Ainda não se
tinha a consciência do paradigma agroecológico. Diferentemente, o PA Santo
Dias, em Guapé, de 12 de maio de 2006, distante 70 quilômetros de Campo do
Meio, nasceu dentro da concepção agroecológica e, por isso, sua produção é
hoje, basicamente, agroecológica. É o que informa Sílvio Neto, da Direção
Nacional do MST: “No PA Santo Dias, em Guapé, desde que os Sem Terra pisaram lá
não jogaram nem uma gota de agrotóxico no assentamento. Lá tem 19 modelos
agroecológicos sendo praticados. Temos, inclusive, homeopatia para o manejo do
gado. Enfim, temos no PA Santo Dias um amplo processo agroecológico, coisa que
não existe em nenhuma outra propriedade da região sul de Minas”.
O MST
está se dedicando em aprofundar o debate, a consciência e as práticas
agroecológicas nos assentamentos em todo o Brasil. Uma série de fatores
influenciam os camponeses assentados para se desenvolverem como agroecológico
ou não. É o que recorda o Sem Terra Sebastião Mélia, do PA Primeiro do Sul: “No
PA Santo Dias, a questão geográfica influencia muito, pois lá é muito difícil
de mecanizar por causa dos terrenos acidentados. Por outro lado, o PA Primeiro
do Sul está ao lado da fazenda Ipanema, que, com 23 mil hectares, é a que mais
produz café em toda a América Latina: cerca de 100 mil sacas por ano, 100% com
agrotóxico”.
Essa
condição material objetiva, que é estar ao lado de uma fazenda gigante do
agronegócio do café, influencia sobremaneira a consciência e a postura dos
assentados do PA Primeiro do Sul. Acresce-se a isso o fato da prática dos
assentados que trabalharam por muitos anos como boias-frias nas fazendas de
café da região, sem nenhuma experiência agroecológica. Assim, os camponeses Sem
Terra, com a experiência da agricultura tradicional, ouvem o tempo todo o canto
da sereia do agronegócio que acontece à base do agrotóxico. Mas o MST não está
resignado diante disso e vem apresentando a proposta de mudança do jeito de
produzir, de saída do agronegocinho e assimilação da perspectiva agroecológica.
O MST não impõe às camponesas assentadas e aos camponeses assentados deixar as
práticas de agricultura com uso de agrotóxico, o que geraria um ônus político
muito grande para o MST internamente nos assentamentos. Em uma perspectiva
emancipatória, militantes do MST vêm desenvolvendo um processo pedagógico[2] que
acontece conforme o que é relatado por Sílvio Neto: “A partir de reuniões,
estudos e visitas a comunidades com práticas agroecológicas, propusemos às
famílias do PA Primeiro do Sul que elas apartassem 10% da lavoura para um lote
de plantio na linha agroecológica. Propomos às famílias fazer a experiência de
plantar sem uso de venenos e comparar a produção em termos quantitativos e
qualitativos, os custos, a produtividade etc. Há vários anos estamos fazendo
essa experiência. Há famílias que estão percebendo que caiu a produção, mas
caiu também o custo. Muitos estão observando que a qualidade da produção
agroecológica é infinitamente melhor. Uns estão contentes; outros, não. Isso
tudo está na perspectiva de fazermos uma transição efetiva da produção de café
com uso de agrotóxicos para a produção de café totalmente agroecológico. Esse é
nosso sonho, difícil, mas não impossível, pois o contexto conspira a favor do
agronegócio, que é produção totalmente com venenos”.
A
transição da agricultura com agrotóxicos para a agricultura agroecológica é um
processo difícil, mas necessário e questão de responsabilidade social,
ambiental e geracional, sob a perspectiva de futuro. Se as famílias camponesas
do PA Primeiro do Sul abandonassem abruptamente o uso de agrotóxico, poderia
implicar em um primeiro momento na diminuição do poder econômico delas, o que
reduziria seu nível de vida econômico, visto que a produção certamente
diminuiria e também porque o mercado para a produção agroecológica ainda é
pequeno e extremamente difícil. “As famílias no PA Primeiro do Sul têm vínculos
- não amorosos, mas econômicos - com as cooperativas do agronegócio da região.
Isso as obriga muitas vezes a venderem a safra antes de ela ser produzida. Tem
contratos assinados que precisam ser honrados”, informa Sílvio Neto.
Além da
produção de café com o uso de agrotóxico determinado pelo sistema de mercado,
essas famílias acampadas ou assentadas do MST estão produzindo café ecológico
com a marca Café Guaii, que está sendo produzido em proporção minoritária no PA
Primeiro do Sul, mas em 100% da produção de café no PA Santo Dias, em Guapé, e
em vários pré-assentamentos do MST nas terras da ex-usina Ariadnópolis. Essa
transição do café convencional - o que segue os ditames do mercado e do
agronegócio – para o café agroecológico tem gerado muita discussão entre as
famílias. Além disso, estão se avolumando os problemas no plantio convencional,
conforma relata o assentado Wadilsom Manoel do PA Primeiro do Sul: “Tem dado
muitas discussões, mas é uma experiência muito interessante até porque a
produção de café convencional nos últimos anos tem sido péssima. Em 2013,
tivemos uma produção muito boa, mas o preço caiu lá embaixo e, assim, mal deu
para cobrir os custos. Em 2014, o preço foi razoável, mas quase não tinha café”.
Vários casos de câncer já aconteceram em pessoas
que moravam e trabalhavam no PA Primeiro do Sul, conforme recorda Sebastião
Mélia: “Várias pessoas morreram de câncer no Assentamento Primeiro do Sul, mas
é bem provável que já chegaram ao Primeiro do Sul envenenados. Há relatos que
enquanto trabalhavam nas fazendas de café da região, trabalhadores levavam água
para beber nos galões de roundup,
veneno à base de glifosato. Esse era o costume nas fazendas onde trabalhavam
como boias-frias, de onde vieram grande parte dos trabalhadores para a luta
pela terra. Quando eu era criança, cheguei a ver trabalhadores que passavam o
inseticida BHC[3] no
corpo para os carrapatos não subirem no corpo enquanto roçavam as pastagens. De
primeiro, não se falava que BHC era veneno, mas remédio. Era como se fizesse um
bem para a pessoa. Os que aqui morreram de câncer provavelmente vieram
contaminados das fazendas de café da região. Mas hoje o povo está mais
orientado, tem mais preocupação. Já seguem várias cautelas como usar os EPI,
equipamentos de proteção individual”.
Enfim, a luta do MST para produzir alimentos
saudáveis, na linha da agroecologia, aponta para a construção de uma sociedade
do Bem Viver e Conviver, onde a preservação ambiental é condição para a convivência
social e adquirir estilo de vida simples e austero será um caminho promissor.
Belo
Horizonte, MG, 12/03/2019.
Obs.: Abaixo, vídeos
que versam sobre o assunto discutido, acima.
1 - Reflorestamento e Produção no
Quilombo Campo Grande, do MST/MG - Vídeo 4 - 25/11/2018
2 - Trabalho e Produção Sustentável:
Acampamentos/MST/Campo do Meio/sul de MG. Vídeo 2. 25/11/18
3 - Quilombo Campo Grande/MST/MG: A
terra produz e reergue Campo do Meio/Vídeo 3. 22/11/18
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–www.twitter.com/gilvanderluis–Facebook: Gilvander Moreira III
[2]
Como fruto da luta do MST no sul de Minas, o Reitor e Presidente do Conselho
Superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas
Gerais (IFSULDEMINAS), Professor Marcelo Bregagnoli, assinou em 23 de março de
2016 a Resolução n. 010/2016, aprovando o Projeto Pedagógico e criando o Curso
Técnico em Agropecuária Subsequente: ênfase Agroecologia para Educandos da
Reforma Agrária do Sul de Minas Gerais no IFSULDEMINAS, Campus Machado.
[3] BHC é um
inseticida fitossanitário
organoclorado persistente.A
sigla advém do nome na língua inglesa - Benzene Hexachloride. Trata-se de um
produto que combate pragas na lavoura e ao entrar em contato com a pele tem
efeito cumulativo, causando danos irreversíveis ao sistema nervoso central. A
absorção pelo organismo pode ocorrer por via oral, respiratória ou simples
contato com a pele. Entre os sintomas estão convulsões, dores de cabeça,
tremores, arritmia e até óbito em casos mais graves. O BHC está proibido no
Brasil desde 1985.